Uma Parte de Nós . escrita por Bellav


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Prontinho ;]



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Capitulo 3 – Breves encontros.

Bella olhava para uma foto de Damen em cima da lareira da sala. O cabelo castanho caindo sobre os olhos verdes, os dentes em um sorriso perfeitamente branco.
 Com um suspiro ela se lembrou de um Edward confuso à suas costas.
 - Damen é seu filho. Eu fiquei grávida de você, Edward.
 Bella fechou os olhos enquanto falava, esperando alguma reação de Edward a suas costas. Mas, nada. Nem um ruído, nem um passo e pela cabeça de Bella passou, ligeiramente, de que ele já tinha ido embora.
 Mas, ele estava ali. Bella se virou e confirmou. Seus olhos estavam fora de foco e sua boca levemente aberta. Edward havia parado de respirar e Bella ficaria realmente preocupada se ele não fosse um vampiro.
 Pela cabeça dele passavam tantas coisas, que Edward se sentiu desmaiando. Ele pode sentir o choque em suas veias secas e em seu coração quieto. Ele fez contas em questões de segundos milhares de vezes e olhou para uma foto onde Damen estava sentado.
 Os olhos eram os olhos dele. A mesma cor quando humana, o maxilar, do mesmo jeito retangular. Ele expirou fundo e soluçou. Não sabia por que, mas sentia uma angustia que o estava consumindo. 
 Ele sentia que ia explodir quando percebeu a causa da angustia.
Se ele sentia culpa por ter deixado Bella por dez anos, ela foi multiplicada por mil.
 Havia deixado pra trás Bella e um filho, uma criança que não o conhecia. E Bella havia cuidado dele sozinha e indefesa. Ele era o canalha da história. Só ele, não havia mais ninguém pra dividir a culpa que o consumia. Que o matava aos poucos.
 Bella viu Edward cair de joelhos, a cara de dor e correu para abraçá-lo.
 - Edward! Edward.
 - Eu a deixei e... Ele também. Eu não...
 - Se acalme! Olha você não sabia. Se acalme. Se acalme – ela colocou as mãos no rosto dele, obrigando-o a fitá-la. Bella tinha certeza que se ele fosse humano ele estaria chorando, seus olhos cor de âmbar estavam quase líquidos.
 - Eu fui embora.
 - Foi! Você foi embora porque achava que era o melhor pra mim.
 - Por que eu te amo.
Bella sorriu e assentiu.
 - Sim Edward, por que me ama. Por que pensou que estava fazendo mau pra mim. Porque não sabia que eu estava grávida, se não você ficaria. Não é mesmo?
 Bella não estava mais tentando convencer a ela. Ela já estava convencida. Não importava se ela fosse magoada de novo e de novo. Ela o amava, como a nenhum outro homem e parecia que ele a amava também.
 O mais importante agora era provar pra ele que eu sabia disso, mesmo tendo minhas duvidas.
 - Claro que eu ficaria – murmurou ele – Damen, meu filho – sussurrou pra ele mesmo – Ele sabe?
 Eu assenti ao seu murmúrio. Ele passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os.
 - O que eu faço Bella? Eu tenho um filho – ele sorriu – Eu sou pai?
Ela encostou a testa na dele e assentiu.
 - Você é pai.

Talvez os dois tenham ficado naquela mesma posição por horas, talvez tenham sido por minutos. Edward ainda se sentia culpado, mas estava feliz.
 Damen já sabia de tudo. Ele havia passado o dia inteiro com ele hoje, havia reagido bem, havia pedalado até sua casa e havia o convencido a ficar. Talvez Damen não estivesse tão zangado com Edward pelo passado.
 E não estava. Damen não sabia por que culpar aquele homem que havia sido tão bom para a mãe, que havia sido legal com ele e que já cuidava do menino, mesmo sem saber a verdade.
 Edward por fim, resolveu se mexer.
 - O que eu faço agora? Eu não...
 - Vá pra casa, tente pensar direito e se quiser conte aos outros, mas antes... – Bella suspirou – Você o quer, não?
 Edward a olhou confuso.
 - Se eu quero Damen? Como filho? – Bella assentiu – Bella! Que pergunta! Claro que o quero, é meu filho – Edward sorriu.

 Bella se jogou no sofá, exausta. Oh Deus! Ela teria feito o certo? Passou a mão pelos cabelos e suspirou fundo, só o amanhã diria agora. Edward parecia animado e extremamente culpado com a notícia.
 E culpado era um eufemismo. Edward se sentia consumido e radiante, era totalmente contraditório. Ele tinha um filho e havia perdido nove anos da vida dele.
 Estacionou o carro e entrou em casa correndo. As luzes estavam ligadas, Emmett e Rosalie zapeavam pela TV, Carlisle lia um livro e Jasper, Alice e Esme conversavam no sofá.
 Edward entrou. Jasper o olhou estranho, as emoções dele davam dor de cabeça, uma alegria tão grande quanto uma angustia.
 - Eu tenho um filho.
 A voz de Edward ressoou na sala, agora silenciosa. Todos olhavam pra ele como se ele estivesse doido. Emmett começou a gargalhar e Carlisle olhou preocupado para Edward.
 - É verdade. Damen, o filho de Bella é meu filho também.
Edward suspirou e sentou no sofá, os olhos fechados.
 - Eu dormi com Bella antes de ir embora, foi a razão verdadeira de termos nos mudado e não por causa do acidente na festa de dezoito anos dela.
 - Edward, vampiros não podem ter crianças – explicou Rosalie como se o irmão estivesse com algum problema.
 - Na verdade, vampiras não podem ter filhos, o corpo não muda. Mas, nada impede que uma humana, que após uma relação sexual com um vampiro continuar viva, tenha filhos – argumentou Carlisle – E lembrem-se do menino. Há tantas expressões de Edward nele. O modo como ele fala e ri. O formato do rosto. E as contas, por Deus, ele completou nove anos ontem, deixamos Bella nove anos e nove meses atrás.
  A sala ficou silenciosa. Todos imersos em seus próprios pensamentos. Até Emmett estava sério.
 - Como ficou sabendo?
 - Estava com ele até agora?
 - Como ele é?
 As perguntas dos Cullen vieram todas de uma vez e Edward sorriu e começou a narrar o dia. Sendo interrompido, algumas vezes por comentários e indagações.

 - A senhora está estranha – murmurou Damen depois de comer o cereal. Bella engoliu o café em sua xícara e virou para Damen.
 - Eu contei a ele. Tudo.
 Os dois ficaram se encarando em silêncio. Damen se levantou e sorriu para ela.
 - Que bom.
 E só. Então ele ligou o vídeo game e começou a jogar um dos novos jogos. Bella o olhou confusa.
 - Como assim “que bom”. Eu contei ao seu pai...
 - Ele é seu namorado, não meu pai.
 Bella olhou chocada para Damen e respirou fundo. Era uma criança e não um adolescente, tinha que lembrar disso quando falava com Damen.
 Damen não estava tão tranqüilo. Ele tinha milhares de perguntas. Mas, não estava preparado. Ele sentia uma ansiedade o consumido. Oh Deus! Há três dias não tinha nem um pai. Agora tinha avós e tios.
 Bella virou de costas quando Damen tomou coragem e largou o controle.
 - O que ele falou? – o murmúrio era receoso.
 Bella sorriu, voltou e sentou ao lado de Damen, olhando pra ele.
 - Bom, primeiro ele ficou parado, depois caiu de joelhos, arrependido e saiu gritando pela porta que era pai. Ele me perguntou o que devia fazer e se você sabia.
 “Eu falei que era pra ele voltar pra casa e no dia seguinte a gente conversava. Expliquei que eu tinha que avisar a você que ele já sabia, o que é um grande passo. E ele saiu sorrindo. Eu disse que era pra ele voltar pela manhã.”
 
 Damen não se mexeu quando um carro parou na frente de casa. Ele continuou jogando vídeo-game. Bella correu até a porta e a abriu.
 Edward estava lá e lindo. O suéter branco sob um casaco de couro preto. Edward sorriu nervoso e esfregou suas mãos. Ele abraçou Bella e respirou o doce cheiro de morango dos seus cabelos.
 - Obrigado, por tudo.
 Bella apenas assentiu e abriu passagem para Edward passar.
 A sala de ontem, agora levemente iluminada pela manhã estava bem organizada. Edward viu a cabeça de Damen de costas pra ele.
 - Damen venha... – Edward a parou.
 Ele caminhou até o sofá e se sentou com Damen e ficou em silêncio. Apenas isso. Bella foi para a cozinha preparar o almoço e os deixou a sós.
 Edward assistia o personagem de Damen no jogo atirar em todos os outros soldados enquanto se escondia. Ele era bom. Mas, Edward jogava com Emmett esse mesmo jogo há mais tempo.
 - Posso? – perguntou Edward olhando para o outro controle. Damen assentiu e um novo soldado surgiu na tela. Eles jogaram em silêncio até começarem a se divertir com a parceria no jogo. Sem dizer nada, os dois ganharam várias partidas.
 Bella, encantada com as risadas, encostou-se à porta da cozinha e fitou Edward e Damen comemorando e gargalhando. Eles voltaram concentrados ao jogo, os botões eram apertados fortemente, o corpo de Damen se inclinava pro lado com a empolgação e ele levantou nervoso, segurando o controle com mais força e apertando muitos botões rapidamente.
 - Meia lua e redondo, Damen – repetiu Edward.
 - Não dá, já tentei – o personagem dele morreu e Damen soltou uma exclamação pesarosa, ele voltou a sentar no sofá – Vamos lá, Cullen. Faltam três inimigos.
 Edward riu.
 - Observe garoto – o barulho de tiros invadiu a sala e Bella sorriu voltando a preparar o almoço.
 - Isso!
 Damen e Edward gritaram juntos e encostaram as mãos em uma espécie de toque. Eles começaram a rir e depois começaram a se encarar sem jeito.
 O clima tenso foi quebrado com a campainha que tocou. Bella limpou as mãos no avental e abriu a porta. Damen inclinou a cabeça, curioso, para ver quem estava na porta.
 Bella sorriu quando viu um rapaz e um garoto na porta.
 - Entrem.
 Um homem com jaleco entrou empurrando, delicadamente, o ombro de um garoto. Era pequeno demais com um nariz grande, Edward o achou engraçado.
 - Bryan disse que combinou com Damen hoje – disse o homem, Bella olhou para Damen que se encolheu – Se estiver ocupada, eu...
 - Não se preocupe. Está tudo bem – ela se abaixou e deu um beijo o na bochecha de Bryan – Como está você, querido?
 - Estou ótimo tia Bella – o menino sorriu cúmplice para Damen. Ele levantou e fez um toque engraçado com o colega.
 - Bom dia tio Paul.
 O homem sorriu para Damen, correspondeu o cumprimento e foi embora. Bella virou para Bryan.
 - Querido, por que não deixa sua mochila no quarto de Damen?
O menino sorriu, deu uma olhada curioso para Edward e correu escadas acima.
 - Damen! – a voz de Bella era exigente, mas não passava de um sussurro, o menino se encolheu – Edward veio hoje para passar o dia com você. É falta de educação chamar outra pessoa, não poderá dividir as atenções.
 - Não tem problema, Bella – argumentou Edward – A culpa não é de Damen.
 - Eu o convidei há uma semana – murmurou o menino, ele olhou para Edward se desculpando – Sinto muito, eu sei que hoje...
 - Sem problemas. Hum... Se for assim, acho que vou indo, eu tenho que...
 Bryan desceu as escadas olhando para Edward e Damen, curioso.
Damen entendeu os olhares revezados. Há quatro dias estavam falando de como os visitantes eram estranhos e hoje andava como um deles, ele abaixou a cabeça sem saber o que explicar.
 O quê? Diria que tinha um pai com dezessete anos? Se nem acreditavam que Bella era sua mãe de verdade, imagine esse garoto que pareceu que saiu de um comercial de carros esportivos.
 Bella seguia a mesma linha de pensamento. Edward não podia assumir pra todos que Damen era seu filho, causaria desconfiança e... Boatos. Bella havia se livrado deles há muito tempo, não os queria de volta.
 - O almoço está pronto. Damen ajude Bryan com a comida – a voz de Bella era controlada e agradável, mas ela estava em conflito internamente. Edward a conhecia o bastante para ver isso.

 - Você está bem? – sussurrou ele debilmente quando os garotos sumiram de vista e só se podiam escutar os risos da cozinha.
 Bella se sentou do lado de Edward e teve vontade de encostar-se ao peitoral dele e fechar os olhos. Mas se controlou e o fitou.
 Bella abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ela não conseguiu dizer nada.
 - Eu sei que devo estar sendo um peso em sua vida – começou Edward, Bella tentou negar e interromper, mas Edward continuou – mas, mesmo que queira que eu vá embora da sua vida, eu não posso. Não completamente. Então, darei um jeito pra tudo, pra todos os seus problemas.
 - Nós daremos um jeito juntos, Edward.
Ele assentiu admirando-a. Como poderia amar tanto uma mulher como amava Bella? Era um sentimento que o fazia sufocar e flutuar, que o derrubava e o mantinha em pé. Ele não sabia como era possível, mas sentia tudo aquilo.
 E ainda havia Damen. Ora, quando foi que ele sentiu algo parecido? Com Damen era um amor diferente. Uma coisa que ele sentia e que não sabia como tinha conseguido viver tanto tempo sem.
 - Eu estava pensando – começou Edward devagar, lendo as reações de Bella – se qualquer dia, você e Damen poderiam ir lá em casa. Os outros estão... Curiosos.
 Bella mexeu as mãos desconfortavelmente. Ela não respondeu e ficou um bom tempo em silêncio.
 - Você sabe que o Damen é mesmo seu filho, não é?
 Edward assentiu confuso com a reação dela.
 - E sinceramente, não sei como não descobri antes – Bella não respondeu e assustado, Edward se lembrou de algo que Damen disse ontem a ele – Tem medo que eu o tire de você?
 Bella continuou calada e Edward suspirou pesadamente. Ele queria gritar com Bella, dizendo que nunca faria isso, queria dar a ela uma bronca por se quer imaginar isso, mas sabia que ela tinha razões.
 - Eu sinto muito por tudo o que eu fiz, mas se ainda acreditar em alguma promessa minha, eu nunca faria nada para separar, machucar ou magoar você ou Damen. E protegeria ambos, com tudo o que eu tenho.
 A promessa foi feita com tanta convicção e força de vontade, que Bella pode sentir o amor compacto, misturado nas palavras. Ela deveria estar ficando louca. Mas, não conseguia não pensar que Edward ainda a amasse.
 - Eu acredito em você – e aquela frase foi o suficiente para aliviar Edward e fazer com que as esperanças de que algo viesse acontecer subisse perigosamente nele e em Bella.
 Edward queria dizer ali e agora, o quanto a amava, o quanto precisava dela e o quanto a queria perto dele, em volta dele e nele. Pois, mesmo tendo sido há quase dez anos, ele, com certeza, nunca esqueceu o quanto foi perfeito o que aconteceu, mas ao vê-la machucada depois do ato consumado. Ele suspirou balançando a cabeça. Mas, aquele não era o momento, ele sabia e ela também.

 Bryan e Damen terminaram de almoçar, mas continuaram na cozinha bebericando o resto do suco.
 - Está curioso não é? – perguntou Damen com um suspiro.
 - Você nem imagina – respondeu Bryan em um murmúrio. Damen sorriu.
 - Ele estudou com minha mãe, é amigo dela. Acho que foram namorados – Damen ficou mal por ter ocultado uma parte da história para seu melhor amigo, talvez o único.
 - Ele parece ter só dezessete ou no máximo dezoito anos – murmurou Bryan – Mas sua mãe parece ser bem mais nova também. Não importa, ele parece legal.
- E é.
 Edward sentiu certo agrado com o comentário trocado. Bella escutou e observou a reação de Edward com o comentário. Ela sorriu pra ele, acariciando-lhe o braço, dando-lhe apoio.
 - Ele gosta de você. Só lhe dê um tempo para ele se acostumar.
 Edward assentiu entendendo. Ele percebeu que era hora de ir e se levantou.
 - Desculpe pelo imprevisto. Podemos passar amanhã na sua casa?
 Ele riu entusiasmado.
 - É claro. Podem aparecer lá a qualquer hora.
 Eles ficaram se encarando sem saber como se despedir. Edward sabia o que queria fazer, mas precisava do consentimento de Bella. Ela percebeu isso e o abraçou.
 Não foi um abraço qualquer. Foi calmo e quente. Bella passou o braço pelas costas dele e encostou a cabeça no peito dele. Edward passou o braço pelos ombros e pelas costas dela, afastando qualquer espaço entre eles. Eles estavam tão próximos que chegava a ter ser indecente.
 Ambos inspiravam, guardando na memória, o cheiro um do outro. Eles se separaram. Bella corada, Edward hesitante. Eles sorriram um pro outro e Edward se virou para a porta indo embora apressado.
 Ele precisava caçar. Tirar o cheiro do sangue de Bella do cérebro. O desejo animal e humano tomava conta do seu corpo e ele procurou esconder uma reação que não acontecia com seu corpo há mais ou menos dez anos.

 Os olhos negros de Edward foram substituídos por orbes, cor de âmbar, pacificadores, porém, por dentro Edward estava uma confusão. Ele sentia que a conversa com o filho no dia anterior não tinha sido tão progressiva.
 Agora com Bella... Edward sorriu e voltou a olhar para a prateleira do supermercado, as mãos apertando, nervosamente, o carrinho de compras. Havia milhares de biscoitos de milhares de marcas com milhares de sabores diferentes. Crianças gostavam disso. Ele sabia. Mas, qual delas?
 Edward se sentia frustrado. Não conhecia o próprio filho nem ao ponto de saber o seu sabor preferido de biscoito.
 - Qualquer um de chocolate.
 A voz surpreendeu Edward e ele se virou em direção a voz. Bella estava... Não havia termo para definir. Ela nunca, em toda sua miserável vida, conseguiria imaginar, Edward Cullen no velho supermercado da cidade, indeciso em frente à estante de biscoitos recheados.
 Bella se sentia honrada e feliz por saber que ele estava fazendo isso pelo filho deles. Era algo tão... Humano. Edward sorriu pra ela.
 - O que faz aqui?
 - O que humanos fazem em supermercados Edward? – perguntou ela entrando na frente dele e pegando três pacotes de bolachas de chocolate.
 Edward observou a marca e pegou cinco do mesmo sabor. Bella sorriu. Ela sabia que ele se sentia melhor assim.
 - Ele gosta disso – ela pegou um pacote de ruffles de churrasco – e disso – ela jogou um pacote de Doritos dentro do carrinho e Edward a imitou.
 - Onde ele está? – perguntou Edward enquanto seguia Bella pelo corredor dos produtos de limpeza.
 Bella o olhou, curiosa. Onde estava aquele Edward que sabia onde estava todo mundo?
 - Ele está aqui no supermercado, ele está me ajudando com as compras.
 Edward assentiu. Não conseguia ler a mente de Damen e isso dificultava localizá-lo, mas ele pode sentir o cheiro do filho se aproximando e junto com as batidas rápidas e regulares.
 Damen colocou as frutas e os frios dentro de um carrinho e passou a andar pelos corredores a procura da mãe. A encontrou com Edward, os dois conversavam e a mãe olhou para trás sorrindo para ele.
 - Oi Cullen.
 - Damen – cumprimentou Edward. Bella passou as coisas do carrinho de Damen pro dela.
 - Fazendo compras? – o tom sarcástico de Damen fez Edward sorrir.
 - Vou receber humanos em meu caixão amanhã.
 Bella riu e Damen revirou os olhos. O menino olhou para o carrinho e sorriu.
 - E você vai alimentá-los com carboidratos?
Edward se mexeu constrangido.
 - Não terminei as compras ainda.
 - Você fez isso alguma vez na vida? – perguntou Damen com a sobrancelha arqueada.
 Edward olhou para o gesto com orgulho. Ele também fazia isso.
 - Nunca foi necessário – murmurou Edward – Esme sempre faz pra mim.
 - E por que não pede pra... Ela fazer?
 Na verdade, Esme se ofereceu para fazer as compras e Edward recusou a oferta. Ele queria fazer alguma coisa para o filho e para a mulher da vida dele. Nem que fossem compras. Edward se sentiu desconfortável e uma angustia lhe invadiu ao perceber que nunca havia feito nada para Damen.
 Bella percebeu tudo isso, o porquê das compras e do rosto sombrio que Edward tentava ocultar. Ela não gostava disso.
 - Damen se importa de ajudar Edward? Eu tenho que terminar de fazer as compras e você já fez sua parte.
 - Sem problemas.
 Damen não se importava mesmo. Por dentro ele até gostaria, ele gostava de Edward. Bella se afastou com o carrinho e Damen e Edward se fitaram constrangidos, deram de ombros e continuaram a andar.
 - Se importa se eu fizer uma pergunta indiscreta? – murmurou Damen enquanto colocava algumas frutas no carrinho.
 Não era a primeira vez que eles falavam. Edward o olhou com curiosidade, frustrado, por não ler os pensamentos. Edward balançou a cabeça, negando.
 - Como vampiros comemoram o natal? – a indagação foi apenas um sussurro e Edward sorriu com ela.
 Era uma das poucas vezes que aquele menino fazia uma pergunta infantil. Quase sempre Edward se esquecia que ele era uma criança de nove anos e, por Deus, seu filho.
 - Hum... Depende do vampiro. Acredito que a maioria costuma não comemorar.
 - Você e os outros Cullen comemoram? – a pergunta saiu com hesitação. Como se estivesse com medo de magoar ou de ser indiscreto.
 Edward percebeu e deu de ombros, querendo dar um ar de despreocupado.
 - Comemoramos de um jeito um pouco... Diferente.
 Damen era inteligente o bastante para saber do que se tratava.
 - Caçando? – o sussurro foi tímido.
 Edward parou e olhou assustado para o menino. O quê? Bella havia contado assim para uma criança? Queria assustá-lo? Ele suspirou.
 - Não precisa dizer se não quiser – Damen murmurou.
 Ele não sabia se essa coisa de caça era alguma coisa intima para os vampiros. Edward balançou a cabeça, confuso.
 - Como sabe disso?
Damen o olhou divertido.
 - Sobre caça? – ele sorriu – “Filho de vampiro” esqueceu?
 A preocupação sobre o assunto em Edward se esvaiu dando lugar a uma felicidade contagiante. Mesmo que indiretamente, Damen tinha afirmado com naturalidade ser filho de Edward. De um vampiro e parecia ter aceitado aquilo com naturalidade.
 Damen percebeu a repentina mudança de Edward com suas palavras e sorriu. Aquele homem queria mesmo ocupar o cargo de pai não é?
 Sem saber por que Damen ficou satisfeito. Ambos, pai e filho, ficaram em silêncio e continuaram as compras. Em algum momento trocavam algum comentário.
  -Pensei que nunca terminariam – murmurou Bella quando Edward e Damen saíram do caixa com as compras empacotadas. Edward escutou e sorriu dando de ombros.
 Damen e Bella ajudaram a colocar as compras no carro de Edward e eles se fitaram.
 - Até amanhã – murmurou Bella.
 - Tentem chegar cedo – disse Edward com um sorriso – Todos estão ansiosos.
 Damen se encolheu constrangido. Não tinha pensado que teria que enfrentar toda aquela família de novo que sabiam que era sua família.
 - Tchau Cullen – Edward sorriu.
 - Tchau Damen, Bella.

- Vamos amanhã que horas? – perguntou Damen, enquanto Bella colocava as chaves do carro em cima da mesinha de canto.
 - Quando você estiver pronto – Damen assentiu, mas continuou lá no meio da sala, as mãos dentro dos bolsos do casaco – Quer conversar sobre alguma coisa?
  - Tenho uma pergunta.
 Uma pergunta! Rá! Damen tinha várias e se as fizessem ficariam ali até o amanhecer. Mas, uma em especial estava lhe incomodando. Apenas por curiosidade.
 - A senhora voltará a namorar ele?
 A pergunta pegou Bella de surpresa. Ela corou e baixou a cabeça. Por que Damen tinha que fazer justamente essa pergunta? Bella bateu com a mão no sofá e Damen sentou ali.
 - Meu bem, por enquanto, Edward é só um amigo. Nós não conversamos sobre isso. É complicado.
 - Coisa de adulto – Bella sorriu.
 - Sim, Damen, coisa de adulto.
 - Mas você quer? – Bella voltou a corar com a insistência de Damen. Se ela queria, claro que sim. Mas não podia.
 Por causa de Damen, por causa de seu coração e da cicatriz nele.
 - Eu só quero que tudo se resolva. E você?
 - Se eu quero que você o namore? – Damen deu de ombros – Por mim sem problemas, se a senhora estiver bem.
 - E o que você acha de Edward? – Damen corou com a pergunta e deu de ombros.
 Ele gostava de Edward. Se sentia legal com ele e quando estavam ele, Edward e a mãe parecia, de verdade, que eles eram uma família, que nunca houve lagrimas, decepções, cicatrizes e hesitação.
 - Ele é legal – murmurou Damen. Bella o olhou como se isso não fosse o bastante para responder a pergunta – Eu gosto dele, ok?
 Bella sorriu. Isso era bom. Damen, querendo evitar outras perguntas, deu um beijo na mãe.
 - Boa noite.
 Bella o olhou, desconfiada.
 - São oito da noite, não que eu esteja reclamando.
 - Estou com sono.
 - Não vai fugir de casa pra encontrar nenhuma namorada, não é?
 Damen corou.
 - Claro que não. Estou com sono.
 Bella sorriu.
 - Boa noite meu amor.
Damen assentiu e deu outro beijo na mãe. Começou a andar em direção ao quarto quando Bella lembrou.
 - Damen? – ele parou e se virou – Da próxima vez, que sair, principalmente de bicicleta às seis horas da manhã para ir, acredito eu, para um parque, sem minha permissão, vai ficar de castigo. Entendeu?
 - Sim senhora.
 Damen voltou a andar para o quarto e sorriu. Se a felicidade da mãe estivesse em jogo, ele sairia o quanto fosse preciso.


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Notas finais do capítulo

O capitulo saiu mais rápido. Desculpem os erros de ortagrafia. Postei apressada, qualquer coisa eu corrijo depois, se puderem avisem os erros.
Tenho uma feira de ciencias, como já disse pra algumas, e uma semana cheia de provas, o capitulo 4 demorará pra sair. Só um pouquinho.
Obrigada lindas,
Comentem.
Ah, e obrigada por todos os comentários, eles fazem o meu dia, sério