Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 4
Falar é Fácil




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– ... Bolsas? Você gosta? Porque se roupas não te interessam... Mas, você gosta de compras né? Porque se não gostar eu realmente tenho muito o que fazer por aqui e você sabe como eu sou, quer dizer na verdade não sabe porque me conheceu agora... – ela gargalhou – Mas Emmett sabe que eu adoro ajudar as pessoas sabe... Não é Emmett? – os olhinhos da pequena Alice Cullen brilhavam para o garoto maior.

– Claro, e como ama ajudar os outros vai fechar a boca agora ajudando todos nós nesse carro a não ficar com dor de cabeça! – ele riu alto.

Alice mostrou a língua pra ele, que retribuiu com uma careta estranha.

– Vocês estão assustando Isabella... – Esme Cullen sorriu para o espelho central

– Bella – corrigi, como sempre.

Apesar da falação de Alice eles eram extremamente bons, Charlie não teria com o que se preocupar, apesar de eu me sentir um pouco apreensiva por eles terem tantas regras. Carlisle e Esme vieram corrigindo os dois filhos pelo caminho, tantas regras não pareciam funcionar muito naquela família, apesar de ter ouvido Carlisle mencionar que seu filho mais velho era “um pouco mais normal”, Charlie estava certo, eram três filhos.

– Você vai amar conhecer Edward, é muito amável... – Esme murmurou amorosa.

– Oh sim, se quiser se divertir basta não falar com Edward... – Emmett murmurou irônico.

– Não fale assim dele, Ed só é um pouco... Exagerado... – Alice fez uma careta ao dizer.

Então Edward era o nome dele, talvez ele falasse um pouco menos que Alice, pra variar.


POV. Edward


“Não sei como explicar, mas certamente que tu e todos têm a noção de que existe, ou deveria existir, um outro eu para além de nós próprios. Para que serviria eu ter sido criada, se apenas me resumisse a isto? Os meus grandes desgotos neste mundo, foram os desgostos de Heathcliff, e eu acompanhei e senti cada um deles desde o início; é ele que me mantém viva. Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria, para mim, uma vastidão desconhecida, a que eu não teria a sensação de pertencer...”

Catherine começava a me intrigar, de onde ela tirava tanta bobagem? Como ela poderia viver com esse amor consumidor, se ele realmente existia... Parecia-me tão impossível... Oh pare Edward é um livro fictício, relembrei a mim mesmo. Eu fecharia o livro se não tivesse ouvido o som do carro de Carlisle cada vez mais alto, continuei lendo, eu preferia ler a ter que descarregar malas da desconhecida.

A leitura começou a ser desinteressante. A curiosidade me consumia pra saber quem era a tal Isabella. Talvez ela não fosse tão ruim como minha mente a desenhava, uma garota fútil, os americanos me passavam essa imagem pelos filmes que assistia, talvez obesa, eles comem tanta gordura, eu também a imaginava loira, eu nunca gostei de loiras, sempre preferi as morenas e por não gostar dela antes mesmo de conhecê-la... Vislumbrei um pássaro que andava pelo chão perto de mim, decidindo se entrava em casa ou não... Levantei-me rapidamente o espantando. Uma hora eu teria que fazer isso.


– Acha que ela gostou de... Ei Edward! – Emmett hesitou o que falava com Carlisle pra me cumprimentar – Você nem imagina, ela é gata, eu não disse? – ele sussurrou com seu braço em volta de meu pescoço.


– Oh solte-me... – murmurei – Onde ela está? – perguntei desinteressado.

– Lá em cima, Alice a levou... – Carlisle chegou mais perto de mim – Seja hospitaleiro, filho. Por favor.

– Eu nunca seria grosseiro... – ele me fitou desconfiado – Talvez sim, mas... Eu vou tentar, farei meu melhor – tentei sorrir.

Alice desceu depois de alguns minutos sorrindo como sempre e sentou-se inquieta.

– Onde está Bella? – Emmett perguntou a ela suspeito. Eu virei pra saber a resposta também.

– Eu a ajudaria com as malas, mas ela murmurou algo como: “Eu sei me cuidar...” e depois “Isso é meu, não fale mal das minhas roupas...”, ela é legal... Só precisa de um “Tratamento-Alice” – ela riu.

– Ela é bem direta... – murmurei e me direcionei à escadaria.

– Aonde vai? – Emmett perguntou sentando-se ao lado de Alice.

– Pro meu quarto, tenho que estudar...

– Tá, não me interessa... – Emmett abanou a mão e virou-se pra televisão.


A porta do meu quarto estava aberta, eu nunca a deixava assim, Emmett deveria ter entrado pra pegar respostas de minha lição de casa... Mas, o som do Debussy ecoando baixinho me fez estremecer.


– Oh droga... –murmurei chegando mais perto.

A garota de cabelos cor marrom que fez-me lembrar de chocolate estava sentada em minha king size, mascando um chiclete compulsivamente, ela levantou-se direcionando-se á minha prateleira de CD’s, antes organizada por ordem alfabética e por estilo musical, agora a maioria espalhados pela cama.

– OH MEU DEUS! O que você pensa que está fazendo? – gritei entrando no quarto abruptamente.

A garota continuou mascando o chiclete, aquilo me enojava, ela levantou os olhos da capa do CD, me fitando por alguns minutos, havia um pouco de vislumbre e surpresa em seus olhos, mas ela sabia disfarçar bem. Apenas largou o CD e veio em minha direção.

– E aí! – ela murmurou.

– E AÍ? O QUE VOCÊ... – hesitei lembrando-me do que Carlisle havia me pedido – Ah... O que você fez? Oh meus preciosos CD’s... – resmunguei seguindo para a cama, mas me voltei pra ela. - Você deve ser Isabella... – murmurei raivoso.

– Eu prefiro Bella...

– E eu prefiro que não mexam em minhas coisas!

– Ui acalme-se esquentadinho... – ela murmurou ironica – Você deve ser Edward... É bem que Emmett disse.

– Eu raramente me importo com o que Emmett diz, agora, você vai arrumar meus CD’s, do jeito que estavam...

Ela me fitou, e fez um movimento labial estranho. Depois de alguns segundos uma bola de goma começou a aparecer e estourou espirrando em meu rosto.

– Oh... – limpei-me.

– Tá legal, vou arrumar seus “preciosos CD’s” moçinha... – ela gargalhou se direcionando a prateleira depois de agarrar todos os CD’s que estavam na cama de uma vez só.

– Cale-se. Apenas arrume. – falei sentando-me na cama para observá-la.

A garota me parecia desajeitada, tropeçou duas vezes e eu me assustara nas duas, mais preocupado com meus CD’s do que com o tombo dela. Esperei analisando seu jeito de arrumar os discos, ela ainda cantarolava. Peguei-me descendo o olhar de seus cabelos, que ainda me intrigavam por não serem loiros, para suas costas, um pouco descobertas por ter estado sentada. A calça jeans justa que modelava suas poucas curvas. EDWARD! Gritei internamente, o que eu estava pensando?

– Ouch! – ela murmurou ao ver os CD’s caindo da prateleira, como um dominó um empurrava o outro copiosamente, vindo na direção dela.

A empurrei, caindo sobre ela e os CD’s, agora sobre nós. Eu teria um trabalho maldito pra arrumar aquilo...

– Oh você é desastrada, sua maluca... – respirei fundo.

Meu corpo colado sobre o seu, a respiração dela um pouco mais rápida. Seus olhos fitaram-me confusos e, depois de balançar a cabeça como que espantando uma idéia estúpida da mente, ela segurou meus ombros.

– Ah... – ela começou e retirando a mão direita de meu ombro enterrou-a em seus cabelos ajeitando-os, na verdade os bagunçando ainda mais.

– É melhor eu me levantar... – murmurei afobado.

– Der... – ela disse – Já deveria estar de pé! – ela murmurou irônica, mas desapontada.

– Eu o faria se não tivesse me segurado...

– Não seja ridículo... Vou pegar os CD’s pra não ver sua cara feia por muito tempo.

– Que pena, você está na minha casa, vai me ver muito. E eu sou bem bonito... É o que dizem! – estralei a língua fazendo um som engraçado.

– Oh claro, sua mãe diz...

– Ah... – hesitei. – Pensando bem, deixe esses CD’s onde estão. Eu prefiro fazer isso sozinho...

– Que seja! – ela me olhou fixamente e depois saiu do quarto.

Ela não era loira nem fútil, muito menos obesa. Seu corpo era perfeitamente normal, e seus cabelos marrons... Mas, era desastrada, desaforada e completamente chata. Ela era tudo o que eu mais odiava em um corpo que me encantava... Ótimo, esbravejei entre dentes.


POV. Bella


Edward era lindo, seus olhos verdes e sua voz cativante, o corpo, que há alguns minutos estava sobre o meu então... Mas era um idiota completo. Eu sempre odiei perfeccionismo e ele era o perfeccionista mor. Eu já começara a me arrepender de ter vindo parar aqui.

Olhei em volta observando o quarto e lembrando-me da imensa casa. Eu não havia percebido o quão ricos eles eram, até ver o quarto de hóspedes em que eu ficaria, era do tamanho da parte de baixo de minha casa. Sentei-me na cama macia pra retirar minhas coisas da mala.


 - Já terminou? – Alice perguntou entrando no quarto de hóspedes.


– Nem comecei... – resmunguei – Culpa de seu irmão...

– Uh, conheceu Ed... – ela afirmou pesarosa – Ele é meio... Difícil, sabe?

– Oh com certeza, difícil até demais. – murmurei.

Ela gargalhou e permiti que ela me ajudasse, eu já havia tido discussões o bastante.

– Edward é bem sozinho, ele nunca namorou sabe... Nem tem muitos amigos, alguns poucos na escola.

– Estranho, ele é lindo... – hesitei ao dizer aquilo. BURRA! – Quer dizer, ah... Continue. – O que eu estava pensando?

– É de família... – ela riu.

– E irritante... – sussurrei.

– O que?

– Nada... – tentei sorrir.


Eu sou tão ciumenta, inquieta, incansável...


Essa sou eu.

Eu estou tão louca, ultimamente

Venha, deixe ser

Não me faça implorar pelas coisas que eu preciso.

Você sabe o que dizem

Quando há uma vontade, há um caminho

Mentiras são de graça, falar é fácil...”

(Talk is Cheap)


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