Magnum escrita por Miss Black_Rose


Capítulo 6
Capítulo 6




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Os contatos fazem o espião.

Johnathan sabia que não tinha perdido o espírito da coisa ainda. Armando-se com tudo o que precisava, ele teve a cautela de sair do prédio sem que os outros agentes o vissem.

Era mais arisco do que pensavam.

Mas não há ponto de enganar Awdrei Chang, seu contato. Ele sabia muito bem que o atirador não resistiria ao fato de ver sua irmã sob a mira do governo chinês. E com um sorriso maléfico soube que era agora que o seu plano andaria nos eixos.
Chang estralou os dedos. Queria ter a garantia de que Johnathan Wong não ficaria vivo por muito tempo.

Andando exposto na rua, John sabia muito bem os riscos que corria, tanto pelo fato de estar se rebelando contra o governo de seu próprio país, quanto por saber que há cada esquina os papéis poderiam se inverter: agora ele poderia ser a vítima e não o atirador.

A primeira coisa do qual precisava era saber para onde sua irmã havia ido. Ela poderia estar em qualquer lugar. Então, aproveitando que ainda não era um alvo de extrema urgência do governo, ligou para alguns contatos dentro dele, a fim de localizá-la.

Fong Ling era a agente que mais prezava de todos. Embora se encontrasse do outro lado do mundo em meia hora localizou Ada, bastou apenas que John afetasse seu senso patriota dizendo que a espiã havia traído a China.

O que apenas o fez se lamentar foi o fato de que logo ambos se tornassem inimigo. Ling e ele se estimavam muito pelo fato de já terem sido parceiros, mas ela não abriria mão de seu país por causa de um problema dele.

Com a localização de sua irmã precisava se mover logo e arrancá-la da vista dos outros agentes. Pelo menos um de seus medos não haviam se concretizado. Ela ainda estava viva, mas não por muito tempo.

* * *
Ada aceitou a mão. Estavam quites agora. Mas sentia que a jovem não tinha condições de sair dali sem ajuda, aquele setor estava devastado, contudo ainda estavam próximas da saída. Ada entregou a ela parte de seu mapa.

-pode se guiar através dele? – perguntou.

A jovem olhou o mapa, confusa. Tantas linhas e números que ela não compreendia...

Ada percebeu sua dificuldade. Talvez fosse melhor deixá-la na saída e voltar depois. Mas que risco ela poderia representar? Não era mais tão humana quanto um dia já fora. O melhor talvez fosse levá-la consigo e observar seu comportamento.
A espiã tomou o pedaço do mapa de volta. Explicou que estava em busca de algo, que se ela quisesse poderia vir junto.

A jovem não tinha alternativa. Amarrou cuidadosamente o jaleco e seguiu a espiã até os corredores, que agora já não parecia tão vazio.

Ada Wong olhou atônita ao seu redor. Todas as portas haviam estourado para fora, grande parte das luzes também, e alguns gemidos a rondavam.

“Zumbis”, pensou consigo. Mas não eram só zumbis. Havia outras criaturas muito parecidas com eles nas sombras também.

A jovem tentava se manter bem próxima, enquanto Ada iluminava seu caminho atirando em algumas cabeças que se aproximavam.

Sua nova companheira não estava tão temerosa, mas, por garantia, se muniu de um pedaço da encanação estourada nas paredes.
Os passos delas estavam apressados. A espiã sabia se esquivar bem dos que se aproximavam de mais. Tinha destreza, embora estivesse de salto alto e passou a ser admirada pela jovem, que mesmo se sentindo indefesa, tentava dar o menos trabalho possível.


Havia mais dois andares até a experiência 0739 e só Deus sabia quantas portas e criaturas haveriam até lá.
Ada reparou que aqueles zumbis estavam diferentes. E apesar da escuridão, a espiã percebia algo a mais neles: além de estarem bem conservados, todos possuíam algum disjuntor ou alguma placa de ferro pelo corpo, que ora ou outra barrava seus tiros.

Pelo visto não bastava testarem armas biológicas naquele setor. Seus cientistas também as haviam fortificado e Ada tinha impressão que aquilo seria o mínino que poderia esperar.

Ela e a jovem desviaram o caminho por uma sala de estar bem iluminada. Lá haviam algumas máquinas de refrigerante e aperitivos e um par de estofados para se sentarem.

Mas do que precisavam mesmo era da luz.

A jovem olhava alarmada para os zumbis esbarrando na porta de vidro reforçado. Ada a tranqüilizou trancando as portas com um cartão magnético que encontrara pelo complexo:

-zumbis não abrem portas. Preciso de uma trégua, acho que acabamos saindo do caminho. – declarou.

Olhando para o mapa a espiã tinha, de fato, cruzado alguns corredores a mais. E enquanto fazia isso, a jovem observava curiosa a máquina de aperitivos. Tão ingênua quanto uma criança apertou o botão que lhe pareceu mais bonito e se espantou vendo alguma coisa cair lá embaixo.

Leu pausadamente a embalagem:

-a-mên-do-im...

E sorriu, orgulhosa com seu bom desempenho. Ada a olhou. Embora estivesse um pouco perdida, a jovem não era nada fraca. Estava se recuperando rápido e aprendia a se virar sozinha. Isso era bom, a espiã não queria ninguém atrapalhando sua missão agora. Bastava todos aqueles zumbis no corredor a fazendo se lembrar de Raccoon e de... Leon.
Sentiu um vazio no peito. Estava decepcionada consigo mesma por se atrair por ele. Afinal, o que era aquilo que sentia?

A jovem virou todo o saco de amendoim na boca, engolindo tudo de uma vez. A espiã a olhou impressionada.

Pelo visto, num inferno daqueles, teria que ensiná-la a ter boas maneiras.
* * *
Minha queridíssima Drª. Drew,

Espero que tenha tido sucesso com as experiências relatadas em sua carta. Como soube, tive de atrasar minha volta ao laboratório. Espero que isso não tenha atrapalhado a surpresa que preparou para mim. Os dias estão sendo difíceis e há muitas novidades por esses lados. Uma delas envolvendo a tão difamada Umbrella.

A doutora sabia que há uma maneira de fundir o T - vírus e o G-vírus? Fui informado por um velho amigo, empregado da empresa farmacêutica, que a mistura resulta em algo muito poderoso.

Vou acarretar quantas informações puder e envia-las ao setor 7. Tenho certeza de que a doutora vai adorar os resultados da tão minuciosa pesquisa que tenho feito por aqui.

Não se esqueça de manter nossa pequena Abby sob os testes. Essa garota será nosso maior sucesso ainda!

Com carinho,
Dr. Locke

P.S: também tenho uma surpresa para você minha querida, Drew. Talvez os nossos anseios se realizem o quanto antes.

* * *

-você deve ter um nome... – disse Ada aproveitando o silêncio repentino.

A jovem pensou um pouco e respondeu:

-não.

-tem certeza? E se eu precisar chamá-la, como vou fazer?
-Magnum. –respondeu a jovem preocupada com o farelo do amendoim no final do pacote.

- o que?

-me chame de Magnum.

Ada não insistiu. De qualquer maneira não importava. Não precisava saber seu nome verdadeiro.

-ok, então, Magnum. Nós precisamos sair daqui agora. Está pronta?

-há amendoim por toda parte. Preciso de água.

Magnum se aproximou da máquina de água mineral. Ficou indecisa entre os vários botões na máquina. Como podiam existir tantos tipos diferentes de água? Havia água com sabor de tudo, menos sem sabor algum.

Ada esperava com os braços cruzados. Ela estava impaciente, não via a hora de acabar com a aquela missão e pegar um vôo para casa, mas seus instintos de espiã falavam mais altos.

Magnum optou pelo botão mais colorido e seguiu a espiã com sua garrafinha de água cítrica.

As duas caminharam pelos corredores novamente. Dessa vez, Ada tentava seguir o caminho que havia decorado, mas não conseguia deixar de reparar em como Magnum parecia relaxada ali. Era como se estivesse andando em sua própria casa.

Não parecia afetada pela presença dos zumbis ou pelo aspecto macabro de tudo ao seu redor. Ada Wong tentou ser sutil e abordá-la:

- há criaturas estranhas demais por aqui, não?

Magnum não respondeu, estava preocupada de mais lendo o rótulo da garrafa.

- Magnum. – chamou sua atenção. – como veio parar aqui?

-não sei. – a jovem respondeu prontamente.

-e não gostaria de saber?

Magnum balançou a cabeça.

-eu só quero sair daqui. – respondeu.

- somos duas, mas eu gostaria de saber mais sobre você, sobre quem é.

-eu não sei. Não me preocupo com isso.

Magnum era inteligente. Estava recuperando suas capacidades aos poucos, porém não deixava de ser astuta.

-sabe que tipo de experiências eles realizavam aqui? – Ada continuou.

-não.

-e não se lembra com o que fizeram a você?

-não.

-não quer me ajudar mesmo, não é?

-uma garota... -Magnum largou a garrafa vazia no chão. –às vezes me lembro dela, apenas.

Ada se lembrou da experiência 0834.

- sabe o que faziam com ela? – perguntou

-nada muito diferente do que faziam comigo. –Magnum respondeu.

-então você se lembra...

-só do que quero.

Ambos se encararam por alguns segundos.

-você é mais esperta do que parece. – disse-lhe Ada seguindo em frente. – por que salvou minha vida?

-por que não salvaria? Você parecia encurralada. Foi um ato... –Magnum hesitou. – humanitário.

Ada voltou-lhe os olhos e de maneira dura, perguntou:

-Qual o seu envolvimento com tudo isso, Magnum?
* * *

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