Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 16
Capítulo 16.Derrota


Notas iniciais do capítulo

Hey Folks...faz tempo ou é apenas impressão minha? Bom, lá vamos nós de novo...just on the road.

Em minha defesa, quero deixar claro que não entendo nada de esgrima, nunca vi uma espada de esgrima e apenas imagino como seja... então dêem-me um desconto e encarem tdo como licença poética.

Trechos de "the blowers daughter" de Damien Rice, conhecida por ser a trilha sonora de "closer", além de ser uma música linda, acho que o filme combina com o capítulo, apesar de nunca achar que a música combinava com o filme. Hehueheehu!



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Capítulo 16.  Derrota

1.    

1.      Derrota

And so it's

Just like you said it would be

Life goes easy on me

Most of the time

And so it's

The shorter story

No love, no glory

No hero in her sky

– Divertiu-se, mestra? – A voz de Alucard saiu das sombras, acompanhada da figura zombeteira do vampiro.

            – Do que está falando, servo? – Integra continuava a mexer em seus papéis, sem dar muita atenção ao comentário.

            – Deixou bem claro que me deseja. Essa é a minha vitória.

            Integra ergueu os olhos azuis, irritada com a falta de respeito daquela frase. Focou bem dentro dos olhos vermelhos do vampiro, não sabendo dizer exatamente quando o chapéu e o sobretudo vermelho desapareceram, dando lugar à uma calça jeans e uma camisa branca. Estranhou a roupa pouco comum de seu servo.       

            Alucard, ao perceber ser observado, começou a abrir os botões da camisa com as mãos enluvadas, deixando-a ver seu abdômen perfeitamente esculpido, além do peito claro, marcado por uma única cicatriz grotesca, provavelmente feita por uma estaca.

            Sentiu-se ridiculamente atraída por aquela marca, direcionando a mão para o corpo de seu servo.  Antes de tocá-lo, porém, sua mão foi parada pela mão quente e nua do vampiro. Integra se assustou, primeiramente pela atitude, depois pelo calor. Ai entrou em pânico, pela ausência do selo. Procurou novamente os olhos de Alucard, encontrando-os cor de âmbar.

            – Agora que fraquejou, acha mesmo que ainda tens autoridade sobre mim?

            Acordou assustada na cama. Olhou em volta e reparou que ainda era noite. Um pesadelo? E desde quando Integra era mulher de ter pesadelos? Deitou-se novamente para dormir mais um pouco, desistindo em seguida e levantando-se para trabalhar.

Vlad acordou com os raios de sol queimando suas pálpebras. Quando foi a última vez em que acordou depois do nascimento do sol? Nem tinha essa lembrança. Tentou tapar a luz com a mão, descobrindo que esta lhe incomodava muito mais do que devia. Levantou-se com certa brusquidão, numa tentativa de chegar rápido até a janela e fechá-la, quando acabou por permitir-se cair sentado na cama com força, dando-se conta que o melhor que podia fazer era ficar quieto, na horizontal e de preferência sem mais movimentos bruscos, ou sua cabeça ia explodir. Fora o gosto horrível que tinha na boca.

Tentou lembrar-se do motivo daquela dor absurda, mas rapidamente reparou que pensar também doía. Respirou fundo três vezes, e aos poucos foi se lembrando de algumas cenas que não se daria ao trabalho de conectar, deixando as memórias fluírem naturalmente.

A primeira imagem que veio em sua cabeça foi a saída para o baile, e se lembrava razoavelmente bem de tudo o que tinha acontecido até a conversa com a rainha. Mas e depois?

Ele tinha sido atacado por vampiros, mas por que saiu do baile? Lembrou-se de ter recebido seu próprio crucifixo das mãos de Integra, de uma garrafa de whisky, ah, a dor podia vir dali...

A porta se abriu devagar. Vlad virou os olhos amarelados naquela direção e secretamente agradeceu por ver a silhueta de Scott, carregando uma bandeja com um copo e uma jarra d’água.

Ergueu o tronco devagar, sentando-se na cama. O mordomo pousou a bandeja sobre o criado mudo, deu um olhar indiferente para o rapaz e saiu andando, fechando a porta ao sair.

Vlad se serviu de um copo d’água, começou bebendo-o devagar, mas praticamente engoliu o restante de uma só vez quando percebeu o quanto estava com sede. Encheu o copo outra vez, chegando a se engasgar com a velocidade em que bebeu seu conteúdo. 

Sabia que estava perdendo alguma coisa na linha de raciocínio. Mas ficar pensando naquilo enfurnado na cama não resolveria nada. Levantou-se o mais vagarosamente que pode, dirigiu-se ao banheiro e escovou os dentes. Cuspiu a espuma, enxaguou a boca com água, com enxaguatório, segundo o modo de usar da embalagem, e não satisfeito repetiu o processo. Sem aquele gosto horrível em seu hálito, pode perceber que seu corpo também emanava um cheiro desagradável. Enfiou-se embaixo do chuveiro, permitindo que muita água fria caísse sobre seus ombros. Era estranhamente reconfortante.

Secou os cabelos com calma, tentando não fazer movimentos bruscos com a cabeça. Perfeitamente banhado e vestido, de cacharrel marrom, jeans escuros e all star roxo (escolha de Celas), resolveu sair pelo jardim para tomar um ar, já que o perfume suave do banho por si só já o estava enojando.

Deixou que a brisa suave da manhã lhe acariciasse a face, controlando-se para manter a postura mais ereta que conseguia, e se concentrando em respirar com calma; quando percebeu uma Integra indiferente lhe olhando pela janela. Levantou-se devagar para cumprimentá-la, mas como resposta recebeu apenas as costas da loira, deixando a janela. Alguma coisa estava errada. Não que aquela atitude não lhe fosse comum, mas tinha alguma coisa que ele definitivamente estava perdendo.

Integra tinha ido fumar na janela de seu escritório, quando reparou no rapaz sentado em seu jardim. Toda sua postura indicava uma superioridade irritante, e o descaso com o qual se levantou só a fez ficar mais irritada.

Tinha se deixado levar um momento por uma suposta fragilidade de Vlad e agora sentia-se ridícula. No momento, dar um beijo no rapaz lhe pareceu natural. A noite havia mudado totalmente seus pensamentos.  De certa forma, sentia que tinha dado um mal passo, e que aquilo alteraria significativamente sua autoridade naquela casa. Afinal o toque partiu dela! E Vlad nem de longe correspondeu, muito menos tomou alguma iniciativa para aprofundar o contato.

Relutava em aceitar, mas depois de anos e anos lutando em cada sílaba dita pela sua pontuação, tanto em casa quanto na sociedade, dar um ponto daqueles de mão beijada para Vlad lhe parecia muita burrice.

Seus pensamentos foram interrompidos por duas batidas secas na porta. Ficou encarando a madeira, esperando que logo Scott aparecesse lhe dando qualquer recado inútil, mas nada aconteceu. Resolveu abrir a porta logo de vez, quase caindo para trás quando deu de cara com Vlad à sua frente. Simplesmente vestido, simplesmente casual, simplesmente perfumado, e simplesmente irresistível. Opa, qual era a palavra que não existia no seu vocabulário mesmo?

Recuperou o olhar e a postura impassível que eram seus companheiros há anos e, levando o cigarro aos lábios, perguntou:

           – O que deseja?

            Vlad percebeu um “que” de dissimulação na voz da Hellsing, mas não seria lá muito educado evidenciar isso. Abriu a boca para falar, mas as palavras não saíram. Ele sabia que estava perdendo alguma coisa importante, mas sua cabeça ainda latejava o suficiente para impedi-lo de manter uma linha de raciocínio consistente.

            Integra desistiu de levar aquilo adiante, dando as costas para Vlad pela segunda vez.

            – Estou indo treinar. Quando tiver algo relevante para falar comigo, pode me procurar.

            Integra estava sendo rude propositalmente. Não era só sua irritação incontrolável assumindo o controle. Alguma coisa nela insistia que ela precisava assegurar uma “margem de segurança na pontuação”. Era ridículo e infantil, e no fundo sabia que aquilo era só uma atitude desesperada para afastar o rapaz de si. Mas era tão no fundo que isso praticamente passou despercebido.

            – Treinar, Milady? – A voz de Vlad finalmente saiu. Ter sua curiosidade atiçada colaborava nessas horas.

            – Pessoalmente prefiro atirar, mas esgrima é irritantemente necessário. – Resolveu que precisava praticar algo mais “físico”, para evitar duas certas situações razoavelmente recentes.

            – Posso acompanhá-la? – A voz de Vlad saiu ridiculamente mansa.

            – Cuidado para não se machucar. – Integra respondeu, saindo displicentemente pela porta, enquanto Vlad a seguia.

            Foram parar em uma das salas especialmente adaptadas para treinos na mansão Hellsing. O instrutor de Integra acompanhava a loira em uma série de ataques exaustivamente ensaiados, enquanto Vlad observava os dois, vestidos com aqueles uniformes brancos reforçados para proteção. Achava os movimentos muito grandes e rebuscados, o tipo de coisa que não resolve nada no campo de batalha.

            – Está errado Sir Hellsing. Deve apoiar-se mais nas pernas, para poder prolongar o movimento. – O instrutor corrigia a postura de Integra.

            – Na verdade, é um movimento desnecessário, já que o adversário poderia derrubá-la facilmente nessa postura. – Vlad interceptou, da cadeira onde estava sentado.

            O instrutor torceu o nariz, irritado com o comentário:

            – Isso é esgrima, ninguém vai dar uma rasteira no adversário em esgrima. – Pelo tom, só faltou completar a frase com “idiota”.

            – E ninguém se importa com as regras do esporte em uma luta real. – O rapaz comentou, olhando para o teto.

            O homem ia responder, avançar ou qualquer coisa parecida, quando Integra o impediu, fazendo sua voz naturalmente autoritária ecoar pelo salão:

            – Gostaria de me desafiar, conde?

            A atenção de Vlad foi imediatamente tomada pela figura da Hellsing com a espada em riste, à sua frente. Riu-se com a perspectiva de lutar com uma mulher, mas logo entendeu a seriedade da pergunta e acabou por aceitando. Pegou umas das espadas especialmente adaptadas para o treino e se direcionou para o centro do salão, não assumindo nenhuma posição especifica de batalha.

            – Não vai colocar a roupa de treino? – Integra perguntou, cinicamente.

            – Não preciso. – O conde apoiou a ponta sem fio da espada no chão.

            Vlad respondeu daquele jeito sem nenhuma pretensão ou insinuação, já que há anos estava nos campos de batalha enfrentando espadas que além de pontas afiadas, tinham lâminas afiadas e uma série de outros fatores realmente mais preocupantes que um treino. Fora que não tinha a menor ideia de como se entrava naquela roupa branca e vedada, e não passaria vergonhosos minutos tentando em vão. Integra não entendeu daquela forma.

            Para a Hellsing, a atitude era absurdamente pretensiosa, indicando que ele tinha plena ciência de que ela era incapaz de tocar o fabuloso comandante dos exércitos da Guerra Santa, que depois daquele beijo ridículo devia estar se sentindo o homem da casa.

            Irritada, avançou contra o rapaz, exagerando na postura extravagante que seu instrutor obtuso passara as últimas duas horas lhe treinando.

E Vlad tinha razão, era fácil desviar daquilo. Ao passar pela loira, deu uma batida suave com a ponta da espada em sua perna, indicando que podia facilmente derrubá-la se quisesse. Integra ficou realmente irritada com aquilo, virando-se com uma raiva e força que o conde não esperava. Aquilo sim era um ataque de verdade, meio desajeitado e aberto, mas que podia surtir algum efeito dependendo do inimigo.

O instrutor começou a berrar alguma coisa sobre cuidados com a postura, mas ao não ser ouvido ficou tão irritado em ver seu trabalho de horas ir pelo ralo que saiu andando porta afora. Aquilo já era ultrajante demais!

Ah, mas só Vlad percebeu a ausência do esdrúxulo professor, a Hellsing estava absorta demais no duelo para dar-se conta de uma coisa dessas.

Um ataque mais forte e mais rápido, e Vlad se viu obrigado a erguer a espada para se defender propriamente. O tilintar das espadas fez a lembrança de ter tentado atirar na própria cabeça na noite anterior vir em um baque forte. Perdeu um pouco o rumo com a perspectiva, e deu um passo longo para trás, desviando da espada de Integra. A Hellsing, que quase caiu para frente, avançou outra vez. O movimento rápido de desviar do ataque fez a cabeça de Vlad latejar forte. Lembrar-se de ter amassado a cabeça de Joseph na grama só não foi mais impactante que a lembrança de o que sentiu ao vê-lo forçando Integra a beijá-lo. Levou a mão à testa, tentando conter a dor aguda que parecia perfurar seu cérebro. Sua postura foi refeita ao perceber que levaria uma espada na cabeça se não tentasse se concentrar no que fazia. Deu outro passo para trás, acabando prensado contra a parede. Mas que droga, como tinha ido parar lá? Não teve tempo de desviar quando Integra apertou seu pescoço contra parede, usando a lateral sem corte da espada circular e ambas as mãos.

            – Parece que eu venci, conde. – Ela disse, sem conseguir conter um sorriso vitorioso.

            Vlad também sorriu, principalmente quando viu a expressão de Integra se desfazer ao sentir a extremidade sem ponta da espada do conde pressionar sua roupa contra a lateral de sua cintura. A Hellsing não conseguia entender como, mesmo naquela situação ele era capaz de colocar a espada justo naquele ângulo, mas sabia que em uma batalha real aquilo significaria morte.

            – Não tem ponta. – Constatação óbvia, só para se defender do próprio pensamento.

            – Mas espadas de esgrima têm ponta, Milady. Em compensação, nunca vi uma com corte. Se fosse real, eu teria ganhado. – Aquele maldito tinha aprendido a ler pensamentos? Cadê as presas hein? Pode tirar a lente e mostrar os olhos vermelhos!

            – Numa batalha real, eu estaria lutando com uma arma.

            Integra aproximou ameaçadoramente o rosto do dele, forçando ainda mais a espada e fazendo com que o conde batesse levemente a cabeça na parede fria do salão. Dor! Vlad fechou os olhos, e quando os abriu, vendo o rosto de Integra tão próximo ao seu, teve uma sucessão de imagens lhe invadindo a memória: um tapa que fez a arma voar e o tiro atingindo o teto, a garrafa de whisky que Celas enfiou dentro de sua boca, ser chamado de monstro, o beijo.

            – Ontem... nós nos beijamos?

            Vlad jamais diria “você me beijou”, seu senso de etiqueta e respeito pela mulher a sua frente o impedia de dizer algo do tipo, embora tivesse certeza que não fora ele quem tinha tomado qualquer atitude. Mas Integra perceberia isso um dia? Não, nunca.

            A mulher virou o rosto, soltou a espada e se afastou.

            – Milady? – Vlad a chamou, recebendo um olhar assustador de Integra.

            – Isso não te dá nenhum ponto de vantagem!

            Os olhos de Vlad, que já estavam naturalmente surpresos, se arregalaram ainda mais:

            – Ponto? Vantagem?

            A confusão na fala do rapaz fez a expressão de Integra desmoronar. Ele não sabia mesmo do que ela estava falando?

            – Era um jogo? – A pergunta foi feita em uma constatação tão dolorida que agora era o coração da Hellsing que desmoronava. – O tempo todo, como eu me comportava na mesa, se ficava doente, se buscava as flores ou chocolates, como eu me vestiria ou como me comportei no baile... Deus! Era tudo um jogo?

            Integra o observou levando as mãos novamente à cabeça, tentando manter a linha de raciocínio em meio à dor que se alastrava pelo crânio.

            – Então, existe um placar? Está quantos pontos à frente?

            Integra deu um passo, tentando se aproximar de Vlad, mas ele não permitiu.

            – Se queres jogar com a sua vida, Sir Hellsing, nada posso fazer além de lamentar muito. Mas com a minha não!

            Driblou a mulher e saiu do salão, não vendo a situação frágil e deplorável em que deixou Integra, ainda segurando a espada de esgrima sem ponta, apoiada no chão. A Hellsing, que sempre foi senhora da situação e de seus interlocutores, agora se via absolutamente perdida na discussão. Certamente, se existisse um placar, ela estaria na última posição.

Did I say that I loathe you?

Did I say that I want to

Leave it all behind?

I can't take my mind off you

I can't take my mind off you

I can't take my mind off you

I can't take my mind off you

I can't take my mind off you

I can't take my mind...

My mind... my mind...

Until I find somebody new


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Notas finais do capítulo

Eu não consigo mais justificar os caps...sorry. Caramba, 16... não acredito que alguém me acompanhou até aqui...

Quanto ao capítulo em si...Pois é,não me mantem. Quero deixar registrado que a situação frágil de Integra é apenas interior...alguma coisa sobre ela ser Integral Fairbrooks Wingates Hellsing e blá blá blá. A questão é que Vlad anda estremamente passional nesses últimos capítulos ãn?

sim, faculdade, trabalhos, provas, artigos e o fato chocante de fazer séculos que não leio AlucardxIntegra completo estão tornando postar muito difícil, mas vou tentar postar ainda na semana que vêm. A todos pela atenção, muito obrigado!

ps: essa história do placar vêm de carpe noctem...' mas acho que dá pra entender bem o joguinho né?



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