House Of Night: Sweet Darkness escrita por BrunaNagorski


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96598/chapter/7

Tudo estava escuro e vazio. Talvez eu tivesse morrido, e isso para o Paraíso. Só que, não deveria estar claro e alegre, eu estando rodada de flores coloridas e cheirosas? Então não estou no Paraíso, estou no lugar de trevas, no pandemônio, no Inferno, isolada pela solidão. Mas sempre ouvi que este era o lugar da dor, e dor sempre é acompanhada pelo grito, pela voz pedindo por ajuda. Bem, então este com certeza não é o Inferno. O que me resta é o Mundo dos Mortos, estaria eu aqui, como uma alma penada? Bem, provavelmente. Tudo que posso lembrar é da dor angustiante que queimava meu corpo de dentro para fora, e eu só queria que acabasse logo, que a Dona Morte aparecesse e dissesse um “Sua hora chegou,” e me levasse para onde quer que fosse. Eu juro que não iria pestanejar com ela. Mas o pior é que ela não apareceu. Pelo menos não me lembro de ter visto ela e sua foice. Acho que o Rastreador que apareceu pra mim não era o Rastreador, e sim a Morte. Rastreador... Tua morte será teu nascimento.

Descobri que podia abrir meus olhos. E descobri que eles não podiam agüentar a luz branca de dor. Então os fechei e lentamente abri para que se fosse acostumando.

Meu coração pulou uma batida quando descobri que estava numa sala de hospital que nunca havia estado antes. Bem, sozinha. Agora que eu digo, a parte boa... É que eu estava sozinha. A parte ruim... É que eu estava sozinha. Eu podia gritar e correr. Podia simplesmente deitar e fingir que estava dormindo. Ok, descarte a última opção. Não há nada para que fingir. Nada a fazer. Nada a temer. A final de contas, mortos não dormem, alguns espíritos também não. Yeah, espíritos, podia ser um agora, e espíritos são espíritos, nada pode me ver e nem tocar.

Levantei da maca pronta pra flutuar por aí, e, espere. Risque a última opção. Tinha alguns fios grudados na minha pele, que parecia estar medindo meus batimentos cardíacos – que estavam acelerados demais da conta. A máquina estava num ‘tu-tu’ rápido e baixo. Então... Eu estava viva. Quer dizer que eu havia sobrevivido? Bem, isso é ótimo. Mesmo. Tratei de tirar os trecos grudados em mim o mais de pressa possível, e levantei meio cambaleando até a porta. Nisso, deduzi que, primeiro, ou eu estava na House of Night, a tão aclamada escola para vamps, segundo, ou eu não havia sido Marcada e tudo isso formava um grande sonho, ou terceiro, eu havia – ou não – sido Marcada, e eu estava presa num terrível pesadelo onde meu querido Freddy Krueger apareceria a qualquer momento e arrancaria minha cabeça. E não descarte a última opção, ela é importante. Posso até começar a cantar... One, two, Freddy's coming for you. No ‘two’ eu já tava arrancando a porta do lugar e encarando o ar fresco. Era um grande espaço vazio, eu acho, e eu meio que estava cercada de arvores. Oh, fui parar na Ilha de Lost. Legal. Ok, foco, Wanda, foco. Tudo bem, estava escuro e assustadoramente assustador. Não enxergaria se dois postes de aparência antiga, como de praças monumentais do século XX, não estivesse não estivessem pregados nos dois lados de uma escada que ficava a alguns metros a minha frente. Tinha uma estradinha de madeira que ligava a porta e a escada de ferro cor cinza escuro, evitando alguém pisar no barro marrom e na grama molhada. A noite estava repleta de estrelas que não se cansavam de brilhar. E aí forcei minhas pernas quase dormentes a ir para frente. Só que, pro meu total azar, bati meu tornozelo o mais forte possível no penúltimo degrau, que dava na passarela, e o barulho do meu peso caindo no ferro fez um som desagradável, fazendo dupla perfeita com a dor pontiaguda idiota do meu tornozelo esquerdo. Isso é simplesmente perfeito. Agachada e em meus pensamentos, pude ouvir sons que era doce melodia em hora de desespero retardado, como um som de água corrente num lugar distante, o vento impercebível que batia nas árvores, uma coruja assobiando que pontuava os ouvidos, vários grilos cantando, um bater de asas, e mais cantos de pássaros noturnos. Fora isso, achei que seria o momento perfeito para cantar Dead End Justice, de The Runaways. Uma fuga que certamente deu errada. Agora eu era Cherrie Currie em pessoa. Na verdade, nunca soube como foi o fim da tentativa de fuga da prisão dela e de Joan Jett. Teriam as duas fugido sem ninguém avistá-las e pegá-las? Se eu não começasse a correr agora, o resultado seria justamente o contrário. Levantei-me meio quase rolando escada abaixo, olhei pro meu tornozelo e – OMG, OMG, OMG! Tinha um machucado bem chato na horizontal. Não tinha sangue, mas tava doendo pra caramba. Do vermelho, estava ficando roxo, e – caray – estava ficando seriamente inchado. Olhei pro céu com uma cara bem Du mal e corri... Para a direita. Ta, ta, eu mais que manquei do que corri, mas o que vale é a intenção. Agora, voltando um pouco, eu tinha dito a mim mesma que se não corresse naquele exato momento, eu seria pega. Eu estava errada. Agora eu penso; ou eu estava indo pro caminho errado e indo em direção a morte certeira, ou eu totalmente sou a nova vampira azarada. Não foi depois de muito tempo que estou na minha corrida manca, quando sinto um par de mãos quentes no meu lado esquerdo, e tipo, eu teria tido um ataque do coração se não fosse uma vampira, eu acho. Nem gritar eu gritei. E só pra ajudar, nós estávamos num ponto escuro, talvez por uma lâmpada quebrada, que era bem provável pela sorte que tenho.

“Q-q-q-o-q-qu-“ “Calma, calminha aqui, eu não vou te machucar-“ Eu gaguejei que nem louco, 100x pior do que um gago de verdade, junto com uma voz masculina profunda. Eu podia sentir meu corpo tremer violentamente embaixo das mãos firmes que agora estavam presas em cada lado, podia sentir também minha respiração saindo da boca e do nariz, procurando por ar leve ao invés do pesado, podia sentir minha cabeça latejar, podia sentir minha visão começar a ter pontos escuros, e... Não podia sentir minha perna e o machucado no tornozelo. Sabe que é a melhor coisa que me aconteceu nesses dias?

Não pude ver o rosto do cara. Meu, eu mal podia ver seu contorno na escuridão! Tudo que pude distinguir foi que ele era alto, e que estava usando uma jaqueta. Isso.

Uma mão quente largou o meu braço e se levantou na frente dele em sinal em que não iria fazer nada, e a outra se afrouxou. Sai pra lá, cara, acha que eu confio em você?

Empurrei-o a minha direita, pegando o impulso e me jogando o mais rápido possível para o lado contrário de onde estava indo. Ele gritou um protesto e pude ouvir seus passos atrás de mim. Me perseguido. Como o caçador atrás de sua presa. Como um vampiro atrás de um humano (ou quase).

Usei tudo o que eu podia para ignorar a dor que voltou com tudo no meu tornozelo. Meu, que inferno, inferno, inferno.

Vi a burrada em que tinha se metido.

Vi a saída pra tudo aquilo. Não, eu digo, eu vi a saída, saída da floresta mesmo. Porque acho que não tinha concerto pra toda essa porcaria que eu criei. Então consegui. Agora eu estava sobre uma ponte, que se inclinava para cima, e ela era grande, tanto de largura quanto de comprimento. E ai tudo foi indistinguível. Um garoto e uma garota nerd ao meu lado. Um cara de cabelos escuros e compridos. Uma garota. Uma pessoa de cabelos claros vindo em minha direção. Tropeço. Tropeço mas não caio. Dor infinitamente insuportável. Par de mãos quentes ao me segurando fortemente. Desespero. Dor e mais dor. Vozes, vozes, vozes... Escuridão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "House Of Night: Sweet Darkness" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.