This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 82
Capítulo 82




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Capítulo 82 - Crise de Tazi

 Você se lembra quando eu disse que as coisas estavam indo bem para o nosso lado? Esquece tudo! Estávamos perdidos, literalmente no
fundo do poço! Não só perdemos todos os nossos Tazi por conta de um excesso de confiança que Wilson tinha nas habilidades da Demi como contraímos uma dívida monstruosa de Tazi. Então...ou pagamos os mais de 200 Tazi que devemos ou viramos escravos daqueles caras do Ensino Médio até eles se formarem (ou até mais do que isso).

- Bom dia - falei, meio receoso, assim que cheguei na escola no dia seguinte, enquanto Wilson estava deitado no banco, olhando para o céu sem nem piscar direito. Karina e Jorjão estavam em silêncio ali perto.

- E aí? - respondeu Jorjão.

- Err...há quanto tempo ele está assim? - perguntei, apontando para Wilson.

- Desde que chegamos - respondeu Karina - Não tem nem falado muito ultimamente.

- Caramba, é grave - comentei - Ei, Wilson! Levanta!

- Levantar para quê? - ele responde, sem tirar os olhos do céu - Estamos perdidos! Nunca vamos conseguir mais de 200 Tazis para hoje. E se deixarmos para amanhã, ficaremos devendo mais de 400 com os juros. Vamos ter que trabalhar para aqueles aproveitadores até o fim de nossas vidas.

- Isso é bastante tempo - falou Karina. Wilson parecia desolado e não tirava a razão dele. Estávamos literalmente fritos. Nisso, Demi chega, também não muito animada.

- Oi, gente - disse ela, em meio a um suspiro.

- Oi - respondemos, sem muito ânimo.

- Puxa, peço mesmo desculpas - falou ela - Se eu não tivesse ficado nervosa, talvez tivesse uma chance de vencer e...

- Relaxa - tentei acalmá-la - Aquele cara era um monstro. Não tinha mesmo como ganhar.

 Ela sorri levemente, mas aquilo não iria resolver nossos problemas. Aquela dívida era simplesmente impossível de ser paga.

- E se falarmos com a diretora? - sugeriu Demi - Ela parece ser justa. Vai saber nos defender deles.

- Ouvi dizer que a diretora Sílvia está em viagem - responde Karina - E sem ela, a escola é uma baderna só.

- Ah, isso explica aqueles assaltos de Tazi acontecerem por aí e ninguém falar nada - comentei.

- Esqueçam - falou Wilson, ainda deprimido - Vamos aceitar nosso destino e trabalhar para aqueles caras! Não há nada que possamos fazer!

Nisso, ouvimos uma risada familiar. Estranhamente, nosso canto estava sendo visitado por uma pessoa bastante inesperada (e incoveniente).

- Ora, ora - comentou a dona da voz, acompanhada de outras duas garotas tão irritantes quanto. Pois é. Era a Patrícia.

- P-Patrícia? - gaguejou Demi - O que está fazendo aqui?

- Eu? Ah, só vim ver como estão. Sabe...ouvi boatos de que vocês estavam na pior...queria ver se era verdade...e claro, me divertir um pouco também.

 Ela dá mais umas risadas, acompanhada de suas cúmplices imitadoras. O que diabos ela queria ali?

- Não é da sua conta - resmunguei.

- Olha os modos, querido - retrucou ela - Se quer saber, só eu posso salvar vocês.

- Como? - questionou Demi. Também estranhei. O que ela quis dizer com aquilo? Saberia logo, assim que ela estala os dedos e pede para
sua amiga elenco de apoio da direito mostrar um tipo de pasta e, dentro, exibir uma coleção completa de todos os Tazi lançados. Pelo menos todos os de bronze, prata e ouro.

- Isso..isso é... - Jorjão estava de boca aberta, a ponto de esquecer o chocolate que estava comendo.

- É uma coleção completa de Tazi! - gritou Wilson, levantando de súbito - C-Como você conseguiu...deve ter batalhado muito para isso e..

- Batalhado? - ri Patrícia - Olha bem para mim. Imagine se eu, linda e maravilhosa, iria sujar minhas delicadas mãozinhas jogando essa
droga. Isso é coisa de pobre. Na verdade, usei de minha grande influência para conseguir contatos que me venderam cada Tazi
separadamente. E nem foi tão caro...como nenhum deles tinha noção de preço e como a febre dos Tazi ainda está no auge, não precisei
gastar nem 300 reais para conseguir a coleção completa.

 Agora fazia sentido. Ela comprou os Tazi de forma avulsa. No entanto, uma coleção completa de Tazi teria um preço alto dentro de
alguns anos. O que ela estaria planejando?

- É...é incrível - disse Wilson com os olhinhos brilhando - Você tem todos...

 "Quase todos", pensei comigo, mas só pensei. Patrícia sorria e sentia um prazer indescritível sempre que seu ego era massageado. E é
claro que o maior prazer dela era nos ver por baixo de algum jeito. Já podia sentir os problemas chegando.

- Bom, bom, já olharam bastante, né? - ela estalou os dedos de novo e sua amiga fecha a pasta imediatamente - Mas...vocês podem até ficar
com essa pasta...

- O que disse? - falou Wilson, desacreditado.

- Imagino que uma coleção completa de Tazi seja capaz de sanar a dívida de vocês

- Como sabe que temos uma dívida? - perguntou Demi.

- Ah, tenho boas fontes, gata - falou ela - Mas, anyway, vocês podem ficar com a pasta. Desde que..

- Desde que?

- Desde que ao invés de trabalharem para aqueles palhaços, trabalhem para mim

- Você?! - dissemos em uníssono.

- Euzinha. É sempre bom ter novos serviçais. E vocês nasceram para isso! Vamos lá...não precisam nem pagar minha coleção que me
renderia ótimos lucros no futuro. Basta serem meus escravos temporariamente.

- Temporariamente...ela quer dizer...tempo indeterminado, né? - comentou a capanga paty do lado.

- Isso mesmo. Hihihi! - ri a outra. Patrícia pede silêncio.

- Quietas! - falou ela - Agora...digam...o que vocês querem? Trabalhar para um grupo de idiotas ou para uma patroa linda, perfeita, gentil,
diva e modesta como eu.

  Grande diferença. Não duvido que nossa dívida fosse sanada, mas iríamos sair da opressão de um para cair nas garras de outro. Além
disso, ter Patrícia como mestra deve ser mil vezes pior do que ter o Jonathan como mestre. Seja como for, era uma ideia pior que a outra.
Wilson olhava para Patrícia, que aguardava uma resposta. E agora? Por mais forte que Wilson fosse, ele poderia acabar caindo nessa
cilada? Teríamos mesmo que vender nossa força de trabalho para escapar das garras daqueles desgraçados? Parecia que nosso líder
também iria ceder a isso..sim, eu disse parecia.

- Nada feito - respondeu ele, para meu alívio.

- Como? - Patrícia estranha - Tem ideia do que está dizendo?

- Isso mesmo. Não temos intenção de virar escravos de ninguém. Seja de você ou daqueles caras. Vamos dar um jeito por nós mesmos.

- Está certo disso? - perguntou Patrícia - Essa pode ser a única oportunidade de escaparem. Tenho certeza de que sou uma patroa muito melhor do que aqueles caras.

- Tenho minhas dúvidas - disse Wilson. A última palavra era nossa.

- Hunf! Que seja! - resmungou a loirinha, virando as costas e saindo de cena - Sejam capachos de gente baixa como eles. Vocês se merecem

 E ela vai embora, levando sua preciosa coleção completa de Tazi. Assim que ela se vai, Wilson deixa suas lágrimas de desespero escorrerem.

- Droga...o que vamos fazer? Devíamos ter aceitado a coleção!

- Você se arrepende rápido, heim? - comentei - Que diferença faria ser escravo do Jonathan ou da Patrícia? Nenhum dos dois presta!

- Mas pelo menos a Patrícia é bonita - falou ele, se desesperando de novo - Não temos escolha! Estamos ferrados! Ferrados!

- Bonita, mas o capeta em pessoa, né? - comentou Demi - Entre ela e o Jonathan, com certeza seria mais light trabalhar para o Jonathan.

- Também acho - concordou Karina - Bem, seja como for, talvez seja melhor nos prepararmos logo para trabalharmos para eles.

- Mas já?

- Nossa dívida só aumentará a cada dia. Eles mesmos sabem que será impossível pagarmos. Vamos tentar negociar um contrato de trabalho
agora e, talvez, possamos acabar logo com isso.


 Coerente como sempre, mas Wilson ainda tinha que engolir muito orgulho antes de se submeter a isso.

- Não podemos desistir tão cedo - falou Wilson - Até meia-noite é hoje. Se nos esforçamos, podemos rapelar todos os alunos dessa escola
e conseguirmos os Tazi que devemos.

- Pode até ser possível - disse Karina - Mas precisaríamos batalhar o dia inteiro.

- Que seja...vamos desafiar todo mundo que encontrarmos. Venha, Demi - Wilson pega Demi pela mão, mas ela parecia meio traumatizada.

- Não sei se vou conseguir - falou ela - Eu..eu não sou invencível...você viu o que aconteceu, não viu?

- Não pode desistir! - retrucou Wilson - Precisamos de você mais do que nunca!

- Bom...vou tentar, mas...temos algum Tazi? - perguntou ela.

- Tem o que ganhei do salgadinho ontem - falou Jorjão - É só um.

- Vamos nessa! - falou Wilson, já puxando Demi desesperadamente, até Karina lembrar de um detalhe.

- Claro que podemos fazer isso, mas...você não tinha prometido parar de rapelar os mais fracos e só aceitar desafios de quem quisesse
desafiá-lo?

 Wilson congela na mesma hora. Bem ou mal ele tinha um código de honra.

- Droga! É verdade! Seremos uns covardes aproveitando nossa habilidade para abusar dos mais fracos! - ele cai de joelhos, mostrando
dramaticamente todo o seu desespero (canastrice é o que não faltava naquela escola).

- Estamos mesmo perdidos - falou Jorjão - Só comendo mais um chocolatinho para acalmar.

- Nenhum chocolate do mundo vai pagar nossa dívida...se pelo menos tivéssemos algo valioso o bastante para trocarmos pela nossa dívida.


 Ao ouvir isso comecei a tossir, engasgando com minha própria saliva. É verdade. Tinha o meu Tazi lendário. Mas...será que valeria a pena desperdiçar um Tazi tão valioso com aqueles caras? Mas se eu escondesse isso de todo mundo, como Wilson e os outros iriam me perdoar? Minha intenção era guardar o Tazi lendário para vender no futuro, mas as circunstâncias pediam medidas urgentes.

- Err...eu vou ao banheiro e já volto, tá? - falei, querendo um pouco de tempo para pensar.

- Vai lá....estaremos aqui ainda...com o mesmo problema sem solução! - falou Wilson, dramaticamente (sim, ele tinha que fazer tanto drama?).

 Seja como for, fui ao banheiro, lavei o rosto e tentei pensar no que fazer. Na saída do toalete, ainda perdido em meus pensamentos, sou praticamente atacado por um abraço repentino. Dou um grito, mas não parecia ser um ataque de ameaça. Na verdade, era um pouco pior que isso.

- Danielzinho! Há quanto tempo! - falou uma figura de cabelos compridos, de óculos e estranha demais até para aquela escola.

- Ah...Emília - reconheci, assim que os pêlos do meu corpo pararam de arrepiar. Digamos que a presença daquela garota era meio incômoda.

- Nunca consigo te achar por esse pátio enorme. Que milagre! - falou ela, logo depois que consegui me livrar de seu abraço - E então? Quando poderemos sair de novo? Heim?

 Ela me fita com aqueles olhos grandes por baixo dos óculos, mas eu não estava com muita cabeça para isso. Emília tinha um certo afeto exagerado por mim, mas eu não podia corresponder (desculpe, ela não fazia meu tipo).

- Olha, desculpa, mas eu não tô com muita cabeça para isso agora...

- O que houve? Problemas? Pode me falar...sou boa em dar conselhos. Se quiser, eu tiro a sua sorte...estive fazendo um curso de tarô pela Internet que...

- Ah, bem, é que...tenho uns planos para o futuro, mas...acho que seria muito egoísmo seguir com esses planos, porque eu precisaria deixar meus amigos na mão se quisesse prosseguir e...ah, deixa pra lá.

- Hã?

- É coisa minha, não precisa se preocupar.

- Bem, não sei muito bem do que está falando - ela muda para uma voz relativamente séria - Mas amigos não tem preço. Se você tem a possibilidade de deixá-los em primeiro plano, deveria fazer isso.

 Ela falou pouco, mas para mim valeu bastante. É. Eu sei que não sou a pessoa mais altruísta do mundo e aqueles caras me tiram do sério às vezes. Às vezes? Tá...quase sempre. Mas, apesar de tudo, eram meus amigos e eu era a única pessoa que podia salvá-los naquela hora.

- Obrigado, Emília. Acho que já decidi o que devo fazer.

- Que bom! Fico feliz em ter ajudado!

 Ela fica com um olhar distante, como se esperasse mais alguma coisa, mas achei melhor não dar mais trela (pelo meu próprio bem).

- Err...então até logo! - sai correndo.

- Hã? Ah, Danzinho! Quando vamos nos ver de novo?

- Ah...algum dia desses...hehe! - respondi, acendando de longe. Danzinho? Arrepiei de novo, mas mesmo assim era grato pelo conselho dela. Quando voltei ao lugar dos nerds, Wilson ainda estava deprimido, agora sentado no banco e olhando fixamente para o nada.

- Arf...arf... - ofegava de tanto correr - Gente! Acho que tem um jeito da gente escapar dessa!

- Hã? Sério? Sério mesmo? - falou Demi - Que jeito.

- Vamos falar com a "família" na hora do intervalo...confiem em mim...tenho uma ideia para tirar a gente dessa enrascada sem precisar ser escravo de ninguém!

 Agora quem estava confiante era eu. Bem...na verdade meu eu interior estava se mordendo de frustração por perder a chance de ficar rico para sempre, mas...para que servem os amigos, não é verdade?


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Notas finais do capítulo

Poxa, Daniel. Nem pra dar um beijinho na Emília? XD Bem, no próximo capítulo veremos como a saga dos Tazi termina. Até lá!