Capítulo 5

Desculpe-me

Estava frio. Frio demais até. Ela se abraçou e prendeu os braços contra o estomago, tentando suspender o frio repentino. Havia pego uma maçã, um sanduíche natural e um suco de laranja. Antes de colocar a maçã sobre a bandeja, no entanto, deu leves batidinhas sobre sua casca vermelha. Ela não gostava de maçãs moles. Era nojento.

Infelizmente o sanduíche e o suco (de um gosto natural e doce que ela tanto adorava) haviam acabado e agora só lhe restava a úmida maçã. Ela comeu-a lentamente, sem pressa. Estava sentada em uma das várias pequenas mesas daquele refeitório Rachel e Michael. Rachel estava no segundo ano, mas em outra sala. Michael deixava Emilly descansar sobre seu peito e enquanto uma mão estava suavemente sobre a dela, a outra afagava gentilmente a curva da cintura da menina. E então o sinal tocou.

Droga, ela pensou. Lá estava ela, caminhando lentamente para seu inferno particular. O professor mudara as pessoas de lugar e, para piorar a situação de que Michael estava mais longe dela ainda, colocou o querido Josh ao seu lado. Antes de entrar na sala, passou avidamente a mão no cabelo, deixando-o escorrer entre os dedos, em sinal de nervosismo. Fechou os olhos e suspirou.

_Está interrompendo a passagem._A voz brincalhona entrou no campo de audição dela e a mesma abriu rapidamente os olhos, com as sobrancelhas apontadas para baixo com raiva._Ei, ei. Não fiz nada para merecer esse olhar fuzilante._Ele disse com seu sorriso torto brincando nos lábios.

Nasceu, ela respondeu mentalmente, franzindo os lábios para que as palavras não saíssem rudemente, como ela queria. Ela não gostava dele por se sentir atraída pelo mesmo, quando na realidade amava Michael. Era ridículo!

_Não te interessa._Ela respondeu rapidamente num murmúrio, entrando na sala tão habilidosamente que ele não conseguiu á pegar no pulso como queria.

Ele adorava brincar com a bambola di porcellana. Era tão divertido á ver nervosa e irritada. Principalmente porque era tão delicada e gentil que não sabia direito expressar os sentimentos mais raivosos, como a ira. Era engraçado.

Ele se encaminhou até o seu lugar ao lado de Emilly e fingiu prestar atenção em qualquer bobagem que o professor falava em frente á turma. Emilly pegou uma folha do caderno e se sentando o mais longe possível de Josh, começou á fazer alguns rabiscos no papel. Ele percebeu, pelo barulho que ela fazia e depois que ela terminou de rabiscar e foi admirar o papel á sua frente, ele rasgou a folha do caderno e se virou na posição contraria á ela.

_Você desenha bem._Ele disse e olhou para trás, estranhando por ela não ter se jogado em cima dele para tentar pegar o papel, se mantendo distante o bastante para que não pudesse tocá-lo nem que se esticasse o braço, se espremendo na cadeira.

_Obrigada._Falou firme, olhando para frente.

Ele voltou á olhar para o desenho. Era uma mulher, com um cabelo desarrumado e uma franja de lado descabelada. Debaixo de seus olhos apareciam olheiras e sua expressão era triste e sofrida.

_Quem é?_Ele perguntou.

_Ninguém que você conheça.

_Se você me falar, vou começar á conhecer.

Ela olhou para ele com fúria. Mas logo olhou para o desenho e sua expressão se suavizou.

_Ela é Isabella Armand.

_E por que sua expressão está assim?_Ele parecia curioso para saber mais sobre a vida dela, afinal a menina era um mistério desde quando eles se conheceram.

_Ela fez a escolha errada para sua vida. Foi para os Armands.

_Arman...

_Eles são um grupo do mundo inferior._Ela explicou antes de Josh terminar a pergunta._Isabella era minha amiga e no dia em que se revoltou com a vida calma que tínhamos, foi direto para eles._Olhou para Josh._O que ela não sabia era que os Armands eram nossos piores inimigos.

_Por que?_Disparou Josh.

Ela pareceu hesitar em responder.

_Um dia você saberá._Ela encerrou o assunto olhando para frente agora.

É, aquela menina era um livro de mistérios. Da qual nem todos tinham coragem ou curiosidade para abrir. Mas Josh, curioso como era, estava disposto á desvendar seus segredos. Apenas por curiosidade.

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_Emilly, por que não deixa esse pufe vermelho ali?_Rachel apontou para um canto qualquer da sala.

_Não Rachel, está tudo ótimo._Emilly suspirou se apoiando cansada na bancada sobre a lareira.

_Então ta, você que é a dona da casa mesmo._Ela deu ombros e depois de uns segundos abraçou a amiga._Estou tão emocionada! Agora você é uma adulta de verdade!

_Antes eu não era?_Se fingiu ofendida.

Rachel riu e foi acompanhada por Emilly.

_Agora aproveite sua nova casa!_Ela falou._Vou voltar para a minha. Beijos.

_Tchau._Emilly se despediu da amiga e abriu a porta para ela.

_Gostou da casa?_Uma voz amorosa veio de trás dela.

Ela se virou para Michael e assentiu.

_Muito._Sorriu.

_Venha._Ele estendeu a mão para ela._Vamos dar boa noite para as crianças e depois ir para o nosso quarto.

Ela assentiu e assim fizeram. Foram em todos os quartos da casa, dando boa noite á cada uma das crianças e depois foram para o quarto deles. Se deitaram na cama juntos e ela puxou o edredom para cobrir os dois.

_Boa noite._Ela disse depois de dar um selinho em Michael.

_Boa noite._Michael á puxou para si e fez com que as pernas dela se entrelaçassem em sua cintura.

Mas foi contra o desejo dela.

_O que está fazendo?_Ela perguntou hesitante.

_O que os namorados fazem._Fechou os olhos para dormir, levando sua mão para debaixo da camisola de seda da menina, para prender sua mão na calcinha dela.

Emilly olhou atônita para os olhos fechados de Michael, sentindo seu coração bater mais rápido por causa da proximidade de suas intimidades. Mas por fim, confiou em Michael, como sempre fazia e deixou que seus olhos descansassem.

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Há dois meses Emilly vivia em sua própria casa, ganhava seu próprio salário e estudava. Sua agenda era lotada por esses compromissos, então quase nunca parava em casa. As meninas continuavam á se assanhar para Michael. Emilly não ligava, até que começaram os boatos de que Michael havia “pegado” algumas garotas. Michael desmentiu, falou que era apenas fofoca de escola, então ela ficou mais relaxada.

Era uma sexta feira cheia, á noite. Rachel deixou Emilly ir para a casa mais cedo, ás 17:00 e Emilly aceitou sem hesitar. Chegara em casa e abrira a porta com a chave que, de costume, ficava sob o tapete em frente á porta dela. Colocou a bolsa e o casaco no cabideiro. Colocou a chave sobre a bancada em cima da lareira, de onde crepitava o fogo ardente.

_Olá Fred._Ela disse, suspirando cansada e o abraçando.

Ela o afastou para ver seu rostinho e se assustou.

_F-Fred, por que está chorando?_Limpou as bochechas naturalmente coradas do garotinho que sustentava uma expressão sofrida.

_Mãe._Ela ouviu a voz de Peter e levantou os olhos para ele._É melhor você dar uma olhada no seu quarto._Ele mordeu o lábio inferior.

Ela ia falar algo, mas desistiu e correu para subir as escadas, escancarando a porta. A cena que viu não foi nada interessante. Michael estava apenas com uma calça jeans em frente á cama, que continha uma das garotas da escola que dava em cima dele, Alexandra, nua e sorrindo maliciosamente para ele. Michael só notara a presença de Emilly quando Alexandra olhou para sua direção.

_Emilly eu...

_Saia da minha casa._Disse em um murmúrio, olhando atônita para Alexandra._E você também.

_Emilly._Michael tentou chamar.

_Não ouse dirigir sua palavra á mim._Ela falou séria e olhou para ele._Arrume suas malas e saia daqui._Ela voltou e fechou a porta, olhando para o nada e assim desceu as escadas, recebendo um abraço carinhoso de Peter.

_Está tudo bem._Ele sussurrou no ouvido da menina, que mesmo mais velha era menor que ele._Ele é um monstro, não merece nem uma lágrima sua.

Ela engoliu seco e assentiu, enquanto sentia os braços do maior á apertarem mais.

_Eu sei._Falou forte._Conto com você.

_Pode confiar._Ele falou e deu um beijo carinhoso na bochecha da boneca de porcelana.

Ela sentou-se no pufe vermelho e suspirou, pegando uma foto de Michael sobre a bancada. Jogou janela á fora sem o menor pudor e fez uma posição pensativa, mesmo que em sua cabeça não estivesse em nada fixamente.

Uns dois minutos depois, Michael e Alexandra desceram as escadas silenciosamente. Emilly olhou de esguelha para ele, que á olhava culpado. E antes que eles saíssem, ela se dirigiu á Michael.

_Eu confiei em você.

Michael franziu os lábios em uma expressão sofrida e saiu da sua ex-casa respeitando o pedido de Emilly, não dirigindo nenhuma palavra para ela.

_Papai não vai voltar mais, não é?_Daniel perguntou para Emilly.

Ela se conteve apenas em balançar negativamente a cabeça. Olhou para Peter.

_Aconteceu tão rápido._Meditou a menina.

_Não._Ele respondeu._Já havia acontecido antes, mas como você sempre voltava depois de que nós tínhamos dormido, pensamos que era você com ele... Até que eu comecei á desconfiar, mas era tarde demais..._Ele falou, suspirando._Então, hoje Fred foi até seu quarto e..._Parou de falar, frizando os lábios.

Ela olhou para o pequeno garoto de olhos azuis e caminhou até ele, o abraçando.

_Está tudo bem Fred..._Ela mentiu descaradamente para o menino, mesmo que pensasse que fosse o certo á fazer._Eu estou aqui. Para tudo, nunca vou lhes deixar. Vou fazer um jantar gostoso para vocês, o que acham?_Perguntou fingindo animação.

Todos eles sorriram e responderam, enquanto Emilly se dirigia á cozinha com um sorriso. Que se desfez quando ela entrou lá. Ele havia deixado sua promessa de lado. Aquilo tudo devia ser comum desde que se mudaram. Mas ela não sabia de nada. Confiava piamente nele.

Mas não devia confiar. Nada mudaria o que ele havia feito. Mas ela não deixaria nenhuma lágrima cair por aquele homem asqueroso. Ela cortava mais raivosamente a cenoura, mesmo que ela não tivesse percebido. Tanto que fez um corte na ponta de um dos dedos.

_Droga!_Ela gritou olhando para seu dedo e depois o colocando na boca, tentando estacar o sangue.

Fez uma mistura de água e sal e mergulhou o dedo ali. Doía, mas logo pararia de doer. Ou porque seu dedo havia se curado ou porque a dor que ela sentia por ter visto uma cena tão nojenta quanto aquela fizesse a dor do machucado parecer apenas um leve incomodo.

Ela terminou rápido o almoço e pôs a comida sobre a mesa. Frango, sopa de legumes, suco de maracujá, salada, arroz, feijão e como sobremesa uma tora holandesa. Todos comeram com gosto e no horário de sempre foram para a cama.

Emilly se encontrava sozinha, não havia nenhum barulho na casa. Lá fora alguns grilos cantavam e algumas pessoas conversavam, indo para festas, mas todo esse som que quebrava a noite era quase completamente vedado pelo vidro da janela. Depois de lavar o ultimo prato e lavar as mãos, foi lá para cima, pensando em tudo o que havia lhe acontecido. Emprego, baile, Josh, escola, casa, desenho, Isabella, Josh.

Suspirou e pôs as mãos sobre o rosto. Não queria que Josh desvendasse todos os segredos de sua família, seria... Ruim. Ela subiu as escadas prendendo o cabelo em um rabo de cavalo mal feito e depois de entrar no quarto abriu o guarda-roupa, pegando o primeiro pijama que viu pela frente. Vestiu-se sem pressa e depois se dirigiu ao banheiro, fazendo sua higiene pessoal, para depois cair na cama com gosto.

Algo á incomodou. Ouviu-se um barulho de papel sendo amassado e ela arqueou as costas, colocando ali sua mão e encontrando um pequeno bilhete. Depois de se cobrir, o abriu e logo depois de ler as palavras ali contidas, jogou o papel pela janela.

Desculpe-me...

Era o que estava escrito no papel.

N/A:

LEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!

Obrigada pela indicação

*-*

OMG, estou tão emocionada!

Mas agora você descobriu que Michael está meio estranho, certo?

Será que ele realmente ama ela?

Que foi apenas uma recaída?

Ou será que ele não a merece e só brincou com ela todos esses anos?

E Josh?

Será que ele vai descobrir o passado de Emilly?

E pior:

Qual é esse passado?

Tantas perguntas!

E eu não tenho nem metade das respostas!

Por favor, reviews!!!!

Beijos ;*

PS: Estou respondendo os reviews!!!!!