Herança de Amor escrita por Lewana


Capítulo 3
Capítulo 3




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 - Como é aquele poema do poeta inglês Frost? Você sabe, aquele sobre as duas estradas...
   Carolina parou de jantar e fitou, por cima da mesa, os olhos escuros de Rob Bittencourt e reconheceu neles o brilho sedutor que, no entanto, era temperado por um sorriso tão cheio de bom humor que ela não podia levar o flerte a sério, muito menos ficar ofendida.
   - Você quer dizer The Road not Taken?
   - Isso! Se Laura tivesse ido para leste, ontem, e eu tivesse ido para oeste, eu é que teria salvado você do riacho. Provavelmente nunca mais vou ter a chance de aparecer como seu cavaleiro, numa armadura reluzente.
    Ignorando a careta acintosa de Laura, Carolina retribuiu o sorriso de Rob.
    - No que me diz respeito, você já é meu herói. Nunca vou agradecer o suficiente por ter salvo o Dudu.
    O garoto, sentado à direita de Carolina, sorriu para a mãe que o abraçava. Quando olhou para Rob novamente, ela surpreendeu-se ao constatar que ele ficara vermelho. Pelo menos por uma vez o falador irmão de Laura ficara sem palavras.
    Observou as feições dele. Se não fosse pelos gestos, ela jamais diria que eram irmãos.
     Ao contrario de Laura, Rob tinha cabelos castanhos, era mais alto que a irmã, apesar da pouca idade, e seus olhos eram negros como a noite. Ele era bonito, porém não tinha o mesmo encanto selvagem que a atraía. Somente Laura.
    Em temperamento os dois também eram totalmente diferentes.
     Rob parecia imaturo se comparando com a irmã, mas era atencioso para com Carolina, enquanto Laura mantinha-se à distância.
     -  ... na verdade - dizia Rob - só fiz trazer o Eduardo para cá e o tempo todo ele ficou gritando que eu tinha de voltar para ajudar você. Mas eu sabia que Laura estava indo na direção do riacho, Eduardo estava molhado, tremendo e a tempestade ameaçava cair a qualquer momento...
     Ele calou-se e olhou Carolina sem jeito, como que pedindo desculpas por não ter ido ajudá-la.
    - Você fez a coisa certa - garantiu Carol. - E mesmo que Laura não tivesse me salvado, os bombeiros o faria.
    Ao chegar ao rancho, Carolina ficara sabendo que Rob havia ligado para os bombeiros avisando que ela estava com presa no carro encalhado no riacho. Cerca de meia hora depois de Carolina chegar ao rancho, os bombeiros apareceram para vê-la trazendo a bagagem e a bolsa que haviam ficado no carro. Preocupados, eles se desculparam por não terem aparecido mais depressa no local do acidente. Chegaram pouco depois dela e Laura terem ido para a cabana e, enquanto examinavam o carro acidentado, um raio e o vento haviam derrubado uma árvore sobre seu carro. Quando eles conseguiram liberar o carro, já era de manhã.
    Carolina compreendera as limitações que os bombeiros enfrentavam naquela área rural, mas não estava preparada para a afirmação deles de que devia vender o carro a um ferro-velho. Como não tinha dinheiro, fazer seguro total do carro parecera disperdício. 
     Comsolava-se, dizendo que devia ficar agradecida por ela e Dudu estarem bem. Mas preocupava-se com o futuro. Um emprego e um apartamento a esperavam em El Paso e deveria estar lá dentro de uma semana. Tinha dinheiro para hospedarem-se num hotel barato por esse período, só que não planejara comprar passagens de ônibus até lá.
     A voz suave de Nilda Bittencourt interrompeu-lhe os pensamentos.
     - Onde está seu belo sorriso, meu bem? Não existe problema que não tenha solução.
    Carolina sorriu. Era assim tão transparente? Fitou os olhos claros de Nilda, e soube que a resposta era sim.
    Naquela manhã, quando conhecera a alegante sra. Nilda Bittencourt sentira-se intimidada, porém ela soubera colocá-la à vontade.
    No momento em que terminavam o delicioso almoço feito pela tímida empregada, o médico da família chegara. Depois de um exame atento, o médico diagnosticara tornozelo torcido. Apesar dele insistir em levá-la para fazer raios-X, Carolina conseguira escapar com apenas um curativo no corte da testa, o tornozelo firmemente enfaixado e um injeção antitetânica.
    Dormira a tarde inteira e acordara de um sonho vago, mas muito sensual, para a realidade de um quarto vazio e na penumbra. Então, ouvira a porta fechar e percebera que alguém tinha estado ali, observando-a enquanto dormia. Pairava um conhecido perfume no ar. O mesmo que sentira no sonho.
     Voltando ao presente, Carolina olhou para Laura, que se encontrava numa extremidade da mesa. Será que ela estivera no seu quarto? Duvidava. Desde que haviam chegado ao rancho, Laura se mostrava fria, distante. Onde fora parar a intimidade que houvera entre elas?
     Então, os olhos de Laura encontraram os dela, transmitindo-lhe seu incrível calor.
     Laura desviou os olhos, rápido, e prestou atenção no que o irmão dizia. Carolina sentiu-se abandonada. Fora desejo o que vira naqueles olhos, nada mais. Estava habituada a ver essa mesma expressão em outros incontáveis olhares femininos. A única diferença residia em sua resposta. Pela primeira vez na vida, sentira o mesmo desejo por uma mulher.
     Assustada e um tanto envergonhada, Carolina tomou água e tentou se concentrar na conversa. A sra. Bittencourt dirigia-se a ela novamente.
     - Eduardo disse que vocês vão para El Paso, mas não soube nos dar nomes dos parentes que moram lá.
     - É que não temos parentes. Sou órfã e meu falecido marido também era.
     A senhora murmurou condolências e continuou o cuidadoso exame:
     - Mas pelo que Eduardo contou, ele tinha um avô e vocês iam para o enterro dele quando ocorreu o acidente.
     - Ted não era realmente avô de Dudu. Foi meu patrão. Era escritor e eu trabalhava como secretária permanente dele em El Paso. Nos meses que moramos com Ted, ele e Dudu ficaram muito ligados.
     - Ted Emory? - perguntou Laura.
     - Sim, você o conhecia?
     - Ele era muito nosso amigo - explicou Rob. - O enterro de Ted vai ser aqui, amanhã. Não lhe disseram isso?
     - Então, este é o  rancho Double Diamond ! O advogado de Ted me enviou uma carta com os detalhes do enterro. Eu achava que estava perto ao sair da estrada. Mas com tudo que aconteceu, não me ocorreu perguntar o nome do rancho.
     - Você estava mesmo perto - confirmou Rob. - Aquele riacho é o limite oeste do rancho.
     Nilda Bittencourt ficou em silêncio, os esguios dedos da mão direita alisando uma ruga inexistente na toalha de linho. Então, a mesma mão cobriu a mão de Carolina.
     - Por favor, afaste todas as suas preocupações. Como amiga de Ted, você e seu filho são mais do que bem-vindos para ficarem conosco amanhã e pelo tempo que desejarem.
     Carolina ficou tão surpresa com a oferta sincera da sra. Bittencourt quanto com a própria hesitação em aceitar. A família Bittencourt sem dúvida haviam sido amigos de Ted por muito tempo, ao passo que ela o conhecera recentemente. Para eles, Carolina e Eduardo eram absolutamente estranhos e não queria que pensassem que se aproveitava da generosidade deles. Por outro lado, perder o carro e não ter dinheiro não lhe dava opção.
      - Obrigada - disse, por fim, aceitando a oferta.
      - Fico surpresa por Ted ter concordado em aceitar uma mulher jovem com um filho como secretária e acompanhante - comentou Nilda. - Ele protegia sua privacidade com unhas e dentes.
      - Isso também me surpreendeu - concordou Carolina. - Mas acho que ele me contratou porque teve pena de mim. Meu marido acabara de morrer e... Bem, eu não estava em boa forma emocional e financeira. Sei que Ted não esperava que nos tornássemos importantes um para o outro.
      Quando conhecera Ted, há cerca de um ano, estava no pior momento de sua vida. Uma jovem viúva despejada do apartamento onde morava, com um filho e a conta do banco zerada. Respondera ao anúncio do escritor por puro desespero, mas houvera algo especial entre eles desde o primeiro contato: um gostar e muito respeito, que só haviam feito crescer à medida que o tempo passava.
       Carolina gostava de trabalhar com o velho escritor, transcrevendo as fitas que ele ditava e ajudando-o a transformá-las em originais acabados. Quando ele por fim terminara a biografia, Carol sentira tanto orgulho como se fosse a própria autora.
     A sra. Bittencourt interrompeu-lhe os pensamentos outra vez:
     - E você ficou com ele até o fim?
     Carolina assentiu, sem confiar na voz para responder. Lembrava como se preocupara com a perda de peso de Ted e a tosse dele, que piorava dia a dia. Depois de semanas se negando, ele por fim concordara em ir ao médico. O diagnóstico de câncer terminal a arrasara, mas mostrara-se forte para ajudá-lo.
     - Ted era muito gentil, muito especial - disse, sorrindo para Dudu.
     Queria que seu filho se recordasse dos bons momentos com o escritor, não do triste final. Então, voltou-se para Laura e seu sorriso sumiu: as linhas do rosto dela pareciam esculpidas em pedra e a expressão nos olhos fez Carolina conter a respiração. Laura empurrou a cadeira para trás e saiu da sala.
     Carolina ficou olhando para a porta, depois fitou Rob, mas ele olhava para o prato, os lábios apertados.
     - Por favor, perdoe a rudeza de Laura, Carolina - disse a sra. Bittencourt. - Creio que seu acidente reviveu algumas lembranças infelizes... A mulher dela, Anne, morreu em um acidente parecido, há três anos. Laura foi atirada fora do carro, que caiu no lago e Anne se afogou.
     - Que coincidência cruel - murmurou Carolina impressionada.
     Laura devia estar guiando, então se culpava pela morte da companheira, assim como ela própria se culparia se houvesse acontecido algo com Dudu. Mas seria esse o verdadeiro motivo de Laura ter deixado a mesa? Não parecera aborrecida até Ted Emory ser mencionado.
     - Laura ficou muito machucada - Rob começou a contar -, mas saiu do hospital sem ordem dos médicos e desapareceu. Todos ficamos pensando que ela havia morrido até que, algumas semanas depois, nós a encontramos na cabana do velho Peter.
    Ele calou-se por instantes, olhando para Carolina e remexendo a comida com o garfo. Afinal prosseguiu:
    - É por isso que Laura tem aquela cicatriz no rosto... Foi operada pelo melhor cirurgião plástico que o dinheiro pode pagar, mas ao deixar o hospital o corte infeccionou. Ela só não morreu por sorte... ou quem sabe isso não é verdade, quem sabe teria sido melhor para ela morrer naquele acidente.
    - Roberto! - protestou a mãe.
    - Lamento, mãe, mas é a verdade! Às vezes me dói muito ver minha irmã tentando suportar a dor e culpa que carrega consigo. Depois de todo esse tempo...
    - Temos uma convidada - lembrou a sra. Bittencourt. - Por favor, não vamos falar de coisas desagradáveis esta noite.
    A empregada apareceu para recolher os pratos e servir a sobremesa, interrompendo a conversa. Rob pediu licença e saiu, levando seu pratinho com torta de maçã.
    Foi Nilda Bittencourt quem rompeu o silêncio:
    - Desculpe a rudeza de Laura, querida. Garanto que nossa casa não é sempre assim.
    - Estou muito grata por sua hospitalidade, sra. Bittencourt. E tenho grande admiração por seus dois filhos. Se não fosse por eles, não sei o que teria me acontecido.
    A senhora sorriu, obviamente aprovando o que ela dissera.
    - Por favor, chame-me de Nilda, apenas. "Sra. Bittencourt" faz com que me sinta velha.
    Para sua surpresa, Carolina sentiu que o apetite voltava. Quando Nilda fez mais perguntas sobre Ted, ela respondeu abertamente, atribuindo a tristeza no olhar da senhora à amizade que tinha com o escritor.
    A um certo momento, Carolina notou que Dudu estava com sono: já passara muito da hora que ele costumava dormir. Pedindo licença, apoiou-se para se levantar na bengala que encontrara junto de sua cama, quando acordara naquela tarde, e que passara a usar para andar. Ela e Eduardo deram boa noite à senhora e encaminharam-se para seus quartos. O filho abraçou-a pela cintura, para ajudá-la, e ela tropeçou nele várias vezes, mas não se importou. Estava feliz com o pequeno a seu lado.
    - Quanto tempo a gente vai ficar aqui, mãe? - quis saber Dudu.
    - Por quê? Não gosta daqui?
    - Queria ficar para sempre! Nilda fez biscoitos para mim ontem e sentou-se na cadeira de balanço comigo no colo para eu dormir. Fiquei com saudade de você... Rob prometeu me ensinar a andar de cavalo, se você deixar. Eu posso, mãe? Por favor...
    Carolina ficou emocionada. Era a primeira vez que Dudu se entusiasmava com alguma coisa desde a morte de Ted. Mas não queria abusar da hospitalidade dos Bittencourt.
     - Vamos ver. Não sei se vamos ficar muito tempo, mas se Rob quiser, pode ensiná-lo.
     - Obrigado, mãe!
     Entraram juntos no quarto de Eduardo. Carolina acendeu a luz e abriu as gavetas, à procura de algo com que o garoto pudesse dormir. Para sua surpresa, encontrou as roupas dele lavadas, passadas e perfeitamente dobradas. Sua gratidão a Nilda cresceu ainda mais.
     Depois de acomodar o filho na cama, sentou-se na beirada e acariciou-lhe os cabelos. Temia que ele ainda estivesse assustado com os acontecimentos do dia anterior, mas o menino parecia ter reagido bem. Mais um ponto a favor dos Bittencourt.
     - E Laura? - perguntou, curiosa, imaginando qual poderia ser a resposta do filho. - Você também gosta dela?
     Dudu bocejou antes de responder:
      - Quando você foi dormir, hoje de tarde, ela me deixou dar comida para os cavalos, me disse o nome de cada um e contou um monte de coisas sobre eles. Não ficou brava quando esbarrei num balde de água e ele caiu. A Laura é legal depois que agente conhece ela.
      Carolina achou interessante como o filho, apesar de sua idade, pudera enxergar com clareza e facilidade através da aparência de Laura, percebendo a mulher gentil que ela era.
      Dudu dormiu quase que de imediato e Carolina foi para seu quarto, onde viu que suas roupas também haviam sido lavadas. Felizmente, não tinha nenhuma roupa cara e até mesmo seus dois pares de sapatos tinham sobrevivido à imersão na água barrenta do córrego.
     Tomou banho, escovou os dentes e vestiu a camisola preta que Erick insistira que comprasse. A maior parte de sua lingerie era sensual a ponto de quase embaraçá-la. Erick gostava de olhá-la, mas detestava que outras pessoas a olhassem.
     Não que criticasse, claro. De modo algum. Criticava as pessoas que a olhavam e o jeito delas quando olhavam para ela daquela maneira lúbrica. Sempre que isso acontecia, Erick não conseguia evitar de fitá-la como se fosse culpa dela. Carolina nunca se vestia de maneira ousada, só gostava de deixar o cabelo solto. Mas o marido acabara com isso, exigindo que prendesse os cabelos num coque. 
     A aprovação silenciosa de Erick havia sido a recompensa ao verdadeiro sacrifício que fazia.
     Agitada demais para dormir, vestiu um robe bonito, discreto, que comprara recentemente, e abriu as portas deslizantes de vidro do quarto. Apoiando-se na bengala, saiu para a varanda que circundava a casa, caminhou até a poltrona de vime mais próxima e sentou-se. Fechou os olhos, saboreando o silêncio da noite.
     Pela centésima vez imaginou por que Ted decidira ser enterrado em um rancho no meio do nada e não em um cemitério em El Paso. Sabia que ele tinha pouco dinheiro e imaginara que o motivo era financeiro, mas agora que conhecera os Bittencourt achava que ele quisera dormir o último sono perto de gente que o amara.
     - Oi, Carol.
     Carolina sobressaltou-se ao ouvir a voz rouca de Laura. Pensava que estava sozinha, no entanto Laura encontrava-se sentada ali o tempo todo! À medida que seus olhos se acostumaram com o escuro, passou a ver de forma indistinta a silhueta dela, na leve claridade que vinha da piscina, distante dali.
     - Que susto! - exclamou, em tom acusador.
     - Eu nunca tinha assustado ninguém no escuro, Carol. Normalmente, o problema é quando a luz está acesa.
     - Não fale de si mesma desse jeito! Não tem graça nenhuma e não é verdade.
     Laura a princípio achou graça na defesa apaixonada, depois surpreendeu-se com a sensação de calor que isso lhe causou. Ao voltar para o rancho, decidira manter-se tão distante dela quanto fosse possível. Aí, Carolina falara em Ted... Duvidou se deveria contar-lhe a verdade e depois fazer a pergunta que a atormentava desde o momento em que Carol contara que trabalhara com o escritor. Fosse como fosse, não importava: Ted nada significava para ela. E não queria nada com aquela mulher! Então, ouviu o som da própria voz e soube que era uma mentirosa:
      - Você gosta do que vê quando olha para mim, Carol? Gostou quando eu a toquei?
      Carolina sentiu o desejo apoderar-se de seu corpo ao lembrar como Laura a tocara.
      - Sim.
      Em frações de segundos Laura deixara sua cadeira e se achava curvada sobre Carolina. Para o inferno as boas intenções!
      Segurou-lhe o rosto com ambas as mãos. Carolina estremeceu, e lentamente a boca de Laura apossou-se da dela.
      Com gentileza, de forma quase reverente, seus lábios acariciaram os de Carolina; o passado e o futuro desapareceram. Penetrou-lhe a boca com sua língua ardente e a de Carol entregou-se, toda macia, absorvendo-a de uma forma que fez Laura soltar um gemido.
      Laura estava acostumada com mulheres que sabiam tanto tirar quanto dar, que exigiam dela o mesmo que ela exigia delas. Ia ensinar Carolina a exigir, também. Mas no momento a doce submissão dela era o mais poderoso prazer que Laura jamais conhecera.
      Carolina, que já havia deixado a cadeira, enlaçou-a pelo pescoço, acariciando-lhe a nuca fazendo-a suspirar.
      Laura aprofunda o beijo invadindo a boca de Carolina em movimentos de volúpia, quase deixando-a sem ar deslizando a mão pela abertura do robe.
      Era como se Laura tocasse uma mulher pela primeira vez.
      Encontrou a camisola que de tão fina era mais um incentivo do que uma barreira, provocando em Laura uma febre que a fez colocar os seios de Carolina na boca, ainda por cima do sutiã, com uma voracidade tão grande fazendo-a ofegar sem sentir.
      Carolina teve que conter um grito de prazer com esse gesto, apertando mais a cabeça de Laura contra ela.
      - Você é tão linda, Carol... - Laura sussurrou enquanto beijava seus seios. - Tão linda!
      - Você também, Laura - gemeu Carolina. - Você também...
      Carolina, enterra as mãos em seus cabelos, arqueando o corpo para entregar-se mais à sua boca. Passando a movimentar os quadris, ansiosa por sentir o corpo de Laura mais intimamente.
     Laura ajeita sua coxa no meio das pernas de Carolina que geme em seu ouvido.
     A forma sensual de Carolina se mover contra ela mergulhou Laura num delicioso desespero, sentindo ímpeto de prosseguir, mas havia a pergunta que ainda não fizera. Precisava saber.
     Com um suspiro de puro prazer, Laura afastou-se relutante, ignorando o formigamento de desejo.
     Esperou sua respiração voltar ao normal, evitando olhá-la para não cair em tentação, e então perguntou:
     - Carol, não houve nada pessoal entre você e Ted, houve? Eduardo não é meu... não é filho de Ted, é? - perguntou ainda ofegante.
     Carolina sentiu-se brutalmente jogada de volta à realidade. Pareciam acusações de seu marido que recomeçavam.
     Carol sempre quisera tanto que Erick falasse claramente para poder negar. Mas a pergunta de Laura era direta e tão feia, tão dolorosa, injusta que preferia não tê-la ouvido.
     - Conheci Ted há pouco mais de um ano - respondeu com a calma que conseguiu reunir, pois ainda tinha a respiração alterada, tanto quanto Laura... - Ele foi muito especial para mim, mas não desse modo. Era realmente um bom homem. Alguém que se importava com os outros.
     A risada de Laura foi alta, totalmente sem humor:
     - Ted Emory? Moça, você deve estar brincando!
     Carolina não reconhecia Laura naquela mulher amarga, tão cheia de irônia. Fechando o robe, fala:
     - Não quero ouvir mais nada!
     - O quê? Não vai me dar a chance de contar meu lado da história?
     - Eu ainda sinto muita falta de Ted. Não quero ouvir você criticar um homem que eu admirava, um homem que amei como se fosse meu pai!
     Para Laura essa declaração de Carolina era a ironia final. Então, uma idéia aterrorizante lhe ocorreu:
     - Ted era seu pai, Carol? Diga-me! Eu preciso saber!
     - Você é maluca? - desesperou-se Carolina, tentando compreender a lógica daquilo tudo.
     - Responda a minha pergunta!
     - Ted não era meu pai.
     - Jure!
     - Eu juro!
     Laura a soltou com a mesma violência com que a segurara pelos braços. Suspirando de alívio, olhou-a e só então compreendeu a impressão confusa que devia estar dando a ela.
     - Carol?
     Laura estendeu a mão, mas Carolina recuou, na defensiva:
     - Vá embora! - a voz dela soou tensa. - Vá embora, me deixe sozinha!
     Laura hesitou e, sem dizer nada, virou-se e saiu.
     Quando ela sumiu, ao entrar pela porta de seu quarto, a varanda tornou-se tão quieta e imóvel que Carolina teve a estranha impressão que nada daquilo acontecera. Mas sabia que havia sido real. Sabia, porque o perfume cítrico de Laura flutuava no ar frio da noite, e também sabia pelo fato de sua calcinha estar completamente molhada.
      


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Notas finais do capítulo

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