POV. Bella

— E foi isso que eu pensei... O que acha? – Jacob perguntou-me mostrando os papéis em suas mãos.

— Oh! – assustei-me – Ah, pode ser. – afirmei.

Eu nem ao menos sabia sobre o que ele falava. Minha cabeça estava a mil, pensando na expressão estranha de Edward de manhã.

— Você não ouviu o que eu disse, certo?

— Estava distraída...

— Percebi. – ele disse rudemente – Alguma coisa a ver com seu motorista particular? – sua voz era sem interesse.

— Não é da sua conta. – bufei.

— Claro, claro. Só me pergunto o porquê. Bella, eu sou muito melhor do que ele, ou vai me dizer que ele é melhor de cama do que eu?

— Não te devo satisfações, mas sim, ele é.

— Oh! Por favor! Ele é magrelo e estranho. Será que não percebe que ele não é confiável? Homens sabem quando outro homem não presta... Ele tem uma cara de corrupto...

— Saia daqui Jake! Vamos! – gritei.

— Você faz isso porque sabe que é verdade...Olhe pra mim – ele girou sobre os calcanhares e sorriu seu sorriso largo e brilhante que se contrastava com a cor de sua pele.

— Não vejo nada demais. – menti fitando seus músculos sobressaindo o paletó.

É claro que eu via.  Qualquer um veria, Jacob era lindo, mas não me interessava em nada se comparado a Edward. Ele me fitou confuso,depois pegou os papéis e abriu a porta.

— Um dia verá... – saiu.

POV. Edward

— AH GAROTA NÃO BRINCA! – Alice gesticulava fielmente a suas palavras, ela conversava com uma garota chamada Maria no celular – Ele é tão lindo, mas você sabe que eu ainda não me esqueci do... – hesitou, agora o olhar triste – Quer saber, que seja. Eu quero vê-lo sim. Hoje? – ela tentava sorrir – Nós quatro? Seria ótimo, não quero ficar sozinha com o cara... – suspirou – Até então... ESPERA! – eu quase pulei com seu grito – Como ele se chama mesmo? Oh, oh sim... Até. – ela desligou e depois de alguns segundos em silêncio, me olhou fixamente pelo espelho central.

— Você está numa enrascada Edward... – ela murmurou sorrindo.

— O-O que? – gaguejei engoli seco.

Talvez ela tenha me reconhecido. Se não fosse pela última vez que nos vimos, talvez de algum retrato falado em uma página policial qualquer. Apesar de que eu havia mudado muito desde meu encontro com ela, e o último serviço... Meu cabelo estava maior, e eu o usava bagunçado agora, não curto e arrumado como antes... Tudo era de se esperar de alguém como ela.

— Está apaixonado... Posso ver em seus olhos. – ela sorriu.

— Você... – gaguejei novamente.

— Seu olhar profundo, cansado... Cansado de amar... – ela suspirou de tristeza – É como se não soubesse o que era isso e agora que sabe...

— Você me parece profissional em termos de relacionamento... – caçoei – Está apaixonada? – perguntei, mas me soava tão intrometido.

— Bem que eu queria poder dizer que não... – ela murmurou.

Havíamos chegado e ela desceu do carro vagarosamente depois que eu abr a porta.

— Você é um ótimo motorista. Obrigada e, até amanhã. Oh – hesitou – Boa sorte... – ela mencionava minha vida amorosa, claro.

— Obrigado e, boa sorte pra senhorita também... – ela acenou e entrou no prédio.

Antes de sair, estremeci lembrando-me do que me levara até aquela mulher. Eu deveria conquistá-la, o que já estava fora de questão por ela ser apaixonada por outra pessoa. Em pensar que um tempo atrás isso não me parecia problema, o amor era tão ridículo, senti-lo foi o preço que eu precisava pagar pra mudar de opinião.

Carlisle me ligara, como sempre, ele sabia meus horários. Senti-me tão controlado, como um robô.

— Como foi com nossa pequena e graciosa “mina de ouro”? – ele gargalhou.

Perguntei-me quantos termos ele teria pra chamar seus objetos de golpe, e do que ele me chamava.

— Bem. – hesitei.

— Já traçou ela? – ele bufou.

— O que? – perguntei indignado – Não, não.

— Tem sido tão rápido com Isabella que eu não me surpreenderia...

— Carlisle, – murmurei com repulsa – temos um problema... – na verdade ele tinha, eu me sentia aliviado – Alice está perdidamente apaixonada por outro homem... – exagerei.

— E? – ele parecia totalmente despreocupado.

— E? Bem, será muito complicado de realizar o serviço se ela...

— Isabella tinha namorado e você...

— Ela não o amava! – o interrompi ansiosamente.

— Foda-se! Faça o que deve ser feito... – ele hesitou – Ei, Jane, venha aqui, você me deve uma noite de... Oh, ah, Edward, depois nos falamos. Seja homem e faça o serviço de uma vez! – desligou.

Droga! Era impossível pensar em estar com Alice, ela me parecia tão desprotegida e magoada o bastante pra uma vida toda. Além do mais eu não a amava, isso estava começando a se tornar um problema, me parecia como uma bola de neve, cada vez maior.

Desisti de encontrar um jeito de livrar-me e, rumei a Fashion Flash pra buscar Bella.

"Tem sido assim desde o começo

Um pedaço após o outro para fazer meu coração

Você erra a dor para ser esperto

Ficando aqui, vendendo isso e atingindo sua marca

Mas o barulho do ferro, vai bater, vai ranger

Irá gritar para lembrar quem decide a minha vida

Mas com o tempo tudo morre, não sobrará nada

Apenas o metal enferrujado que nunca nem foram meus

Gostaria de gritar, mas sou apenas essa concha vazia

Esperando aqui, implorando por favor

Me liberte, para que eu possa sentir..."

(Robot)

Desta vez ela não me esperava fora da empresa, esperei por alguns minutos e, resolvi entrar pra chamá-la, do contrário nos atrasaríamos para o jantar com Emmett. Depois de pegar o elevador e subir até o sexto andar, segui na direção da moça loira sentada, me parecia ansiosa e se surpreendeu ao me ver.

— Eu queria falar com Be...

— É, eu sei. Ah, a senhorita Isabella está na sala. Olha, eu sei que você é motorista e sabe das coisas, dos horários e etc., então por favor apresse ela, eu tenho que ir. – ela hesitou – É por ali. – disse apontando para uma das três portas atrás de mim.

Parei perto da porta antes de entrar, e esperei ouvindo a conversa que ela tinha com alguém.

— Eu já disse que eu não... Olha, James pode ameaçar o quanto quiser você é um idiota! Eu estou atrasada... Oh, oh, pare de me chamar de vadia eu vou... – a interrompi entrando na sala – Tenho que ir. – ela desligou.

— Era...

—Eu sei. – afirmei – Não se importe com ele... – murmurei.

— Eu não me importo. Só que eu sei que errei com ele, quer dizer, não que eu me arrependa. Talvez eu seja mesmo uma vadia... – ela disse convencida.

— Você não é. – afirmei com pesar por ela ter o dito, tão convicta.

— Eu o enganei de certa forma... – ela parou.

Por que cada palavra de Bella sobre enganar me feria tão profundamente? Eu me sentia horrível cada vez mais, só de pensar no que ela diria se soubesse sobre mim...

— Pare com isso, aliás, estamos atrasados... – murmurei – E a garota lá fora não agüenta mais esperar.

— Oh Tanya... – ela disse pegando a bolsa.

Bella desligou as luzes e caminhou em minha direção, com os braços abertos. Eu a abracei depositando um beijo em sua testa, ela suspirou e me guiou pra fora da sala.

— Bom, eu volto em alguns minutos, preciso me arrumar. – murmurei

— Certo, não demore... – Bella disse e depois entrou.

Corri com o carro até meu apartamento. Tinha que haver uma maneira de Rosalie não ir até o jantar, aquilo seria o fim de tudo. Ela sempre fora correta e chata o bastante para aceitar que eu fingisse ser irmão de Emmett.

— Ei Emmett... – murmurei depois de esperar alguns segundos que ele atendesse.

— Ed! O jantar está de pé certo?

— Sim, sim... Ah, eu preciso lhe pedir um favor.

— Estava demorando... Fale. – ele disse irônico.