Lie - The Story Of The 8th Sin escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 9
Confissão.


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz uma pequena alteração no final desse capítulo, acho que vocês vão gostar :3
>>> E ei pessoas, eu estava pensando em fazer um capítulo extra dessa fic ecchi para colocar no final da fic. O que vocês acham?
Lie: epa, ecchi? o_ô'
Envy: epa, ecchi?! o_Ô'
Koneko: sim, ecchi! E se meus leitores forem pervas o suficiente talvez saia um hentai bem fraquinho.
Lie e Envy: O QUÊ?!
Koneko: *sai correndo*
Lie e Envy: *correm atrás* VOLTA AQUI!!

XD E se vcs resolverem que tudo bem, então serão dois extras porque eu estava pensando em entrevistar os personagens *imaginando uma entrevista com a Lie*



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Chapter 9 (28, 29 e 31 – Brotherhood): confissão.

Ouvimos um barulho vindo da porta. Eu me virei para lá. Parecia que fazia um século que eu não vinha naquele esconderijo, mas me lembrava de onde ficava tudo. Uma quimera raivosa se aproximava de nós e eu franzi o cenho, sem entender de onde ela viera. Repentinamente, a quimera explodiu-se em sangue e deitou-se morta no chão, dando lugar para vermos um homem alto, pardo e com uma cicatriz em forma de X na testa. Scar. Ao lado dele, uma garota de tranças, bem baixinha e com o rosto redondo e roupas cor-de-rosa. Uma gracinha aparentemente, mas ela me lembrou Pride. Ela olhou para nós e se escondeu atrás de Scar.

– O que foi? – ele perguntou.

– Não... Não gosto daquela pessoa... Ele é uma pessoa e ao mesmo tempo não é!

Scar levantou o olhar para o Pai, mas dirigiu um olhar para todos nós.

– Realmente, todos eles não são pessoas.

O pequeno gato preto e branco que Alphonse carregara nesse episódio todo, correu até a menina e pulou em seus braços.

– Shao May! – exclamou ela feliz. – Que bom! Que bom, eu estava preocupada!

Greed começou a aplaudir lentamente.

– Ooh, eu não entendi direito, mas é um reencontro bem emocionante.

– Emocionante do tipo: ugh, quero vomitar. Que bom que não sou humana. – completei.

Envy me lançou um olhar levemente aprovador. Edward e Alphonse continuaram com suas tentativas inúteis de libertar-se.

– Alquimista do Aço. – murmurou Scar.

– Hã? Onde? Onde está o Edward-sama? – perguntou a garotinha.

– É aquele ali. – disse ele apontando para o Baixinho-kun.

Ela, ainda sim, não viu.

– Ele não está em lugar nenhum!

– Como eu disse, é aquele ali. Aquele garoto é o Alquimista de Aço.

Ela estreitou os olhos para conseguir enxergar. Eu notei a expressão de Edward começar a ficar indignada e a da garotinha, decepcionada.

– Como ousa brincar com o coração puro de uma garota, seu nanico?! – gritou.

– O que foi, sua nanica?! – berrou de volta.

– Irmão, o que você fez com aquela garota? – perguntou Alphonse, confuso.

– Eu não fiz nada!

Ao meu lado, Gluttony se virou para o Pai.

– Aquele é o ishbaliano que eu não consegui comer.

– Aquele da nação de desobedientes? Se me lembro bem, é ele quem nos atrapalha com sua alquimia destrutiva.

–Vamos acabar com eles, Gluttony? – perguntou Envy. – Ele não pode usar suas técnicas agora.

Gluttony assentiu e gritou uma afirmação, então pulou sobre Scar. Este, atacou Gluttony como se... espere, não, suas técnicas estavam de fato funcionando. Como?

– O quê?! – Envy soltou.

Enquanto isso, a garotinha continuava a indignar-se.

– Imperdoável! Pisa no coração de uma garota e ainda sequestra o Shao May! – ela tirou (do nada?!) várias kunais e jogou-as numa pedra próxima a Envy. Ele se surpreendeu. Ela fez um círculo de alquimia no chão e colocou mais cinco em suas extremidades. – Todos vocês merecem uma punição!

Uma grande mão de pedra saiu do chão, formando uma cratera, e atingiu Envy bem em seu abdômen, fazendo Alphonse e Edward voarem para outro canto.

– Obrigado! – disse Edward.

Entretanto, eu não tive a mesma sorte.

– ARGH, ENVY, VOU TE BATER, SAIA DE CIMA DE MIM! – gritei.

Dessa vez foi mais rápido. Eu me levantei a tempo de ver Edward e Alphonse tentarem transmutar novamente.

– Realmente não está funcionando!

– Por quê?!

– Lie, pare de reclamar. – disse Envy ao meu lado. – Por que conseguem usar suas técnicas aqui?!

– Do que está falando? – Scar perguntou.

– Scar! – gritou Edward, correndo alguns metros. – Eu vou te contar a verdade sobre a rebelião de Ishval!

– Verdade?

– O incidente com a criança que iniciou a rebelião... Esse cara, chamado Envy, se transformou num oficial do exército e atirou de propósito! É tudo culpa deles!

Eu comecei a rir.

– Ah, certo, isso está ficando interessante. – murmurei, morrendo de vontade de colocar uma cópia minha atrás de Edward e usar uma preciosa adaga em seu pescoço.

Scar olhou fixamente para o Pai por alguns segundos.

– Parece que eu precisarei de mais detalhes.

Gluttony levantou atrás de Scar e tentou avançar novamente. O outro, por sua vez, usou a mesma técnica novamente.

– Responda. – disse Scar ao Pai. – Por que meu povo teve de ser dizimado? De acordo com a resposta, eu o enviarei a Deus. Não, não os enviarei para o lado de Deus em que meus amigos de Ishbal descansam! Vocês não merecem salvação nem descanso!

Foi aí que Scar provocou o que eu posso chamar de... uma explosão do capeta. O chão embaixo de mim se desfigurou e eu fui lançada para o outro lado do salão. Ou pelo menos foi a impressão que tive.

– Incrível. – disse a voz de Greed. Eu me sentei e o observei presunçosamente sentado numa pedra. – Você é bom para um humano.

– Greed, elimine os invasores. – o Pai pediu.

– Certo, certo.

Eu observei a confusão ao lado do Pai. Gluttony ia atrás da garotinha. Envy lutava com Scar. E Edward tentava lutar com Greed/Ling.

– Como acha que eles estão conseguindo? – o Pai perguntou-me. – Sei que você aprendeu um tanto de alquimia com o tempo pelo que Wrath me disse, estou certo, Lie?

Fiquei ligeiramente surpresa pelo Pai se dirigir a mim tão diretamente e de repente.

– Hã, sim é verdade. Mas eu não sei, senhor. O tipo de alquimia que eles usam parece ser diferen... – eu parei. Lembrei-me então de um tipo de alquimia sobre o qual tinha estudado, mas que não conseguia lembrar-me o nome. Talvez fosse aquilo. Ou talvez não tivesse absolutamente nada a ver.

Ele ficou alguns segundos em silêncio e no minuto seguinte, notei que já não estava ali. Fui encontrá-lo visualmente próximo a Scar.

– Ei, você, por que pode usar alquimia? – perguntou.

Eu fiz uma careta. Que cara de pau. Scar tentou revidar, usando sua alquimia contra o Pai.

– Realmente está funcionando. – disse ele sem parecer ter sofrido nenhum efeito. – Destruição humana. Não, decomposição humana...

Scar pareceu assustado e se afastou. O Pai, então, fez uma transmutação e sangue voou do corpo de Scar para todo canto, fazendo-o cair de costas no chão.

– Scar-san! – minha atenção foi atraída para a garota. Gluttony deu uma investida contra ela e ela quicou para perto de uma pedra. O estranho gato preto, Shao May, tentou ajudá-la inutilmente. – Shao May... Fuja...

– Eu vou comer! – gritou Gluttony investindo contra ela novamente.

Entretanto, dessa vez foi impedido por Alphonse e caiu próximo a onde eu estava.

– Ei, aparentemente a comida tem escapado de você, não é mesmo? – perguntei.

– Quero comer... – ele choramingou.

– Vou ver se arranjo algo para esse seu estômago de pântano. – murmurei indo até Alphonse.

Eu me aproximei dele, que fugia para a porta.

– Armadura-kun, vamos brincar de estátua. – falei, pulando na frente da porta para que ele não passasse. Ele segurava a garotinha e o gato nos braços. – Paradinho aí.

– Hm! Ahn, Lie, por favor, deixe-me passar, ela está machucada.

– Quero lutar com ela. – falei.

– Quê?!

– É exatamente isso.

– Você não ouviu quando disse que ela está machucada?

– Sim, e imagino que isso vá me dar uma vantagem.

– Que covardia! Eu não vou permitir isso.

Eu revirei os olhos.

– Então lute você comigo.

– O quê? Por quê?

Eu dei de ombros.

– Primeiro porque quero lutar. Segundo porque o Pai está olhando e apesar de eu ser parcialmente contra a violência, prometi ajudar. E terceiro porque Gluttony está com fome, seria legal fazer um de vocês ver o mesmo que eu vi no estômago dele.

– Isso é crueldade.

Dei de ombros novamente.

– Pode me chamar do que quiser, mas tenho meu trabalho feito.

Nós nos encaramos por alguns segundos.

– Olha aqui. – falei. – Vamos fazer um jogo, então.

– Jogo...?

Eu fiz, mais rápido do que a visão dele podia acompanhar, três cópias minhas no lugar exato onde eu estava. Mas assim que as cópias tomaram meu lugar, escondi-me atrás de um pilar cilíndrico, observando tudo dali.

– Você vai ter que descobrir quem de nós é a verdadeira. – disse a Cópia um.

– Se você conseguir, eu dou uma pequena vantagem de tempo para você fugir. – continuou a Cópia dois.

– Mas se não conseguir acertar, a garota vai lutar comigo. – a Cópia três completou.

Alphonse hesitou.

– Tenho escolha?

As cópias sorriram em sincronia.

– Não. – disseram em uníssono.

Ele suspirou e observou as cópias. Sua cabeça girou de um lado a outro, da um à três, pensando, procurando. Eu sorri maliciosamente. Ele nunca ia descobrir. Minhas cópias eram exatas, afinal, eu era a rainha da ilusão.

Mas então ele falou:

– Mas... Lie... Nenhuma dessas é você.

Eu fiquei com uma bola presa na garganta e minhas cópias também. Todas arregalamos os olhos e o observamos como se fosse um louco. Fiz as cópias desaparecerem ainda entorpecidas de surpresa, e saí de trás da coluna, caminhando lentamente até ele com um olhar agora desconfiado.

– C-Como você descobriu?!

Ele pareceu alegre.

– Ah. Eu tinha razão. Seus olhos.

– Que têm eles?

– São mais escuros do que os das suas cópias. – respondeu. – Os seus são mais profundos e desafiadores. Os delas são mais opacos.

Eu suspirei.

– Você tem dez segundos, armadura de lata. Um... Dois...

– O quê? Só dez?

– Eu disse que daria uma pequena vantagem, não muita. Três...

Ele começou a correr, tentando não agitar muito a garota. Correu para a saída e desapareceu atrás da porta.

– Quatro. – continuei, mas parei por aí. Não ia ficar contando em voz alta.

Maldita mania de cumprir minhas promessas.

Logo em seguida, vi Scar sair correndo pela mesma porta e Envy e Gluttony atrás.

– Lie, não fique aí parada, idiota, venha atrás deles! – Envy gritou.

– Tenho que esperar mais três segundos, importa-se? Vá na frente, o Armadura-kun foi pra lá também.

Ele bufou e seguiu. Oito... Nove... Dez. Eu ouvi uma explosão e ergui uma sobrancelha, comecei então a correr em direção ao som e uma cortina de fumaça não demorou a me envolver. Quando cheguei, a fumaça se esvaiu e eu vi Envy segurando Alphonse contra a parede.

– Pra onde? Pra onde ele foi?!

– Eu não sei!

– Gluttony, siga pelo cheiro.

Olhamos na direção de Gluttony. Ele estava estatelado no chão e todo queimado.

– Ahh, isso é um problema. – murmurei.

– Acabou o poder regenerativo dele? Ele morreu demais! – Envy relatou e se virou para mim. – Por que deixou o Armadura escapar? Talvez agora o Scar estivesse em minhas mãos!

– Ei, eu te indiquei a direção! – defendi-me.

– Você não disse que me daria dez segundos?! – Alphonse objetou, irritado.

– Eu disse que EU daria, não que ENVY daria dez segundos. – rebati. – Nunca confie na mentira. Vocês humanos são burros demais, meu Deus.

– Vamos levá-los de volta. – disse Envy. – Arraste o Gluttony.

– O quê?!

– Você ouviu.

Ele pegou Alphonse e começou a andar na direção de onde viemos. Olhei para Gluttony estatelado no chão e comecei a arrastá-lo com dificuldade graças a seu peso pelo mesmo caminho. Apesar de não ser muito longe, demorei um pouco para voltar com aquele peso morto.

– Droga, fizeram um monte de coisas desnecessárias. – Envy comentou. – Se vocês ficassem quietos não teríamos feito nada.

– Irmão. – disse Alphonse quando viu Edward aproximando-se dele.

– Ele... – começou, olhando para Greed. – Ling está lá dentro.

Revirei os olhos e me sentei em cima da barriga de Gluttony, cansada de carregá-lo.

– Quantas vezes teremos que dizer? – reclamei. – Ali é o Greed. Seu amiguinho se foi. O que é uma pena, ele parecia gente boa, mas e daí? Já era.

Edward me lançou um olhar agressivo. Toda a camaradagem de quando tentávamos sair do estômago de Gluttony se fora. E agora aquele estômago estava era embaixo da minha bunda, servindo de cadeira, graças a ele. Eu lhe devia uma, mas ainda sim tinha um trabalho a fazer do qual eu não podia abrir mão. Odeio ficar em dívida com os outros.

– Envy. – disse o Pai – Leve esses dois até Wrath. Lie acompanhe-os, caso eles resolvam fugir você pode ajudar o Envy.

– Não preciso de ajuda. – Envy resmungou.

– Apenas façam o que eu falei. Envy, não me dê mais uma dor de cabeça.

Franzi os lábios.

– Sim, senhor. – respondi, levantando-me. Olhei para Envy de cima abaixo. – Acho melhor voltar à forma humanóide, além de ficar feio assim você fica inútil num lugar apertado como esse.

Ele soltou um resmungo.

– Eu fico da forma que eu quiser.

Encaramo-nos por um tempo e ele desviou o olhar, pensativo.

– Ok, mas não vou fazer isso porque foi você quem sugeriu. – disse ele. Começou a ficar mais baixo e a partir de então, tomar a forma que eu conseguia reconhecer como Envy. – Venham logo, Baixinho-san e Armadura.

Eu sorri para os Elric e deixei-os ir à frente, seguindo Envy. Fui por trás, a fim de evitar qualquer fuga desnecessária. Andamos algum tempo até que paramos próximos a um elevador.

– Ei, para onde estamos indo? – Edward perguntou.

– Entre. – disse Envy, lançando um olhar a nós e entrando quando a porta se abriu.

Os garotos hesitaram, mas o seguiram. Eu fui atrás, entrando, apesar de saber que depois não poderia sair. Envy apertou o botão e as portas se fecharam.

– Vou ficar esperando aqui, Envie. – murmurei. – Não posso sair já que não tenho o mesmo poder de disfarce que você.

– Tanto faz.

Por algum motivo, não consegui desviar o olhar dele por um longo tempo. O homúnculo notou, olhando para mim também. Eu me senti corar e desviei rapidamente o olhar. Minutos depois, ele se transformou em um oficial loiro de feições calmas, porém, seu mau humor ainda era visível por meio daquele rosto estranho.

– Obrigada pela visita, irmãos Elric. Voltem sempre. Ou não. – sorri para os dois, ignorando o fato de saber que todos estavam com raiva uns dos outros ali dentro. Eu adorava ser falsamente simpática.

A porta do elevador se abriu e eles saíram.

– Aqui é... – Edward exclamou, saindo rápido e surpreso. – O Quartel General do Exército!

Eu apertei o botão do elevador, fazendo a porta se fechar, e suspirei fundo.

– Ei – ainda ouvi Envy dizer. – Não vão vir?

Eu apoiei minha cabeça na parede do elevador. Eu sabia que Envy estava com um pouco de raiva de mim, eu o vinha provocando com frequência demasiada desde que entramos no estômago de Gluttony. Eu estava tentando entender o motivo da minha implicância apesar de ser um tanto óbvio: eu queria chamar sua atenção. Eu estava fazendo isso involuntariamente, mas também não me importava muito. A verdade... A verdade, coisa que eu sempre evito falar. Ah, nossa, que irônico. A verdade era que eu gostava do Envy. Ele significava algo para mim, eu percebia. Lembrei-me do momento, na clareira, quando ele estava lutando com o rapaz de Xing, quando ele foi atacado. Meu primeiro ímpeto foi ir atrás e dar uma surra no dos olhos puxados, mas eu me contive. Contive-me porque sabia que ele não gostaria, mas o ponto que quero realçar foi aquele ímpeto: eu só tive aquela vontade porque queria protegê-lo. E só se quer proteger quem significa algo para você.

Que droga, estou parecendo uma humana que acaba de descobrir que se apaixonou.

Mas homúnculos também podem se apaixonar, certo? Eu sou a prova disso. Eu e Luke... Ai, Luke. Por que agora a culpa que sinto ao pensar nele é diferente? Sinto como se eu o estivesse traindo ao pensar ao mesmo tempo em Envy. Eu posso trair alguém que está morto? Meu coração dizia que não, mas meu cérebro insistia em angustiar-me.

Será que Luke me perdoava? Eu nunca iria saber. Nem se ele me perdoava nem se ele considera traição o fato de eu começar a gostar de alguém duzentos anos após sua morte. Falando assim tudo parece pateticamente fácil.

Eu me lembrei do beijo que dei em Envy quando estávamos no estômago do Gluttony. Foi, na verdade, apenas para distraí-lo enquanto eu batia nele, mas meus lábios ainda formigavam quando eu me lembrava da rápida e superficial sensação de nossas bocas se tocando. Quase me deixava com vontade de pedir a Gluttony que me engula de novo para reviver aquele momento.

Interrompendo minhas especulações, a porta do elevador se abriu, revelando o oficial loiro uniformizado. Ele ficou ligeiramente surpreso em me ver, quase nada, mas entrou e apertou o botão, transformando-se no Envy mal humorado de sempre outra vez.

– Então, você me esperou mesmo. – comentou.

– Em outras oportunidades eu diria que não tenho mais nada para fazer, mas acho que precisamos conversar.

– Minha cor favorita é verde. Pronto. Isso pode ser considerado uma conversa?

– Em uma conversa existe um diálogo, então para sua decepção, não. Está zangado comigo?

Ele levantou uma sobrancelha.

– Não. – respondeu.

– Mentiroso. – acusei, virando-me de frente para ele. – Não tente mentir para mim.

– Não estou mentindo. Não estou zangado com você, só irritado e intrigado.

– Por quê?

Ele me observou por um tempo.

– Por que você anda me irritando tanto ultimamente? Eu percebo que é de propósito.

Essa pergunta me pegou desprevenida.

– Porque... – comecei. Droga, pensei. Estou sem conseguir mentir de novo. – Hã, você não me respondeu.

– Considere minha pergunta uma resposta. Agora você, responda minha resposta.

Eu mordi o lábio, pensando.

– Não tenho uma boa resposta.

– Então me dê uma ruim.

Eu fiquei quieta. Se dissesse a verdade, ele perguntaria o porquê e aí o que eu diria? “Ah, Envy, porque eu gosto de você e quero que me note para gostar de mim também”? Nem pensar, não precisava ser inteligente para saber que Envy também tinha um ego. E dos grandes.

Comecei a questionar a demora do elevador, mas repentinamente as mãos de Envy estavam sobre meus ombros e eu cambaleei para trás, sentindo minhas costas escorarem-se à parede do elevador. Esperei que ele dissesse algo, mas ele apenas ficou me olhando. E seus olhos estavam margeados de raiva e confusão, os quais eu não sabia de onde vinham.

Engoli em seco e observei-o, esperando. Qualquer ação, qualquer palavra. Nada.

– Envy... – murmurei, a fim de estimulá-lo.

Mas então a porta do elevador abriu. Só que não estávamos no andar inferior. Então eu percebi que o elevador não saíra do lugar: o botão que Envy apertara era apenas o de fechar a porta. Agora alguém nos observava com curiosidade. Envy deixou os braços caírem ao lado do corpo e se espreguiçou.

– Ei, Pride, vai ficar aí parado?

Pride olhou para o outro lado do corredor e então deu alguns passos para dentro do elevador. Eu apertei o botão de descer.

– Era justamente com você que eu queria falar, Lie. – Pride comentou.

Eu o olhei, surpresa.

– Comigo?

– Você é a única Lie que eu conheço.

– Vai saber.

– Sobre o que vão conversar? – Envy se intrometeu.

– Não te interessa, Envy. – Pride retrucou. – A não ser que queira ouvir críticas também.

– Críticas? – ecoei, preocupada. O que eu fizera nas últimas semanas para ser criticada?

Pride ficou calado e Envy emburrou-se. A porta do elevador se abriu.

– Se nos der licença... – Pride gesticulou com a cabeça, indicando a porta.

– Pois não, baixinho. – Envy saiu, lançando-me um último olhar e eu pressionei o botão de fechar a porta, sem subir.

– E então, o que foi? – perguntei.

– Em decorrência de algumas situações, gostaria de te fazer algumas perguntas.

– Faça, oras.

– A primeira é... O que há entre você e Envy?

– Além da porta do elevador?

– Vocês estão andando muito juntos.

Ele maneou a cabeça, quase como lembrando a cena que acabara de ocorrer. Eu sabia o que ele estava pensando: que Envy ia me beijar. Certo, confesso que eu também pensei isso por um instante. E a ideia não foi lá desanimadora.

– Não está acontecendo nada. – falei. Infelizmente, acrescentei em pensamento. – Por quê?

Ele assentiu, mas não respondeu.

– Vou te perguntar outra coisa: – prosseguiu. – Lembro-me do dia em que nos conhecemos. Envy ficou com inveja dos seus elogios a mim e você disse algo como... “ontem eu estava cobiçando sua habilidade de transformação”. Lembra-se?

– Sim, mas aonde você quer chegar?

– Você ainda quer a habilidade do Envy?

Eu esbocei um sorriso de desdém.

– Sim. – admiti. – Eu ainda a cobiço.

Observei um sorriso se formar na face de Pride.

– Mas – continuei. – Eu não seria capaz de tomá-la para mim.

O sorriso se esvaiu.

– Por que não?

Eu pensei um pouco e sorri.

– Porque eu gosto do Envy.

Pride ergueu uma sobrancelha.

– Devo rir?

– Não.

– Tenha certeza de que não é recíproco. Estamos falando do Envy.

– Sei disso perfeitamente.

Pride bufou e apertou o botão de abrir a porta.

– Boa sorte. Mas isso não tem futuro, eu lhe garanto.

Pensei detectar um duplo sentido na frase, mas apenas assenti.

– Não se preocupe comigo.

– Não me preocupo. Pelo contrário.

Eu lhe lancei um olhar, pensando o que queria dizer com isso, e saí do elevador. Segundos depois, ouvi o som da porta se fechando. Bem, Lie, pensei. Você admitiu. Agora é tarde.

Eu olhei para trás, a porta do elevador fechada. Espera, por que Pride me perguntou tudo isso? pensei. Não pude especular sobre isso por muito tempo, pois ouvi gritos e fui correndo em sua direção. Vinham da cela do Dr. Marcoh e a voz familiar pertencia a...

– Envy, o que houve?! – perguntei.

– DROGA! DROGA! DROGA! – ele gritou e chutou uma Quimera. Notei uma coleira vazia.

– Desembucha, o que hou... – eu parei, olhando para o outro lado e arregalando os olhos.

Um cadáver decepado e completamente ensanguentado e destruído jazia apoiado. Na parede sobre ele, estava escrito com sangue a palavra “vingança”. Eu reconheci as roupas.

– Cadê o Doutor Marcoh? – perguntei, ainda olhando. A cabeça tinha que estar em algum lugar, não?

Envy virou para mim.

– Foi o Scar. E não acho que ele tenha matado o Marcoh, acho que os dois fugiram.

Eu olhei novamente para o cadáver.

– Como ele fugiu se o corpo está...

– Está faltando uma quimera aqui. E Marcoh sabe transmutar o corpo.

– Ah, claro. – murmurei, convencendo-me da teoria. – Droga, eu devia ter ficado aqui embaixo para procurar o Scar enquanto você levava os Elric lá em cima. – eu olhei ao redor. – Minha cópia sumiu, acho que ser engolida pelo Gluttony rompeu a conexão.

Imaginei que ele fosse perguntar como essa conexão funcionava, mas não, ele apenas me lançou um olhar, assentindo.

– Temos que avisar o Papai. – murmurou. – E também, estou planejando ir amanhã buscar uma pessoa, estamos precisando de ajuda.

– Quem?

– O Alquimista de Carmesim, Kimblee.

Eu pensei.

– O nome não me é estranho, devem ter rolado algumas notícias sobre ele em Dubith. Foi na época do extermínio de Ishbal, não é?

– Sim.

– E agora?

Ele pensou por um momento.

– Antes quero te fazer uma pergunta, Pride me interrompeu bem na hora que eu ia falar. – ele olhou para o lado e se espreguiçou.

– Estão me fazendo perguntas demais hoje. Mas diga-me, o que foi?

Ele me olhou pelo canto do olho curiosamente.

– Por que você me beijou lá na barriga do Gluttony?

Eu não respondi de imediato. Desviei o olhar.

– Para te distrair, queria te bater.

– Acho que já comentei que você devia mentir melhor, não?

– É, já, ainda estou acatando. É difícil mentir para você.

– O que significa que estava mesmo mentindo. Responda a verdade.

Droga, eu devia calar minha boca. Eu olhei para ele, ainda tentando esconder o rosto, mas achando isso inútil.

– Por que você acha?

– Eu que sei?

– Se você não sabe, então eu também não sei. – concluí dando de ombros.

Ele estreitou os olhos para mim.

– Lie, por acaso você...

– Ei, vocês dois. – interrompeu uma voz. – O que aconteceu aqui?

Eu me virei e me deparei com Greed.

– Marcoh aparentemente fugiu com Scar, pode avisar ao Padrasto, por favor?

– Padrasto? – ele pareceu confuso.

– Pai. É que ele não é meu pai, tecnicamente. Lin... Greed, por favor.

– Parem de me chamar de Ling, que droga. Ele não está mais aqui.

– Tanto faz! É que eu me acostumei, fiquei um tempão no estômago do Gluttony com ele.

– Então é isso que fede tanto... – ele cheirou as próprias vestes.

– Agora pode nos dar licença? Estamos tendo uma discussão importante.

Ele revirou os olhos.

– Sim, senhora. – respondeu com ironia, e saiu andando.

Eu me virei para Envy. Agora ele estava mais perto de mim, enquanto estivera olhando para Greed ele andara alguns passos. Eu me afastei um pouco, instintivamente e levantei a cabeça para olhá-lo, só agora notando que ele era mais alto do que eu. Normal, normal, eu sou nanica mesmo, embora não tão baixinha quanto o Edward Elric.

– Como você dizia? – perguntei.

Ele me observou por alguns segundos e abriu a boca a fim de dizer algo, mas em seguida a fechou. Observamo-nos por longos minutos e eu dei um passo em direção a ele, reduzindo a distância que aumentara poucos segundos atrás. Ele desviou o olhar por um momento.

– Lie eu posso... tentar uma coisa? – perguntou.

Eu respondi sem pensar, mas não de imediato.

– Pode.

Ele olhou para mim novamente e envolveu meu rosto com as mãos. Nossas faces se aproximaram mais e mais e logo nossas bocas estavam juntas. Ele começou a me beijar, movendo os lábios com delicadeza, e eu correspondi, ficando um pouco na ponta dos pés para conseguir mais contato. Entretanto, acabou rápido demais. Envy me soltou e deu um passo para trás, encarando o chão.

Eu levei meus dedos aos lábios, notando-os trêmulos.

– O que foi? – perguntei, hesitante. Minha voz não saiu mais que um sussurro alto.

Envy ficou mais alguns segundos quieto, pensativo. Então espreguiçou-se e olhou para mim.

– Nada. Vamos dar a notícia ao Pai, Greed não será capaz de explicar uma letra sequer. – ele começou a ir em direção a porta. Quando não o acompanhei, ele se virou. – Você vem?

Fiquei feliz por ele ainda esperar por mim, mas chateada por ele não querer falar o que havia começado.

– Eu vou limpar essa bagunça. Encontro você depois?

Ele me lançou um sorriso – com o qual eu quase me derreti – e se virou.

– Pode ser.

Então eu observei sumir atrás da porta.


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Notas finais do capítulo

Beeeeeeeem, já sabem, reviews, e respondam a minha pergunta lá em cima, preciso saber as opiniões alheias de vocês XD
Kissus!