Capitulo 9

-É só você me mostrar o caminho. – Dimitri me respondeu.

-Certo... Vamos parar de brincadeira. – eu o repreendi

-Brincadeira? Por quê? Eu não posso saber dançar?

-Sei lá... Só não parece fazer o seu tipo. – respondi

-Você me desafiou e eu aceitei. Agora eu quero saber o que eu vou ganhar com isso. – ele sussurrou no meu ouvido

-Bem, isso depende de como você vai dançar. – eu sai andando. – Você não vem?

A boate ficava a apenas algumas quadras de distancia. Não demorou muito e já estávamos lá. Por sorte conseguimos uma mesa na beira da pista.

-Vamos lá. Me mostre o que você sabe fazer. – Dimitri se levantou e me levou com ele pra pista. Ele realmente ia fazer isso... E fazia muito bem por sinal. Nunca imaginei que Dimitri soubesse dançar, acho que o julguei devido as musicas obsoletas que ele costumava escutar. E sinceramente, esse não parecia em nada com o Dimitri que eu conhecia. Sim, ele ainda continuava gracioso, essa era uma de suas principais características. Eu sempre me perguntei como alguém tão grande podia ser tão suave. Mas Dimitri era assim. E na pista não poderia ser diferente. Ele parecia conhecer cada ritmo e dançar conforme a musica. Literalmente. Eu também sabia dançar bem e logo se formou um circulo em volta de nós. As pessoas ficavam admirando-nos dançar. Eu acho que nunca imaginei que um momento desses poderia acontecer um dia. Bem, não com Dimitri. Mas ainda sim, foi muito legal. Mais uma vez eu pude ver como nós estávamos em sintonia um com o outro e como nossos movimentos se encaixavam. Meia hora depois eu ainda estava com muita disposição, mas com uma sede enorme. Me sentei enquanto Dimitri foi pegar nossas bebidas. Assim que ele saiu um cara se aproximou da mesa.

-Ai gata, eu vi você dançando. Você simplesmente arrasa. Não quer me dar uma chance não? – perguntou

-Desculpa, mas eu já estou acompanhada. – disse tentando ser educada.

-Ah, qual é. Eu só vou roubar uns minutinhos seu. – ele disse me olhando. E vou dizer, se olhar secasse, eu estaria mais seca que um vara-pau.

-Olha, só vai embora e não queira arranjar nenhuma confusão. Não vai ser nem um pouco bom pra você. – adverti

-Ah, é? E por quê? Você vai me bater? – ele perguntou me puxando pelo braço.

-Não. Mas eu vou. – Dimitri respondeu. Ele literalmente tirou o cara de cima de mim. – Essa é minha garota, e se você ou qualquer outro idiota chegar perto dela, eu vou socar tanto a sua cara que nem toda plástica do mundo vai resolver. Entendeu? – ele disse calmamente

-En... Entendi... – disse o cara. Pela sua cara, acho que ele nunca mais iria fazer nenhuma gracinha com a mulher dos outros.

-Obrigada. – eu agradeci. – Mas acho que eu poderia cuidar dele sozinha. - Eu odiava quando os caras me tratavam como uma garota indefesa.

-Eu sei que você poderia. Mas a função dos cavalheiros é proteger as damas. Quer elas sejam indefesas ou não. – respondeu-me

-E você costuma fazer isso com muitas damas? – perguntei numa mistura de divertimento e ciúme

-Não muitas. Apenas as que me interessam. – ele respondeu com um sorriso brincando em seus lábios. – eu comecei a rir. E foi então que eu me dei conta de que bebida ele tinha pegado.

-Coca-cola? – perguntei – Era pra ser uma noite de folga, certo?

-Sim. Mas você já bebeu quase uma garrafa de vinho no restaurante. E você sabe como é fraca pra bebidas.

-Ei! Eu não sou fraca. Eu agüento beber tanto quanto qualquer homem! – respondi

-Rose, não discute comigo. Você sabe que é verdade. – depois dessa meu bom humor foi pelo ralo. Eu não gostava muito quando Dimitri tentava ser todo ponderado. Eu não estava nem perto de ficar bêbada e...

-Eu sei que você ta com raiva. Mas você sabe que nosso dever não nos permite beber além da conta. Eu sei o quanto você quer manter a Lissa bem, e você ficar bêbada não vai fazer nenhum bem. Nem a você, nem a mim e nem a ela. – droga! Eu odiava quando ele usava essa abordagem, mas sabia que ele estava certo e isso me fez desfazer o bico.

-Sua garota? – perguntei com um sorriso

-Você tem algum problema com isso? – perguntou-me

-Não. Nenhum. Só achei... Inesperado. – respondi

-Bem, minha garota. Você me da a honra dessa dança? – ele perguntou estendendo-me a mão

-Com certeza. – respondi. Uma musica lenta começa a tocar. Dimitri passou o braço pela minha cintura e eu apoiei a cabeça em seu peito. Logo quando a musica começou, Dimitri declamou a letra no meu ouvido.

“Eu não quero que esse momento
Algum dia acabe
Onde tudo é nada
Sem você
Eu esperaria aqui para sempre só para
Ver você sorrir
Porque isso é verdade, eu não sou nada
Sem você (...)

Eu quero que você saiba
Com tudo eu não vou deixar isso acabar
Essas palavras são meu coração e minha alma
Eu vou me segurar nesse momento sabe
Porque eu sangro meu coração para mostrar
E não vou deixar isso acabar”

Era uma musica tão linda e ele sussurrando ela pra mim, só fez com que ficasse ainda mais bonita. Eu queria que aquele momento durasse pra sempre. O cheiro do seu pós barba me rodeava e a sua voz estava me deixando tonta. Eu não queria admitir, mas tudo o que eu queria era que ele pegasse meu rosto em suas mãos e me beijasse. Como eu sentia falta de seus lábios nos meus...

A musica acabou, mas nós dois continuamos abraçados no meio da pista. Meu coração estava acelerado e eu me sentia como uma menininha apaixonada pelo professor. Esse pensamento me fez sorrir. A realidade não era muito diferente. Um dia Dimitri fora meu mentor e foi que fez com que eu me apaixonasse por ele. Depois disso minha vida virou uma confusão. E quando tudo voltou ao normal, voltou sem ele... Eu gostava de Adrian, mas com ele eu não tinha aquela conexão que eu sentia com Dimitri, e seus beijos não me faziam pegar fogo como os de Dimitri faziam...

Eu levantei meus olhos e olhei em seu rosto. Percebi que ele também estava me olhando e pensando algo muito parecido ao que eu pensava.

-Roza... – ele murmurou meu nome e passou os dedos em meu rosto. O sentimento de cumplicidade passava de mim pra ele. Ele pegou meu rosto em suas mãos e dirigiu seus lábios até os meus. Não havia fogo nesse beijo, mas existia amor e carinho. Foi como se ele dissesse “eu estou aqui por você”. Dimitri era lindo, incrível e me amava. O que eu estava esperando pra retribuir todo esse amor? Esse beijo era tudo o que meu coração queria, mas uma voz no fundo da minha mente disse que eu não poderia permitir que isso fosse mais longe... De repente um sentimento de medo e felicidade me invadiu, juntamente com uma ansiedade que, eu percebi, não era minha. Quebrando o beijo eu me afastei de Dimitri.

-O que foi? – ele perguntou

-Lissa. – eu respondi

-Ela esta bem?

-Sim. É só aquela coisa de entrar na cabeça dela de novo... – eu disse fazendo uma cara de pesar

-Talvez devêssemos voltar. – ele sugeriu.

-Sim. – concordei. Eu não queria ter que lidar com meus sentimentos agora.

Enquanto nós voltávamos pro carro, o silencio dominou. Eu não sabia bem o que dizer e Dimitri também não.

-Eu gostei muito da noite. – disse tentando puxar um assunto

-Eu também. – ele disse. Pelo visto ele não iria fazer nenhum esforço pra manter uma conversa civilizada. A viagem de volta foi muito mais longa que a de ida. Quando me cansei do silencio eu apenas fechei os olhos e dormi. Quando acordei já estávamos na Academia e o casaco de Dimitri em cima de mim. Isso tendia a acontecer muitas vezes.

Já estava tarde e Lissa provavelmente estaria dormindo. Como meu quarto era no mesmo dormitório que o de Dimitri, ele me acompanhou até a porta.

- Rose, sobre o que aconteceu...

-Amanhã Dimitri. Eu estou morta de cansaço e não estou raciocinando nem um pouco agora. – eu o interrompi

-Tudo bem. Mas você ainda vai comigo no baile, certo? – como ele ficava bonito quando fazia essa cara de garoto inseguro.

-Claro. Eu sou uma mulher de palavra. – respondi

-É só por isso que você vai comigo? – ele me perguntou meio triste

-Claro que não Dimitri! Eu vou com você, por que você me convidou e eu fiquei muito feliz em aceitar o convite. – respondi-lhe

-Tudo bem, então. Boa noite Roza. – ele disse me dando um beijo

-Boa noite. Dimka. – ele olhou pra trás e riu. – Que foi? Todo mundo te chama assim, por que eu não posso?

-É só engraçado ouvir você me chamar assim. – ele respondeu

-Boa noite.

-Boa noite. – respondi