This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 207
Capítulo 207




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Capítulo 207 - Treinamento Rigoroso

Sem muita escolha nosso enorme grupo de oito pessoas (nós, os cinco otários da NERD, mas três caras tão azarados quanto nós) seguia a marcha do sargento Coragem em um trote nada tranquilo pelo acampamento. Sim, entramos em uma furada...e não seria muito fácil sair dela.

– Eu não vou ser um fracote! - ele ecoava, correndo na frente.

– Eu não vou ser um fracote! - nós repetíamos em coro.

– Vou lutar até a morte!

– Vou lutar até a morte! - repetíamos (sem nenhuma intenção de seguir o que falávamos, é claro).

– Ei, tudo bem com o Jorjão? - Wilson cochichou comigo.

Olhei para trás e vi Jorjão praticamente morrendo com a atividade.

– Atividades físicas são difíceis para todos nós...imagina para o Jorjão - respondi.

Ele estava mesmo quase colocando tudo para fora. Por sorte, a corrida foi interrompida quando o sargento recebeu uma ligação em seu celular.

– Alto! - gritou ele.

Todos pararam. Quase atropelamos as meninas que corriam na frente.

– Preciso atender esse telefonema. Continuem correndo até o alojamento principal, entenderam?

– Sim, senhor! - respondemos todos.

Começamos a trotar. Assim que o sargento deu as costas, voltamos à nossa marcha normal.

– Ufa. Achei que fosse morrer - comentou Jorjão - Esse cara é pior que nosso professor de Educação Física e a irmã do Daniel juntos!

– Sim..por que precisamos passar por essas coisas? - concordei.

– Entenderam o inferno que é esse lugar? - disse Milton, o único veterano entre nós oito - É por isso que quero fugir daqui.

– Não basta ligar para o seu pai vir te buscar? - perguntou Demi.

– Ele nunca me buscaria! Mas se eu fugir, talvez ele me procure. Melhor levar uma bronca dele do que continuar nesse lugar.

– Quero continuar pelo prêmio! - respondeu Wilson - É só um feriado...podemos aguentar. Pense no parque de diversões mais legal da região!

– Será que vale mesmo a pena? - perguntei.

– Precisamos economizar dinheiro, Daniel - respondeu Wilson - Se pudermos ganhar as entradas de graça..melhor para nós.

De graça ele disse. Estávamos quase morrendo naquele lugar. Era tudo, menos de graça.

– E vocês? - perguntou Demi a Mateus e Givaldo, os outros garotos nerds que também entraram naquela encrenca - Vão continuar?

– Bom, minha mãe não vai vir me buscar nunca - respondeu Givaldo.

– Nem meu pai - falou Mateus - Mas...talvez eu encontre algo de bom aqui.

Ele disse isso olhando para Karina. Ela, por sua vez, apenas olhava para a conversa sem mostrar nenhuma emoção, como de costume. Se alguém passasse por ali, diria que ela é uma estátua. E, caraca, como é que aquela menina não suou nada mesmo correndo tanto? Ela tinha algum truque, não é possível!

– É claro que transpirei - ela disse, olhando para mim repentinamente - Mas já me enxuguei com um lenço quando ninguém estava olhando.

– Como..

– Pelo jeito que você me olhava, deduzi que era isso.

– Então você pode deduzir o que os outros estão pensando pela forma que te olham? - perguntei.

– Na maioria dos casos, sim.

– Então... - olhei para Mateus, que tentou disfarçar sua queda evidente por Karina.

– Não acontecerá nada. Posso garantir.

Depois dessa conversa onde entendedores entendem,vi Milton andando em direção ao horizonte, exatamente na direção oposta de onde deveríamos ir.

– Ei, aonde está indo? - perguntei.

– Não é óbvio? Vou aproveitar a chance para sair daqui! E vocês deveriam vir comigo!

Ele era bem marrento, mas seu estilo não negava: era tão nerd e banana como todos ali.

– Err...e se o sargento pegar a gente? - perguntou Demi.

– Não vai acontecer se aproveitarem essa chance - disse ele - Vou achar a saída desse lugar agora mesmo!

– Mas não é perigoso andar por aí sozinho? - Demi insistia.

– Claro que é. Mas eu me viro. Estou sempre com minha carteira e o celular no bolso. Depois que meu pai vier me buscar, pego o resto da bagagem.

– Isso não vai dar certo - comentei.

– Claro que vai. Se eu sair agora, vai dar certo - continuou ele - Bom, vocês que sabem, se querem continuar sofrendo, o problema é de vocês. Eu tô vazando!

E assim foi.

– Caras, tô achando que eu deveria ter ido com ele - comentou Jorjão.

– Deixa de falar besteira - falou Wilson - Temos que ir para o parque todos juntos. Faça o favor de aguentar firme.

Logo ouvimos um ronco. Sim, era a barriga de Jorjão.

– Aguentar firme, você diz. Toda essa corrida já me deu fome - falou ele, passando a mão na própria barriga e certamente pensando na hora do almoço - Quando será que é hora do almoço?

– Bom, vamos ter que esperar o sargento voltar - explicou Demi.

Coisa que não demorou muito. Dentro de poucos minutos, lá vinha o sargento Coragem no horizonte. Mas ele não vinha sozinho. Do lado dele estava Milton, voltando com uma cara muito amarrada.

– Então vocês estão fazendo corpo mole, heim? Esse aqui não teve corpo mole para tentar fugir daqui, não é? - cara, ele parecia furioso.

Milton estava evidentemente irritado.

– Escutem aqui. Ninguém foge do acampamento Coragem, ouviram bem? Ninguém! Vocês vão pedir para sair, mas eu não vou deixar! Vocês vão ter saudades da escola, terão saudades dos valentões da escola, preferirão qualquer lugar do que aqui, mas irão sair daqui com o mínimo da disciplina exigida pelo sargento Coragem, ouviram?

– Sim, senhor! - respondemos em uníssono, com exceção de Milton.

– Não ouvi você responder, garoto... - disse o sargento, já sem muita paciência.

– Sim, senhor - respondeu ele meio a contragosto.

– Bom, agora vamos fazer um circuito rápido - disse ele.

– Circuito? - indaguei.

Logo chegamos a um enorme campo com pneus jogados no chão, um mini-túnel, uma rede para escalar, lama, uma outra rede deitada e um pouco levantada e, por fim, um tipo de parede com apoios para se colocar os pés. O que era aquilo? Rapel?

– Antes do almoço, vocês devem fazer esse circuito todo no máximo em um minuto e meio. Passem por todos os pneus, entrem pelo túnel, escalem a rede, atravessem a poça de lama, andem agachados embaixo da rede e escalem a parede. É simples.

– Só isso? - perguntei ironicamente.

– Posso complicar para você se quiser, espertinho - disse o sargento.

– N-Não. Assim tá bom - respondi.

– Não tenham medo de sujar a camisa. Vão! Agora! - disse ele, apitando - Você primeiro, espertinho.

Ele disse apontando para mim. Está bem, fiz o percurso em...quase um minuto e meio. Pelo menos até chegar na parede. Como eu escalaria aquela coisa? Tá, tinha um colchão em baixo para me proteger da queda e a parede não era muito alta, mas mesmo assim eu não tinha o menor jeito de subir aquele negócio.

– Estamos esperando, garoto - gritou o sargento.

– Vai, Daniel! É só colocar os pés no lugar certo! - gritou Wilson.

– Onde? Aqui?

Meio que escorreguei e caí de bunda no colchão. Que negócio horrível. Nisso, o sargento apitou.

– Chega. Você vai tentar de novo na próxima. Vá...você aí, garotinha.

Karina respondeu prontamente e fez o circuito em menos de um minuto. Ela deve ter pegado o jeito logo de cara.

– Não tem vergonha, garoto? A garota fez um tempo recorde! Está mais do que excelente para a idade de vocês.

– Ela é incrível! - disse Mateus sorrindo.

– Parabéns. Pode esperar o almoço, garota - disse o sargento.

– Aí, sim. Ka - cumprimentou Demi.

– Você aí, grandão - disse ele para Jorjão - Pode ir tentando..

– Se não conseguir em menos de um minuto e meio não vou poder almoçar? - disse ele.

– É. Vai ficar aqui até conseguir.

– Grrrr! - ele ficou furioso e saiu correndo. Conseguiu chegar na parte mais difícil, a parede.

– Vai, Jorjão. Pense no almoço!

– AAAAH! - ele gritou em fúria e conseguiu escalar a parede, apoiando os pés nos lugares certos. Era assustador ver Jorjão se esforçar tanto.

– Ele conseguiu - falei.

– Um minuto e vinte e dois, heim? Nada mal. Podia ir mais rápido na hora de escalar.

– Só tinha uma coisa em mente quando subia - ele comentou, deitado de cansaço no colchão - No almoço!

Era uma motivação e tanto. Bem, os outros foram tentando. Só consegui cumprir o tempo depois de umas três tentativas. Wilson também. Milton era o que precisava fazer mais.

– Não vai almoçar se ficar fazendo corpo mole.

Mas Milton tinha uma ideia melhor. Na próxima tentativa, ele conseguiu escalar a parede. Mas saiu correndo assim que desceu pelo outro lado. Infelizmente, o sargento era bem mais rápido.

– Ah, então é rápido para fugir, heim? - disse o sargento, que conseguiu agarrar o garoto na hora certa - Vai ter que fazer em um minuto e dez se quiser comer.

– Oh, droga!

– Ele quer mesmo fugir daqui, né? - comentou Wilson.

– Bem, esse lugar não é mesmo fácil - falei.

– Vamos lá! Quero almoçar! Onde é o refeitório? - comentou Jorjão.

Que manhã! E esse acampamento ainda tinha muito chão pela frente. O que mais faltava acontecer?


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