POV Edward

Bella parecia bem melhor, mas sem abandonar aquele olhar de tristeza. Ela estava comendo aquela gororoba que Esme preparou, acho que era macarrão. Na verdade parecia um monte de minhocas gosmentas. Ela não parecia dividir a mesma opinião que eu sobre a aparência do alimento, já que o devorava com gosto, como se não comesse há algum tempo.

Enquanto comia parecia perdida em pensamentos, até que terminou o tal do macarrão, agradeceu à Esme pela hospitalidade e pegou o celular, creio que para ligar para seu pai. Senti uma pontada no peito, com a perspectiva de ela deixar minha casa. Não entendi direito o significado disso.

Bella estava digitando um número, quando os olhos da Alice vidraram. Estava tendo uma visão. 

Isabella estava em um quarto, deitada na cama dormindo, e eu estava velando seu sono.

Ela acordou gritando e chorando,eu a abracei e ela se deixou ser consolada por mim.

Alice piscou voltando ao presente, olhou pra mim sem entender nada. Eu tampouco pude esclarecer algo. Olhei pra Bella que tinha terminado de discar o tal número, esperando a pessoa do outro lado da linha atender, completamente alheia ao fato de Alice ter tido uma visão.

"Oi pai" uma espera "eu estou na casa dos Cullens, eu é...virei amiga da..." olhou pra Alice expressivamente, que somente sorriu em resposta, antes de sussurrar seu nome - "Alice Cullen."

Alice ficou lisonjeada com o fato de Bella ter dito ser amiga dela, apesar de ser claramente uma mentira, que o pai somente não captou por estar falando por um telefone. Pelo jeito ela era uma péssima mentirosa.

Ouvi o zumbido da resposta do Chefe Swan, que eu certamente poderia ter entendido, se me esforçasse, o que eu definitivamente não fiz. Apesar de eu estar curioso sobre a garota que está agora em minha frente, sinto como se estivesse violando sua privacidade. Ela obviamente não sabia de nossa super audição.

"Ok pai,eu me viro" desligou o celular em um movimento rápido. Agora virando-se para nós "Meu pai vai passar a noite na delegacia e eu preciso ir para casa. Muito obrigada pela ajuda e hospitalidade." O quê?! Ela ficou louca? Vai ficar a noite inteira, sozinha, em sua casa, logo depois de ter passado mal?

Carlisle também pareceu não gostar muito da idéia. "Você vai passar a noite sozinha em sua casa?"

"Vou." Bella me pareceu um pouco petulante nessa resposta, como se estivesse subitamente irritada com algo. Será que ela é bipolar?

"Bella, talvez fosse melhor se você passasse a noite aqui. Você passou mal e não gostaríamos que ficasse sozinha." Essa agora foi Esme.

Bella pareceu hesitar um pouco, mas por fim assentiu, porém ainda se via indecisa sobre a resposta que acabara de dar.

POV Bella

Chutei-me mentalmente por ter aceitado o convite dos Cullens. Eu queria ficar sozinha, na minha casa, no meu quarto, na minha solidão, com a minha dor e remorso. Masfoi algo meio estranho. Assim que a Sra. Cullen olhou em meus olhos, convidando-me a ficar, eu me deslumbrei, perdida em seus olhos cobertos de sinceridade e preocupação. Quando vi já tinha aceitado.

Alice me levou ao quarto de hospedes. A decoração era simples e de um bom gosto: paredes de tons claros, variando do branco ao bege. Bem espaçoso, com um closet e um banheiro, que pelas proporções da casa também devem ser enormes. A grande cama King Size, no meio do quarto, parecia extremamente confortável e convidativa.

Alice me mostrou tudo com um sorriso no rosto. Parecia animada por estar comigo. Gostei muito dela, que me deixou para tomar um banho, enquanto ia procurar uma roupa para eu me trocar. Ela voltou rapidamente, antes que eu tivesse me recuperado da beleza de toda a casa e caminhou na direção da cama para deixar as roupas, dando-me um sorriso que fracassei ao tentar devolver. Acho que pareceu mais uma careta. Ela me olhou por um segundo, com olhos especulativos, mas pareceu desistir do assunto, virando-se para sair.

"Hey Bella" se deteve na soleira da porta, parecendo se lembrar de algo. "Desculpe-me pela intromissão, mas por que você não contou ao seu pai que passou mal?"

"Para não o deixar preocupado e peço que vocês não comente o assunto com ninguém." Admito que fui meio ríspida na resposta, mas não me sinto bem falando disso. Devia me desculpar com Alice, que não tem nada a ver com toda essa história. Não foi ela a culpada de tudo o que me aconteceu. "Desculpe"

"Não tem problema. Eu não vou mais me intrometer." Ela parecia meio chateada. Estava me sentindo culpada, mas antes que eu pudesse falar mais alguma coisa ela saiu do quarto dando-me um sorriso acolhedor, mas com os olhos meio tristes.

Frustrada, deixei que a água quente do chuveiro levasse todo o meu cansaço. O banheiro realmente era enorme. Tinha uma banheira enorme, bem funda, parecendo uma piscina, mas agora estava usando box. Estava angustiada porque o meu álbum sumiu. Lembro que o vi pela última vez no refeitório da escola, mas não estava mais lá quando fui procurar. Só espero que ninguém tenha visto. Não quero ninguém sabendo nada sobre minha vida. Logo fui me deitar para dormir, apesar de ser cedo. Deitei em minha cama e, mais cansada do que imaginei, acabei adormecendo e sonhado mais uma vez com ele.

Eu me via caminhado na praia, com um vestido branco ate os joelhos, um sorriso no rosto. Minha imagem era pura felicidade. Sorrindo aquele sorriso que acalmava meu coração, ele vinha na minha direção, também de branco. Faltava apenas alguns passos para que eu pudesse o abraçar, então o cenário do meu sonho mudou.

Agora tudo o meu redor era  preto, meu vestido preto também ate os joelhos e um véu no rosto, Taylorestava na minha frente com uma expressão de dor. Eu queria da um passo e o consolar, mas assim que o fiz, uma sombra negra o envolveu o levando de mim.

"NÃO!" gritei sentando na cama "De novo não." 

Passei a mão nos cabelos chorando, até que percebi que não estava sozinha no quarto. Um par de olhos dourados me olhavam preocupados. Logo o dono desses olhos, o garoto dos cabelos acobreados, me abraçou. Foi como se a dor momentaneamente sumisse, enquanto estava enroscada em seu aperto de ferro. Mas logo ela voltou com tudo, assim como meus soluços.

"Tudo bem?" sua voz soou agoniada no quarto, enquanto ainda me abraçava. Neguei.

"Tá doendo Edward." Consegui dizer de forma entrecortada, no meio dos soluços. "Isso sempre dói tanto." Ele me apertou mais, sem fazer menção de falar nada, embora a curiosidade fosse palpável em sua volta.

"Shii, tudo bem, estou aqui com você" Disse depois de mais algum tempo, ainda sem se separar de mim. 

Era estranho e comum ao mesmo tempo, estar nos braços de uma pessoa que conheceu no mesmo dia, mas naquele momento seus braços frios eram tão acolhedores. Sei que não deveria me sentir assim, principalmente depois de tudo o que aconteceu, mas vou aporoveitar esse momento agora, depois penso no que fazer.

Edward ficou abraçado a mim ate que eu me acalmei. um pouco. A dor era insuportável sempre que sonhava com ele. Eu sonho com ele todo os dias e sempre acordo chorando, com saudades, dor e culpa, principalmente culpa.

Depois de Edward pensar que estava bem, me deixou sozinha e saiu que eu tivesse tempo de perguntar o que ele estava fazendo ali. Vaguei pelo quarto antes de tomar essa decisão. Sempre quis fazer isso, eu mereço isso, mas em casa Charlie mantinha vigilância, esperando que eu fizesse isso, mas agora os Cullens estavam dormindo, sem saber de nada.

Entrei no banheiro enchendo a enorme banheira, sentido prazer em pensar no que ia acontecer. Minha vida não valia nada mesmo, só havia culpa e dor. Tirei o pijama ficando com um conjunto de lingeries azul e entrei na água me afundando pensando em seus olhos azuis.

Não tinha noção do tempo, não sabia exatamente quanto tempo estava ali, mas já tinha a falta de ar. Lutei pra não subir na superfície e meu corpo, em uma reação automática, procurou por ar, levando uma grande quantidade de água para o meu pulmão. Após algum tempo fui perdendo a consciência, vendo em minha frente, no meio da água, ele. Fiquei feliz. Ele veio me buscar! Meus olhos se fecharam, minha cabeça começou a ficar leve. Estava tudo ficando escuro. Estava esperando a morte me levar, tão ansiosa, que nem percebia o desconforto, quando senti uma mão fria rodeando ambos meus pulsos e me puxando pra cima.

Reconheceria esse toque em qualquer lugar. Me causava uma sensação boa, apesar de tudo. Esse toque estava agora apertando meu peito, tirando toda a água que respirei. Depois de meus pulmões estarem novamente vazios, comecei a me situar melhor. Estava deitada no piso frio do banheiro, arquejando. Não tive muito mais tempo para pensar, pois logo fui rodeada por aqueles braços fortes e acolhedores. Não faz muito tempo que fui abraçada por essa pessoa.

Meu rosto foi de encontro ao seu peito gélido, suas mão seguraram minha cintura e lentamente fui me sentando, sendo apoiada por ele. Senti quando me colocaram um roupão, para logo depois ser esmagada novamente por seu abraço. Era peito conta peito, respiração conta respiração.

"Você ficou louca?!" Sua voz ultrapassava os limites possíveis do desespero, sua voz subindo várias oitavas, bastante rouca, mas sem deixar de parecer uma música.

Tentei respirar mais não conseguia. Tudo estava embaçado. A última coisa que tive consciência era dos braços de Edward ao meu redor, até que a escuridão me tomou.