Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 30
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Ok leitores, pretendo fazer uma maratona de escrita esse mês. Vou tentar escrever ao menos um capítulo por semana e tentar chegar ao ponto da história em que quero desenvolver mais as coisas, então se preparem.
Boa leitura. ^-^



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O dia estava calmo até o momento. Passaram-se pelo menos uns quatro meses desde o começo de nosso treinamento e duas semanas depois da invasão dos humanos à nossa cidade. Por hora, os policiais e militares vampiros estavam segurando a situação, que melhorou depois dos primeiros dias de invasão, mas não sabemos se podem estar enviando reforços ao inimigo ou não. Havia muitas perdas, mas diziam que tudo iria ficar bem. Ainda tinha o boato de que o próprio rei estava vindo a cidade para dar força a todos. Que emoção, adoraria ver quem é meu pai.

Ouvi um barulho ao meu lado, e só tive tempo de ver algumas cartas voando de uma mesa onde Caleb e Mary jogavam Pôquer, ou ao menos tentavam, porque Mary não sabia jogar e Caleb estava tentando ensiná-la. Provavelmente não deu muito certo.

Nathale tirava um cochilo no sofá ao lado do meu, e essa era a minha idéia também, mas estava perdida em meus pensamentos – novamente – sobre tudo que havia ocorrido até agora. Tipo noite passada, quando fui treinar durante a madrugada e as coisas deram um pouquinho errado.

Tinha saído por volta das 1h30 da manhã, andando sorrateiramente pelo quarto para não acordar Mary e Nathale. Procurei bem em baixo de minha gaveta de camisetas algo que havia escondido há algum tempo atrás, e que ninguém poderia saber que eu tinha. Anotações. Enfiei-as no bolso de meu casaco e sai em direção aos campos de treino.

A noite estava clara, então não tive que ter o trabalho de acender tochas ou algo do tipo. A floresta estava calma e silenciosa ao meu redor, podia ouvir o barulho de grilos cantando, corujas piando e outros animais dormindo. Se estivesse em minha vida normal, teria corrido daquele lugar no mesmo instante, mas depois de tudo que já havia visto depois de que cheguei, este lugar era tranquilizador.

Escolhi uma das arenas de treino menores. Esta não era nada em especial, um campo de terra batida com grama ao redor, alguns bancos de madeira tipo os que são postos em ginásios de colegial para os jogadores reservas colocados de qualquer jeito nos cantos, e em um dos cantos pude ver algumas espadas enferrujadas. Fui até os bancos e me sentei, peguei as anotações e comecei a ler, tentando entender o garrancho de minha letra que fiz nas pressas: A forma primária de uma arma deve ser achada pelo dono, porém a secundária não segue esses padrões. Para ter uma forma, a segunda forma de sua arma toma sua forma com base de seus medos e indecisões, seus pontos fracos que devem ser melhorados. É muito mais difícil se transformar uma arma primária em secundária e muita treino para fazer isso frequentemente. Ainda não há uma forma exata de se fazer este feito.

Bem, não era lá o que se esperava de ajuda, mas já foi um começo. Guardei o papel no bolso e me levantei, indo para o centro da arena. Invoquei meus sabres e os observei com atenção, tentando imaginar como os transformaria em minha segunda arma. Não poderia confrontar Alice do jeito que estava agora, ela mesma já havia sua segunda arma: uma foice negra. Foices são o símbolo da morte e coisas do gênero, mas não conseguia imaginar quais eram os medos dela para que pudesse criá-la.

Bem, ela partiu de uma balista para uma foice, o que não faz muito sentido, então não deve ter nada a ver um com o outro. Ok, não tinha nem ideia de como fazer isso. Os pingentes de estrela brilharam com a luz do luar, e observei a arma melhor, coisa que nunca havia feito antes. A lâmina tinha alguns desenhos parecidos com ondas e espinhos e seu formato era idêntico a de espadas samurais. A base era normal, com um pano azul-marinho enrolado e com os pingentes caindo delicadamente de linhas prateadas.

- Ah, que droga! – gritei, cortando o silêncio da floresta – não tenho nem ideia de onde partir.

Comecei a atacar o ar, treinando golpes que aprendera em todos esses meses de treino árduo. Estava ficando melhor do que antes, duvidava que pudesse fazer algo assim enquanto era humana. Minha mãe pirava só de me ver cortando alguma coisa, imagina com dois sabres do tamanho de meu braço.

Minha mãe, pensei. Havia tempo em que não a via, e o mesmo tempo de que não pensava em minha antiga vida, meus antigos problemas. Lembrei-me de meu último dia na vila, enquanto Nathale ainda era humana, quando sai de casa com meu skyte e de minha pequena catástrofe de encontro em que perdi o provável único namorado que teria em toda a minha vida.

Clec. Um barulho atrás de mim, bem próximo.

Virei-me em puro instinto e coloquei minha espada na garganta de quem quer que fosse, e por um instante agoniante tinha a absoluta certeza de que era Johny. Ele, por sua vez, aproveitou de meu meio segundo de distração e deu um contra golpe me derrubando e imobilizando. Não conseguia vê-lo direito pelo breu, mas percebi que o rosto que vi de Johny foi só uma ilusão não muito bem-vinda.

- Eia, calma garota – disse ele – é assim que você trata seus amigos de treino?

- Caleb? – ainda estava atônita, tomada pelo susto e ao mesmo tempo de alívio por não ser quem eu não queria que fosse. Uma lágrima escorreu de meu rosto e a limpei rapidamente – o que faz aqui á essa hora?

- Não sei. Insônia, talvez? – ele soltou meus braços e ficamos sentados um de frente para o outro – Fui andar por ai e ouvi alguns barulhos, quando fui ver era você. Eu teria medo se fosse um de seus inimigos.

- Mas é para ter medo mesmo assim, idiota – dei um soco em seu peito e demos umas risadas descontraídas, que ecoaram no silêncio e na escuridão da noite.

- Vamos voltar? Já está ficando tarde até demais, e se Dan nos encontrar aqui vai achar que fizemos outras coisas – ele falou, me olhando com um sorriso de um garoto encrenqueiro.

- Não me olhe assim, idiota! – o empurrei, ele caiu de costas no chão, rindo, e eu me levantei, rindo também. Desmaterializei meus sabres no mesmo instante em que ele se levantou e fomos andando até a Spiral Hall.

- Ei, Kat – ele disse, no meio do caminho – acha que vamos fazer a diferença para essa guerra e tudo mais? É difícil pensar que somos um tipo de “escolhidos” para salvar todo mundo.

- É, boa pergunta – e continuei andando, sem olhá-lo. Por que ele me lembrava tanto Johny? Queria esquecê-lo para sempre, mas o sorriso de Caleb não me deixava fazer isso.

Chegamos depois de alguns minutos a Spiral Hall – devia ser por volta de seis da manhã, talvez? -  e notei uma coisa estranha: barulhos de estrondos bem próximos, não como um barulho de bombas explodindo, mas sim como pessoas batendo em alguma coisa. As portas do quanto das garotas se abriu e vi Mary e Nathale, já trocadas para um dia de treino, saindo com cara de que ficaram assistindo séries até tarde.

- O que diabos é esse barulho? O novo despertador do velhote? – disse Mary, esfregando os olhos de sono.

- Não sabemos – respondeu Caleb, calmo, mas havia algo em sua voz que dizia que ele estava tão nervoso quanto nós.

Dan saiu de seu quarto como se tivesse tido uma ótima noite de sono e pronto para correr uma maratona. Ele estava atento e com um olhar preocupado, como se soubesse que uma coisa ruim estava prestes a acontecer.

O barulho parou com uma última batida mais forte do que as outras, então logo em seguida, o barulho de passos tomou o lugar do silêncio, ficando cada vez mais alto, e então pude ver que o barulho estava vindo do túnel de entrada.

- O exército humano – Dan disse, tenso – eles nos acharam.


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Notas finais do capítulo

Reviews, por favor? *-* Seria muito legal algumas reviews, leitores lindos. q



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