No Meio do Nada escrita por Mandy-Jam


Capítulo 16
Capítulo 16 - My hero


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!



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Eles acharam na praia dois pedaços de madeira. Aquilo talvez não iria servia para remar, mas era melhor do que nada.

Depois de andar um pouco mais, viram um pontinho preto no horizonte que identificaram como o navio.

“Deve ser aquilo.” Falou Wilson apontando.

House forçou a visão.

“Uhm... Acho que é mesmo um navio.” Concluiu House. “Me ajude com o bote.”

House puxou a cordinha e o bote começou a inflar. Levou alguns minutos para que estivesse pronto, mas assim que o bote tomou forma eles o jogaram na água. Começaram a empurrá-lo em direção do mar, pegaram os pedaços de madeira, subiram a bordo, e começaram a remar.

“Acha que conseguimos alcançá-lo?” Perguntou Wilson um pouco preocupado.

“Espero que sim.” Falou House.

Wilson não gostou daquela resposta. Ele estava arriscando a vida dele por um mero “Espero que sim” do House. Tudo bem que geralmente ele estava certo com suas teorias loucas, mas aquele caso era diferente. Não se tratava de um paciente, e sim de uma fuga de volta para a civilização, que se desse errado custaria a vida dos dois.

“Trousse o Walk-Talk? E melhor nós avisarmos para...”

“Ficou com a Cuddy.” Interrompeu House descontraído.

“O que?!” Exclamou Wilson. “Nós estamos remando direto para o mar aberto, e você não trousse nem mesmo o Walk-Talk?!”

“É isso aí.” Assentiu House.

“House! Como vamos nos comunicar com os outros agora?!” Reclamou Wilson tenso.

Ele parou de remar para esperar a resposta de House. Ele deu de ombros e olhou par ao amigo.

“Por que você acha que eu não trousse o Walk-Talk?” Perguntou ele. “Se trouxesse eles tentariam nos impedir e isso seria muito irritante.”

“Sabe o que é irritante?” Disse Wilson ainda tenso. “Nós ficarmos presos no meio do mar sem comida, água, e alguém para nos ajudar. Isso é extremamente chato.”

“Por isso eu sugiro que continue remando.” Falou House apontando seu queixo para o navio. “Não podemos perder o ritmo, senão nunca chegaremos até ele.”

Wilson queria discutir com o House, mas de nada iria adiantar. Discutir não ia mudar a situação. Estavam ali, remando em direção ao navio com nenhuma certeza de que voltariam, e ele não podia mudar isso.

Ele pegou o seu remo improvisado novamente e voltou a remar.

“O navio pode se mover e sair dali a qualquer momento.” Comentou Wilson nervoso. “Tem certeza do que está fazendo?”

Houve um momento de silêncio.

“Não. Mas não tinha outra escolha.” Admitiu House.

“Você não tem certeza?!” Admirou-se Wilson. “Quer dizer... Você nem mesmo pensou em outra possibilidade e...”

“Não.” Falou House olhando diretamente para o ponto preto que a cada minuto ficava ligeiramente maior.

“Então...” Falou Wilson analisando House. “Você agiu por impulso?”

House ficou em silêncio.

“Eu... Não pensei em outra coisa. Me veio essa idéia e eu a peguei. Nada mais do que isso.” Contou ele.

Wilson soltou um riso nervoso.

“Isso não faz o seu tipo. Chega a ser engraçado.” Falou ele. “Você sempre analisa, e calcula cada passo que você dá. Ou pelo menos as suas decisões. Geralmente não age impulsivamente. O que aconteceu?”

Ele ficou em silêncio sem responder.

“House?” Perguntou Wilson. “O que foi que houve?”

House não queria responder.

“Ao invés de dar uma de psicólogo, reme.” Disse ele.

Wilson continuou a remar, mas foi pensando enquanto isso. Depois de alguns minutos, uma idéia atravessou a sua cabeça.

“Sabe o que eu acho que aconteceu?” Falou ele.

“Não, e não quero nem saber.” Suspirou House cansado.

Ele o ignorou e continuou a falar.

“As pessoas agem impulsivamente quando estão apaixonadas. Elas não fazem cálculos, não pensam nos prós e contras, não analisam nada. Elas simplesmente agem. Mesmo sabendo que o que estão fazendo é loucura, elas fazem do mesmo jeito, pois o amor é uma loucura por si só.” Falou Wilson.

“Tem razão.” Concordou House. “Estou apaixonado por você. Que tal um jantar na sexta à noite?”

“Você queria ajudar a Cuddy.” Ignorou Wilson. “Aí quando ouviu falar do navio, acho que a solução mais rápida para ajudá-la seria ir até ele. Por isso não pensou nem duas vezes antes de pegar o bote e remar até aqui.”

“E daí?” Disse House sem ligar.

Ele continuava focado no navio. Suas mãos estavam doendo, mas não mais que seus braços. Ele remava com todas as suas forças para poder chegar logo ao navio. A cada minuto estava mais perto, e não podia parar de jeito nenhum.

“E daí?!” Repetiu Wilson admirado. “Você está mesmo apaixonado por ela!”

“Chame como quiser.” Falou House revirando os olhos. “Mas se você se esqueceu, não é só ela que está naquela ilha. Todos nós estamos. Por isso a sua teoria não faz sentido.”

“Mas não foi em todos nós que você pensou.” Comentou Wilson com um sorriso bobo no rosto.

House olhou para ele.

“Tira esse sorriso do rosto, e continua a remar.” Falou.

Os dois continuaram remando durante vários minutos sem parar. Devia fazer quase uma hora que eles estavam remando, quando Wilson largou o remo dentro do bote.

“Ah!” Ele gritou.

“O que foi?” Perguntou House parando de remar.

“Câimbra!” Gemeu ele.

“Câimbra?” Riu House. “Eu pensei que um tubarão tinha arrancado a sua mão ou algo parecido.”

“Engraçado.” Falou Wilson fazendo caretas de dor para sua mão. “Mas... Ainda está doendo.”

“Já vai passar.” Falou House.

“Vamos parar um pouco.” Pediu Wilson limpando o suor do rosto. “Por favor. Não agüento mais remar.”

“Parar?! O que? Ah, vamos Wilson! Você consegue.” Encorajou House.

“Sinto muito, mas eu não sou que nem o Pequeno Greg Tubarão.” Falou Wilson. “Tenho câimbras, estou fritando debaixo do Sol, e estou sentindo que o meu braço vai cair a qualquer momento.”

“Está ficando velho, hein?” Brincou House.

“É... Só os jovens conseguem remar até um navio no mar aberto, debaixo de um Sol infernal de 50 graus.” Falou Wilson. “Pena... Se eu tivesse uns 20 anos á menos...”

“Estamos quase lá.” Falou House.

Ele já podia ver o navio mais de perto. Não era mais só uma manchinha preta no horizonte. Agora ele podia ver que o navio era cinza, e tinha uns 3 andares. Devia ser de pesca.

Mesmo estando mais perto, ele ainda estava longe. Era como se House estivesse segurando uma miniatura de 4 centímetros no horizonte e olhando para ela.

“Vai demorar ainda.” Falou Wilson.

“Vai ser mais rápido se você remar também.” Falou House.

“Não tem como chegarmos nele hoje... Eu acho.” Comentou Wilson.

“É... E não tem como um paciente seu sobreviver, não é?” Retrucou House. “Qual é, Wilson? Você é oncologista. Sabe melhor do que ninguém que chances pequenas são chances mesmo assim! Se pararmos agora, nunca vamos chegar lá!”

Wilson soltou um suspiro cansado e olhou para House.

Depois olhou para sua mão. Não sentia mais dor, mas estava extremamente cansado. Mesmo assim ele pegou o remo e o pôs na água novamente.

“É melhor você falar para a Cuddy que ama ela quando todos saírem dessa ilha. Senão... Ah.” Wilson nem terminou a frase.

Estava tão cansado que se deitasse em uma cama, e tivesse um ventilador encima dele poderia dormir por dias.

House sorriu de leve, mas não deixou Wilson ver isso.

“Vamos nessa, marinheiro!” Exclamou House.

Os dois remaram e remaram... Sem parar novamente. O navio ficava cada vez mais perto. Depois de algumas horas eles estavam á uma distância menor. Dava para ver o navio perfeitamente.

De 4 centímetros, ele pasosu a ter uns dois metros. É... Isso era pequeno para um navio daqueles, mas pelos menos estavam bem mais perto.

“Vamos conseguir.” Bufou House cansado.

“É...” Wilson deixou escapar com um suspiro.

Os dois estavam completamente molhados. Não por causa da água, mas sim por causa do suor. O calor era infernal e não dava nenhuma trégua. Era quase como se o Sol não quisesse que eles saíssem da ilha.

Remaram mais alguns poucos metros, até que Wilson visse algo que o deixou assustado.

“House... Pare de remar.” Advertiu ele.

“Vamos, você agüenta mais um pouco!” Encorajou House.

“Não! Não é isso... Olha!” Disse Wilson apontando para um pouco mais longe.

House parou de remar mesmo contra a vontade. Tinha algo no tom de voz de Wilson que o fez entender que algo de ruim estava lá na frente. E era ruim mesmo.

“Eles... Eles são... Golfinhos, certo?” Perguntou Wilson com os olhos arregalados.

“Quem dera...” Murmurou House.

Á alguns metros deles estavam duas nadadeiras se movimentando de um lado para outro na água. Elas não pareciam ter percebido a presença do pequeno bote laranja de Wilson e House, mas aquilo devia ser uma questão de tempo.

“O que faremos?” Perguntou Wilson nervoso.

House estava pensando. A verdade é que ele não tinha a mínima idéia no momento. Ele odiava agir de um jeito tão impulsivo, mas não teve escolha. Não queria admitir que Wilson estava certo, mas ele realmente tinha feito uma loucura por estar apaixonado.

Queria tanto ajudar Cuddy, que não pensou no que poderia acontecer á ele. Talvez porque se pensasse, não iria. Mas agora o que estava feito, estava feito. Ele não podia simplesmente voltar atrás. Tão pouco seguir em frente.

Naquele momento ele precisava de alguém que o ajudasse.

“Quantos metros deve ter daqui ao navio?” Perguntou House.

“Sei lá. Uns... 100? Eu não sei mesmo.” Respondeu Wilson.

House olhou para trás. A ilha estava minúscula. Quase invisível. De jeito nenhum o pessoal do navio iria notar uma fogueira. Eles tinham que chamá-los, mas... Como?

“Wilson...” Falou House ainda pensativo.

“O que foi? Pensou em alguma coisa?” Perguntou ele.

House pôs o seu remo no bote bem devagar.

“Tubarões... Eles não enxergam quase nada.” Falou House mais para ele do que para Wilson. “Mas para compensar eles tem uma audição e um olfato muito apurados. Alguns não atacam as pessoas, mas outros te comem como um obeso faminto come McLanches.”

“E daí? O que nós fazemos?” Perguntou Wilson.

Ele reconheceu essa cena. Se ele dois estivessem no hospital, House sairia da sala dele sem nem ligar, deixando-o falando sozinho.

Mas estavam presos em um bote juntos, por isso ou ele pensava alto, ou pulava no mar para reunir seus pensamentos melhor, coisa que Wilson esperava que ele não fizesse.

“Continue remando.” Ordenou House por fim.

“Ficou louco?!” Exclamou Wilson. “Eles vão nos matar!”

“Eles não enxergam direito á curta distância.” Falou House. “Se tivermos sorte... Não vão nos perceber.”

Wilson não sabia o que fazer. Ele não podia simplesmente não remar. Tinha que fazer alguma coisa.

“Eu realmente espero que você diga a verdade para a Cuddy.” Frisou ele. “Realmente.”

“Isso se nós sobrevivermos.” Murmurou House.

“O que?!” Exclamou Wilson.

“Nada não.” Disfarçou House. “Tenho tudo sobre controle, agora reme!”

Sem questionar Wilson começou a remar junto com House, e os dois foram se aproximando mais e mais das duas nadadeiras, até que... Eles conseguiram passar por elas.

Mesmo tendo passado, eles não pararam de remar nem mesmo por um segundo. Estavam a poucos metros do navio naquele momento.

House pode ver as pessoas andando com as redes de peixe pelo navio.

“Vamos chamá-los.” Falou Wilson.

“Sim” Concordou House. “No três.”

Eles contaram até três e gritaram, porém não conseguiram gritar por muito tempo.

Duas cordas que estavam penduradas para fora do navio foram puxadas. Elas sumiam na água, mas quando começaram a emergir do mar eles dois puderam ver do que se tratava.

Era uma rede de pesca. Enorme.

Quando ela foi puxada levantou a lateral do pequeno bote laranja, fanzedo Wilson e House perderem o equilíbrio e caírem dentro d’água.

Os dois começaram a afundar e se debater. O fundo do mar era muito escuro. A escuridão os cercava a cada metro que desciam.

  Wilson queria dizer alguma coisa, mas lembrou-se que dentro d’água não adiantaria. Algumas bolhas saíram de sua boca, e ele a fechou antes que perdesse o ar. Tentou subir, mas seus braços estavam doendo demais por causa de tanto remar. E com House foi a mesma coisa. Ele estava afundando cada vez mais.

Começava a ver as coisas borradas, e sentia que a pressão estava fazendo com que ele perdesse a consciência.

Para piora a situação, bem encima dele, quase perto da superfície ele podia ver duas figuras nadando em círculos. Eram os tubarões, pensou ele.

À medida que ele afundava mais e mais no mar, ele notou que não estava preocupado com isso. Não ligava para os tubarões, nem para perder a consciência... Só conseguia pensar que... Não iria conseguir salvar a Cuddy. E isso para ele, era o pior de tudo.


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal, eu tenho uma coisa a dizer...
Esse capítulo que vocês acabarem de ler é o penúltimo da fic. É, eu sei... Também nao queria que acabasse!
Eu pensei em enrolar mais um pouco, mas isso foi o máximo que eu consegui.

O último capítulo promete ser bem surpreendente.

Mas falando desse... O que vocês acharam?
Espero reviews!