No capítulo anterior...

“Ele quer você, Harry. Ele quer se vingar de você...”

............... – pensei.

[...]

Harry PDV

Assim que Dumbledore falou aquelas palavras, flashes de conversas vieram á minha cabeça.

“Aí, ele resolveu te matar antes que você crescesse e pudesse derrotá-lo. Foi aí que ele assassinou seus pais, porque eles não deixaram que ele te matasse. Mas no momento em que ele ia te matar, ele não conseguiu porque você estava protegido por um feitiço muito poderoso de seus pais, fazendo assim com que ele desaparecesse.”

“Ele matou a minha família.”

“Ele quer se vingar de você.”

As palavras de Dumbledore pairavam em minha cabeça.

Arfei pesadamente, soltando todo o ar que até então eu mantinha preso. O choque perpassava todo meu corpo e me dava calafrios. Então era isso o que o Dumbledore escondia e o que, a julgar pela sua expressão, estava deixando ele aflito. A informação foi digerida pelo meu cérebro, mas parecia entalada em algum lugar e eu ainda não tinha entrado em pânico.

Aos poucos o estado de choque foi me deixando e a paralisia do meu corpo foi dando lugar á uma tremedeira que dominou todo meu corpo.

Uma risada estranha escapou dos meus lábios, quando comecei a dizer.

“Ele...o Voldemort está vindo aqui para me matar, é isso?” – perguntei irônico.

“Olha Harry, nada de mal vai te acontecer...nós estamos aqui e vamos lutar todos juntos.”

“Engraçado – murmurei e depois disse frio – Aquele verme mata minha família, e agora depois de treze anos ele reaparece e quer vir me matar...É, acho que ele veio completar o serviço, certo?”

“Harry, ele acha que você é o culpado por ele ter perdido os poderes..” – Dumbledore começou a falar.

“É mesmo? Talvez eu seja...um pequeno bebê indefeso..é claro, fui eu que desejei que ele perdesse totalmente os poderes!” – falei, com raiva.

“Isso não importa! Agora você tem que se concentrar...ele não vai vir despreparado.” – Dumbledore me sacudiu pelos ombros.

“Ele que venha! Porque somente um vai morrer essa noite...e vai ser ele!!” – gritei.

Meu estado furioso foi deixado para trás assim que senti o chão tremer e um enorme estrondo ecoar no castelo. Então..o maldito havia chegado.

Ele era quem ia pagar pelo que me fez. Toda a minha raiva dos terríveis anos convivendo com meus tios...a dor da perda dos meus pais...tudo...tudo se apoderou de mim e eu comecei a marchar em direção à parede, que começara a se transformar em uma porta.

Por um instante, um breve vislumbre de como a minha vida poderia ter sido passou pela minha cabeça. Eu e meus pais sentados em uma espécie de jardim, fazendo um piquenique. E depois outra cena: meu pai me ensinando a duelar no porão da casa.

Uma lágrima de raiva escorreu pelo meu rosto, por tudo o que Voldemort destruíra. Ele não só matara meus pais, como também acabou com a minha vida. E se tinha alguém que iria acertar as contas aqui hoje, esse alguém era eu! Saí porta afora...perdido em meu próprio mundo.

Edward PDV

Depois do ataque que o Harry tinha dado e do estrondo que logo se seguiu, ele parecia ter entrado em estado de choque.

Ou talvez o cérebro dele só estivesse dando defeito, só isso.

Ele saiu caminhando para fora da sala, sem dar a mínima para os nossos gritos e pedidos para não ir, mas o garoto parecia estar em transe.

Começamos a segui-lo, e apenas ficamos em silêncio, respeitando qualquer decisão que ele tomara. Não havia nenhum barulho do lado de fora, tudo estava muito silencioso. Ele saiu andando de volta pelos corredores até o salão principal. Ele parou na porta e se virou para nós.

“O Voldemort é meu.” – murmurou, frio.

Nossa, da onde o garoto tirou toda essa frieza e essa raiva? Cadê o Harry que tinha sentimentos? A sua expressão me deu até medo. Seus olhos brilhavam, uma espécie de brilho diferente, os lábios comprimidos numa linha fina e dura e as bochechas tingidas de um vermelho vivo.

Algo tinha mudado o seu pensamento. Será que o louco está querendo mesmo enfrentar o Voldemort sozinho? Se eu bem o conheço, eu diria que sim. O maluco está querendo se matar.

Como ele queria enfrentá-lo, quando seus poderes mal venceram o Malfoy, um mero patife abestado?

Ele voltou a andar até a porta de entrada do castelo. Bati a mão na testa e corri atrás dele. Coloquei a mão em seu ombro, mas ele não parou.

“Harry...pensa no que está fazendo..é loucura!” – falei, ele apenas deu de ombros como se não importasse.

“Ele quer me matar, não é? Pois então...que acabe logo com isso. Ninguém aqui irá lutar quando a causa disso tudo sou eu.” – ele falou, mais calmo.

O que?

“As coisas não são assim, cara, você não pode simplesmente ir lá e se entregar. Não ficamos para lutar? Então é isso o que vamos fazer.” – disse, confiante.

Ele olhou para mim com uma expressão diferente. E eu entendi. Ele não ia enfrentar o Voldemort...ele ia se entregar.

“Eu sei, Edward. E sinto muito em ter metido todos vocês nessa. E se tiver alguma forma de evitar que alguma tragédia aconteça, eu irei fazer.”

Estávamos parados no lado de fora do castelo. Os outros assistiam a tudo á uma boa distância, mas que ainda assim dava para ouvir, e eu senti toda a tensão que emanava do lugar. O ar parecia comprimir tudo, como se algo ruim estivesse muito próximo.

“Harry, não vamos deixar você fazer isso. Não vamos entregar sua cabeça em uma bandeja para ele. Se tiver alguma coisa que pudermos fazer para evitar isso, nós faremos.”

Tentei pensar em alguma coisa que pudesse nos tirar um pouco do perigo. Já estava escuro e no céu não se via nada além das estrelas. O estrondo foi alarme falso?

Olhei para o grupo atrás e suspirei. Bella fazia companhia para Gina, enquanto Jacob conversava com a Lôyane. E via a Jessy conversando apressadamente com o diretor e os professores. O que tanto eles conversavam?

Não havia sinal de Voldemort ou seus seguidores, em nenhum lugar. Harry estava olhando fixamente para a frente e eu tentei imaginar o que ele estaria pensando, quando ouço Dumbledore falar..e ele..parecia animado?

“Meninos vamos..temos que entrar para o castelo. Aqui ficamos muito vuneráveis.”

Puxei a manga do Harry e ele pareceu voltar á terra.

“Vamos Harry.”

Puxei ele pelo braço, sem deixar tempo para questionamento. Ele seguiu em silêncio atrás de nós. Me juntei a Bella e a abracei forte pela cintura, tentando lhe passar segurança.

Entramos no castelo e o diretor mandou todos para o Salão Principal. Andamos em silêncio, e eu tentava gravar cada corredor na memória. Todos os pequenos detalhes daquela antiga escola. Eu não sabia o que podia acontecer, mas queria gravar cada detalhe em mente.

Olhei novamente para o grupo á minha volta. E lembrei dos momentos que passei com cada um...as reuniões com a Crazy League..os momentos mais apaixonantes com a Bella...até a surra que eu dei no Mateus. Lembrei e gravei tudo o que talvez poderia se acabar. Olhei para o meu pai, ele reconfortava minha mãe afagando-lhe o braço, e a antiga dor do meu peito já tinha desaparecido por completo. A volta deles á minha vida tirara toda uma tristeza que se acumulara no meu coração.

De volta á realidade, pude ver ainda a apreensão nos rostos de cada um, o medo, a insegurança. É claro que todos corríamos riscos, só não podíamos nos precipitar. Tentei manter o foco e de repente sinto uma mão gelada em meu rosto.

“Edward...você está tão pensativo..” – Bella disse, suavemente. Só aí me lembrei que ela estava comigo.

“Não é nada não, minha linda.” – murmurei.

“Edward eu estou aqui. E eu quero sentir você também...se esse pode ser o nosso último momento juntos eu não quero deixar de dizer que..”

“Shiii...esse não vai ser o nosso último momento juntos.. – murmurei contra seus cabelos, envolvendo-a num abraço súbito. – Não vou deixar nada te acontecer...eu te amo.” – afirmei.

“Eu também, Edward..eu também te amo, muito.”

Soltei o abraço e olhei em seus olhos. Havia lágrimas, que eu sequei com carinho quando elas escorreram. Um sorriso brotou em seus lábios e eu sorri também. Segurei seu rosto entre minhas mãos, e toquei seus lábios com os meus.

Explorei cada canto de sua boca, buscando guardar em mim o seu sabor, o seu cheiro, a sua textura. Na falta de ar, mordisquei seu lábio inferior e fui depositando selinhos até o glóbulo da sua orelha. Ela ofegou, o que me fez sorrir enquanto refazia o caminho de volta procurando sua boca.

Cada terminação do meu corpo desejava o seu. Apertei mais seu corpo contra o meu, e passei a mão por suas costas, causando-lhe arrepios. Era incrível, mas cada vez eu a desejava mais. É uma merda que eu não tivesse tido a chance de possuí-la só para mim antes, porque agora não tinha tempo.

Nos separamos, ambos ofegantes e eu encostei a testa na dela e murmurei mais um ‘Te amo’, ela sorriu e disse.

“Eu te amo mais.” – falou, mordendo meu lábio inferior.

Ri alto, mas parei logo em seguida, ao ver a cara do pessoal. Quê que é, eu não posso mais ser feliz não, é? Aff. Povin morto esse...

Bella sorria da minha cara.

Bufei. A garota está ficando atrevida..vê se pode.

Aliás, nesse momento eu senti a falta de alguém. Franzi o cenho, percorrendo o salão com os olhos.

Merda!

NÃÃOO!!

“Harry!!” – gritei.

Todo mundo se calou de repente, e começou a olhar para os lados, procurando pelo maníaco que não estava ali. Senti um aperto. A culpa era minha, eu devia ter prestado atenção se ele nos acompanhava durante o caminho. É claro que ele ia fazer besteira. O idiota deve ter ficado para trás.

Saí do salão, apressado. Chegando no corredor, olhei para os lados, querendo que alguma coisa me mostrasse aonde ele estava. Um calafrio percorreu a minha espinha assim que eu ouvi o grito, abafado mas ouvi.

“Harry Potter!! – parou – Que bom te ver aqui!”

Engoli em seco, tentando ouvir de onde vinha o grito do Voldemort.

Bella PDV

Edward saiu para fora, e alguns segundos depois ele estremeceu. Ele começou a respirar rapidamente e meu coração palpitou fraco, no peito. Eu já estava farta de tantas emoções.

“Pessoal!” – ele exclamou, ofegante.

Algo já estava acontecendo, eu podia sentir isso. Todos saíram apressados e estacamos a ouvir a fala seguinte.

“Cadê seus amiguinhos, Potter? Eu esperava uma renca atrás de você.” – ouvi uma voz estranha falar.

“É o Voldemort.” – Dumbledore falou.

Todos se entreolharam e logo seguimos o som das vozes que parecia nos levar de volta até o jardim. O ar estava pesado e antes de sair do castelo o Diretor nos interrompeu.

“Vocês querem mesmo fazer isso?” – ele perguntou.

“Mas é claro! Do contrário não estaríamos ainda aqui.” – Edward falou, tentando passar.

A professora MacGonagol respirou fundo e falou saindo.

“Alvo...o garoto precisa de nós.” – e saiu.

No momento em que o diretor deu um suspiro, um clarão verde iluminou a entrada da porta e um grito agudo se seguiu, me deixando aterrorizada.

“NÃÃOOOOO! MINERVAAA!” – Dumbledore gritou, correndo pela porta.

Assim que eu saí junto com a turma, e vi Dumbledore, gritei. Um grito histérico até para os meus ouvidos. Ele estava debruçado sobre o corpo inerte de Minerva, que agora jazia no chão. As meninas olhavam a cena, assustadas.

“Então vocês estão aí. Cheguem mais...a festa só está começando.” – a voz de Voldemort soou cordial, na noite escura e fria.

Continua...