Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 28
Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora mais que o normal, tive alguns imprevistos como provas, e tive que acostumar com o teclado do meu notebook novo, mas tá aí. Quero reviews. u_u
Boa leitura amores :3



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Ouvíamos no rádio a pilha de Dan o que estava acontecendo na cidade, e as coisas não estavam nada boas. Os exércitos humanos avançavam cada vez mais, e vários vampiros inocentes morriam por suas mãos. As tropas de defesa da cidade tentavam controlar a situação enquanto reforços não chegavam, mas estava difícil. A grande pergunta era: Por que eles nos atacaram agora: A paz estava praticamente estabelecida entre os povos depois da Grande Guerra, e começar outro conflito somente resultaria em destruição. Não poderia ter vindo em pior hora, porque as coisas por aqui também não estavam muito boas.

Os sofás da sala eram ocupados por nós. Em um estava eu, Dan e Caleb, no outro Nathale e Mary. O radinho surrado tentava funcionar na mesa de centro, sintonizado no canal de emergências. Uma explosão foi ouvida, e Dan o desligou.

- Estão avançando mais – disse ele – logo ficará perigoso para nós sairmos daqui, e as tropas de reforço do exército ainda não chegaram á cidade...

- Não podemos ficar aqui parados! – Caleb exclamou, batendo com o punho fechado na mesa e fazendo o radinho cair para trás – Estamos treinando a semanas, podemos ajudar! Tem pessoas morrendo!

- Muito arriscado – Dan parecia ter pensado na possibilidade de agir, mas estava hesitante quando a isso – contra um exército não somos nada. Além do mais, há algo estranho nisso, de eles nos atacarem sem mais nem menos. Não sabemos com o que estamos lidando.

Caleb se ajeitou desconfortavelmente, e me fluminou com os olhos.

- Aposto que Katlyn sabe.

Todos da sala se viraram para mim, esperando uma resposta imediata, mas estava perdida em meus pensamentos. Eu provavelmente sabia com o que estamos lidando, mas era doloroso demais lembrar o que aconteceu na casa de Alice. Além de tudo, Nathale estava ali, me encarando com aqueles olhos tão estranhamente rubros. A culpa me corroía por dentro, e ainda não poderia confrontá-la.

- Fique quieto Caleb, ela ainda deve estar confusa...

- Não, Dan – eu disse, fechando os olhos e respirando fundo. Os abri para encarar todos de frente – é melhor que eu conte o que aconteceu.

Disse tudo com os mínimos detalhes, desde quando entrei pela porta de Alice até quando conversei com Miguel no ponto de ônibus. Esperava estar parecendo forte por fora, pois por dentro estava muito diferente disso. A culpa pelo que aconteceu com Nathale era maior, mas ainda sentia que tinha o dever de salvar Alice o quanto antes de o que quer que seja que aconteceu com ela. Não sabia como, nem quando e nem onde, mas isso era uma das prioridades no momento.

Quando acabei de contar tudo – e segurava minhas lágrimas com toda a força que ainda me restava -, todos ficaram pensativos e um quanto que chocados, menos Dan.

- Miguel, é... – disse Dan, com uma das mãos no queixo.

- Mas que diabos... Alice é sua meio-irmã? – Mary estava perplexa com a notícia recente, olhando-me como se fosse uma atração de circo – então você também faz parte da linhagem real da família de Alice! Que legal!

- Intrigante – Caleb estava com a mesma expressão do avô, e se não fosse a situação eu teria rido disso.

- Isso quer dizer que Nathale também é algum tipo de parente das duas? – Mary disse na inocência, mas só deixou o clima mais tenso.

Todos estavam evitando falar nesse assunto, nem mesmo a própria Nathale perguntou muito sobre o que realmente aconteceu. Ainda estávamos preocupados que algo desse errado, e que ela poderia, bem, morrer a qualquer instante, mas as chances eram pequenas. Depois desse comentário, Nathale fitou o chão por um bom tempo, talvez pensando sobre isso? Não sabemos.

- Ok, temos de esclarecer as coisas de uma vez por todas – saindo de sua posição pensativa, Dan falou definitivo – Nathale, você já sabe o que aconteceu com você, sim?

- Eu... Acho que sim... – ela disse, com uma mistura de emoção e frieza na voz – eu me... Transformei?

- Sim, e sabe o que isso significa, não é?

- Eu virei uma... Vampira, não é? Não assim como Katlyn ou Caleb, mas uma vampira inteira, para sempre.

- Sim, querida – pude perceber que Dan estava com muita pena dela, porém precisava parecer forte.

Nesse momento, ela me encarou, o que foi uma total surpresa pra mim. Queria falar, pedir desculpas ou algo assim, mas simplesmente não consegui. A única coisa que consegui fazer foi abaixar a cabeça. E por mais surpreendente que pareça, ela veio até a minha frente e se agachou, ficando quase cara a cara comigo.

- Ei, Kat – ela disse suavemente – eu sei que você deve estar se sentindo culpada e tudo mais, mas... Eu não te culpo pelo que aconteceu, tá? Eu sei que agi errado aquele dia no treino, sei que não foi culpa sua por ter perdido o controle. Por favor, pare de agir como se não pudesse mais falar comigo. Quero minha melhor amiga de volta.

E ela me abraçou. Estava em estado de choque, foi tudo tão rápido. Algumas palavras e plim! O problema com ela tinha se resolvido. A abracei de volta, me segurando para não chorar.

- Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas – Caleb interrompeu o momento com seu típico sarcasmo – você tem alguma ideia de com o que estamos lidando, vô?

- Tenho umas suspeitas... – ele ia começar a falar, mas se interrompeu, e levantou-se bruscamente do sofá – esperem aqui – e correu para uma dar diversas salas que havia ali, uma que eu ainda não tinha entrado.

Alguns minutos depois, Dan surgiu de dentro da sala com um livro grosso, empoeirado e aparentemente muito velho – talvez até mais que o professor de Gramática da Umbrae, e olha que ele era pré-histórico – e o colocou na mesa de centro. Todos nós esticamos o pescoço para tentar ver melhor.

- A resposta que procuramos pode estar aqui – ele disse, misterioso – este é uma relíquia mágica que me foi concedida quando era do exército. O Livro do Profeta. Ele pode revelar o que o leitor quer saber, e até falar o futuro, mas ele foi um dos pequenos motivos que causou a Grande Guerra, então foi me dado o dever de protegê-lo para que não causasse mais problemas. É perigoso, mas pode ser nossa única opção.

Ele assoprou o livro, que levantou uma cortina de fumaça e revelou sua capa de couro decorada com detalhes dourados e o nome em latim Libro Propheta bem no centro. Uma tranca com um cadeado o fechava. Aquela coisa irradiava um poder que eu fiquei até com medo.

- Vou abri-lo, acho melhor somente Katlyn lê-lo, pois todos seria algo muito perigoso. Poderemos ver o que ela ver, mas não poderemos ver o que quisermos. Está preparada?

- Sim – disse com convicção – abra-o.

Dan tirou o cadeado e o livro abriu como se estivesse ao vento, folheando as páginas rapidamente, enquanto seu poder continuava sendo emanado. Se era poderoso fechado, imaginem aberto.

Finalmente, parou em uma página quase na metade. Uma página em branco, mas somente por alguns segundos, pois depois soltou uma luz dourada para cima, formando uma névoa espessa. Imagens começavam a se formar, como em uma tela de tv. Já estava tão absorta naquilo tudo que me esqueci de que precisava ver somente o necessário. Qual é o nosso verdadeiro inimigo? Pensei, e rapidamente uma imagem se formou na névoa, tomando forma. Um castelo envolto de sombras apareceu, e pude ver uma silhueta sentada no alto, com uma foice em mãos. Alice, pensei. Desejei ir para dentro do castelo, e logo estava em um salão de mármore escuro e brilhante, com detalhes em branco, dourado e vermelho. Uma figura estava sentada em uma poltrona no fundo da sala, mas não pude vê-la detalhadamente. Ouvi em minha mente um sussurro tenebroso: venha até mim, vampira...

E o livro se fechou. Sem um FIM no final nem nada, somente se fechou. O cadeado voou até a tranca e fechou-se sozinho. A chave foi para a mão de Dan, que estava com uma expressão entre o surpreso e o aterrorizado.

- Droga – exclamou ele, pegando o livro e o levando de volta para a sala, que provavelmente era uma biblioteca, já que voltou com outro – não pode ser...

O que ele colocou na mesa dessa vez era negro e aparentemente não tinha nenhum nome. Certamente era antigo, mas não tinha tanta poeira como no outro, e era tão grosso e poderoso quanto o outro. Dan folheou as páginas avidamente, procurando algo em especial.

- Achei – ele falou, apontando o dedo para uma descrição sinistra. Provavelmente o livro era sobre super vilões ou algo assim, pois onde parou tinha um desenho de uma garota, provavelmente não mais velha que eu – acho que só na aparência, porque ali dizia que tinha alguns milhões de anos – mas não muito detalhada. Cabelos rubros e vestes antigas também faziam parte do desenho.

- Se eu não estou enganado, ela é a única que se encaixa no que apareceu no livro para Katlyn – sua expressão era de puro terror, como se coisa pior não pudesse acontecer – ela é uma das lendas negras mais terríveis da história, diziam que havia morrido há alguns milênios, mas pelo que parece não. Seu nome é Christie Li’Court, a maga negra.


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