Uma Parte de Nós . escrita por Bellav


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Leiam ;]



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Capitulo dois. Progresso.

 

 

  O sol não havia saído direito, nas ruas vazias um menino pedalava com força em sua bicicleta azul. Ele não tinha certeza se era aquele caminho. Mas, o seguia sem hesitar, se fosse preciso rodaria toda a cidade e os arredores dela para encontrá-los.

 Não havia dormido quase nada aquela noite. Depois de a mãe levantar com um falso entusiasmo e levá-lo para comer algo fora da cidade. Eles haviam fingido esquecer o assunto e os sorrisos de ambos apareceram algumas vezes.

 Ele havia acordado decidido, depois de tanto pensar à noite, que iria à casa dos Cullen tirar a história a limpo. A mãe poderia ter uma tendência para atrair problemas e acidentes, mas ela não fazia de propósito. Ela havia dito, mesmo depois de tudo, que aqueles Cullen eram boas pessoas.

  Damen pôde ver a casa de longe e deu um sorriso cansado, parando a bicicleta e limpando o suor. A porta se abriu e Edward apareceu nela. O menino entrou na casa sem pedir licença.

 - O que faz aqui nessa hora? Bella sabe que está aqui? Veio pedalando?

 - Vim pedalando e escondido. Tenho que perguntar alguma coisa – ele olhou nos olhos do cara que era para ser seu pai – Por quê?

 Edward havia escutando um barulho de bicicleta e sentido um leve cheiro conhecido. Abriu a porta, confuso com o garoto.

 - Veio até aqui pra me perguntar uma coisa?

 - Por quê? Por que a abandonou? – Damen repetiu ignorando as palavras de Edward.

  Edward encarou o garoto. 

— Bella deve estar preocupada. Vamos. Eu vou deixá-lo em casa.

  Damen olhou em volta. A casa estava completamente vazia, fora os móveis, ele pode ver algumas malas em um canto.

 Ele iria embora de novo.

 - Garoto? – Damen caiu sentado no chão. A mãe se culparia. E de novo e de novo. Ele colocou as mãos na cabeça enquanto, balançava-a – Você está bem?

 Edward pegou-o no colo e o colocou no sofá. O menino suava frio.

 - Está tudo bem? Qual é o problema? – não houve resposta – Vou ligar pra sua mãe.

 Damen atirou o celular que Edward segurava no chão.

 - Você vai embora, não é? De novo? – Edward desviou o rosto para o celular no meio da sala – Responda! Você vai embora de novo?

 - Foi uma coincidência encontrar Bella aqui. Não podemos atrapalhar a vida dela de novo. É o melhor jeito de...

 - Você é um covarde – interrompeu Damen – Um covarde idiota.

 - O quê?

 - Você só repete o erro. Você bagunçou a vida da minha mãe, mas enquanto você estivesse lá com ela, estaria tudo bem. Ela tinha com quem dividir a bagunça – os olhos de Edward se arregalaram ao compreender – Você foi embora, levou uma parte da bagunça, mas e o resto?

 - Eu queria protegê-la!

 - Você a deixou sozinha! Ela estava ficando louca. Não podia contar nada a ninguém.

 - Foi ai que ela encontrou seu pai? – perguntou ele receoso.

 Damen riu alto, mas não diria nada. Ele se recompôs e olhou para o vampiro.

 - Só quero que minha mãe seja feliz. Não me importa se for com um vampiro, um macaco ou um humano idiota. Eu pensei que você me ajudaria, mas é só mais um idiota.

 - Eu a amo. Eu passei cem anos entre o mundo dos humanos e dos meus e nunca encontrei alguém a quem quisesse proteger. Sua mãe apareceu e então, tudo que eu havia acreditado durante um século, todas as minhas crenças, todos os meus hábitos ficaram confusos. Eu não sabia o que fazer ou em o que acreditar. Cedo ou tarde demais eu percebi que isso não era bom pra ela. Eu estava me apegando, machucando-a. Eu fiz... – ele olhou para criança e consertou – coisas erradas. Ela não estava nem ai. Ela se machucava e voltava pra mim como se eu fosse uma boa pessoa, como se a culpa não fosse minha.

 Damen olhou chocado para aquele homem de fachada rude. Era parecido com ele. O jeito de falar, de contar, de demonstrar emoções.

 - Eu não sei por que estou aqui. Mas, eu percebi que se minha mãe ama uma coisa ela nunca vai ser ruim ou má. Ela sempre vai ser pura por dentro por que minha mãe é pura. Quando eu percebi isso eu vi que talvez eu também, não fosse um erro tão grande, um menino mau. Eu pensava que havia tirado toda a doçura, a infância dela, toda a vida...

 - Seu pai fez isso, não você.

 - Meu pai me deu a ela como um presente. Eu sou o apoio dela. Ele nem sabe de mim, mas eu não me importo. O cara que é pra ser meu pai só não sabe o que faz... Mas, minha mãe o amou e eu percebi que ele também é uma boa pessoa.

 Edward sentiu uma pontada de ciúmes, ela havia amado o pai do garoto também, não só emocionalmente como fisicamente. O menino era bonito, o pai dele devia ser também aos olhos de Bella.

 - Ele a deixou.

 - Sim. E eu não sei por que eu devo confiar em você, mas parece que de algum modo, mesmo tendo feito besteira, você a ama. Não seja idiota. Não a deixe novamente. Lute por ela, faça-a feliz. Minha mãe já sofreu demais, eu sei que eu posso ser um garoto desesperado, mas... – Damen sorriu um pouco – Mamãe precisa de apoio, alguém que a entenda. Ela está muito ligada ao seu mundo entende? E isso não tem como voltar.

 - Eu não entendo o que está querendo dizer sobre...

 - Mamãe tem segredos, Cullen. Faça ela lhe contar todos eles. Não a decepcione e tente cumprir seu papel com ela. Somente com ela. 

 Damen levantou e saiu da casa. Antes de poder segurar na bicicleta para montá-la, ela estava sendo segurada no ar.

 - Vamos com o carro. Tenho a impressão de que vai desmaiar e preocupar mais ainda Bella.

 Damen franziu as sobrancelhas, enquanto seguia Edward até o carro, sentava e colocava o cinto.

 - Quando falei que deveria voltar para mamãe, não disse que era para agir como um pai comigo. Não preciso de um.

 Edward riu enquanto dirigia.

 - Você é um menino que parece intelectual. Tem apenas nove anos, estou certo?

 Damen riu e franziu as sobrancelhas.

 - Era assim que assim que as pessoas falavam a... O quê? Cem anos atrás?

 Edward revirou os olhos e sorriu, ele falava como Bella.

 

 

 - Estou ferrado! – exclamou Damen, quando Edward estacionou o carro e ele pode ver a mãe preocupada no telefone.

 Bella viu o carro prateado e correu até ele. Ela se aproximou e conseguiu ver Damen. Desligou o telefone e virou para o menino que descia do carro. Edward desceu também.

 - Onde estava?! Quer me matar do coração?!

 - Parece que tem um sonâmbulo na família – disse Edward colocando as mãos nos ombros de Damen tentando amenizar a situação.

 Bella quase se emocionou com a cena. Tinha medo de Edward saber da verdade e de Damen estar machucado.

 - Está tudo bem, Bella. Ele está bem.

 - Me desculpe, eu fui...

 Damen tentou explicar, mas Edward interrompeu-o.

 - Eu o encontrei no mesmo parque de ontem. A bicicleta está no porta-malas. O garoto queria espairecer.

 Damen não mentia para a mãe. Nunca. Mas, para tudo dar certo era preciso. Ele assentiu concordando com Edward.

 - Eu estava vindo falar com você – completou ele, a voz profunda.

 Bella estacou.

 - Queria saber se você quer sair hoje à noite.

 Ela não queria recusar. Estava confusa. Tinha que pensar. Tinha que arranjar uma desculpa. Um minuto passou e Edward percebeu as intenções dela.

 - Se não se importar, gostaria que Damen viesse também.

 Deveria agradar o pacote todo. Mas, não era mentira, Damen era uma boa companhia. E o primeiro encontro tinha que ser descontraído.

  Damen não queria que a mãe fosse sozinha também e agradeceu silenciosamente a Edward a oportunidade.

 - Podemos mãe? – Bella olhou para Damen desconfiado.

 Não era ele que ontem estava brigando com Edward e todos os outros? Mas, era Damen. Confuso. Edward também era assim. Instável. E ela tinha medo que isso prejudicasse ou magoasse Damen.

 - Não é uma boa idéia. Temos que comprar as luzes e os enfeites de natal que adiamos ontem. Lembra Damen?

 Ela falou tentando fazer lembrar o porquê desse adiamento. Damen percebeu isso. E ele lembrava. Eles não tinham ido, porque o espírito natalino da mãe estava morto aquela noite. Porque ela estava magoada, ferida. E Edward era o remédio.

 - O Cullen pode vir junto? Parece que ele não comprou os enfeites de natal dele.

 Edward sorriu com a esperteza da criança. Aquele menino era superdotado. Mas, ele poderia esperar outra coisa do filho de Bella?

 - Damen está certo. Você se incomodaria se eu os acompanhasse?

 Bella balançou a cabeça ainda olhando desconfiada para Damen que apenas sorriu e deu de ombros.

 - Podemos ir agora? Hein, mãe?

 - Claro, mas antes vá tomar um banho.

 Damen fez uma careta.

 - Mas, está frio.

 - E você está fedendo. Ou o banho ou nada de compras.

 Damen bufou, murmurando um com licença e entrou em casa. Bella encarou Edward na calçada. Os dois apenas se fitaram, talvez por minutos ou horas.

 - Estou feliz por revê-la, Bella. Eu senti saudades.

 Ela não respondeu nada. Ela estava feliz pelo comentário, mas não se permitiu ter esperanças. Apenas sorriu e virou as costas.

 - Não quer entrar? Ás vezes, Damen pode...

 Edward não a deixou ir muito longe. Segurou seu braço com delicadeza. Bella parou.

 - Me dê mais uma chance. Eu percebi o que eu fiz tarde demais, eu sei, mas não vou cometer o mesmo erro. Eu prometo.

 - Eu não posso, Edward. Há Damen. Eu não posso correr um risco.

 - Não há riscos a correr! Eu não vou deixá-la mais.

 Bella suspirou. Parada ainda no mesmo lugar.

 - Você prometeu a mesma coisa antes.

 - Não. Eu sempre falei que a hora em que eu achasse que fosse longe demais pra você eu teria que ir embora. Eu te amo, Bella. Eu nunca menti pra você. Nunca. Eu contei o meu maior segredo a você, eu confiei em você e não me arrependo disso, coloquei minha família em risco. Eu pude agüentar tudo isso, por você. Mas, depois daquela noite. – Edward balançou a cabeça tentando tirar a imagem da cabeça – Eu a machuquei. Eu fui monstruoso. Eu não podia permitir que isso continuasse. Eu te amo.

 Bella estava dividida. Ela estava confusa. Ele tinha razão. Ele tinha todos os argumentos. Mas, ela tinha um maior.

 - Você me abandonou. Você nunca me procurou.

 Edward balançou a cabeça novamente e virou Bella pelos ombros. Fitou-a.

 - Eu fui. Seis meses depois. Eu fui à Forks e a procurei. Perguntei a todos onde estava. Me disseram que estava na faculdade com um noivo. Eu pensei que talvez, eu não tinha cometido um erro tão grande assim. Você estava noiva e em uma faculdade. Mas, eu não agüentei. Dois anos eu voltei a Forks e Charlie me viu. Ele não fez um escândalo como eu pensei que faria. Ele só me disse que você tinha um filho e que estava bem.

 Bella olhava chocada para Edward. Quando fugiu de casa, Charlie, depois de ler o bilhete deixado por ela dizendo que estava grávida, inventou uma história que ela estava noiva e tinha ido para a faculdade. Não por que tinha vergonha, mas para não manchar a reputação da filha. Aquela cidade não era tão bondosa com certos boatos.

 - Eu nunca tive um noivo e nunca fui para a faculdade, Edward. Eu fugi de casa e Charlie espalhou essa história.

 Os olhos de Edward pareceram se iluminar com compreensão. Ele abraçou Bella com força.

 - Eu fui atrás de você. Eu juro. Eu quis voltar, mas pensei que você tivesse seguido em frente. Estivesse bem.

 Ele repetiu isso várias vezes e Bella começou a entender. Ele havia voltado, ele havia procurado-a.

 - Está tudo bem Edward – ela colocou as mãos nas costas dele, correspondendo o abraço.

 - Eu vou reconquistá-la. Vou trazer sua confiança de volta.

 - Por favor, faça isso. E não me deixe mais. Nunca mais.

 - Nunca.

 

 Damen parou na porta olhando a cena. O rosto de Edward parecia iluminado, ele abraçava Bella com um poder. Como se ela fosse dele. E era. E nunca devia ter deixado de ser. Damen percebeu isso. Ele se perguntou se eles já haviam se entendido.

 Aproximou-se e limpou a garganta. Edward e Bella se separaram com um pulo. Damen sorriu com o vermelho que tingiu as bochechas da mãe.

 - Podemos ir?

 - Claro, vamos – Edward levou-os até o carro dele.

  Bella parou no meio do caminho ao perceber a intenção dele.

 - Vamos com o meu carro – exigiu ela.

 - Eu convidei. Eu dirijo. No meu carro – explicou Edward devagar e sorrindo.

 Damen assistia tudo divertido.

  - Vamos comprar as minhas luzes de natal. Vamos com o meu carro.

 - Eu também vou comprar minhas luzes.

 - Não seja bobo, Edward. Vamos logo com o meu carro.

 Bella virou as costas e andou até a sua garagem. Edward sorriu e cruzou os braços, falando:

 - Tudo bem. Mas eu pago as compras.

 Bella escutou aquilo, deu meia-volta e entrou no Austin Martin DSB de Edward. O carro era reluzente e cinza como o volvo de alguns anos atrás. Ela pôs o cinto e cruzou os braços.

 Damen sorriu. Bella nunca deixaria ninguém pagar suas compras ou algo parecido. Ela era orgulhosa demais pra isso. E Edward sabia.

 Ele parecia conhecer a ex-namorada muito bem pra dizer a verdade. O jeito que falava com ela e que seus olhos brilhavam era algo interessante de se comentar também.

  - Entra no carro, garoto – Edward piscou para Damen e se sentou ao lado de Bella, batendo a porta.

 

 - Você tem vídeo game no carro?

 - Damen! – Bella repreendeu.

 - Deixe-o – Edward olhou pra trás – Os CDs estão por ai. Acho que dentro de...

 - Olhe pra frente, tem criança no carro!

 - A estrada está vazia – argumentou Edward revirando os olhos.

 Barulhos de tiros do videogame invadiram o carro. Bella olhou pra trás com um olhar critico. Edward riu.

 - O quê? Ele tem Soldier’s War! – Bella franziu as sobrancelhas e virou para frente de novo.

 O carro ficou em silencio, com exceção dos tiros e das exclamações de Damen. Edward observava Bella. O jeito de ela olhar feliz para o filho brincando atrás, mesmo que estivesse reclamando por causa de alguns palavrões ou gritos que escapavam dele.

 - Ele gosta mesmo de guerras e soldados não é? – Bella olhou orgulhosa para o filho assentindo.

 - Mesmo que isso me faça temer por ele às vezes.

 - Não há nada que temer. São sonhos de um garoto. Mais tarde ele vai perceber que não quer isso e colecionar tanques de guerra e soldadinhos de plástico irá passar a ser um hobby.

 - Você fala como se já houvesse passado por isso – comentou Bella surpreendida.

 Edward sorriu torto, sem divergir o olhar da estrada.

 - Também queria ir pra guerra. Minha mãe não gostava dessa idéia. Meu pai querendo agradá-la a apoiava, mas ele não conseguia esconder o orgulho e o sorriso. Acho que era por isso que eu continuava com essa idéia fixa. Eu estava doente quando ele morreu, mas eu sentia que tudo tinha perdido a razão.

 Damen escutou a conversa e olhou para os botões do controle, pausando o jogo. O seu pai tinha tido um pai, tinha gostado de guerras e tinha tido uma mãe receosa também.

 Mas, ele nunca teria um pai que lhe apoiasse não é? Nem que sorrisse com orgulho quando ele falasse da profissão, nem que lhe levasse a jogos de baseball.

 - Cansou de jogar, garoto? – Edward interrompeu sua linha de pensamento. Damen assentiu distraído.

 Seu pai estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Ele olhou para o homem que sorria com sua mãe. Talvez ele achasse Damen um estorvo e fosse embora de novo, deixando a mãe pensando que era culpada.

 A viagem até a cidade vizinha demorou mais ou menos uma hora.

 Edward gargalhou com uma das respostas de Bella e estacionou o carro. Enquanto, andavam pelas lojas ele percebeu que Damen estava cabisbaixo.

 Ele era tão parecido com Bella, a mente enigmática, o rosto e o nariz arrebitado. Os olhos tinham a mesma expressão quando estavam tristes ou incomodados com algo. Edward começava a simpatizar com o garoto e, como havia acontecido com Bella algum tempo atrás, ele sentia que deveria protegê-lo.

 Finalmente, a loja foi escolhida. Entraram na loja natalina. Bella foi à frente revirando as prateleiras em busca de estrelas, papais Noel e qualquer coisa colorida e cheio de brilho.

  Edward ficou pra trás de propósito e acompanhou o garoto cabisbaixo, um pouco frustrado por não ler os pensamentos dele também.

 - Acho que sua mãe vai demorar um pouco – comentou Edward – Vamos dar uma volta.

 Damen apenas assentiu e ambos foram passando pelas lojas. Eles conversavam coisas banais, se você pode chamar o que eles faziam de conversa. Edward perguntava alguma coisa e Damen respondia. Quando percebeu que o menino não estava pra papo, Edward se calou e os dois passaram a caminhar em silencio.

 Até Edward perceber que o garoto não estava mais ao seu lado, com a testa franzida olhou para trás para ver Damen com a cara colada no vidro da vitrine de uma loja de musica.

 Ele sentiu uma mão em seu ombro e olhou para cima encontrando Edward. Damen olhava interessado para um piano colossal. O mais novo da coleção.

 - Gosta de pianos? – indagou Edward.

 - Mamãe me colocou em algumas aulas, mas a escolinha fechou. Aprendi apenas algumas coisas.

 Um pai com um filho passou cheios de sacolas com presentes. Edward e Damen viraram o rosto a tempo de ver ambos discutindo algo e no final o pai pegar os ombros do filho, o abraçando, eles sorriram e continuaram a andar.

 Damen desviou o olhar e voltou a olhar para o piano, as mãos dentro do casaco azul escuro. Edward captou algo no olhar do menino.

 - É por isso que está triste – sussurrou Edward – por causa do seu pai?

 Damen não respondeu imediatamente. Apenas continuou a fitar outros instrumentos.

 - Ele não sabe de mim, isso me incomoda, apesar de eu saber que é melhor assim – ele falou de repente e começou a andar de volta para a loja de enfeites de natal onde haviam deixado a mãe.

 - Por que acha que é melhor? Bella não quer que você conte? – Damen riu um pouco.

 - Mamãe perguntou se eu queria contar a ele. Mas, acho que é... Um pouco inapropriado. Não sei. Ele não me reconheceu.

 - Você é muito parecido com sua mãe, Damen. Mesmo ele sendo um canalha por ter deixado vocês... Como eu sou. Acho que ele gostaria de saber que tem um filho.

 - Você gostaria? – perguntou Damen curioso. Edward não respondeu de imediato.

 - Se meu filho fosse como você, sim.

 Damen parou de andar surpreso e olhou para o homem ao seu lado. Ele sabia? Por que ele havia falado daquela maneira? Sua mãe não tinha contado, não ainda. Mas, então...

 - O que foi? – Damen balançou a cabeça e continuou a andar.

 - Acho que mamãe tem medo dele me tirar dela ou algo assim. Ele tem dinheiro e poder.

 - Ele não tem direito. Ele não poderia. É o mínimo que ele poderia fazer.

 Damen não falou mais nada e se repreendeu por ter falado demais. Edward percebeu isso e apenas sorriu e continuou a andar. O que ele havia falado era verdade, ele só queria saber se tinha um filho se ele fosse assim parecido com Bella, com a mesma personalidade protetora e confiante de Damen.

 - Ei vocês dois! – gritou Bella atrás, ambos se viraram para olhá-la – Onde estavam? Eu procurei os dois por todo o canto.

 Ela parecia brava e preocupada. Edward pegou as sacolas que ela carregava e Damen sorriu dando de ombros.

 - Resolvemos andar um pouco, imaginamos que iria demorar – explicou o garoto. Bella sorriu e bagunçou os cabelos dele.

 - Vamos à praça de alimentação comer alguma coisa. Você deve estar faminto – a barriga de Damen roncou para confirmar o que Bella dizia. Edward riu – São duas da tarde.

 

 

 - Por onde andaram?

 Bella colocou o lanche dela e de Damen em cima da mesa.

 - Olhamos algumas lojas e ficamos olhando uma loja de instrumentos. Damen me contou como estavam as coisas na escola e que tinha feito algumas aulas de piano. Voltamos e encontramos você.

 Damen agradeceu com o olhar para Edward por não ter comentado nada da historia do pai. Edward assentiu e sorriu discretamente.

 Depois de Edward abrir os pacotinhos de ketchup para Damen, e todos comerem. Entraram no carro.

 - Está cedo. Querem mesmo ir para casa? – Damen olhou para a mãe. Bella sorriu.

 - Estamos abertos a sugestões.

 O sorriso de Edward foi radiante. Ele apenas assentiu e continuou a dirigir.

 A viagem para outra cidade demorou outra hora. Edward ia conversando com Damen e Bella no caminho. Sobre o trabalho e há quanto tempo estavam naquela cidade, como era ali.

 O carro foi estacionado ao lado de um parque com luzes coloridas. Os brinquedos gigantes em movimento, o cheiro de churros, de pipocas e de cachorro quente invadia o local. Os brinquedos e as pessoas faziam barulho.

 O parque era na cidade vizinha, Edward havia passado por ali no caminho da cidade e lembrou quando olhou para Damen. O menino estava encantado. Ele olhava pra tudo curioso.

 - Está muito cheio – murmurou Bella no ouvido de Edward, desnecessariamente – Podemos nos perder de Damen.

 Damen olhou pra baixo sabendo que a mãe tinha razão. Isso já havia acontecido uma vez, em uma praia no Arizona. Bella havia ficado histérica. Ela fez uma careta com a lembrança.

 - Não vou perdê-lo de vista – falou Edward no ouvido de Bella.

Ele pegou o menino sem esforço nenhum e o sentou em seus ombros. Havia outros pais fazendo isso no parque com seus filhos, mas no caso os pais eram mais velhos e os filhos menores.

 Edward passou o braço na cintura de Bella e antes de entrar no parque comprou uma pipoca para Damen.

 Damen estava preocupado e angustiado. Edward estava sendo um bom pai mesmo sem saber. E Damen não estava sendo um dos melhores filhos. Bella encontrou o olhar do menino.

 - Qual brinquedo quer ir? – perguntou Edward a ele sorrindo. Damen olhou em volta, enquanto amassava o saco de pipoca vazio e jogava no cesto de lixo. Ele deu de ombros.

 - Estou com sede.

 Edward colocou o menino no chão e o fez segurar a mão de Bella.

 - Fiquem aqui.

 Quando Edward sumiu entre as milhares de cabeças e já estava seguro o suficiente, Bella se virou para Damen.

 - Esqueça tudo por hoje. Divirta-se e conversamos em casa.

 Damen a fitou, analisando-a dos olhos a boca. A expressão tranqüila. Ele assentiu.

 - Eu estou bem e eu quero que esteja também, ok? – Bella continuou – Seja você mesmo hoje e não se preocupe com...

  A voz de Bella morreu quando Edward veio andando apressado e sorrindo com as mãos grandes segurando duas latas de coca e duas garrafas de água. Ele puxou uma sacola de uma barraca e as colocou dentro.

 - Pronto. – ele abriu a tampa de uma coca e a passou para Damen. O garoto sorveu três goles sem respirar e Bella tirou a lata de suas mãos com o olhar zangado.

 - Respire e tome como um ser humano normal – Damen assentiu e pegou a coca de volta tomando mais um gole.

 Ele respirou fundo e resolveu tentar. A mãe parecia estar bem e o estranho que era seu pai estava tentando sem nem saber de nada. Ele jogou a lata em um cesto e sorriu para Edward.

 - Montanha Russa!

 Edward sorriu e colocou o menino sentado em seus ombros enquanto pegava Bella pela mão que gargalhou. Os três cortaram caminho por meio das pessoas.

 Edward comprou as entradas para o brinquedo depois de ganhar uma discussão com Bella. Ele sentou na ponta, Damen no meio e Bella na outra ponta. A mão dela suava e Damen sorria de entusiasmo.

 Ele gostava da sensação do coração batendo forte, do suor escorrendo pela testa, da cabeça quente e da adrenalina correndo por suas veias.

 O brinquedo começou com o grito aterrorizado de Bella e com uma gargalhada de Damen. Edward olhou para ambos, divertido.

 - Eu nunca mais ando nisso! É a ultima vez! – exclamou Bella.

 Depois de terem andado por todos os brinquedos do parque e ter repetido, pela terceira vez, a ida na montanha russa.

 Edward sorriu e Damen revirou os olhos em cima dos ombros dele.

 Eles estavam andando por uma parte mais tranqüila do parque. Ventava forte, mas o calor causado pela adrenalina ainda estava ali. Edward desceu Damen de seus ombros e se aproximou de uma barraca camuflada. Havia aviões e tanques de guerra em controle remoto que conseguiram a atenção de Damen.

 - Me dê duas – falou Edward para o dono gordo da barraca que parecia mais um açougueiro. Ele se virou para Damen – Qual você quer?

 - Serio? – perguntou o menino. Edward assentiu.

 - Um difícil. Eu tenho habilidades especiais, você sabe.

 - O avião verde musgo – apontou Damen – Em cima do tanque.

 Edward assentiu. Pegou o rifle colocando as balas de borrachas e apontando para o avião. Bella puxou Damen pra trás quando Edward colocou o dedo no gatilho. E ambos se assustaram com o barulho quando ele foi puxado.

 O avião caiu em cima da rede armada embaixo para pegar os prêmios. O dono da barraca pegou, mal-humorado, o avião e o controle e os passou para Edward que passou uma nota de vinte para o gordo.

 - É isso ai, Cullen! – exclamou Damen sorrindo para Edward.

 

Eram nove horas da noite quando todos desceram do carro. Damen estava nas costas de Edward adormecido, os braços em volta do pescoço do pai e as pernas em volta da cintura. Bella segurava o avião e alguns soldados e tanques que Edward havia ganhado para Damen. E Edward carregava, além do menino adormecido, a panda gigante que havia dado para Bella. 

 Edward fechou a porta do carro. E caminhou até a porta da casa de Bella que foi aberta por ela. As luzes foram ligadas e Edward estacou na porta.

 A casa não era grande, era modesta, mas bem organizada. A sala branca estava cheia de fotos de Damen. Algumas com Bella, outras com um garoto de cabelo preto, algumas com Charlie e Renée.

 Mas o que chamou atenção de Edward foi uma em especial, em cima da mesa de centro. Estava em um porta-retrato azul. Era Bella deitada em um hospital com um bebê, Damen, em seus braços.

 O rosto da amada parecia cansado, mas o sorriso em seu rosto era tão brilhante que chegava a ser tocante.

  Edward colocou a panda no sofá e ainda segurando as costas de Damen com uma mão, pegou com a desocupada o porta-retrato. Ele pode ver a mão de Damen fechada nos cabelos castanhos dela, o narizinho levemente enrugado e os olhos verdes assustados olhando para frente. O cabelo castanho como o de Bella era apenas uma penugem.

 - Pode deixá-lo na cama? – o sussurro de Bella interrompeu seus pensamentos – Ele está pesado pra eu carregá-lo.

 Edward devolveu o retrato para o lugar e assentiu passando Damen de suas costas para seus braços. Ele fitou o rosto do menino encantado. Era tão parecido com Bella, fora o formato e a cor dos olhos e o maxilar retangular, tudo era de Bella. Era uma criança linda.

 O martelar do coração dele era acelerado como as asas de um colibri e a mente era tão misteriosa como a da mãe. Mas, isso ele já esperava quando soube que era filho dela.

 Ele colocou o menino na cama, enquanto Bella tirava os sapatos dele e o cobria dando um beijo em sua bochecha. Edward observou o modo admirado como ela olhava pra ele, o modo como seus olhos brilhavam e o cuidado que ela tinha com a criança que parecia de porcelana.

 Ela o amava. Isso estava claro para qualquer um, até para Edward.

 

Ele estava indo embora quando ela puxou a manga do suéter dele e enterrou o rosto no peito dele. Edward, inicialmente, estava surpreso e percebendo o que significava. Significava um progresso. Ontem mesmo ela havia saído correndo dele. Estava dando certo. Ele sorriu e passou os braços por ela.

 - Eu gostaria que por um momento você pudesse ler meus pensamentos – o sussurro tão baixo e inadequado atingiu com surpresa os ouvidos de Edward. Ele não entendeu.

 - Pensei que estivesse feliz por não poder ler sua mente – o sussurro de Edward foi provocante sem querer.

 Bella tremeu e se apertou nele.

 - Eu tenho medo, Edward, de perder você e de perder Damen. Tenho medo de tirarem vocês de mim, tenho medo de vocês irem embora, eu sinto tanto medo de...

 - Não sinta. Por favor, por mim, não sinta medo ou angustia. Eu não irei embora e eu prometo que não deixarei ninguém tocar em você nem em Damen, nem separar vocês dois.

 Bella escutou as promessas dele e não conseguiu deixar de acreditar. As esperanças subiam e retornavam, o buraco fechado com o nascimento de Damen, reabriu e ela deixou escapar um soluço.

 - Me perdoe Bella. Perdoe-me – a voz dele era intensa, Edward deu um passo para trás e puxou o queixo de Bella, para fitar os olhos castanhos – Eu a amo. Eu sempre a amei. Eu sinto tanto por ter deixado-a. Ah Bella! Eu sinto tanto. Me deixe... Me deixe voltar.

 - Você está de volta – murmurou ela confusa.

 - De uma vez, completamente. Deixe-me voltar pra você. Eu a manterei segura e amarei Damen como um filho.

 A sala ficou em silencio por um tempo. A ultima frase percorrendo o sistema nervoso de Bella. Sua boca abriu automaticamente e sem que pudesse fazer nada, o sussurro automático saiu de sua boca:

 - Damen é seu filho, Edward.

 Edward a olhou confusa e ele sorriu.

 - Claro que é. Eu vou considerá-lo como um.

Bella balançou a cabeça e virou de costas. Estava na hora, na hora de toda a verdade. Se ele fosse embora, agora no inicio ela suportaria, nem todas as promessas foram feitas, nenhum beijo foi trocado e a ligação ainda era de desconfiança. Ela suportaria tudo aquilo por Damen.

                     


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Notas finais do capítulo

COMENTEM E DIGAM O QUE ACHARAM.
Capitulo três já está pronto. E eu tenho que corrigir uma coisa, eu disse pra alguns que os Cullen e Damen se conheceriam neste capitulo três, mas será somente no capitulo 4.
Obrigada pela atenção de todas vcs.
Beijoos ;*