Shimmer escrita por scarlite


Capítulo 8
Capítulo 8




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CAPÍTULO 8: Equilíbrio

“Uma boa surra transcende os limites etários”

O tempo que levou foi o mesmo de um arregalar de olhos; um tropeço na escada; um carro deslizando para o hidrante. Aquela sensação teimosa de paralisia e excitação; tudo misturado e bem temperado pela surpresa, lógico. Logo depois a dor.

Deveria dizer: “Vi um punho vindo em minha direção”; sinceramente, não vi absolutamente nada.

Certa vez apareceu em Forks uma daquelas exposições itinerantes com quadros, fotos e utensílios de judeus, vítimas do nazismo alemão.

Lembro-me que foi a primeira vez que vi a Bella não se incomodar tanto com mudanças na sua rotina; e que naquele dia, Alice ganhou um enorme arranhão no braço por brigar com Emmett e trombar nuns galhos cortados na frente da mercearia do Jow.

Mas, o que isto tem a ver com a situação? Bem, o que mais gostei daquela exposição foram as fotos que eram exibidas em slide; uma depois da outra, algumas sem nenhuma conexão, passando de repente;

uma coisa interessante e que perdemos com os anos, é a capacidade da criança de se chocar com a novidade, principalmente quando envolve a dor alheia; pode parecer bizarro, mas, aquelas pessoas esqueléticas nos campos de concentração sempre me davam fome. Eu e Bella permanecemos na mesma parte da amostra por horas vendo as imagens projetadas. Meus olhos arregalados ecoavam, e na mente infantil ficava estupefato pela enormidade da minha sorte por ter uma vida tranqüila.

Logo depois, íamos correndo para a mercearia com todas as moedas que conseguíssemos juntar nos bolsos, lambuzando-nos com algum doce. Ao chegar em casa, nem reclamava pelo castigo depois dos doces em excesso.

Foi exatamente assim que vi os acontecimentos daquela tarde: Um após outro, congelados como as fotos dos slides; até que senti quatro nós na mandíbula provando que aquilo era tudo menos apenas uma imagem.

- Oh meu Deus! Edward! – Alice veio em minha direção e meio atordoado nem percebi que o garoto, John, também estava se aproximando – com intenções bem diversas das de minha irmã.

- Vamos! John! Acaba com ele! – Gritos e uivos do grupo, enquanto corpos se chocaram no meio da areia. Eu me levantei e fui derrubado mais uma vez; um filete de sangue escorria pelo nariz já meio inchado do meu oponente.

John continuou avançando, claramente mais forte e habilidoso do que eu, conseguiu me deixar tonto como um bêbado.

- Edward! – Alice guinchava tentando debalde se aproximar de mim, sendo detida por mãos e braços ansiosos por confusão. – Parem! Parem com isso já! – Minha coragem estava se transformando paulatinamente em profundo arrependimento.

Por um golpe do destino, - se é que podemos culpar o destino por uma intervenção dessa natureza – Vi de relance do chão onde estava, uma figura familiar se esgueirando pela turba; ninguém pareceu se importar com ela, provavelmente influência do escândalo que minha irmã fazia, ou pelo espetáculo proporcionado pela disputa.

O fato é que três coisas aconteceram simultaneamente:

1) Senti meu lábio cortando, no mesmo instante em que um punhado de areia passava por cima de minha cabeça se espalhando como um jato desajeitado de água em um jardim; projetando-se no rosto de John.

2) Alice chutou alguém entre as pernas;

3) No momento que tive chance, lancei o rinoceronte que estava por cima de mim no chão, impulsionando com o pés.

No fim das contas, nada do que aconteceu até aqui tem realmente importância; dessas três coisas, a que não citei realmente teve mais relevância; alguns elementos da cena fizeram dela problemática:

Uma pedra;

Um corpo sendo arremessado;

Uma garota descoordenada no lugar errado.

Com esta equação desastrosa, não preciso esclarecer o que houve, não é mesmo?

Mesmo assim, como convém, vou pronunciar a desgraça: Bella acabou de alguma forma sendo esmagada na queda de John; Até aí nada de tão grave; se você é daqueles que não se sensibilizam com poucos hematomas; mas, enquanto o corpulento lutador tentava se firmar sobre os dois pés limpando os olhos vermelhos como o sangue que escorria de nós dois, Bella permaneceu ali, caída, sem se mover;

Ainda meio zonzo, tentei me postar de pé; caí mais uma vez, tombei para frente; mas consegui chegar pouco depois de Alice, onde minha prima, e salvadora, estava estatelada.

Sentia já o gosto viscoso da preocupação subindo e descendo da minha garganta até os meus lábios inchados.

- Bella! Bells! – Alice falava próxima a mim, balançando o ombro dela. Sua testa completamente enrugada pelo temor.

- Bella – Me surpreendi pelo tom engolfado de minha voz. Pigarreei melhorando um pouco o som.

- Bella, querida; vamos acorde. – Falei com uma falha tentativa de manter a moderação. Alice olhou para mim ainda mais temerosa quando ergui minha prima no braço, e o sangue bem rubro se desenhou pela testa suada.

- Essa não cara! Vamos embora! – Alguém gritou e logo o farfalhar de pés na areia e vozes diminuindo. Todos foram se dispersando.

Dispersar não é uma palavra certa. Eles praticamente fugiram; ninguém queria confusão, e machucar uma garota, especificamente uma garota Cullen não seria um ato apreciado pelos pais.

Todos tinham um profundo respeito por Carlisle. Cidades pequenas têm a característica marcante de fazer com que os laços sejam muito mais estreitos; amigos de infância crescem juntos e mantém contato.

Isso é bom para alguns; mas, para John e sua turma, não seria nada agradável se Bella se machucasse de verdade.

- Bells. Acorda! – Falei novamente em tom baixo e contido, batendo levemente com os dedos no rosto dela. Eu estava com os joelhos afundados na areia fria, enquanto segurava-a bem perto com o braço esquerdo.

Um galo começava a se prenunciar na testa lisa.

- Vamos Edward! Temos que ir ao Hospital! – Alice se ergueu, e, com dificuldade, levantei minha prima nos braços. Ela parecia serena apesar de tudo. Mas, sua expressão quase infantil apenas aumentou minha apreensão.

Um aperto se fixava no meu peito cada vez que algo acontecia com ela - com quem era bem mais freqüente de acontecer do que com Alice ou Emmett.

Quase me arrastei na direção do carro. Minha cabeça latejava, meu corpo doía, praticamente podia sentir o inchaço se formando no meu rosto. Como se tivesse sido picado por um enxame de abelhas vorazes.

Entrei com Bella desajeitadamente no banco traseiro, tomando o máximo de cuidado para não bater a sua cabeça no teto. Sentado em um canto, com metade do corpo dela sobre minhas pernas e torso.

O sangue molhava minhas mãos, viscoso. Alice parecia mesmo nervosa enquanto lutava contra a bolsa em busca, provavelmente, do aparelho celular.

- Toma! Ligue para o papai. Diga o porquê vamos demorar a chegar em casa. – Ela assumia agora o papel de irmã-responsával enquanto eu me debatia com o de briguento inconseqüente.

O som da chamada ecoou no meu ouvido; e parecia que sinos eram tocados dentro da minha cabeça. Ou uma bola de bilhar sendo lançada de um lado para o outro no meu crânio.

- Alô – A voz animada de meu pai do outro lado da linha me fez franzir o cenho.

- Pai?! – Ora idiota, quem mais poderia ser.

- Oi meu filho, onde estão vocês que não apareceram para o jantar ainda? Esmè está a ponto de enviar a SWAT atrás de vocês.

Pigarreei mais uma vez me ajeitando desconfortável no banco, enquanto segurava a cabeça de Bella em meu peito. Olhei seu rosto mais uma vez.

- Pai, a gente vai chegar atrasado. Aconteceu um imprevisto... – O celular foi tomado de minhas mãos. Alice me olhou pelo retrovisor e sua expressão era um misto de impaciência e irritação.

- Pai, estamos indo ao Hospital. Bella está desacordada; levou uma pancada na cabeça, e tem sangue e tudo.

Uma pausa.

- Não alarme a mamãe. Diga que vêm nos pegar porque o carro morreu, algo assim. Não é nada muito sério, eu acho.

Outra pausa, olhei para minha prima e levantei um pouco a parte do cabelo que grudava na testa suja de sangue. Estava ficando roxo. Delicadamente deslizei o indicador pelo rosto suave.

Pensamentos como fratura craniana me puseram ainda mais alerta e preocupado. Eu não entendia nada de fraturas humanas.

Pensamentos sobre arrependimento por não ter escolhido medicina como Emmett.

Com pessoas desastradas por perto, toda família tinha que ter um profissional de saúde.

Minhas divagações angustiadas e malucas foram cortadas, pela manobra de Alice que quase me deu um ataque cardíaco; ela ultrapassou o sinal vermelho como se experimentasse um sapato novo: A a coisa mais normal e corriqueira do mundo.

Arregalei os olhos, agarrando a borda da jaqueta de Bella. Um festival de buzinas e gritos ficaram para trás, enquanto ela corria pela avenida de acesso ao hospital.

- Alice sua louca! Quer nos matar? – Gritei sobressaltado e muito irritado.

- Calado Edward. – Ordenou.

Essa seria uma premissa de uma consolidada realidade: Eu estaria sempre sob domínio de alguma Cullen.

Finalmente estacionamos em frente ao hospital de Forks. As luzes se derramando e misturando-se amarelas, vermelhas das sirenes.

Cuidadosamente, peguei Bella com a ajuda de Alice, saímos do carro indo em direção a entrada. Ao longe, a figura de Carlisle se destacava com sua postura de sempre: segura, apesar de preocupada. Com o celular em mãos veio em nossa direção.

- Deixe-me ajudá-lo Edward. – Estendeu as mãos pegando minha pequena carga nos braços. Bella parecia um ramo se movendo displicentemente ao nosso movimento de braços.

Carlisle olhou para mim e arregalou os olhos.

- Mas, o que diabos aconteceu? – Meneei a cabeça levando minha mão direita para a fronte. Latejava no local ainda. Pude sentir um pouco o nível do estrago que a sova me propiciou. Maldição!

Seguimos meu pai para o Hall, e no mesmo instante uma jovem enfermeira veio nos receber. Ela me lançou um sorriso simpático apesar da situação. Creio que tentava nos transmitir a mensagem de que estava tudo bem, não seria algo grave. Era Claire Weber.

- Tragam-na para essa sala, o Dr. Hale vai atendê-los. – Abriu a porta branca e entramos numa saleta subdividida por aquelas estruturas de tecido e metal. Outros pacientes estavam ali. Alguns tomando soro, outros com curativos para serem trocados provavelmente. Uma garotinha loira estava recostada na parede, numa cama junto a uma mulher também loira, uma máscara plástica de inalação no pequeno nariz.

Devo dizer, por mais que os anos passem e tudo mais, ainda detesto hospitais. O cheiro de assepsia, o eterno branco incorruptível e os olhares cansados dos médicos plantonistas... Tudo me dá um tédio nauseante.

Pessoalmente estive um número limite de vezes no ambiente para saber quão sufocante e estafante pode ser. Uma fratura aqui, um corte ali, um roxo em algum lugar, e lá estávamos com uma coleção de situações bizarras envolvendo muitos analgésicos. Como disse em outra ocasião reminiscente, Bella era meio propícia a acidentes bruscos.

- Sr. Cullen! - Uma voz jovial fez-se ouvir no recinto. Logo assumindo uma postura alerta ao ver Bella nos braços de meu pai, o Dr. Jasper veio em nossa direção.

- Olá Jasper, como vai? – Cumprimentaram-se rapidamente, o bom doutor olhou para mim quase não contendo o enrugar da face.

- Edward? Devo perguntar o que houve? – Ele me dirigiu sua mão enquanto me questionava. Soltei o ar pesadamente, inclinando o rosto. O Dr. Hale era bem jovem, porém, muito dedicado ao seu cargo no Hospital. Desde que se mudara para Forks há uns sete ou oito anos, vira muitas incursões nossas ali, com os pequenos acidentes domésticos.

- É uma longa história... – Frase comum, eu sei. Principalmente em situações difíceis. Sempre temos esse refúgio quando não queremos tornar longa uma conversa ou explicação.

- Ok, vamos ver nossa paciente, rápido! O que aconteceu?. - Ele assumiu sua função. 

- Claire! Venha dar uma olhada no Edward. – Logo a enfermeira que nos recebeu veio em minha direção me indicando a saída.

- Venha comigo, tenho que pegar alguns medicamentos e ataduras, você aproveita e me ajuda. – Eu a conhecia um pouco. Bem o suficiente para saber que havia um tanto mais ali. Não, não estou sendo vaidoso. Não sou um homem deslumbrante, encanador; não banco o Dom Juan nem nada. Mas, um homem – por mais disperso que seja – consegue captar essas coisas se prestar atenção pelo menos um instante.

- Pai, o senhor poderia ajudar a Claire, eu preciso ficar um pouco sentado, se não se importar Claire – Olhei seu rosto, percebendo um flash de entendimento. Ela não era feia nem nada; só não soava interessante para mim naquele momento.

Ele me olhou brevemente e entendeu o porquê de meu pedido. Aparentemente.

Umas conseqüências podem ser enumeradas de um bom relacionamento filial; entre elas, uma afinação rara entre as intenções de pais e filhos ocorria conosco.

- Volto logo. – Falou para Alice, que estava silenciosa ao lado da cama de nossa prima enquanto o Dr. Jasper começava a examinar a Bella. Nesse momento, uma leve ondulação de olhos; olhos castanhos questionadores. Abriram-se minimamente.

- Precisamos fazer alguns exames para verificar a lesão. O desmaio não é um bom sinal nesses casos. – Ele conversava conosco.

- Bella, você está no Hospital em Forks, sofreu uma pancada na cabeça, pode me entender? – ele perguntou a minha jovem prima confusa.

Ela olhou para o jaleco do medico e uma pequena linha se formou entre os seus olhos.

- De novo?! – Sua voz meio rouca saiu em um lamento. Quase não contive o sorriso, suspirando aliviado.

- Se sente enjoada ou tonta? – O exame continuava enquanto todo meu corpo relaxava mais.

- Não, só sinto doer aqui. – Apontou com o dedo o enorme galo que se formara em sua testa.

- Vamos cuidar disso. – Dr. Hale se ergueu da posição meio inclinada em que estava, se aproximando de minha irmã que segurava os dedos de Bella sobre a cama.

- Alice, você pode esperar lá fora se quiser. – A olhou atencioso.

- Não, prefiro ficar, se não houver problemas. – Teimosia: defeito ou qualidade? Alice a possuía em elevado grau.

- Mas, não é você que não gosta de sangue? – Ele questionou com ar risonho.

Ela desfez a expressão estou-preparada-para-brigar e saiu do quarto; nesse mesmo instante, Claire entrou com algumas coisas em mãos, olhou de relance para mim que imediatamente abaixei o olhar para minhas mãos completamente sujas de terra. Meu pai a seguia com pequenas caixas nas mãos; depositou-as numa pequena mesa perto de mim.

- Aqui está Dr. Hale. – A enfermeira saiu logo em seguida.

Meu pai, aproximou-se da cama de Bella e olhou-a nos olhos.

- Está tudo bem meu anjo? – Afável. Meu pai era completamente diferente de mim; pelo menos nesses meus tempestuosos anos de juventude. Época em que somos radicais e inteiramente confusos sobre tudo.

Calmo, sereno, silencioso até. Quando penso nele a primeira de muitas memórias que me ocorrem são as brincadeiras que, de algum modo, sempre procurava compartilhar conosco.

Bella fez sinal positivo, franzindo o cenho parecendo com dor.

Uma mulher um pouco robusta de cabelos curtos e muito ruivos entrou no quarto; colocando luvas veio em minha direção.

- Olá meu jovem – Falou com voz tediosa. Uns óculos deslizando no nariz arredondado.

- Oi. – Parece que Bella levou a pancada e eu que fiquei monossilábico de repente.

A senhora limpou minhas feridas e colocou curativo em todas. Nesse meio tempo Bella foi levada para os exames.

***

Estava já do lado de fora, um copo de café numa mão; Alice do meu lado, e meu pai deveria estar nalguma banda do hospital com Bella e o Dr.

Eu estava bem distraído naquele momento pensando no quão estúpida e infantil minha atitude havia sido. Provocar um cara maior, mais forte e acompanhado? Mas o que eu podia fazer? Sair com o rabinho entre as pernas? Nunca! E não era meu orgulho falando;

bem, talvez só um pouquinho...

Fui impulsivo. Mas, fica difícil manter o equilíbrio quando alguém provoca ou humilha uma pessoa que você ama.

Alice podia se cuidar sozinha. E era por isso que se mantinha silenciosa e carrancuda comigo desde o incidente. Ela tinha aquelas personalidades independentes em excesso; desesperada por uma maturidade que de fato ainda não carregava completamente, nem ela, nem eu.

Eu sabia que deveria lhe dar espaço e foi o que fiz. Pelo bem da minha pele.

Mas, Bella... Ela era como um animal amedrontado quando se tratava de pessoas estranhas. Podia-se sentir a esquiva na forma desconfortável com que se portava, na sua excessiva dedicação ao seu mundo próprio cheio de livros.

Naqueles dias minha raiva aumentava sobrepujando qualquer outro sentimento. E isto se processaria em um crescente, à medida que tomava conhecimento da situação de Bella na escola.

UM PASSEIO POR UM PEQUENO DILEMA:

À sua esquerda, você pode ver

Uma insatisfação crônica consigo mesmo;

Logo ali, na parte de trás, pode-se vislumbrar a raiva por

Não ser completo;

E como plano de fundo, o cenário perfeito:

Um objeto externo ao qual culpar por tudo isto.

Assim nasce o preconceito ou discriminações: da incompreensão. Enfim, manter o equilíbrio entre o adulto que devia ser e o moleque raivoso que as vezes me tomava, era um desafia para toda a vida.

Mas, disto eu só tomaria conhecimento com o correr dos anos...

Barulho.

Ora! Estamos em um Hospital, por definição deveria ser um lugar mais calmo possível, não?!

- O senhor Cullen está ali dentro com meus filhos, eu não sei ao certo a razão e estou realmente preocupada. Será que você pode tentar lutar contra a incompetência e me atender? A g o r a!

Senti o suor frio se formar na minha testa, escorrendo pelo meu rosto até o pescoço...

Minha mãe.


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