Lie - The Story Of The 8th Sin escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 8
Cooperação entre inimigos.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo acho que vai decepcionar um pouco :/ Acho que a maioria esperava mais ação da Lie, mas não soube escrever cenas de luta menos fracamente desenvolvidas com ela >.<
Gomen ne! Gomen ne! Gomen ne! D:



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Chapter 8 (Ep. 26 e 28 (metade) – Brotherhood): Cooperação entre inimigos.

Ok, eu sou totalmente contra violência. Tá certo, talvez parcialmente contra violência. Mas eu não podia perder Envy em sua forma original batendo naqueles dois, era algo fantástico. Não que eu tenha algo contra o garoto de Xing e o moleque Elric, mas ainda sim. E qual era o problema? No fim das contas íamos todos morrer ali mesmo.

Envy investiu contra os rapazes e derrubou o Loirinho-san, que quicou por vários metros. Ling então investiu contra ele e provocou um corte bem feio em sua pata (??) que o fez cair.

– Ed!

– Droga! – Envy rosnou.

Ling saiu correndo na direção de Edward, mas Envy lhe deu uma patada (estou com dificuldade para assimilar que nessa forma Envy tem patas, sim) e jogou-o contra uma parede – ou um pedaço de – com mais força do que eu julgaria possível. Ele caiu na grande poça de sangue, quase imóvel.

– Ling! – gritou Edward, se levantando e correndo em direção a Envy. – Maldito!

Quando estava prestes a atacá-lo, o alquimista parou. Não comentei acima, mas em sua verdadeira forma, Envy tem várias cabeças brotando de seu corpo esverdeado, sabe-se lá como. Eu não estava brincando quando disse que ele ficava feio assim. Edward parou e ficou encarando uma cabeça chorosa.

– Me... Mate... – disse ela. – Me salve... Me mate... Me... – a boca do rosto se escancarou e de lá de dentro saiu outra cabeça, risonha e assombrosa.

Edward recuou assustado. Eu franzi o cenho, curiosa. O que o fazia hesitar? As cabeças continuavam falando e pareciam perturbá-lo:

– Mamãe...

– Quero morrer!

– Me ajude! Me ajude!

Ling pulou sobre Envy e desferiu um golpe na cabeça risonha que encarava Edward. Envy se virou e tentou dar uma patada nele, mas ele se desvencilhou, puxando Edward para que se afastassem.

– Não fique parado, idiota! – disse. – Por que está hesitando?!

– Pessoas... – ele sussurrou, os olhos arregalados de terror. – Lá dentro há pessoas... Estão pedindo socorro!

Meu cenho relaxou em surpresa. Mas esse garoto é bondoso mesmo, pensei. Hesitar em matar criaturas vinculadas ao monstro que ele precisa abater? Fascinante.

– Não! São monstros!

– Mas...

Ling puxou Edward pela gola da camisa e o chacoalhou.

– Mate-os! Aquilo são monstros!

Eu balancei a cabeça.

– Essa sua fragilidade vai trazer-lhe problemas algum dia, Alquimista de Aço. – murmurei, mais para mim mesma.

Ele se levantou e me lançou um olhar, parecendo ter ouvido. Começou então a correr para investir novamente contra o monstro. Os monstros. Sei lá.

– Calem a boca! Parem! – gritou quando chegou mais perto e começou a dar a volta, como se querendo encontrar uma parte que não estivesse lotada de cabeças.

– Me ajude!

– Eu quero morrer!

– Me ajude!

– Parem!

– Irmãozinho... – disse uma cabeça. Edward parou imediatamente. – Vamos brincar?

Ele ficou petrificado, olhando para a cabeça que disse aquilo. Eu suspirei enquanto observava a garra de Envy chegando mais próxima dele por trás.

– A brincadeira acabou. – disse ele com os olhos cheios de presunção.

Edward olhou para trás, mas era tarde. Envy o agarrara e agora o atirava com força contra uma pedra no chão. Ele quicou e ergueu algumas pedras menores com o impacto, mas a força da gravidade logo puxou tudo de volta para o chão.

– Droga... – gemeu.

Uma espécie de língua – o que quase me fez querer vomitar – derramou-se da boca de Envy e começou a encobrir o loiro.  A língua era também cheia de cabeças que pediam socorro e puxavam-no para a boca do homúnculo. Eu soltei um gemido de nojo.

– Ed! Acorde! Abra os olhos! Ed! – Ling gritou, tentando levantar-se, mas uma costela quebrada interrompeu a ação.

Tarde demais. Edward foi levado à boca de Envy e este o engoliu. Senti uma nova ânsia passar por mim. Coitado do garoto, engolido duas vezes no mesmo dia? É demais até para mim.

– Ed! – Ling gritava.

– Bonito, Envy. – falei. – Espero que não saiamos daqui agora, o Pai vai ficar bem bravo com você.

Ele me ignorou, uma técnica que vinha usando com maior frequência. Então eu ouvi um barulho e vi um dente de Envy voando longe. Edward o chutara fora, aparentemente procurando a liberdade.

– Me deixe sair, Envy! Isso fede! – gritou, agitando a perna para fora.

Eu não pude evitar rir.

– Envy! Você precisa escovar os dentes! – então acrescentei: – E parar de me ignorar.

– Talvez eu saiba como sair daqui! – o baixinho continuou.

Isso encerrou meu riso e meus olhos se arregalaram. Todas as expressões foram parecidas.

– Vamos cooperar, Envy! – ele continuou.

Eu me levantei, me arrependendo ao sentir o sangue entrar pela minha bota de novo, mesmo assim ignorei.

– Envy, solte-o. – falei. – Se ele atacar, vai se arrepender, pois vou te ajudar.

– Não vou atacar, Lie! – protestou.

Envy fez uma careta, mas cuspiu Edward. Ele se afastou rapidamente e com a ajuda de Ling, afastou-se para a plataforma onde eles estavam antes. Eu fui também, ficando feliz em pisar em algo plano e sem sangue.

– Certo, Loirinho-kun, desembuche. – falei.

– Calma aí, acho que quebrei um braço! – disse ele, olhando para o braço esquerdo.

– Estou pouco me lixando para seu braço. – falei. – Quero sair daqui e tirar esse sangue dos meus pés.

– Paciência. – reclamou. – Envy, você é grande.

– Notou isso agora? – o homúnculo ironizou.

– Deixe-me terminar, droga! Você é grande, procure todas as pedras que conseguir encontrar que sejam semelhantes a esta. – ele apontou para uma pedra grande com um desenho amarelado e velho de um leão.

– Por favor ainda se usa. – Envy reclamou.

– Envy, cale a boca e faça, seu inútil. – briguei, lembrando-me que ele odiava ser chamado assim.

– E você, Lie? Vai fazer o quê?

Eu olhei ao redor.

– Uma fogueira. – respondi, pulando para o sangue repugnante novamente e pegando madeira velha de séculos atrás e um pouco de fogo.

Envy revirou os olhos.

– Grande feito.

– Pelo menos evita que morramos de frio. – rebati. – Vá fazer sua tarefa e pare de reclamar.

Ele emburrou a cara e começou a andar provocando ondas de sangue em várias direções. Logo começou a trazer pedaços de pedra grandes para perto de nós. Enquanto isso – e enquanto eu montava a fogueira – Ling se propôs a fazer uma tala no braço de Ed. Não demorou muito e Envy logo ficou preguiçoso.

– São primeiros socorros. – o príncipe de Xing falou.

– Obrigado. – Edward agradeceu.

Envy colocou mais um pedaço de pedra próximo a nós e eu me sentei no chão.

– Eu reuni todos que encontrei por perto. – anunciou.

– Tudo isso é parte de Xerxes? – Ling perguntou, olhando ao redor.

– Sim... – Edward respondeu. – São parte das ruínas do templo. Na primeira vez que vi aquelas ruínas pensei que fosse o círculo de transmutação para a Pedra Filosofal que vi no Quinto Laboratório. Mas não é – ele pareceu pensativo. – O sol representa o espírito. E a lua representa a energia. E essa pedra representa um corpo. – ele colocou a mão esquerda sobre a pedra a qual se referia.

– Ei, explique de um jeito que dê para entender...

Eu gemi. Já sabia o que queria dizer, ao contrário de Ling.

– Resumindo, o que havia lá era...

– Um círculo de transmutação humana. – completei com os olhos hesitantes.

– Transmutação humana? – repetiu Ling. Ele olhou de mim para Edward. – Quer dizer que é algo para reviver os mortos?

– Não. – O alquimista retrucou. – O princípio da alquimia é a troca equivalente. Não se pode criar nada com uma alma que não existe nesse mundo, isso já está provado. Então eu descobri um jeito de sair daqui. Se fizer um humano vivo... se transmutar a mim mesmo, o que aconteceria?

– Refazer o que já está feito?

– Sim. Eu vou usar esse círculo, me transmutar e depois voltar ao normal. Isso também é uma transmutação humana. Se o Gluttony é uma réplica da porta, talvez possamos sair pela porta correta para o espaço correto. Eu vou abrir a porta e vocês entram nela.

– E se você falhar? – Envy perguntou.

– Será uma reversão. Em caso de falha, toda a energia retorna para o usuário. Nesse caso eu acabaria...

Balancei a cabeça, tendo uma ideia do que queria dizer.

– Eu não entendo nada de alquimia. – disse Ling. – Então conto com você.

– Beleza. Então, Envy, tem algumas coisas que quero te perguntar.

– Hm?

Edward começou a desenhar no chão pegando um pedaço de tecido e molhando-o de sangue. Eu fui reconhecendo aos poucos.

– Esse foi o painel que eu vi em Xerxes. Era assim. – ele apontou uma parte do desenho. – O que me incomoda é este símbolo. O símbolo que representa Deus está de cabeça para baixo. E também um dragão de duas cabeças. Algo da própria natureza. Resumindo, fazer Deus descer à Terra e criar a existência perfeita.

– É uma ideia bem audaciosa. – Ling comentou.

– Audaciosa. – ecoei com desgosto. – Tanto quanto presunçosa.

– Se fosse só uma ideia, seria bom. – disse Edward se levantando. – O problema é essa parte... – ele fixou o olhar na pedra com o leão. – Um leão engolindo o sol, esse é o símbolo da Pedra Filosofal. Os ingredientes para a pedra são humanos vivos. Não é mesmo, Envy?

– Sim, isso mesmo.

– Como um país evoluído como Xerxes seria destruído em uma noite? O desaparecimento do povo... E aqui tem partes das ruínas... Isso não é uma prova? Vocês... usaram toda a população de Xerxes para criar a Pedra Filosofal. Quem fez isso? – ele perguntou, virando-se com raiva para encarar a mim e a Envy. – Quem foi que transmutou a si mesmo? Transformar um país inteiro em Pedra Filosofal e conseguir esse poder gigantesco... Quem foi que tentou superar Deus? É esse a quem vocês chamam de Pai? Ele não pretende fazer a mesma coisa nesse país, usando vocês, homúnculos?!

– Eu te direi quando sairmos daqui. – Envy respondeu. – Pare de conversa fiada, Alquimista de Aço. Para abrir a porta é preciso pagar o preço, não é? – ele colocou a língua (nojenta) para fora, revelando sua Pedra Filosofal. – Use.

– O quê? – olhei para ele. – Envy?

– Lie, não se meta.

– Isso foi feito com as pessoas de Xerxes? – Edward perguntou.

– Os corpos e mentes delas já sumiram há muito tempo, foram todos transformados em energia. Eles nem se lembram de como eram. – ele parou e olhou a expressão de Edward, que se contorcia. – Está com pena? Que emoção ridícula. Só porque você reconhece seu irmão, que teve a alma fixada em uma armadura, quer também reconhecê-los como humanos. Está com pena por algo que aconteceu há muito tempo atrás. E então, vai hesitar ou bancar o herói? Eles nunca voltarão a ser humanos. Não siga seus sentimentos, e sim a razão, alquimista.

Edward vacilou um pouco. Resolvi aproveitar a deixa para expressar minha opinião.

– Elric. – falei. Sua atenção se voltou a mim. Eu suspirei. – Eu conheço um pouco de alquimia. Estudei isso durante muitos anos, mesmo assim não tanto quanto gostaria. Eu... – hesitei por um minuto. – Não estou convencida de que seu plano vai funcionar. Em minha opinião, isso é suicídio.

Sua expressão ficou pensativa por um momento, mas então passou a ser decidida.

– Não posso fazer nada, não é? Temos outra opção?

Eu fiquei quieta.

– Não, mas talvez isso esteja sendo um tanto repentino. Você devia pensar melhor se vale à pena que...

– Não há o que pensar, essa é nossa única chance. – ele interrompeu, irritado.

Eu o observei por alguns instantes. Esse garoto... Esse moleque. Estava disposto a dar a própria vida para que uns poucos conseguissem sair vivos de onde estavam. Pelo menos, o único que ele provavelmente queria que saísse vivo era o rapaz de Xing. Eu e Envy éramos apenas consequências. Ainda sim... Era nobre de sua parte.

– Está bem. – concluí.

Ele assentiu para mim e se virou para os outros, então, começando a dar instruções. Logo, todos estavam posicionados: Envy e Edward dentro do círculo e eu e Ling fora dele. Engoli em seco.

– Certo. – murmurou o Alquimista de Aço. – Ling, se algo acontecer comigo, conte aos outros o que eles estão planejando.

Ling colocou as mãos na cintura. Sua expressão ficou presunçosa.

– O que vai acontecer a Amestris não me importa.

– Ei, cara! – ele gritou, indignado.

– Tem pessoas importantes nesse país para você, não é? Saia vivo daqui e diga você mesmo.

A expressão de Edward ficou mais convicta e ele assentiu virando-se para Envy. Não, não para Envy. Para as criaturas que brotavam dele.

– Me desculpem, eu vou usá-los. – murmurou. – Vamos lá.

Ele juntou as mãos com dificuldade graças ao braço quebrado e levou-as ao chão, fazendo o círculo iluminar-se. Mãos negras, parecidas com as sombras de Pride, partiram do centro do Círculo para seus arredores e um grande olho se abriu em seu meio. Eu ofeguei assustada por estar fazendo algo que, se alguém me contasse que eu faria alguns dias antes, eu não acreditaria: assistindo a uma transmutação humana.

– Ling. Lie. Pulem. – Edward falou.

Eu e Ling hesitamos e nos entreolhamos.

– Vou confiar em você, alquimista! – ele disse olhando novamente para Edward.

– Eu não confio, mas vou arriscar. – opinei.

Ling colocou o pé para dentro do círculo e eu pulei lá dentro de uma vez. A mesma sensação de quando fui engolida pelo Gluttony começou a me percorrer. Era indescritível e ao mesmo tempo dolorosa. Meu corpo começou a desaparecer e notei que com os outros estava acontecendo a mesma coisa.

Seja o que Deus quiser, pensei. E o que a capacidade desse garoto permitir!

           O resto do que houve eu não vou contar. Foi estranho demais. Prefiro pular essa parte desagradável.

Eu sentia como se minha cabeça fosse explodir, isso era um fato.

– Envy? – a voz familiar do Pai perguntou.

Voltamos?! Nós voltamos?! Conseguimos?! Então por que estava tudo tão escuro e eu não enxergava nada?!

– Envy?! – outra voz metálica retrucou. Alphonse, aparentemente. Armadura-kun! Voltamos! – Isso?... Hã? Irmão!

Alguns múrmuros baixos, abafados.

– Isso significa... – a voz de Edward soava.

– Voltamos. – respondeu a voz de Ling.

– IRMÃO! – Alphonse gritava.

Então entendi o que estava acontecendo.

– DROGA, ENVY SAIA DE CIMA DE MIM! – gritei. Ou pelo menos tentei. Minha voz saiu abafada demais. Tentei mover meu corpo. Só minha perna encontrava espaço suficiente para se mexer. Comecei a agitá-la impetuosamente.

As pessoas começavam a falar e eu não entendia nada. Droga, como o Envy é pesado nessa forma! Tentei me arrastar debaixo dele para um lugar onde eu pudesse respirar e felizmente minha cabeça encontrou uma brecha.

– MERDA, ENVY, LEVANTA! – gritei, tentando me agitar. Então eu vi a reuniãozinha.

O Pai se aproximava de Edward, Alphonse e Ling falando:

– Que surpresa, saiu um humano de dentro do estômago.

– Hohenheim... – murmurou Edward.

– Uma mão de aço... Uma armadura... – o Pai murmurou.

Repentinamente, no justo tempo de uma troca de olhares entre o Armadura-kun e o Baixinho de Aço-kun, o Pai se aproximou para examinar Edward de perto.

– Vocês são os Irmãos Elric?

– Não é ele? – perguntou Edward baixinho.

– Não está me confundindo com outra pessoa? Espere... Hohen... Está falando de Van Hohenheim? Qual a relação entre vocês e ele?

– Ele é nosso pai. – Armadura-kun respondeu.

– Pai! Que surpresa! Ele teve até filhos! Ohh... Mas o sobrenome de vocês não é Elric?

– Elric é nosso sobrenome por parte de mãe! – Edward explodiu, afastando as mãos do Pai de perto de si.

– Entendo... E onde ele está agora?

– Eu não sei! E quem é você? É idêntico ao Hohenheim!

– Ele não está morto, mas teve até filhos. – Pai começou a especular.

– Ei me escute! – Edward reivindicou, sentindo-se ignorado.

– Irmão. – Alphonse falou. – Essa pessoa...

Baixinho-kun gemeu quando o irmão tocou em seu braço esquerdo.

– Oh, você está machucado? – o Pai perguntou, e então, notando Alphonse, acrescentou: – E ele não tem a mão esquerda.

Ele foi até a armadura e tocou seu braço, fazendo surgir ali uma nova mão.

– Assim está bom?

Ele pegou o braço de Edward.

– Uma fratura óssea... – uma iluminação alquímica e o loiro afastou-se, retirando a tala do braço.

– Está curado...

O Pai tateou o tórax do garoto.

– Agora as costelas.

Ambos os irmãos ficaram surpresos e o do Aço começou a tatear o corpo, como se procurando onde os ferimentos se esconderam. Eu, entretanto, não tive tempo de pensar em como o Pai fizera aquilo, pois Envy ainda estava em cima de mim me impedindo de respirar.

– Vocês são pessoas preciosas. – o Pai murmurou. – Cuidem bem de seus corpos.

– Ele usou alquimia sem movimento nenhum. – Edward comentou com Alphonse.

– E a armadura não afinou. – o outro concordou.

– Resumindo, isso não é troca equivalente. – falaram juntos.

Um barulho metálico e eu reparei que Ling erguera a espada.

– Quem é você? Impossível! O que há dentro de você?!

– Eu pergunto o mesmo. – disse o Pai. – O que é você? – ele se virou para Gluttony quando não obteve resposta: – Pode comê-lo.

– Sim! – exclamou Gluttony animadamente.

– Ei, espere! – Edward gritou, correndo para se pôr entre Gluttony e Ling. – Ele é nosso amigo, deixe-o livre por mim, certo?

– Não me interessa, ele não é útil para mim.

– O que disse?!

– Irmão. – Alphonse chamou. – Ele é quem os homúnculos chamam de Pai. Foi ele quem os criou.

– O quê?

– Conclusão meio tardia, não acha? – murmurei, ainda tentando sair de baixo de Envy.

– Ele curou nossos corpos, mas...

– Eu não gosto dele. – Ling interrompeu. – Esta atitude... É igual à daqueles que riem dos humanos e os consideram tolos.

– Você considera um inseto que rasteja pelo chão um tolo? – Pai se impôs. – Mesmo quando o inseto está relutando, você se considera num nível muito diferente, e nem pensa nele, não é? Isso é a mesma coisa que sinto por vocês, humanos.

Edward juntou as mãos rapidamente e abaixou-se. O chão do recinto começou a projetar-se em direção ao Pai, que interrompeu isso formando uma parede de pedra em sua frente.

– Você curou minhas feridas, mas não vou mesmo com a sua cara! Parece que a fonte disso tudo é você! Vamos acabar com isso logo, não temos tempo para os fracos.

Envy se levantou de cima de mim e eu suspirei de alívio, respirando fundo novamente. Ahhh... o ar nunca foi tão bom.

– Você tem coragem para me chamar de fraco, Baixinho-san. – Envy se impôs.

– Ahh, era só eu ter te xingado que você sairia de cima de mim?! – perguntei, quase alheia à conversa que se desenvolvia ao redor.

– BAIXINHO?!

O baixinho... Ops, Edward Elric juntou as mãos novamente e tocou um cano, fazendo com que um conjunto deles desgrudasse do chão e investisse, como se fossem várias cobras, na direção do Pai e na nossa. Eu me levantei depressa, resmungando por não poder recuperar o fôlego. Envy nos defendeu dos canos, mas os próximos ao Pai o envolveram, embora não por muito tempo já que este os fez desaparecer alquimicamente. Envy levantou uma pata e jogou-se contra Edward. Ele desviou e saltou para cima dele, tentando apoiar-se numa estaca que Envy destruiu com a cauda.

Alphonse, entretanto, pôs-se a tentar fazer alquimia contra o Pai e Ling, acertá-lo com a espada. Tudo era inútil, o Pai desviava ou desfazia.

– Ling! – Armadura-kun gritou quando o amigo caiu no chão. – O que está acontecendo?!

– Por que ele pode transmutar sem se mover?! – Edward indagou, levantando-se do chão.

– Ooh... Que perda de tempo. – o Pai comentou.

Ele deu um passo, e um jato de ar passou por cada um de nós seguido de uma iluminação proferida por raios vermelhos em todo o esconderijo. O efeito demorou alguns segundos. Edward e Alphonse se agacharam, entreolharam-se e tentaram transmutar.

Nada.

– A alquimia... Não está funcionando. – comentaram juntos.

Envy pôs as patas sobre os dois, pisando-os para que não saíssem do lugar.

– Finalmente esse tamanho é útil, hein? – murmurei para que ele ouvisse. – Não serve só para se gabar da sua altura.

Ele riu um pouco.

– Ed! Al! – Ling gritou, mas Gluttony pulou em cima dele e derrubou sua espada, comendo-a.

– O que aquele barbudo... – Edward começou.

– Por quê? – Alphonse interrompeu. – Por que não conseguimos usar?

Envy deu uma gargalhada.

– Realmente, como esses seres inferiores tornam-se arrogantes e prepotentes quando não têm um grande poder em mãos. E não sabem ao menos do que se trata.

Edward lançou-lhe um olhar afiado.

– Acham que conseguiram a prosperidade com seus próprios poderes? – Envy prosseguiu. – Estão enganados, seus tolos!

– O que isso significa?! Você prometeu que falaríamos quando voltássemos!

– Hã?! Eu não me lembro de ter prometido algo a vocês, insetos!

Eu soltei uma gargalhada estridente.

– Ah, há. Vejo que a convivência tem feito bem a você, Envy. – falei, rindo. – Está aprendendo a mentir melhor do que eu!

           – Aprendendo? Sempre soube. – ele lançou um olhar ao Baixinho-kun.

– Desgraçado!

– Vocês estão falando demais, Envy e Lie. – o Pai ponderou.

– Sim, sim. – Envy falou.

– Perdão. – murmurei, sem conter o sorriso.

O olhar do Pai desviou-se para Ling.

– Parece que esse aqui teve uma boa criação. Talvez possa ser um de meus peões.

Ele tocou a própria testa. Ali, abriu-se um terceiro olho, do qual começaram a escorrer, como se fossem lágrimas, gotas de um líquido avermelhado.

– Aquilo é... A Pedra Filosofal! – Alphonse exclamou.

– O quê?

– Vai fazer aquilo? – Envy perguntou ao Pai.

– Aquilo? – retrucou Edward.

– Criar um homúnculo. – respondeu. Os três, Ling, Alphonse e Edward, estreitaram o olhar. – Usando a Pedra Filosofal. Se tudo correr bem, um homúnculo com base humana será criado.

A pedra líquida caiu nas mãos do pai e formou uma bolinha de plasma. Eu dei alguns passos para me aproximar deles, já sabendo o procedimento graças a meu conhecimento de alquimia.

– Desculpe por isso, Do Olho Puxado. – murmurei sorrindo. – Só vai doer um pouquinho, mas lembre-se de que sou uma mentirosa.

Tirei um curativo que protegia uma ferida dele. Ela imediatamente começou a sangrar. Que bom, ainda estava aberta.

– Bem, – continuou Envy. – isso se ele sobreviver ao poder da pedra.

– Como se eu fosse deixá-lo fazer isso! – Edward protestou.

– Solte, Envy! – disse Alphonse enquanto ele e o irmão começavam a tentar se levantar.

É, então não era só eu que achava que o Envy devia perder alguns quilinhos.

– Droga! O que está acontecendo?! – Edward perguntou, parecendo não falar com ninguém em particular. Ele tentou transmutar novamente. – Por que não está funcionando?

Alphonse tentou fazer o mesmo.

– Ei! Barbudo, pare! – Edward gritou. – Ele tem pessoas esperando por ele! Solte!

Eu vi Edward tirar algo do bolso da calça. Uma arma.

– Ei, onde conseguiu isso? – perguntei, surpresa.

Ele mirou a arma em Envy, mas hesitou novamente ao ver as cabeças resmungonas.

– Se eu fizer isso, você não vai atirar, humano. – Envy murmurou, malicioso.

– Desgraçado!

– Tudo bem, não atire! – Ling gritou. – Não faça nada desnecessário, eu estou ótimo!

– O quê?

– Eu vim para este país procurar a Pedra Filosofal. Não importa o que aconteça, não faça nada.

Eu arqueei as sobrancelhas, surpresa com a declaração, e cruzei os braços.

– O que está dizendo?! – o Alquimista de Aço retrucou.

– Interessante. – disse o Pai. – Então, como deseja, eu lhe concederei.

Ele virou a mão, deixando cair a pequena bolinha vermelha.

– Pare!

Tarde demais. Ela encostara-se ao ferimento e agora entrava na corrente sanguínea de Ling que começou a contorcer-se.

– Ling!

Gluttony saiu de cima dele e começou a se afastar.

– Eu disse para não fazer nada! – Ling protestou entre gemidos dolorosos. – Está tudo bem, fique quieto aí! Eu sou o homem que se tornará o imperador de Xing, Ling Yao!

Ling vomitou um pouco de sangue e começou a gritar. Gritos desesperados e dolorosos. Eu toquei o local onde sabia que ficava escondida minha pedra. Era uma coisa poderosa e mortal, eu a admirava. Não ousei tocar a que estava em meu bolso também, essa eu não queria que o Pai soubesse que eu tinha.

De repente, Ling parou de se contorcer e colocou a mão na parte de trás do pescoço, como se se recuperando de uma maratona, e eu soube que dera certo.

– Ling... – Edward perguntou.

– Hã? Ah, é o nome do dono deste corpo? – perguntou o novo homúnculo. – Desculpe, o Greed-sama tomou conta desse recipiente!

– Não é o Ling...?

– Greed? Você é aquele Greed?

– Aquele? – perguntou Greed, ajoelhando-se próximo a Edward.

– Não se lembra?

– De Dubith... – Alphonse incentivou.

Eu estremeci com a menção dessa cidade. Mas surpreendentemente, nada mais que isso.

– Por isso estou perguntando, de onde era esse Greed?

– Era o Greed que veio antes de você. – o Pai corrigiu.

– Ah, entendo. Eu sou um Greed diferente do que vocês conhecem.

– O Ling... – Edward começou.

– Ele era um moleque interessante. Ele me aceitou facilmente.

Ele ofegou.

– Mentira! Ele não deixaria ser dominado assim tão facilmente! Responda Ling!

Greed sorriu.

– Hã, Baixinho-kun? – eles me encararam. O mesmo sorriso estava plantado em meu rosto. – Lamento informá-lo de que sou a melhor pessoa que vai encontrar para detectar mentiras, mas o que Greed disse me soa como a mais pura verdade.

Ele trincou os dentes.

– Mentira...

Aí alguém entrou.


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Notas finais do capítulo

Ok ok, sei que o cap está horrível, mas dêem reviewszinhas, onegai? D: