POV Edward

Acho que nunca dirigi tão rápido em toda a minha existência.

Normalmente eu já dirijo muito rápido, pois tenho um volvo muito potente e gosto muito de velocidade, assim como o resto de minha família, talvez porque, a pé, já somos extremamente rápidos. A cidade também não é um empecilho, pois quase não tem carros e é bem calma e tranqüila para se dirigir.

Porém hoje, nem a potência de meu carro parecia ser o suficiente para mim. Para um espectador que estivesse do lado de fora, na calçada, seria como se meu carro fosse invisível: sentiria apenas um vento o atingir e ouviria por um milésimo de segundo o ronco do motor sendo mal tratado.

Eu não agüentava mais. Parecia que nós nunca chegávamos em casa. Alice estava sentada no banco de trás, segurando Bella para que ela não caísse.

Em dois minutos, incrivelmente longos, nós finalmente chegamos em nossa casa, que é extremamente grande e arejada, no meio da floresta, bem afastada do resto.

Antes que eu sequer parasse o carro, Alice já disparava para dentro de casa com Bella no colo, chamando por Carlisle.

Esse, quando chegou, ficou levemente surpreso por nos ver com uma garota desacordada no colo de Alice, mas logo escondeu seus pensamentos e não comentou nada. Cuidou de Bella com todo o cuidado do mundo, como se fosse sua própria filha. Tinha orgulho de meu pai, que lutava contra a natureza de nossa espécie, se esforçando por recuperar nossa humanidade, ajudando outras pessoas com suas habilidades além do usual.

Carlisle a levou no andar de cima, em um quarto que tinha ao lado de seu escritório com alguns equipamentos médicos: uma máquina de ressonância magnética e um aparelho de raio-x.

Logo ele saiu de lá, levando Bella para um dos quartos de hóspedes.

Quando saiu, veio falar comigo e Alice e com o resto, Emmet, Jasper e Rosalie, que tinham chegado há alguns minutos e Esme, que observava tudo muito confusa, porém muito preocupada, assim como todos nós. Seu enorme coração a fazia sentir medo até por alguém que não conhece, mas essa garota mexia com todos. Ela era especial, como se tivesse um dom para que todos gostassem dela.

Porém, mesmo assim, eu estava estranhamente preocupado ao extremo, como se eu estivesse com falta de ar, sendo que ele nem era necessário para nós. Também sentia, como se meu coração há muito tempo parado, tivesse voltado a bater, porém em um ritmo alucinante.

“Qual é o nome dela?” Carlisle perguntou-nos

“Isabella Swan” Alice disse, antes mesmo que eu pudesse abrir a boca para responder

“A filha do Chefe Swan?” Carlisle perguntou, quase afirmando

Todos nós assentimos menos Rosalie, que estava estranhamente quieta. Ela sempre participa de todas as discussões e conversas em casa, sempre deixando bem clara sua presença. Normalmente eu teria tentado vasculhar sua mente para descobrir a razão de tanto silêncio, mas agora é como se eu estivesse bloqueado, tamanha era minha preocupação com Bella.

“O que ela tem, pai?” Jasper perguntou.

Estranho. Todo mundo fala as coisas que estou para falar antes de mim. É como se minha velocidade de reação vampiresca estivesse diminuindo. Como se eu estivesse me tornando humano novamente.

“Não achei nada de errado no organismo dela. Talvez eu devesse fazer outros exames no hospital para descobrir o que ela tem, mas acho que é somente pressão baixa” Fez uma pausa. “Mas para isso precisaria conversar com ela. Vou esperar que ela acorde, o que não deve levar muito tempo.”

Foi somente Carlisle pronunciar essas palavras que ouvimos uma certa movimentação no quarto e o coração de Bella e sua respiração ficaram mais altos e fortes, denunciando que tinha despertado.

Voamos em direção ao quarto, Carlisle na frente, eu e Alice um pouco atrás e o resto nos seguindo.

Logo que entramos, suas orbes de um lindo castanho chocolate se prenderam em cada um de nós, nos avaliando com uma certa curiosidade e confusão, por fim parando em mim.

Estava hipnotizado.

POV Alice

Estava na minha última aula. Faltavam poucos minutos para acabar, quando tive uma visão assustadora.

Sai correndo da sala sem nem me importar com o professor que berrou meu nome. Nem liguei. Depois escaparia da detenção com meu poder persuasivo.

Cheguei na porta da sala de biologia bem na hora que ela desmaiou.

Edward estava logo na minha frente. Aliás, nunca o vi com tanto desespero quanto agora! Parecia estar transbordando adrenalina, desespero. Acho que se pudesse estaria chorando. Eu entendo que a situação fosse ligeiramente preocupante, mas não acho que seja para tanto.

Edward não demonstrava reação nenhuma aos meus pensamentos. Será que ele estava sequer os escutando? Duvido muito.

Comecei a jogar todas as coisas espalhadas da Bella em sua bolsa, sem me preocupar muito com organização.

Pensei seriamente em colocar junto com o material o seu álbum, mas não queria chamar a atenção de Edward para esse detalhe. Ah! A quem estou querendo enganar? Só quero ver a reação de Bella quando recebê-lo de volta. Quero ver se ela vai me agradecer e vai me contar um pouco sobre a vida dela. Podemos até começar a ser amigas!

Foco Alice! Sua futura melhor amiga está desmaiada!

Fomos correndo para casa. Na verdade o Edward correu MUITO. Nunca pensei que o volvo tivesse capacidade para isso. Acho que Rose, a mecânica da casa, ia ter que dar uma olhada no motor depois. Talvez ficasse super aquecido.

Durante o caminho inteiro fiquei segurando Bella para que ela não caísse com tanta velocidade. Acho que o Edward está testando comigo a hipótese de vampiros ficarem enjoados. Será que ele se incomoda se eu vomitar no carpete do volvo dele?

Acabei por me vi especulando sobre o que sairia se eu vomitasse. Uhmm... acho que seria sangue.

Quando chegamos em casa – ALELUIA – Carlisle, ocultando o espanto, pegou Bella dos meus braços e a levou para que pudesse examinar.

Ficamos eu e Edward esperando do lado de fora do quarto de exames. Logo chegaram a Rose, que ficou estranhamente quieta o tempo todo, Emmet, Jazz e Esme. Todos estavam muito preocupados, em especial a Esme.

Logo Carlisle chegou perguntando o nome dela.

Respondi antes de todos, mas também reparei que o Edward abriu a boca para responder, mas não foi rápido o suficiente. Jazz parecia ter percebido algum sentimento estranho no Edward, pois o olhou sugestivamente.

Logo depois parecia que o Edward estava começando a abrir a boca para perguntar algo, quando o Jasper foi mais rápido.

“O que ela tem pai?”

Isso estava começando a ficar muito estranho. Era impressão minha ou o Edward estava começando a ficar meio lento? Parecia humano. Vou ter que conversar com ele.

Logo começamos a escutar a respiração e os batimentos cardíacos da Bella mais acentuados, indicando que tinha acordado. Corremos para o quarto, com Carlisle logo em nossa frente.

Bella estava meio desorientada. Ela se levantou da cama meio reticente, talvez tentando descobrir onde estava e como chegou aqui.

“Onde estou, o que estou fazendo aqui?” Há! Acho que roubei o poder do Edward.

Ops... dessa vez o Sr. Distraído me ouviu, porque me lançou um olhar de pena, como se eu estivesse tendo uma crise psiquiátrica.

Eu sou mais normal que ele.

Ops de novo! Parece que me acostumei ao Edward estar excessivamente distraído. Dessa vez o olhar dele foi de “Eu vou te matar”.

O Edward parece um velho! Ele deveria ter mais amor no coração!

Dessa vez ele somente revirou os olhos.

Comecei a prestar atenção no diálogo de meu pai com Bella. Carlisle tinha acabado de explicar-lhe o que aconteceu, como ela chegou aqui e que lugar erra esse.

Bella ainda parecia bastante confusa. Eu me adiantei. Acho que não precisava incluir em minha explicação a parte da qual vi em seu futuro ela desmaiando:

“Bella, eu estava procurando pelo Edward para nós voltarmos para casa. O achei do lado de fora da sala de biologia, mas quando estávamos prontos para irmos embora, ouvimos barulhos, quando entramos na sala você estava desmaiada. Nós a trouxemos para nossa casa, já que nosso pai é médico. Espero que você não esteja zangada por causa disso” Lancei o meu melhor olhar de cachorro atropelado. Ninguém resistia.

Mas não esperava pela próxima pergunta dela

“Por que você me chamou de Bella?”

Todos a olharam de forma estranha, não entendendo nada o que ela falou.

“Mas esse não é seu nome?” Estava muito intrigada com essa menina.

“Meu nome é Isabella. Eu realmente prefiro que me chamem de Bella, mas meu pai sempre fala de mim como Isabella. E eu nunca falei com você, a única vez que a vi...” Ela não continuou a frase. Parecia que não queria falar sobre o episódio do banheiro.

Todos ficaram meio curiosos por Bella não ter terminado a frase, mas não foi maior que o pânico do que ela disse. Nós não deveríamos saber sobre a preferência dela pelo apelido se não fosse a nossa super audição vampírica que nos permitiu ouvir a pequena conversa entre ela e o Mike no refeitório.

Dessa vez o Edward foi mais rápido em encontrar uma desculpa.

“Nós ouvimos comentarem sobre você, logo depois do almoço, referindo-a como Bella”

O rosto dela se contorceu em uma careta com o que o Edward disse. Mas por quê? Não entendi o por que de ela ter ficado brava de súbito.

Mas não falou mais nada sobre isso. Só não esperava mesmo que ela dissesse o que disse.

“Vou para casa” Ela começou a se levantar.

Carlisle colocou uma mão em seu ombro, empurrando-a delicadamente de volta para cama.

“Você desmaiou, sofreu um trauma quando caiu – bateu a cabeça na mesa – deveria descansar” Carlisle sempre o mais lógico.

Eu na verdade faria de tudo para que ela não fosse. Quero muito conversar mais com ela, saber mais sobre o que está acontecendo.

Mas ela parecia irredutível. Estava a ponto de me precipitar e lhe entregar o álbum, só para ela ficar mais um pouco. Mas dessa vez a mais rápida foi Esme.

“Querida, pelo menos descanse somente mais uma hora e depois vá comer algo. Não queremos que volte para casa ainda fraca. Algum acidente poderia acontecer”

Bella, mesmo parecendo meio incomodada, acabou cedendo à carinhosa Esme, fazendo-a abrir um largo sorriso.

Aparentemente Esme já a via com uma filha.

Ela se ajeitou melhor na cama e logo sua respiração ficou profunda. O resto foi embora, sobrando apenas eu e Edward no quarto.

“Está tudo bem Edward?”

“Sim Alice, porque?”

“Você estava meio estranho mais cedo, como se suas reações estivessem mais lentas”

Não me respondeu nada. Ficou somente admirando a Bella dormir profundamente. A cada mexida que ela dava, o Edward se mexia um pouco, como se estivesse preocupado que ela estava se sentindo mal.

Umas duas horas depois Bella acordou, meio assustada por ter dormido tanto tempo, preocupada com o pai.

Nós lhe asseguramos que Esme havia ligado para Charlie assim que saiu do quarto mais cedo.

Logo ela desceu junto comigo e Edward para tomar o lanche que Esme preparou.

Nossa mãe estava muito preocupada em ter feito algo errado durante a preparação da comida, já que não cozinhava havia décadas. Ma Bella pareceu gostar do que quer que fosse aquela gororoba. Só sei que cheirava mal para caramba.

Quando acabou, Bella pegou seu celular para ligar para Charlie, avisar que estava chegando em casa. Estava entrando em pânico, queria que Bella ficasse mais.

Até que tive uma visão.