This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 208
Capítulo 208




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Capítulo 208 - Mais um desafio...

– O que é isso? - perguntei para a tia que servia o almoço quando ela colocou uma gosma verde no meu prato.

– Creme de espinafre - disse ela, com uma cara não muito simpática - É o que temos para hoje. Come e não reclama.

O humor dela não era muito diferente do que eu estava acostumado com a tia do almoço do colégio. Fui até a mesa, onde Jorjão já havia acabado de devorar seu prato (com o creme de espinafre e tudo).

– Isso aí tá bom? - perguntei a ele.

– Ruim que só! - respondeu Jorjão - Mas é o que tem, não é? Será que eu posso repetir?

– SEM REPETIÇÃO!! - gritou o sargento Coragem, logo atrás de nós e sempre ligado em nossa conversa.

– Oh...nem me alimentar direito eles me alimentam - reclamou Jorjão.

– Terão uma hora de descanso antes de partirmos para os treinos da tarde. Vocês vão aprender a montar barracas no meio da floresta. É bem útil - continuou o sargento, antes de sair da área para atender um telefonema.

– Parece divertido - comentou Demi, recebendo um olhar de reprovação de nossos novos colegas e voltando a comer seu almoço.

– Bem...pelo menos espero que seja, né? É bom ser positivo - disse Wilson. Sua positividade não está me ajudando em nada, Wilson.

– Não adianta! Esse lugar é terrível! - lamentou Milton, o mais revoltado dos campistas - Preciso sair daqui o quanto antes.

– Você já tentou e só se deu mal - lembrou Demi - Aguente até o fim do feriado.

– Não vou aguentar! - Milton reclamava - Só preciso de um plano melhor.

Enquanto isso, Mateus, o outro garoto, tentava puxar conversa com Karina.

– Então..seu nome é Karina, não é? Está gostando do acampamento?

– Tanto quanto qualquer um daqui - respondeu ela, sem sequer olhar nos olhos dele.

– Ah, sim, claro..hehe - ele riu meio encabulado - Não é o melhor lugar do mundo, não é?

– Nenhum lugar é perfeito - ela continuou, de novo, comendo sem trocar olhares.

– E então...a gente podia sair algum dia desses e..

– Não - respondeu ela secamente.

– Não? Mas..

– Não estou interessada.

– Mas, eu..

– Com licença - disse Karina, levantando-se da mesa para entregar seu prato.

– Essas mulheres gostam de se fazer de difícil, né? - comentou Givaldo, o amigo dele - Relaxa, ela tá na sua.

– É verdade, né? Até o fim do acampamento as coisas vão mudar. Hehe.

Apenas suspirei. Aqueles caras estavam perdidos. Mas eu também queria ir para casa. Será que não podia acontecer algo de extraordinário que mudasse nosso destino?

– E aí? - disse uma figura gorda, nariguda, com óculos escuros cafonas e uma horrível camiseta floral vermelha - Sargento Coragem, meu velho amigo!

– O quê? - o sargento tinha acabado de voltar da ligação que atendeu - Silviano? Silviano Leal? O que está fazendo aqui

– Isso é jeito de receber seus colegas de profissão?

– Colegas uma ova! - retrucou o sargento - O seu acampamento de mocinhas tem aí do lado tem acabado com a imagem do meu acampamento viril!

Podíamos ouvir toda a conversa. Já dava para entender que eles não se davam muito bem. Acontece que aquela região era famosa por ter outras propriedades que serviam de acampamento. Ouvi dizer até que a igreja de uma cidadezinha pequena sempre fazia seus acampamentos por ali...se não me engano o nome da cidade era Rosas da Aliança ou coisa assim...ou será que era outro nome? Enfim, era um local próprio para acampamentos e não seria estranho os diferentes donos se conhecerem.

– Você diz isso porque só treina brutamontes. Não sabe oferecer a verdadeira arte.

– Arte? - agora Demi que ficou de ouvidos atentos.

– Arte...arte...você faz seus campistas dançarem e agirem como palhaços. Eu crio homens. Se eles quiserem arte, que vão aos museus.

– Você não sabe despertar o lado criativo de seus campistas...é por isso que seu acampamento está às moscas!

– Ah, o que importa é qualidade! Garotos, o que vocês acham melhor: arte ou disciplina militar?

Todos ficamos em silêncio.

– Só temos essas opções? - perguntei.

– Ora, seus molengas! - retrucou Coragem.

– Eu gosto de arte - comentou Demi.

– Você é só uma menininha! Não conta! - reclamou o sargento.

– Olha só, é bom ver alguém interessado em arte num acampamento de brucutus. Você não me é estranha, mocinha. Já não vi você cantando em algum lugar? - perguntou o visitante.

– Já fiz apresentações como cantora mirim amadora - revelou Demi - Mas preferi me dedicar mais à escola.

– Entendo. Até que você tem bons talentos aqui, Coragem.

– Pode me dizer o que veio fazer aqui? - reclamou o sargento.

– Só vim fazer uma visita e falar dos meus mais de cem acampantes desse ano, sabe? - gabou-se Silviano.

– Cale-se, seu..

– Mas já que você tem uma mocinha que aparentemente tem talento. Que tal aproveitar isso? Eu desafio o seu acampamento para uma performance no palco principal do meu acampamento.

– Lá no acampamento Leal? Aquele antro de frescos?

– Vai me dizer que o exército não tem nenhum talento que mereça uma performance? - indagou Silviano - Nem que seja marchar em sincronia.

– Cale a boca.

– Ou será que está com medo? Com um nome desses e com medinho de ser humilhado por artistas...cócócó - e Silviano começou a imitar ridiculamente uma galinha.

– Sargento Coragem não conhece a palavra medo! Podemos muito bem fazer uma apresentação digna!

– Mesmo? Tenho um medidor de som no acampamento. Se conseguirem arrancar uma quantidade razoável de aplausos, reconheço que vocês tem talento e dou até uma medalha para todos os seus campistas.

– Só isso?

– E reconheço que o seu acampamento é digno de respeito - falou Silviano - Tá bom, assim? Caso contrário, não teremos piedade em rir da sua cara.

– Nós é que vamos rir. Vocês aceitam, não aceitam, crianças?

Ficamos em silêncio de novo.

– Temos escolha? - indaguei.

– Não! - gritou o sargento.

– Ah, acho que vai ser bem legal - comentou Demi.

De um acampamento militar para um acampamento de performances artísticas. Acampamento de games ninguém quer fazer, né?

– Estarei esperando vocês amanhã à noite, queridos - disse Silviano, indo embora com uma expressão de "já venci".

– Não vamos deixar esse palhaço vencer a gente. Campistas! Vamos passar a tarde ensaiando uma marcha perfeita. Eles vão ver que somos bons no que apresentamos.

– Quero sair daqui - disse Milton, quase mergulhando a cara no prato. Compartilho do sentimento dele.

– Não se preocupe, sargento. Temos experiência com palco. Já apresentamos uma peça dos saltimbancos, já formamos um grupo de pagode e até fizemos nosso próprio filme. Isso não nos amedronta - falou Wilson, com toda a propriedade do mundo (e fazendo questão de lembrar vários de nossos micos).

– Você tem uma boa imaginação, garoto. Mas não precisamos de imaginação. Precisamos de disciplina. Aliás, já acabaram de almoçar? Escovem os dentes e me encontrem no salão principal em quinze minutos. SENTIDO!

Todos nos levantamos na mesma hora. Sabíamos que "sentido" era sinal para ficarmos alertas. Ai, queria tanto que esse feriado acabasse logo!


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Notas finais do capítulo

"...se não me engano o nome da cidade era Rosas da Aliança ou coisa assim.." - se você lê todas as minhas histórias, vai entender essa referência.

Bem, vamos ver no que esse desafio vai dar. Até mais!



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