Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 56
Capítulo 56. Esperança


Notas iniciais do capítulo

Keane's Somewhere only we know.



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I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

Oh! Simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place, we used to love
Is this the place that I've been dreaming of

Oh! Simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

Sem o consentimento de Integra, Vlad precisou ficar mais uma semana no hospital, em observação. Passado este tempo, ele só seria liberado sob a promessa que alguém ficaria com ele até estar recuperado e que este alguém o levaria de volta para o hospital mediante qualquer, QUALQUER, desconforto. E com Vlad se recusando a voltar para a mansão... Bom...

– Então Vlad precisa que alguém se responsabilize por ele para que possa sair do hospital? Eu me responsabilizo! - Gritava Celas, abanando as mãos acima da cabeça.

– Sabe, não precisam falar de mim como se eu não estivesse aqui... - Vlad murmurou, aceitando uma xícara de chá que Mihaella estava a lhe entregar. - Obrigado.

– Você tem idade por acaso para se responsabilizar por alguém? - Perguntou Baron, sentado em sua cadeira de plástico no canto do hospital de Vlad, se servindo do tal chá.

–Lógico! Eu já tenho vinte! - Celas murmurou.

– Acho que você precisaria ter mais de 21 para ser legalmente responsável por alguém... - Mihaella murmurou.

– Eu ainda estou aqui. - Disse Vlad.

– Vocês não entendem nada da legislação britânica. Já vi que ele terá que ficar comigo, afinal, eu sou o mais velho- Afirmou o coronel.

– Vocês podem me ouvir? - Vlad já estava desistindo de se fazer notar.

– Você não é o mais velho. - Disse Mihaella, pegando o bule das mãos do coronel e se servindo.

– Aliás, o que diabos você está fazendo aqui? - Perguntou Celas.

– Sendo responsável ué! - Baron respondeu, como se aquilo fosse óbvio.

– E o que você ser mais ou menos velho tem a ver com legislação? - Mihaella perguntou, terminando o chá.

– E quantos anos você tem?- Baron perguntou, já irritado com aquela história.

– Mais que você, isso eu garanto. - A moça respondeu.

–Eu acho que poderia ficar no hospital até que... - Vlad começou, mas foi interrompido por um sonoro não que os outros habitantes do quarto disseram em uníssono.

– Sua estadia no hospital não é mais necessária, meu senhor. É importante levá-lo para um ambiente confortável por dois motivos: o primeiro e mais óbvio é que ficará mais confortável. O segundo é que ficando no hospital o senhor corre o risco de contrair outra doença mais séria. - Mihaella murmurou.

Depois daquilo, Vlad desistiu de argumentar.

– E é por isso que vai ter que se hospedar na minha casa. - Baron disse, sorvendo uma última e longa golada de chá.

– Eu nem gosto de você. - Respondeu Vlad, encarando o coronel com seus olhos amarelados.

– Até ai estamos na mesma, que eu também não gosto de você. Aliás, por que ela te chama de "meu senhor"? É sua escrava zumbie por acaso? Ela não te leva muito a sério viu? Que ela solta um "você" de vez em quando...

Mihaella pareceu corar um pouco, mas entre murmurar "às vezes eu esqueço" e olhar para o lado, foi ignorada a favor de Celas, que gritava:

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

– Apesar de incompetente, eu tenho uma dívida com esse mané que eu pretendo pagar. E depois, se ele é o senhor de todos os males melhor meu amigo que meu inimigo.

Mihaella decidiu que a discussão daqueles dois não era importante, sentou-se na beirada da cama de Vlad e pegou a xícara ainda meio cheia das mãos dele, para depois ajeitar seu travesseiro e continuar a falar:

De qualquer forma, Celas não pode se responsabilizar porque ela o levaria para a mansão Hellsing durante sua recuperação e eu sei que não quer isso. E é lógico que esse coronel maluco está fora de questão. O que nos deixa com três opções.

– Hm? - Vlad murmurou, já cansado daquela história.

Pode ficar no meu apartamento durante as próximas semanas, ou podemos comprar ou alugar algum lugar e eu me hospedo por lá durante sua recuperação.

Vlad não estava gostando nada daquilo.A primeira opção era horrível. Não por causa de Mihaella, ele gostava dela e se sentia a vontade perto dela. Até gostaria da companhia. Mas com o passar do tempo, depois que ele estivesse estabilizado, depois que ela percebesse que ele não era mais o mesmo homem que ela conheceu, como seria? Vlad tinha uma certa familiaridade com a sensação e essa era uma experiência que ele definitivamente não queria repetir. A segunda opção lhe parecia a melhor, mas ele não sabia se tinha forças ou vontade de procurar um lugar para morar agora. Além do mais, quanto mais ele fosse um incômodo para a moça mais rápido ela ia perceber que ele estava vazio e não tinha nada a oferecer em troca e... Espera ai, e a terceira opção?

E a terceira opção?

Bom, na verdade, por uma feliz coincidência, o apartamento na frente do meu está para alugar. Não é nada muito luxuoso, mas é confortável e está mobiliado. Eu estaria por perto caso precisasse, mas ainda teria seu próprio espaço.

Aquilo parecia... Aceitável. Aquilo na verdade parecia algo muito bom. Vlad acenou com a cabeça. Mihaella abriu um sorriso tão grande que Vlad não teve escolha a não ser sorrir também.

– VOCÊ É UM IMBECIL! - Gritou Celas para o coronel.

Mais tarde, depois que o coronel foi cuidar de seu afazeres e Celas teve que voltar para seu turno na mansão, Mihaella ficou no hospital para ajudar Vlad a se arrumar para sair do hospital. Esta noite na casa dela, na manhã seguinte para o apartamento que acabara de alugar.

Precisa de ajuda para se barbear? - Ela perguntou.

Vlad passou a mão pelo rosto, sentindo os pelos que haviam crescido em sua pele nos últimos dias. Alguns dias após sua febre ter passado, um enfermeiro meio afeminado tinha o ajudado a se barbear, mas desde então ele tem ficado cada dia mais forte e a precisar cada dia menos de ajuda. Ele acabou não se importando e como resultado estava com uma barba que há alguns dias já tinha deixado de ser rala.

Eu posso fazer isso. - Ele respondeu, sentando-se na beirada da cama para se levantar e ir até o banheiro.

Precisa cortar os cabelos também. - Mihaella disse, colocando-se a frente dele.

Vlad, ainda sentado, passou as mãos pelos cabelos armados.

Não quero cortar.

Mihaella o olhou por alguns segundos, tentando encontrar a melhor forma de dizer o que queria, optando enfim por simplesmente dizer:

Eu entendo se quiser deixar seu cabelo crescer, mas os fios estão fracos demais da forma como estão.

Não é isso. - Vlad interrompeu.

Se não quer que um estranho lhe toque eu...

Não. - Vlad disse por entre os dentes, já cansado daquela conversa.

Então eu também não posso.

Na verdade, por algum motivo que foge totalmente à minha compreensão, eu confio totalmente em você. E sinto sua falta quando não está aqui. Eu já sentia sua falta antes de te conhecer. Então, não. Se diz que pode cortar, eu acredito que possa e permitiria de bom grado.

Então?- Mihaella perguntou cruzando os braços, sem se importar em esconder o sorriso que brotou em seu rosto.

Vlad levou a mão esquerda aos cabelos e onde ele a depositou fez com que Mihaella entendesse a situação imediatamente.

Eu vi a flecha, mas não pude fazer nada. Não... Não fiz nada.

– Meu senhor...

– Pode me tratar por "você". Eu nem sei porque insiste nesta história de senhor.

– Porque "você" é o último soberano da coroa a qual respeito," meu senhor"! Mas também é meu mais antigo e mais querido amigo e é claro que me esqueço das formalidades. É tão raro ter de usá-las neste século!

o cabelo fica. A barba pode deixar que eu mesmo faço.

E assim, ainda resmungando em romeno, Vlad dirigiu-se até o pequeno banheiro em seu quarto privado de hospital. 30 minutos depois, um Vlad vestido de jeans escuros e camisa azul, ainda com os cabelos molhados, mas sem barba, sentou-se novamente em sua cama, vestir seus sapatos para encarar os vários repórteres parados na frente da recepção e, se assim lhe fosse permitido, chegar ainda naquele dia em seu novo apartamento.

E como eram chatos aqueles repórteres. Queriam saber o que tinha acontecido, como era ter sido feito refém, porque ele foi pessoalmente, se ele queria encontrar com seus sequestradores, onde estava Sir Hellsing, se ele ia se divorciar, se ele já tinha apanhado de Integra (?), como ele e Baron estavam lidando com a situação e finalmente, quem era a moça que estava com ele.

Foi tudo tão rápido que Vlad, há dias conversando com Mihaella em romeno, mal conseguia acompanhar as questões, quanto mais formular uma resposta. Então, Mihaella acabou por responder:

Familie. Eu sou da família. - Disse, com um sotaque muito mais acentuado que o normal.

E com um sorriso no rosto, Mihaella pediu passagem. E quem podia negar passagem a ela? E assim, Vlad finalmente chegou ao táxi que estava a sua espera.

Vlad passou o caminho entre o hospital e o apartamento de Mihaella em silêncio, com os braços segurando firme a bolsa carregando roupas para dormir e acessórios de banheiro – coisas que Celas levou para o hospital, juntamente com as roupas que ele vestia agora. Na manhã seguinte Celas e Mihaella iriam pegar o resto de suas roupas e quando Vlad estivesse melhor (pfff) ele mesmo buscaria o resto de suas coisas na mansão.

E era esse o pensamento que rodeava a cabeça dele durante a viagem. O que era de fato dele para Mihaella e Celas trazerem na manhã seguinte? O que ele iria buscar na mansão depois que estivesse melhor (pffff)?

As roupas que Integra comprou provavelmente ele receberia. Afinal, o que ela ia fazer com aquelas roupas? Ela com certeza não ia usar e dá-las para Baron seria de um mal gosto extremo. Existia a chance de Integra rasgar, por fogo ou simplesmente jogá-las fora, mas Vlad tinha a sensação de que ela não se daria ao trabalho. Para isso acontecer ela precisaria se importar.

Além disso, Vlad tinha poucas coisas. Tinha um arco e flechas que ele não fazia questão de manter. Tinha os quadros e as joias de sua família, todos em cofres no banco agora e com seguros absurdos. Tinha dinheiro, muito dinheiro, que estava também em uma conta no banco, aplicado em fundos e imóveis, mas do qual a única prova física era o cartão que carregava na carteira. E tinha o violino.

O problema é que o violino provavelmente Integra ia querer manter. Era um instrumento caro, raro, valioso e antigo. Vlad podia pagar o valor que Integra gastou, mas qual o valor de um Stradivarius? E Vlad gostaria de poder ficar com o violino. Era quase que uma terapia poder tocar. A propósito, e o rabugento Johann? Ele era o terapeuta contratado pela organização Hellsing para seus soldados e agora Vlad não tinha mais nenhum vínculo com a organização.

E, enquanto pensava se sentiria falta ou não da terapia, chegaram ao destino. Mihaella pagou o taxista e Vlad ficou um tempo pensando se era certo que ela pagasse.

Quando chegaram ao apartamento dela, Mihaella obrigou Vlad a se sentar no sofá (colocando todo seu peso, que não era muito, nos ombros dele e o fazendo perder o equilíbrio e cair sentado). E o rapaz se lembrou do dilema do pagamento do táxi:

– Eu devia ter pagado o táxi. Se me permite...

E tão rápido quanto ele pegou a carteira do bolso, Mihaella a tirou de sua mão e colocou na mesinha perto da porta, bem longe do alcance dele.

Vlad ficou olhando para o objeto, sem entender bem que tipo de reação ele devia ter.

– Não permito. E não se atreva a insistir. Não é como se eu não tivesse que pegar o táxi de qualquer forma.

– Mas...

–Na na na na. Não. Dessa vez você vai me deixar cuidar de você. Pelo menos até estar fisicamente recuperado.

E saiu pelo apartamento, empinando o nariz.

– Eu, no máximo de meu esforço e audácia, vou tentar fazer o jantar.

Vlad acompanhou a moça com os olhos, tentando entender o que ele deveria fazer então. Mihaella, percebendo a inquietação dele, falou da cozinha:

– Se desejar, pode ligar a televisão ou pegar um livro na estante. Tenho alguns dvds também.

O rapaz aceitou que as ofertas eram tão boas quanto quaisquer outras e acabou por ligar a televisão. Não estava interessado no que estava passando, mas o som baixo era um bom veículo para que sua mente viajasse por seus pensamentos. E ele precisava ordenar a cabeça.

Só que... agora que ele tinha a oportunidade seus pensamentos não se ordenavam. Não havia um único problema para ser analisado, não havia nenhuma solução a ser alcançada. Tentando procurar o problema de sua vida para tentar resolvê-lo, Vlad deve ter cochilado, porque segundos depois, Miahaella estava com uma mão sobre seu ombro, lhe dizendo que a sopa estava pronta.

Vlad se levantou e se dirigiu até a mesa. Após sentar-se percebeu que o prato era sopa. Alguma coisa de frango, legumes e arroz. Mihaella não tinha dito algo sobre aquilo? Vlad detestava sopa. Mas ele estava com fome e Mihaella tinha feito o jantar e... Bom, que seja.

Começou a comer devagar, tentando arranjar uma forma de se coordenar entre a sopa a sua frente, o pão e seu estômago, quando percebeu Mihaella o olhando fixamente.

– Não está com fome? - A moça perguntou.

Vlad achou que podia responder com uma "não muita" quando seu estômago resolveu que aquela era uma boa hora para roncar, acabando com a desculpa dele. Resolveu optar pela verdade:

– Eu não gosto muito de sopa.

E antes que Vlad pudesse protestar, Mihaella retirou o prato de sua frente. Vlad tentou protestar, mas antes que conseguisse formular alguma frase o rapaz percebeu que Mihaella na verdade tinha retirado grande parte do caldo, adcionado um pouco mais de especiarias e transformado a refeição dele em risoto.

Vlad começou a rir e Mihaella não entendeu nada. Alguns minutos depois o prato de Vlad estava vazio e a moça perguntou se ele queria mais. Vlad negou. Quando a moça ergueu uma sobrancelha, Vlad não aguentou e precisou novamente dizer a verdade:

– Sua comida é horrível.

Mihaella pareceu ficar indignada por alguns segundos, colocando mais sopa em seu prato e comendo a grandes colheradas, quando acabou tando tanta risada que não conseguiu mais comer. Céus, a comida dela era realmente horrível. E Vlad acabou rindo também, pensando que tudo bem se não conseguiu pensar em uma forma de resolver sua vida. Mihaella havia dito que era sua família, tinha transformado sua sopa em risoto e estava rindo da própria inabilidade em cozinhar. Os próximos passos ele descobriria sozinho. Estava na hora de começar uma nova etapa de sua vida. Uma etapa em que sua família o apoiaria, pelo menos por enquanto.

E Vlad, depois de muitos anos em silêncio, rezou. Rezou para que a escuridão não corrompesse o sorriso da moça.

Na manhã seguinte, Vlad acordou em sua nova cama, provisoriamente no quarto de hóspedes de sua nova vizinha. E assim começa sua nova vida.

And If you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
(Somewhere only we know)

Oh! Simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

And If you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
So why don't we go

This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?


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Notas finais do capítulo

^^



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