Lie - The Story Of The 8th Sin escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 19
Dívidas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esse é o último capítulo.
Eu, Yukari_Rockbell, queria agradecer em nome da Koneko-chan por vocês terem acompanhado a fic até o fim. Agradecemos pelos comentários, pelas indicações, pelo carinho etc.
Koneko queria MUITO postar esse cap pra vcs mas ela tá sem internet faz dias! Então, em nome dela, agradeço por tudo!



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Chapter 19 (Ep. 64 (ou não, talvez depois) – Brotherhood): dívidas.

 Eu não soube o que aconteceu depois. Não exatamente, quero dizer. Eu sei que o Pai foi derrotado e que os Elric finalmente conseguiram recuperar os próprios corpos.

Fiquei feliz de verdade por eles, mas depois descobri que para recuperar o corpo do Armadura-kun, Edward precisou sacrificar o próprio portão da Verdade. Isso que foi uma pena! Ele era um alquimista admirável.

Também descobri que Greed morrera e que a ex-esposa de Wrath, Madame Bradley, resolvera criar Pride. Ok, eu não entendi direito o que aconteceu com relação a isso, mas aparentemente Pride... digo, Selim, está agindo como uma criança normal. Espero que não seja fingimento, ou eu vou voltar lá para matá-lo definitivamente e não me importo se Madame Bradley vá ter um ataque cardíaco graças a isso. Ei, aquele homúnculo quase estragou minha relação com Envy!

Falando no Envy, nós dois temos vivido meio “por aí”. Indo de um lugar a outro meio sem destino. Uma vez estávamos na Central, sentados num pub e conversando, e um grupo de homens fardados com roupas do exército passou pela porta olhando ao redor. Pararam e olharam para mim e para Envy, franzindo o cenho e assentindo uns para os outros. Eles caminharam até nós.

– Com licença. – disse um deles.

-- Sim? – perguntou Envy.

O homem fez a saudação que o exército costuma usar. Aquela de levar a mão à testa.

– Comunicado do Führer Roy Mustang. É para a senhorita... Lie? E o senhor Envy... – ele franziu o cenho levemente, como se pensasse na possibilidade de haver pessoas reais com esses nomes.

– Sim, sou Lie. – murmurei desconfiada. – O que o Mustang quer?

– Pode me acompanhar? – perguntou. – Ele gostaria de vê-los.

Eu estreitei o olhar para ver se conseguia ter uma visão melhor ou uma pista se era a casa de verdade.

– Será que é ali? – perguntei.

– Eu sei lá. – Envy respondeu. – Você que me forçou a vir, não me pergunte.

– Não te forcei a vir. – rebati. – Eu só... convidei.

– Convidou e me arrastou junto.

– Se não está gostando, dê a volta e vá embora.

Ele fez uma expressão irritada.

– Agora que já estou aqui você diz isso.

– É claro, não sou burra. Quis que você viesse comigo.

Eu parei à porta de um cemitério, achando que vira de relance um nome familiar. Aproximei-me de uma lápide, adentrando a cerca. O Cemitério de Resembool era grande e até bonito. As lápides eram simples, contendo apenas o nome e as datas de nascimento e falecimento.

– Envy, olhe isso. – murmurei.

Ele se agachou para ler as lápides que eu observava. Trisha Elric e Van Hoheheim. Uma ao lado da outra.

– Então o velho bateu as botas? – perguntou.

– É o que parece. – respondi, baixando o olhar. – Eu devo uma a ele. Nem pude agradecer direito.

– Aquela história de quando ele prendeu o Pride e você conseguiu fugir graças a ele?

– Sim.

Ele se levantou e se espreguiçou, virando-se de costas.

– Lie, você já agradeceu por aquilo, deixe de ser fresca.

– Não estou sendo fresca. Só queria ter agradecido melhor! Feito alguma coisa para compensar!

– Não foi sacrifício nenhum para ele, escute o que estou dizendo. E além do mais, o cara já está morto agora, se lamentar não vai trazê-lo de volta para que você agradeça.

Eu franzi o nariz. Ele estava certo. Continuamos caminhando pela estrada de terra até que chegamos ao topo da colina. Eu caminhei em direção à porta da casinha simplória e bati algumas vezes. Ela se abriu e uma garota loira com o cabelo preso num rabo de cavalo, olhos azuis profundos e grandes, e uma roupa de mecânica composta por um macacão e uma camisa branca apareceu na porta.

– Hã, pois não? – perguntou, estranhando o visual dos visitantes, imaginei.

Eu sorri para ela. Envy continuou com sua expressão mal humorada.

– Gostaríamos de falar com Edward Elric, por favor.

– Diga ao Baixinho-san que são uns velhos... amigos. – Envy ironizou, sorrindo marotamente.

– Ahn – ela demorou um pouco para assimilar o que queríamos. Claro, devíamos parecer loucos, uma garota vestida estranhamente e um cara com cabelo verde que parece uma palmeira ambulante – Certo. Hã, Ed! – gritou. – Ed! Visitas!

Não demorou e o garoto apareceu na porta também, parecendo mal humorado.

– Ahn, Winry, não grite, parece uma maluca. – falou e então nos notou. Sua expressão se modificou para surpresa. – Ahn. Nossa. Olá.

Eu fiquei surpresa também. Olhei-o de cima abaixo.

– Ahn, caramba. – murmurei. – Como posso dizer isso...?

Mas Envy falou por mim.

– EI, ESPERA AÍ, VOCÊ NÃO É MAIS BAIXINHO!

Edward pareceu indignado e gritou com Envy:

– VEIO AQUI SÓ PARA ME CHAMAR DE BAIXINHO, ENVY?!

Eu olhei para Winry, que parecia não estar entendendo nada. Sorri para ela, dando de ombros e ela deu um sorriso esquisito de volta, olhando para Edward como se ele fosse louco.

– Ok, ok, não briguem. Envy encare os fatos, o Baixinho-san não é mais baixinho. Agora só pode chamá-lo de Loirinho-san.

– Mas isso não é nada ofensivo!

– Contente-se!

Ele se emburrou.

– Era mais divertido quando o papai estava vivo.

– Repito: conforme-se. O mundo é um lugar melhor agora.

– Certo. – Edward falou. – O que vieram fazer aqui?

Winry olhou-o como se ele fosse um idiota.

– Ed, isso é jeito de tratar as visitas? – ela olhou para nós com um sorriso amigável. – Entrem, por favor. Se conhecem o Ed provavelmente conhecem o Al, certo? Ele está na sala. Ah, e a propósito, meu nome é Winry. Winry Rockbell.

Eu sorri para ela. Envy ergueu a sobrancelha ceticamente, como se duvidasse de tanta hospitalidade. Apresentamo-nos e eu puxei o braço dele e passamos pelos dois, entrando e nos dando com o ambiente agradável. Além de Edward, um garoto loiro que não parecia muito mais novo estava sentado em uma cadeira na sala e sorriu ao nos ver. Minhas sobrancelhas arquearam-se ao perceber que era Alphonse Elric.

– AH, QUAL É? – Envy gritou. – O BAIXINHO-KUN NÃO É MAIS BAIXINHO E AGORA O ARMADURA-KUN TAMBÉM NÃO É MAIS ARMADURA?! – ele fez pose de desapontado. – Ahn, para onde foi toda a parte divertida?

– Envy, você sabia que eles tinham recuperado os corpos, por que tudo isso? – perguntei.

Sua expressão ficou presunçosa.

– Bem, ainda sim é um choque... Mas agora eu imagino que consigo lutar com o Armadura-kun e vencer ainda mais facilmente. Ahn! Qual o problema de vocês, humanos? É mais divertido lutar com alguém forte!

Alphonse sorriu e puxou uma muleta, levantando-se com dificuldade e caminhando até nós.

– Veio aqui para lutar conosco, Envy? – perguntou sorrindo.

– Não, embora seja uma proposta tentadora.

Alphonse sorriu e olhou para mim.

– Lie, meu irmão disse o que você fez pelo Envy no Dia Prometido e até antes dele. Fiquei surpreso, mas admirei muito aquilo que você fez.

Eu fiquei um tanto encabulada, mas sorri.

– Ah, não foi nada. Quero dizer, foi sim, mas valeu à pena salvar esse imbecil.

– Ela me salvou só para falar mal de mim depois, percebe Armadura-kun?

– Pare de me chamar de Armadura-kun, por favor! – pediu Alphonse educadamente.

– Velhos hábitos são difíceis de abandonar!

Eu revirei os olhos. Nisso, notei que Winry olhava para a perna de Envy, diretamente para sua tatuagem de ouroboros. A expressão dela parecia distorcida, pensativa, por um minuto. Ela notou então que eu a observava e, constrangida, desviou o olhar.

– Err, sentem-se, por favor. – ofereceu, corando forte.

– Ah, não obrigada, só estamos de passagem. – respondi.

– De passagem? – ecoou o Não-Mais-Baixinho-san.

Eu assenti e olhei para ele.

– Eu te devia não lembro quantos favores, não é mesmo?

Ele pareceu incomodado.

– Ei, ei, não esquente com isso, vamos esquecer essas coisas!

Minha expressão ficou dura.

– Não, não, não vou esquecer. Eu devia um favor para o Coronel das Chamas também, por aquilo no Dia Prometido, então aproveito para matar dois coelhos com uma cajadada.

– Não estou entendendo.

Eu respirei fundo e sorri levemente.

– Mustang-kun me pediu para lhe dar um recado. E também, mostrar umas coisinhas.

Eu puxei um pequeno bolo de fotos do bolso e entreguei a ele. Eu, claro, dera uma olhada antes do início da viagem, então já sabia mais ou menos do que se tratavam. Winry se esticou para enxergar as fotografias enquanto Alphonse e Envy ainda brigavam sobre a história de Envy chamá-lo de Armadura-kun. Enquanto as olhava, Edward sorriu.

– É o Havoc e Mustang. – disse para Winry. Ele franziu o cenho. – Mas Havoc está andando, ele não tinha ficado paralítico?

Eu assenti.

– Sim, mas o Doutor Marcoh usou uma pedra filosofal para curá-lo. E também para curar a cegueira do Coronel das Chamas para que ele possa governar o país.

Edward ofegou e pareceu bravo.

– O quê?! Mas eles usaram... Aquelas pessoas! – disse. – Argh, esse Coronel continua um safado, vou acabar com ele quando nos virmos novamente.

– Continue vendo as fotos.

Ele mudou algumas vezes e sorriu.

– É Elysia! – disse. – Ela parece contente. Como será que Gracia está?

– Pelo que o Mustang disse, bem.

– E a Primeiro Tenente Hawkeye!

– Está bem também, eu encontrei com ela quando fui falar com o Coronel. Sim, falando nisso, temos que parar de chamá-lo de Coronel!

Edward e Winry me olharam, confusos.

– Hã?

Eu sorri.

– Ele se tornou Führer, oras!

Edward arregalou os olhos e sorriu.

– Aquele... Ele conseguiu afinal, não é? – ele riu um pouco.

Eu assenti. Então franzi o cenho.

– Aham, e a mensagem que ele queria que eu te desse é... Bem, eu não entendi muito bem, mas... “Agora me devolva meus 520 Cenz, Do Aço”.

A expressão que Edward ficou... indescritível. Era ódio misturado com incredulidade e uma mescla de malícia.

– O maldito... se lembrou. – rosnou, a sobrancelha tremulando por um segundo.

Eu fiquei por um instante confusa, mas resolvi ignorar. Devia ser alguma piada interna ou algo do gênero. Virei-me para Envy.

– Armadura-kun, Armadura-kun, Armadura-kun! – dizia infantilmente.

– Pare com isso, Envy! – Alphonse pedia, irritado.

– Ok, chega. – falei. Envy mostrou a língua para mim e continuou. Eu puxei sua orelha.

– Não ouviu o que eu disse?

– Ai, ok, sim senhora, majestade! – ele se soltou de mim. – Começo a pensar que devia ter cometido o suicídio.

– Nem brinque com uma coisa dessas. – rosnei.

Ele sorriu maliciosamente e colocou as mãos na minha cintura, abraçando-me por trás e sussurrando em meu ouvido sedutoramente.

– Pois é, você não vive sem mim, Lie.

Revirei os olhos.

– Viver eu vivo, eu só não quero.

Winry fez uma cara de quem adorou a cena.

– Owh, vocês formam um casal tão fofo... Do tipo brigamos-mas-nos-amamos.

Eu cocei a cabeça, constrangida.

– É bem por aí mesmo.

Alphonse soltou um sorriso cúmplice.

– Não muito diferente de você e do Ed, Winry...

Eu observei Edward e Winry ficarem terrivelmente vermelhos e não pude evitar de rir.

– Ah, ok, acho que já vamos. – murmurei.

– Oh, já? Fiquem mais um pouco, por favor. – Alphonse sorriu para mim. – Winry fez torta de maçã.

Eu olhei para Envy, ele parecia, se não indiferente, levemente animado. Entretanto, optei por manter minha posição.

– Ah não. – respondi com um sorriso. – Adoraria provar a torta, mas já temos que ir. Se precisarem de alguma coisa, por favor, nos procurem.

Envy me lançou um olhar mediante a última afirmação. Eu o emudeci com outro, mas ele revirou os olhos.

– Edward, agora eu lhe devo aproximadamente três favores. – eu sorri. – Portanto não hesite em cobrar.

Ele assentiu.

– Sim.

Winry abriu a porta e eu e Envy saímos, acenando.

– Adeus, Baixinho-san, Armadura-kun e Amiga-de-infância-san. – disse sorrindo marotamente.

– Adeus. – falei com um sorriso mais sincero.

Eles acenaram mais um pouco e quando estávamos longe, vi a porta da casa fechar-se e um movimento leve por trás da janela.

– Bem, feliz? – Envy perguntou.

Assenti, sorrindo. Não fazia sentido mentir. Felicidade era uma coisa que eu vinha sentindo com cada vez mais frequência desde... Bom, desde que eu entrara para aquele estranho grupo de homúnculos. Talvez todas as minhas emoções tenham crescido ainda mais, mas não fazia diferença. Eu me sentia mais viva, embora não acredite que um homúnculo tenha uma vida realmente. Foi nesse momento, caminhando ao lado de Envy para decidirmos o que fazer – sem destino, pois não fazia diferença não voltar para a Central – que eu percebi que não pensara em Luke uma vez sequer nos últimos meses. Ele continuava sendo a primeira pessoa que significou algo para mim, com certeza, mas eu não sentia mais aquele peso de culpa na consciência ao me lembrar dele. Era apenas uma lembrança feliz agora. Feliz como todo o resto. E eu devia essa felicidade a muitas pessoas.

Quando chegamos ao topo de uma colina, parei repentinamente.

– Espere um minuto. – pedi, virando-me e dando alguns passos para enxergar todo o campo esverdeado em contraste com o céu azul de Resembool.

Era bonito, agradável e aconchegante. Eu entendia por que os Elric gostavam daqui. Olhei para onde ficava o cemitério, onde Hoheheim e Trisha estavam enterrados, e depois subi os olhos para uma casa destruída num morro adiante. Onde tudo começou: a antiga casa dos Elric, eu sabia. Onde tudo, não. Parte de tudo. Parte dessa história começara ali e a outra parte em Ishval. Mas como eu já estava aqui, não poderia sair sem dizer.

– Obrigada. – sussurrei.

Eu não agradeci a ninguém em particular. Nem à Hoheheim, nem a Trisha, nem a Edward, Alphonse, Winry... ninguém. Eu agradeci o destino, ou à vida. Agradeci àquela história por ter-se iniciado e finalmente chegar a um ponto estável. Mas eu sentia que não era o fim. Talvez até fosse... mas apenas por enquanto.

– Lie? – Envy me apressou. – Vamos logo, sua lerda.

Eu me virei e sorri.

– Desculpe-me. – falei.

Ele balançou a cabeça e se virou de costas. Eu corri até ele, surpreendendo-o quando pulei em suas costas para usá-lo como cavalinho, assim como naquela vez no Dia Prometido. E então seguimos em direção ao horizonte.

Fim


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Notas finais do capítulo

Lie agradece vcs por terem chegado até aqui!
E quem sabe ela e Envy entram em mais alguma "roubada" e voltam pra vcs hein? Quem sabe...