Edward Cullen e Jasper Hale estavam tomando o seu glorioso café da manhã na casa de fazenda que pertencia aos Cullen. Emmet ainda dormia, era o mais preguiçoso de todos. Mas eles tinham ótimas companhias. O Sr. e a Sra. Cullen, pessoas muito distintas e perfeitamente agradáveis, e a Srta. Alice Cullen, uma garota baixinha e muito determinada, que tinha como principal passatempo importunar seu querido irmão. Jasper já se sentia fascinado com toda a energia e desprendimento daquela garota que ainda tinha muito de menina. Estavam no meio de uma conversa muito agradável quando o mordomo entrou na sala.

- Correspondência Sr. Hale. – O mordomo anunciou baixinho ao lado de Jasper.

- Obrigado. – Ele falou pegando a carta que repousava numa bandeja de prata. – É de minha mãe. – Ele anunciou sorridente para todos.

Abriu o envelope e teve uma péssima surpresa. Seus olhos voavam por cada linha escrita, ficando cada vez mais horrorizado do que antes. Finalmente ergueu a cabeça e olhou para Edward.

- O que houve? Algum problema com a sua mãe? – Edward perguntou preocupado. Jasper sacudiu a cabeça negativamente e tomou um gole de água.

- Foi a Bella Swan, pobrezinha. Seus pais foram assassinados. – Jasper falou. Edward olhou-o chocado.

- Quem é Bella Swan? – Alice perguntou curiosa como sempre.

- É uma garota que trabalha na minha casa. Eu a vi crescer, quero dizer, praticamente crescemos juntos. – Jasper falou pesaroso.

- Como isso aconteceu? – Edward perguntou quando recuperou a voz. Ainda podia se lembrar com clareza do rosto magoado de Bella quando a viu pela ultima vez.

- A polícia trabalha com a hipótese de ter sido um assalto, seguido do assassinato. Que tipo de ladrão rouba de gente pobre e humilde como aquelas pessoas? – Jasper olhou para a carta novamente, desgostoso.

- Isso não é justo! – Alice falou condescendente.

- É realmente um absurdo. – O Sr. Cullen parecia revoltado.

- E a garota? – Perguntou a Sra. Cullen, comovida.

- Está arrasada. Minha mãe mandou a governanta para ver a garota. Diz que ela está péssima. Adorava os pais, e eles nem mesmo eram seus pais verdadeiros. – Jasper falou com um suspiro.

- Como assim? – Edward perguntou confuso.

- Bella foi deixada na porta dos Swan quando era apenas um bebê. Apesar de não terem muito, eles a acolheram e a criaram. – Jasper explicou e completou. – Eram ótimas pessoas.

- Que caso aterrador! – A Sra. Cullen exclamou com a mão no peito.

- Preciso falar com você a sós. – Edward pediu ao Jasper. Todos o olharam, surpresos.

- Ora, Edward, estamos em meio ao desjejum! – Seu pai o repreendeu.

- Não sinto mais fome papai. – Edward falou. E depois de uma notícia como esta, sentia-se até mesmo um tanto enjoado.

Jasper e Edward pediram licença e saíram do aposento. Edward arrastou Jasper até o escritório e fechou a porta.

- Precisamos voltar. – Edward falou imediatamente.

- Para onde? – Jasper perguntou estupefato.

- Para a sua casa. Preciso ver como a Bella está. – Ele disse andando de um lado para outro do cômodo.

- O que há com você Edward? Está obcecado por aquela garota? – Jasper perguntou preocupado.

- Eu não sei o que há comigo Jasper. Desde que conheci Bella Swan ela não me sai da cabeça. E eu a magoei antes de vir. Não posso mais conviver com isso... – Edward se sentia atormentado desde que partiu sem poder se despedir ou pedir o perdão de Bella.

- Está apaixonado Edward? – Jasper perguntou chocado.

- Ora, não seja idiota. Como poderia... – Edward negou firmemente, mas já não conseguia negar com tanta ênfase para si mesmo.

- É claro que está! – Jasper afirmou.

- Você vai voltar comigo ou não? – Edward perdeu a paciência.

- Bella não precisa de mais desgraças do que já teve Edward. Se não tem real interesse nela, deixe-a em paz. – Jasper se sentia na obrigação de defender a garota. Sentia que ela era alguém de sua família, mesmo tendo pouco contato com ela.

- Não diga bobagens. Vou preparar tudo para a nossa volta. – Edward saiu do aposento ansioso, deixando um Jasper muito preocupado para trás.

A carruagem partiu depois do almoço, sob os protestos do Sr e da Sra. Cullen e da pequena Alice. A irmã quase matara Edward quando ele disse que voltariam esta tarde para a casa de Jasper. Era evidente que a garota estava interessada no amigo do irmão, mas não podia admiti-lo sem fazer papel de boba. Não sabia ela que o rapaz nutria o mesmo interesse.

Emmet quis ir com os dois. Era outro que demonstrava estar apaixonado, a bela Rosalie roubara o coração daquele homem enorme e assustador, e que na verdade não passava de um grande brincalhão.

Bella tentava arranjar forças para se levantar esta manhã. Precisava trabalhar, mas não estava nem um pouco inclinada a sair de casa, ainda mais quando uma chuvinha fina e insistente começou a cair. Ela tampouco almoçou naquele dia. Nem sabia direito quando fora sua ultima refeição. Nem se importava.

Tirou da cintura do vestido o livro que ela tantas vezes havia admirado, cheirando-o e tentando imaginar que não estava sozinha no mundo.

“Mas eu estou!” Ela pensou angustiada.

Lá para o fim da tarde Bella ouviu uma batida grosseira na porta.

Quem viria incomodar?

Ela levantou-se com dificuldade mais uma vez e abriu-a. Era o Sr. Chamberlain, o dono da casa onde morava. Ele entrou sem pedir licença.

- Vim buscar o aluguel. – Ele falou sem rodeios.

- O quê? – Bella perguntou surpresa.

- O aluguel sua burrinha. Já está um mês atrasado, com esse formam dois. Tem o dinheiro ou não? – Que homem grosseiro!

- Sinto muito, usei tudo o que tinha para pagar o... – Bella começou a explicar.

- Não me interessa o que você pagou, o que me interessa é o que você não pagou, e isso inclui o aluguel. Se não tem dinheiro então vai ter de ir embora. – O homem não parecia estar brincando.

- Mas Sr. Chamberlain... Eu não tenho para onde ir. Se o senhor me der um tempo, eu prometo... – Ela falou desesperada.

- Promessas não enchem um prato. Pegue suas trouxas e rua! – Ele gritou. Bella olhou-o por um segundo e começou a arrumar o pouco que tinha. Fez uma trouxa usando um lençol velho e colocando nele todas as suas roupas e... Mais nada. Não tinha mais nada que importasse. Talvez as roupas de seus pais, mas seriam apenas peso a carregar pela noite chuvosa. Amarrou o lenço e andou em direção à porta. Pôs a trouxa no chão e virou-se para olhar o lugar onde crescera. Tantas lembranças... Tudo perdido para sempre.

- Ande logo que eu não tenho a noite inteira! – O Sr. Chamberlain a apressou, chutando suas coisas para a sarjeta.

- Ora, ao menos tenha modos! – Bella gritou, saindo na chuva para pegar suas coisas antes que molhassem com a lama da rua.

- Não tenho modos com gentinha como você! – Ele gritou de volta e fechou a porta.

- Ora seu... – A vontade que ela tinha era de arrancar o pescoço daquele gorducho mal educado.

- Não me provoque ou chamo a guarda para lhe levar sua insolente! – Ele disse enquanto se afastava. Bella olhou para suas costas por um momento e então começou a andar, sem destino premeditado, apenas querendo se afastar ao máximo daquele homem horrível.

Suas roupas velhas e esfarrapadas rapidamente se encharcaram na água da chuva. Logo Bella estava tremendo de frio. Sentiu novamente as lágrimas lhe aflorarem.

Se seus pais estivessem aqui, nada disso estaria acontecendo. Ela sentiu como se estivesse sufocando e sentou no chão, encostada à parede de uma casa, abraçando os joelhos em busca de ar.

Não sabia quanto tempo ficara ali, tremendo e soluçando. Tudo o que sabia é que repentinamente sentiu braços fortes dos lados do seu corpo, que a levantaram do chão. Sentiu o cheiro familiar e teve certeza de que estava sonhando.