Love Story escrita por Fernanda Lima


Capítulo 3
Capítulo 3 - Mayday! O impossível acontece




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  Eu mal conseguia abrir a porta de casa, de tão... sei lá como eu estava. Depois de longas tentativas frustradas de enfiar a chave na fechadura, finalmente consegui abrir a porta.

  - Juliet! Cheguei. - Gritei, desanimada, quando senti um cheiro ruim vindo de dentro. Eu sabia bem o que era. - Ah, não, bebendo cachaça de novo? Olha que horas são, eu ainda me apressei para fazer o almoço para você!

  - Não me enche o saco! - Ouvi uma voz arrastada vindo de dentro da cozinha.

  Coloquei a mochila no sofá e fui até onde ela estava. Eu tinha um problema: não conseguia me concentrar em duas coisas de uma vez só. Ou era Juliet ou era Luke. Então preferi concentrar-me na minha irmã.

  - Você vai acabar com um problema de fígado. - Falei, enquanto ela revirava os olhos. - O que você quer comer hoje?

  - Nada, tô bem assim. - A resposta era sempre a mesma. Eu já aprendi a ignorar. Ela macerava o limão na bancada para preparar a bebida.

  - Vou fazer uma salada de ovos para você. Como você já teve ter bebido quase meia garrafa disso, não deve estar com muita fome, não é? Depois que terminar deixe o prato dentro da pia. - Eu falava enquanto olhava dentro da geladeira, procurando ingredientes para fazer a comida.

  - Uhum. - Ela afirmou com a boca cheia de bebida, e quando olhei já estava deitada no sofá da sala, tomando uma dose de caipirinha e com a garrafa presa entre suas pernas nuas e o sofá.

  De noite, peguei meu livro de matemática para me ajudar a  fazer a lista de exercícios de números complexos. Enquanto eu me lamentava sobre o fato de não entender nada da matéria, a prova me veio à cabeça. E junto dela, o resto da manhã.

  - Ah, não... por que fui me lembrar disso? - Eu disse, choramingando, e me joguei na cama de olhos fechados, quando me lembrei que havia deixado o carregador do celular com os plugs virados para cima bem onde eu ia caindo. Na hora, fiz uma manobra complexa para não me machucar, o que me resultou em uma queda da cama.

  Não xinguei ou reclamei da dor. Só fiquei lá deitada, de olhos fechados. Acabei adormecendo, deitada no chão mesmo.

  - Acorda! O que você está fazendo dormindo aí no chão, sua idiota? - Acordei desnorteada, com a imagem embaçada de Juliet me chutando e um leve cheiro de bebida.

  - Ann? - Bocejei e me levantei aos poucos, confusa. - O que foi, estou atrasada? - Perguntei para Juliet, quando consegui focalizar sua imagem.

  - Você é muito lesa mesmo! Eu tava terminando de tomar banho quando vi tua luz acesa e vim pra cá. Quando vi, tava você aí deitada no chão, apagada. - Ela falava em tom de bronca. Trocamos os papéis? Geralmente eu que dava uma de mãe. - O que deu em você?

  - Não deu nada, eu só resolvi inovar. Decidi que ia dormir no chão hoje. Já que sou uma gata, tenho que dormir feito uma. - Disse, enquanto me levantava. Juliet revirava os olhos.

  - Então, irmã, o que contas? - Ela me perguntou, sentando em minha cama. Me sentei do seu lado. Desde quando ela se interessava pela minha vida? Muito suspeito. Mas agi como se sempre tivesse sido assim.

  - Hoje teve prova de matemática, me fudi legal. Tive uns problemas na escola também, mas... - Coloquei um joelho sobre a cama, encarando o chão. 

  - Garotos? - Me virei para ela, com surpresa. Ela soltou uma gargalhada.

  - Pois é, foi o que pensei. - Ela ria, enquanto tirava uma lata de cerveja de debaixo da minha cama. E eu pensando que aquilo era um presente dela para o meu futuro, mas nem isso. Abriu a cerveja e tomou um gole longo.

  - Ah... - suspirou. - Então, me diga o que aconteceu. - Surpreendentemente, as palavras começaram a sair da minha boca.

  - Primeiro, ele surge na porta do banheiro feminino perguntando se eu era eu e ri, depois no fim da aula vem me chamando de gostosa e dizendo que um amigo dele gosta de mim, pra eu ficar com ele, eu dou um tapa da cara dele e ele fica com raiva de mim, e hoje eu vejo ele beijando um garoto no beco, na escola ele finge que não aconteceu nada, sabia que eu tinha visto ele com o garoto, me dá um beijo e fala que era nosso segredo, e depois ele vem na maior me pedindo meu telefone pro amigo dele, aí eu fico indignada com ele, digo "tenha um bom dia" e saio andando. - Eu só percebi que não respirei nenhuma vez durante a minha fala depois que acabo. Respiro fundo, e fico esperando Juliet dizer alguma coisa.

  - É, parece que ele gosta de você. - Ela disse na maior naturalidade, enquanto tomava sua cerveja e olhava para minha escrivaninha. Aquela afirmação me irritou bastante.

  - Que ridículo. Claro que ele não gosta de mim, só está querendo me zoar. Fora que o amigo dele que gosta de mim, supostamente. 

  - Vejamos os fatos. Você já viu esse amigo dele? - Agora ela parecia uma psicóloga.

  - Não.

  - Você já falou com esse amigo dele?

  - Não.

  - Pronto, ele não existe.

  - Mas voc... - Eu começava a contestar.

  - Entendeu? Esse "amigo" é uma desculpa dos meninos, que diz "olha, eu gosto de você, mas tenho vergonha de falar então vou colocar a culpa em um ser humano imaginário". E ainda por cima, ele te beijou. 

  - Para eu guardar o segredo dele.

  - Ele parece esperto demais para não perceber que você não tem amigos para quem contar essa história. - Agora ela ria de mim, com deboche.

  - Ei! - Dei um tapa brincalhão em sua perna. Mas eu nem prestava mas atenção na minha revolta. O que Juliet disse realmente fazia sentido. No dia seguinte, eu ia investigar isso mais a fundo. Mas não ia me dar por vencida. - Esperto... - Eu ria sarcasticamente.

  Percebi, nessa noite,o quanto ela era bonita. Cabelos castanho-claros, ondulados, olhos azuis como os meus, apesar das olheiras. 

  Mais tarde, após altos papos sobre baboseiras femininas, fui tomar meu banho. O chuveiro era minha fonte de inspiração. Então, comecei a pensar em algo que não havia percebido antes. Juliet era sempre tão fria e grossa comigo, e essa foi a primeira vez que realmente conversamos como irmãs. 

  - Muito, muito suspeito. - Luke teve que esperar até eu terminar minha linha de raciocínio. 

  Então, uma ideia me veio na cabeça. "Será que a Juliet tá namorando?", pensei. Bem capaz. Eu perguntaria isso pra ela. Da última vez que isso aconteceu, ela me abraçou. Mais cedo ela não estava assim... estranho.

  Depois desse lapso, Luke retornou aos meus pensamentos. Será que ele gostava de mim, como minha irmã dissera? 


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