Magnum escrita por Miss Black_Rose


Capítulo 13
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/9394/chapter/13

Sala 11.

Uma grande porta de metal se erguia na frente de Ada. Por um vidro reforçado ela via uma fileira de incubadoras e gavetas metálicas embutidas nas paredes com demarcações de A à Z. Tudo indicava que a sala 11 era um berçário, só restava saber o que havia dentro das incubadoras cobertas pelos lençóis brancos.

A espiã procurou por alguma fechadura, ou por algum painel de senha, mas não havia nada ali, indicando que a porta só podia ser aberta pelo sistema. Voltando sua atenção para o mapa, procurou pela sala de controle mais próxima.

- não adianta. – uma voz doce ecoou.

Ada ergueu os olhos se deparando com uma garotinha de longos cabelos ruivos no final do corredor.

- a porta foi completamente lacrada. Nem pelo sistema vai conseguir abri-la. – continuou a menina.

- por quê? O que há lá dentro? – perguntou a espiã.
A menina balançou a cabeça.

- vá embora. – Ele não quer que continue aqui. Vá enquanto há tempo. – disse, seus olhos criaram um tom violáceo e no exato momento Ada ouviu um baque na vidraça do berçário.
Uma jovem cientista batia os punhos contra ele desesperadamente. Ada atirou contra o vidro reforçado, em vão.

- vá embora. – disse a menina encarando-a com os olhos violáceos.
Sem perder seu tempo e contrariando a menina, Ada correu em direção à sala de controle mais próxima.

Bastava de mortes.

Porém, quando abriu a porta, instintivamente recuou. Uma criatura enorme tomava conta da sala. Uma espécie de Tyrant repleto de afiados pedaços de metais e uma grande lâmina grudada no braço direito. Assim que a avistou, ele seguiu em sua direção partindo tudo ao seu redor com a enorme lâmina. Ada desviou dando uma cambalhota e atirando no peito dele. Isso o fez parar por alguns segundos e com um urro furioso voltar a atacá-la. Então a espiã se lançou em direção ao buraco do elevador, usando sua Grapple Gun e para sua surpresa a criatura fez o mesmo mirando a enorme lâmina para si. Atirando para cima e ao mesmo tempo apoiando-se nos elevadores, ela saiu da mira do tyrant, permitindo com que ele caísse sozinho no fundo do abismo. Um estrondo metálico ecoou acompanhado do urro enfurecido. Ela sabia que ele não estava morto.
Voltando para a sala de controle recuperada do susto, Ada reativou o sistema. Uma grande mensagem em vermelho apareceu na tela de todos os computadores e a imagem de todos os setores contaminados tornou-se clara. As metralhadoras voltaram a funcionar e as armadilhas a laser também. Ada ordenou que o sistema de segurança eliminasse todos os tipos de vírus, com exceção daquele que Wesker lhe injetara.

* * *

ATENÇÃO: SISTEMA DE SEGURANÇA RE-ATIVADO.

A voz do sistema ecoara por todo o complexo. Magnum sabia o que aquilo queria dizer. Saindo da lavanderia com uma calça de algodão e uma blusa de alça que furtara das coisas de alguma cientista já morta, ela fizera questão de cuidar de alguns ferimentos que adquirira com Frank. Pensava que o maldito estaria se recuperando agora e que logo viria infernizar a sua vida. Era sempre assim. As criaturas contaminadas com o vírus Magnum conseguiam se regenerar dos piores ferimentos, embora a cada processo de regeneração se tornassem mais fracas. Sentindo o piso frio sob os pés pálidos, desejou roubar os sapatos de algum cadáver por aí, mas sentiu-se enojada, como se não houvesse passado longos quatro anos na companhia deles. Olhando-se pelo reflexo de um espelho quebrado percebeu que suas sobrancelhas estavam crescendo, assim como alguns fios escuros no seu coro cabeludo. E olhando para o reflexo dos próprios olhos lembrou-se de como viera parar ali.

Ela não estava sozinha. Fora desleixada ao permitir que o trouxessem junto. Se aquela espiã não houvesse aberto a porta do setor, talvez a situação estivesse melhor e o complexo até destruído. Magnum só precisava de uma maneira para convencê-lo a sair dali. Precisava amenizar o efeito do vírus AG-61 antes que o transformasse em algo pior.

Idiota...

Deixou escapar enquanto a imagem dele sumia na sua memória.
Tomando posse da arma de um dos mercenários que chegaram 48 horas antes da espiã, e que fizera questão de matar, Magnum se aproximou da porta do elevador. Olhando para trás viu uma fileiras de raios lasers se aproximando. Com um sorriso malicioso pensara que o sistema de segurança houvesse sido atualizado. Tanto ela quanto os cientistas sabiam que era inútil manter o sistema de laser ativado. Apenas as criaturas mais fracas podiam ser mortas por ele.

* * *
- dahlia...

- tão cedo, não tenho nada pronto ainda. – respondeu a voz do outro lado da linha.

- não é isso. Estou no Mandarim, e há a possibilidade de ter um vírus aqui.

- vírus?

- sim, dahlia, não sei qual deles é, mas encontrei um funcionário ferido que acabou de se transformar em um zumbi...

- qual o nível de propagação?

- eu não sei, talvez baixo, estou há mais de duas horas aqui e tudo esteve normal até agora.

- procure por mais pessoas contaminadas John, seja discreto. Estou indo até aí.

- Ok.

Desligando o telefone, John recolheu o corpo do chão, enrolando-o cuidadosamente com um lençol. Limpou as marcas de sangue e acabou com qualquer evidência aparente, sabendo que aquele lugar devia ser interditado por causa do risco de contaminação. Contudo, precisava manter as coisas em ordem ainda. O desastre em Raccoon havia sido recente e mais um em pleno centro de Hong Kong, traria muita polêmica, atrapalhando assim o trabalho de Dahlia.
Pelos corredores, o atirador arranjou um saco grande e negro cobrindo assim o corpo até que ele tivesse a aparência de um grande amontoado de lixo.

No entanto, com tudo aquilo que estava fazendo, não podia deixar de lamentar pela vida do pobre jovem. Vasculhando pelos bolsos dele à procura de alguma pista, encontrou as duas moedas de trocado que lhe lançara a menos de uma hora, e com uma expressão fúnebre tratou de guardá-las em seu lugar de novo, para que o jovem camareiro as entregasse a Caronte.
* * *
A porta da sala 11 estava aberta agora, mas Ada chegara tarde. O corpo rubro da cientista jazia no chão. Sozinha, a espiã reparou em como os lençóis se moviam suavemente, por causa de uma brisa fresca que saía da ventilação. Era a mesma brisa que sentira quando entrara no complexo. Com a arma apontada na direção das incubadoras, se aproximou cautelosamente e puxou um dos lençóis abaixo. Aliviada descobriu que a incubadora estava vazia, mas havia pelo menos quinze que devia constatar.

Com a mesma cautela, foi descobrindo as outras. Algumas possuíam manchas que variavam de sangue à líquidos amarelados. Com horror, pensou se os cientistas haviam chegado a fazer experimentos com bebês ali. Ada partiu para a décima terceira incubadora quando algo topou com o balcão de amostras. Um gemido familiar chamou sua atenção. Se aproximando precavida temeu em encontrar o que justamente encontrou: um bebê.

* * *

Recuperar-se num campo de batalha daqueles estava se tornando difícil. Magnum estava precisando se submeter ao método mais forte, já que não tinha capacidade de se defender com as mãos no momento. Uma shotgun deitava em seus ombros enquanto a misteriosa jovem ouvia os ruídos das criaturas do outro lado da sala. Ela estava tranqüila. Nenhuma daquelas criaturas era forte o bastante para derrotá-la e pela quantidade de ruídos estavam em um grupo pequeno.

Magnum sabia que grande parte das criaturas havia se dirigido até o vírus AG-61. A principal habilidade dele sempre fora o de manipular e atrair os outros. Talvez fosse mais poderoso até que o vírus Magnum e pensando nisso os cientistas tentaram uma ligação entre ambos. Uma ligação extremamente natural induzindo-os ao meio mais primitivo de reprodução.

Se a experiência havia dado certo? Magnum não podia afirmar. Essa parte da sua memória ainda não havia sido restaurada.

* * *
O bebê parecia saudável e, pelo tamanho, Ada chutava uns nove meses. Mas como aquela criaturazinha havia sobrevivido ali? Talvez estivesse contaminada. Talvez não fosse necessariamente um bebê. A criança abriu um sorriso encantador e engatinhou na direção da espiã, enquanto esta tentava imaginar que criatura havia matado a cientista, recuando. E por que o bebê estava vivo?

Ada se lembrou de Abigail. Se lembrou que a garotinha era uma das experiências citadas na carta que havia encontrado e que a partir do momento que ativara o sistema, demorou pelo menos dez minutos para retornar à sala 11.

Em dez minutos Abigail teria matado a cientista? Mas então do que a cientista tinha tanto medo dentro da sala?

Ada deixou que o bebê se aproximasse, pedindo colo a ela com as pequenas mãozinhas no ar. Com um suspiro a espiã se agachou o pegando. Parecia uma criança normal.

Seguindo em direção ao balcão de amostras procurou algum relatório sobre o que faziam ali. Dr. Ford citara um vírus dizendo que uma garotinha (provavelmente Abigail) e aquela outra viriam pegá-lo. Mas quem era aquela outra?

Ada ouviu algo e se virou para trás. Magnum a observava da porta.
* * *

Depois de esconder o corpo de Jim, Johnathan vagou pelo hotel à procura de mais um contaminado. Seria difícil saber por onde o camareiro andara durante todo aquele tempo, porém guiado por um mini-computador de alta tecnologia adentrou o sistema do hotel através de um vírus virtual que colocara nele quando o invadira. Na telinha do caríssimo acessório que mais se parecia a uma agenda, John visualizou todas as câmeras de segurança espalhadas pelo hotel à procura de um zumbi perdido, torcendo para que não estivesse perdido no meio de uma multidão de astros.

O atirador voltou a imagem várias vezes entre o salão do restaurante, e o espaço social. Então se concentrou nas áreas mais habitadas pelos funcionários, como a lavanderia, a cozinha e os depósitos. Foi descartando uma por uma até chegar à lavanderia onde estranhou o rebuliço de roupas, mas que podia ser resultado de um desleixo dos funcionários, apenas. Johnathan procurou então pelos corredores, até parar a imagem em uma funcionária que parecia singularmente perdida. Os cabelos soltos e o uniforme impediam que ele tivesse a certeza se ela estava contaminada, porém, a maneira lânguida em que se movia indicava que sim. Marcando sua localização, o atirador se preparou para ir até ela, quando de súbito viu algo no mini-computador. Um homem largo vestido a terno preto segurava uma mulher de vestido nos ombros. Ela parecia inconsciente e tinha a cabeça coberta. Atrás dos dois uma chinesa, também de terno, os acompanhava. Ambos armados.

John havia encontrado sua irmã.
* * *

Magnum olhava Ada e o bebê com um brilho estranho nos olhos. Algo ameaçador que deixou a espiã atenta.

- ativou o sistema de segurança? – perguntou a jovem experiência.

- foi necessário. – Ada respondeu vagamente.

Magnum deu um passo para dentro do laboratório, olhando o corpo da cientista no chão.

- O que aconteceu com ela? – perguntou.

- eu não sei. Estava aprisionada dentro do laboratório com a criança, tentei salva-la, mas não cheguei à tempo.

- ela estava a salvo aqui. – disse magnum. – o que a matou foi ter ativado o sistema.

- do que está falando? – perguntou a espiã.

Magnum apontou para um pequeno tanque estourado ao lado da mesa de amostras.

- a criatura dentro dele se libertaria assim que o sistema fosse ativado. Fazia parte do plano.

- plano?

- sim. Me dá a criança, em troca te dou o diário com tudo o que precisa saber.

Magnum estendeu um livro de capa vermelha na direção da espiã. Ada hesitou, encarando-a duvidosamente.

- não seja teimosa, Ada. – disse magnum. – esse bebê nos seus braços é o meu filho.

- o que?!

- pegue o diário e o entregue para mim. – magnum falou num tom autoritário.

Ada e ela se encararam por longos segundos, quando enfim Ada entregou a criança, pegando livro vermelho nas mãos.
- aí tem tudo o que você precisa saber. – anunciou a jovem se afastando com o bebê. – mais do que isso descubra por si mesma.


Assim que Magnum sumiu pelos corredores, Ada abriu o diário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Magnum" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.