[Nar. Anne]

Em torno de 2h já estávamos fora das florestas de Dream Land, é mais divertido viajar a vôo com mais pessoas. Trevor havia explicado para o seu clã que estava em uma missão, por isso não iria no festival de Loürin (vá lá saber o que é...).

-É um evento para louvar os antepassados, dizem que fortalece o espírito. – Disse o Trevor.

Fizemos uma parada para comer, deveriam ser 4h da tarde.

-Estamos perto? – Perguntei.

-Não.- Disse a Amy.

-Nem um pouco. – Disse a Lily. – Ainda estamos em Dream Land se você quer saber.

Suspirei.

                -É tão longe assim?

                -Quando atravessarmos o jardim estaremos na metade do caminho.

                -E isso demoraria quantas horas mais ou menos?

                -Hum...em torno de uma hora e meia á duas horas, pela aparência dessas árvores devemos estar na floresta de orvalho. – Ela disse pegando um mapa.

                -E isso fica perto do jardim?

                -Mais ou menos.

                -Vamos engolir logo esse pão e nos apressar. – Disse o Elliot. – Não gosto de estar em florestas escuras.

                -Florestas escuras...humpf, foi em uma floresta que os caras desapareceram né? – Disse o Trevor. Sabia que ele estava falando dos homens que Claire tinha mandado em vão.

                -Não vamos falar nisso. – Eu disse. – Sendo verdade ou não...eu não quero descobrir. Vamos apertar o passo.

                -Que expressão estranha. – Disse a Amy subindo em um dragão. – Vamos.

Voltamos á nossa viagem. Confesso que eu não estava nem um pouco de conhecer o mundo dos pesadelos. ‘’Quando você conhecer, e se conhecer o mundo dos pesadelos vai se arrepender por comparar este cemitério com esse mundo. ’’ Me lembrei das palavras de Elliot quando eu tinha ido ao cemitério dos sonhos.

                Por do sol, tivemos que parar para descansar. Acho que o tempo que levamos para achar um lugar para descansar poderia ter sido o tempo de já ter passado o jardim. Tinha que ser em uma clareira não muito plana e nem muito encurvada, que não fique perto de árvores muito altas ou muito baixas, e que não tenha rastro de que algum animal (ou alguém) tenha passado por ali.

Arrumamos nossas coisas, essa seria uma noite difícil especialmente para mim, que nunca acampou no quintal da casa, vá dizer em uma floresta de um outro mundo (ou outra dimensão).

            Fiz meu saco de dormir, o que já não deve ser muito confortável dormir em um.

Deitei-me.

Não tem estrelas... – Pensei olhando para o céu.

O que mundo era aquele? Onde ele ficava? Ele foi selado em alguma outra dimensão, ou só não podemos vê-lo por que nossa mente bloqueia o que nós não podemos ver?

‘’Este mundo foi selado com o poder de duas chaves...’’ As palavras de Elliot passavam pela minha mente.

Às vezes eu tenho a desconfortável impressão de que todos daquele mundo escondem algo de mim.

* * * * * * *

[Nar.Elliot]

Deveriam ser mais de 10 horas da noite, olhei para o lado, as gêmeas foram dormir, o Trevor também, mas a Anne estava totalmente acordada.

No que ela deveria estar pensando?

Fechei os olhos. Eu conseguia escutar o som de uma cachoeira á uns dez metros, o bater das asas de algum pássaro em uma árvore alta, meus sentidos ficavam mais aguçados quando eu fechava os olhos.

Instantes depois, eu estava em um quarto. Uma sala para ser mais específico, e ela era enorme...

Anne estava me abraçando, eu olhei para os seus olhos, tanto os olhos quanto o rosto, que estavam cheios d’água.

-Anne, o que aconteceu? Por que está chorando? – Eu queria falar, mas a minha voz não saia.

Eu queria virar minha cabeça para ver o que estava acontecendo, mas o máximo que pude fazer é olhar pelo canto do olho, eu não conseguia nem sequer mover a cabeça. E tinha uma menina...de branco, sorridente.

Derrepente tudo ficou escuro. Eu conseguia me sentir mover, e ouvia gritos.

Ah céus.

                -Anne? Você está bem? Por que está gritando? – Por que a minha voz não saia?

Ah céus.

Sentia um liquido quente escorrendo em minhas mãos, o que era isso? Senti o cheiro, era salgado e forte, ardiam minhas narinas.

Era sangue.

Acordei sobre saltado, estava suado e tremendo de medo. Que pesadelo horrível!

                -Elliot? Você está bem? – Perguntou a Anne. Ela ainda estava acordada.

Abracei ela com força.

                -Pe...Pesadelo. – Minha voz não saia direito.

Ela retribuiu o abraço.

                -Estou aqui. – Ela sussurrou no meu ouvido. – Com o que você sonhou?

                -Coisas. Não quero falar sobre isso.

                -Tudo bem. Vamos dormir.

                -Você ainda não dormiu?

                -Não estou com sono.

Me deitei novamente, sem vontade de dormir.

                -Elliot. – Disse a Anne.

                -O que?

                -O que são os vermelhos?

Tremi. Quem foi o filho da mãe que contou sobre os vermelhos?

                -Sentimentos negativos. Quem lhe contou sobre isso?

                -A Claire tinha dito algo sobre eu evitar os vermelhos. Acho que você ainda não tinha acordado.

                -Vamos voltar a dormir. – Eu disse mudando de assunto.

                -Não quero ver você de novo com a expressão assustada que vi.

                -Desculpe então.

                -Não se desculpe por isso, fico feliz por confiar em mim. – Ela disse se virando para se deitar.

De qual quer forma, não voltei a ter pesadelos.