Shimmer escrita por scarlite


Capítulo 18
Capítulo 18 - Casus




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CAPÍTULO 18: Casus

Onde os olhos não vêem.

Onde as mãos tocam e sentimos com o coração;

As emoções como rios de águas profundas, misteriosas como os seus olhos.

A vida fluindo de mim em ondas... Como a paz;

O sol de estar ao seu lado; ter na boca, derramada como o alimento mais saboroso da alma, a palavra minha para ti.

Essa sensação de posse que me torna tão poderoso.

Quero acima de tudo, as coisas simples: Segurar tua mão na minha; tocar o seu rosto com intimidade; chamar teu nome; sentir a pele, o sabor, a textura, o calor de ter você ao meu lado pela manhã de um dia comum... Tantas coisas, que não cabem em mim e que clamam por realização.

Quero carregar a força insana de andar contigo lado a lado pela vida.

Minha, seu, nosso.

***

No fundo da minha mente sentia que algo estava fora do lugar há dias. Era uma sensação, nada concreto, por isso andei pelos dias sem me deixar mover de uma leve sensação para uma preocupação real.

            Desde o nascimento de Adam eu vinha me tornando mais e mais apegado com a casa. Pensava que todo o choro e as amofinações típicas de um recém-nascido iriam me expulsar do ambiente doméstico; surpreso, constatei que ocorreu exatamente o contrário.

            Apesar de ter a disposição muitas mãos e olhos solícitos em cuidar do mais novo Cullen, gostava de segurar meu sobrinho, sentir o cheirinho de bebê me trazia certo conforto. Talvez uma familiaridade reprimida com minha infância, dos meus irmãos e de Bella. Esta continuava abobalhada com o pequeno. Sempre em torno do berço com os enormes olhos castanhos focados nos movimentos incertos de pezinhos e mãos gorduchas.

            Adam trouxe um novo ar para a casa. Toda a fazenda estava como que contagiada pela novidade; nossa casa estava constantemente povoada pelos visitantes. No começo apenas os Black, depois as velhas senhoras da cidade, as fofoqueiras – que aproveitavam o ensejo para conhecer a reclusa casa dos Cullen.

            Como tio, tive que acostumar-me a saídas de emergência a farmácia, trocas de frauda e mamadeiras. Rosalie dizia que todos deveriam ter sua participação nesse momento. Não resisti, apreciei tudo como um grande coruja.

De todos nós, aqueles que mais se destacavam neste quesito em especial, eram Emmett e meu pai. Parecia mais um achado científico cada som ou expressão que o bebê emitia. Isso chegou a um ponto ridículo quando Adam deu seu primeiro arroto.

Gostava do jeito como meu pai olhava orgulhoso para Emmett. O primeiro neto, e ele ainda permanecia tão jovem com seus cabelos claros e olhos compassivos. Como sempre foi.

Para minha pequena irmã, um sobrinho foi a realização total: Envolvida em todas as etapas de decoração de quarto a roupinhas infantis, o céu era o limite. Foi preciso uma intervenção mais concisa de Esme para tirá-la junto com Bella do quarto de Rose e Emm no primeiro dia. Já se passaram dias, e ainda é assim.

- Edward, você pode ir até o armazém comprar pomada para assaduras do Adam?

Minha mãe colocou a cabeça para dentro do escritório dando-me uma visão de sua blusa cheia de talco.

- Acabamos de dar banho nele e Rose percebeu que havia acabado.

Abandonei o livro que estava lendo sobre a mesa do abajur próximo a lareira. A temperatura havia caído bastante nas semanas que se seguiram; nada de neve ou gelo, apenas a umidade e intrépida e o vento gelado.

- Claro mãe. – Ela me devolveu um sorriso afável e doce. – Viu as chaves do meu carro? – Apalpava os bolsos em busca delas, não lembrava de tê-las colocado no porta-chaves.

- Alice saiu com o seu carro. O dela está no conserto.

- Outra vez? – Suspirei frustrado; Alice e suas saídas misteriosas não me incomodariam não fosse o fato de ela pegar meu precioso carro sem minha permissão.

- Você pode ir no carro de Carlisle...

- Nope. Pode deixar, é perto, ainda é cedo. Vou andando mesmo.

- Tem certeza? – Esme me olhou com um ar de troça. Ela sabia que eu faria qualquer coisa pra não ter de usar aquela lata velha.

A casa estava silenciosa e tranqüila. Agora os sons bruscos eram proibidos, e todos tinham de entrar usando apenas meias. Pobre Isabella... Duplicava o cuidado ao andar entre os móveis e pouco parava em frente ao piano. Acho que estava já em crise de abstinência. Com freqüência a via mover os dedos sobre teclas imaginárias, como na floresta. Assim como os barulhos, Maggie estava relegada ao jardim. Nunca mais lhe foi permitida incursão pela casa. “Medidas de segurança”, dizia Emmett.

- Vá com cuidado filho.

Depois de ouvir a mesma recomendação de Esme, enrolei o cachecol no pescoço e segui para o jardim, recebendo uma rajada de vento frio. Um arrepio se espalhou pela minha coluna. Invasora indevida do calor da casa, a brisa glacial me fez dar uns pulos pelo gramado úmido a fim de me aquecer.

Saindo do terreno através do antigo portal de madeira fiquei intrigado pela forma assumida pelas copas das arvores, contorcidas pelas lufadas de vento. Senti um corpo batendo contra o meu, e quase morri de susto, tamanha a distração que apresentava. Segurei a figura para que não caísse. Era Bella.

- Me desculpe! – Ela principiou a falar sem se dar conta de que era eu ali. Quando levantou o rosto, vi o nariz vermelho e as bochechas rosadas pelo frio.

- Não tem problema.  – Respondi meio seco. Havia sido assim desde...

Bem, não gostava da forma que minha relação, antes tão próxima, com Bella tinha assumido. E me odiava cada vez mais pela minha falta de caráter e de noção. Mas, acima de tudo: Carência de autocontrole. Eu estava destinado a queimar no inferno, pois mesmo agora, depois de tanto pensar, ainda sinto desejo de tocar os lábios... “inferno!” pensei comigo. Mas, além do que havia acontecido, Bella mudara seu comportamento. Isso vinha se configurando. No entanto, agora parecia mais perceptível.

Voltei às costas para ela e saí a passos largos pelo caminho que levava ao armazém dos Johnson. Pequenas mãos cercaram meu braço, num aperto frio. Volvendo os olhos recebi um sorriso tímido mas, certeiro de Isabella. Era como um golpe no meu domínio próprio, como tudo nela.

- Onde vamos maestro? – Inevitável sorrir. Havia tinta branca na bochecha. Ergui minha mão, limpando e me perguntado de onde isso tinha saído.

- Vamos comprar pomada para Adam. – Ela se enganchou no meu braço, a ponta do seu gorro caindo sobre a testa; totalmente adorável.

- Outra vez?

- Foi isso que eu disse.

            - O que é isso? – Questiono apontando para outras manchas azuis de tinta no seu casaco.

            - Uma pequena surpresa para Adam. – Falou toda serelepe.

O silêncio, velho companheiro nosso, começou a se misturar com o som das nossas respirações.

Um detalhe importante: O silencio às vezes é mais barulhento e cheio do que qualquer multidão.

Senti um puxão no braço, quase escorreguei na lama quando Bella parou repentinamente. Fitei-a com um ponto de interrogação estampado no rosto. Ela olhava para o nada, com uma intensidade tão grande, como se visse algo extremamente incomum.

- O que foi?

Demorou até que ela balançasse a cabeça de um lado para o outro, se focando no presente e finalmente em mim.

- Nada, pensei que tinha visto alguém.

Olhei ao redor. Nada além dos cavalos no pasto e do vento dobrando as árvores. Se fosse qualquer outro ao lado dela, não teria percebido sua respiração alterada e os olhos levemente arregalados. Muito menos a atenção voltada para todos os cantos do terreno. Mas eu era a droga de um perverso que prestava atenção em tudo que ela fazia. Desde que desisti de resistir, isso tinha se intensificado. Agora não havia amarras inconscientes, eu tinha noção de que estava encantado com minha menina.

- Tudo bem? – Coloquei minha mão sobre a sua; estava gelada, envolvi os seus dedos nos meus aquecendo-os como pude, e isso fez com que ela sorrisse. E eu ganhei o meu dia.

Bella balançou a cabeça, ministrando seu sorriso sutil. Pensei em campos quentes e cheiro de morangos, lareira e conforto. Continuamos andando para nosso destino despreocupadamente. Crianças brincavam nas árvores ao lado do armazém, o som dos seus risos me lembrou de Adam.

- Adam gosta de música. – Um tema totalmente relacionado com o que estávamos falando antes. Ou melhor, não falando.

- Como você sabe? – Deixei, como sempre, que Bella me levasse pelos meandros misteriosos de seu raciocínio.

- Ele fica calmo quando cantarolamos alguma melodia perto dele.

- Acho que ele saiu a você. – Deixei escapar meu sorriso torto. E percebi que ela desviou seu olhar corando. Um pensamento clandestino passou por minha mente:

Eu causei isso?

- Ou a você.

Uma movimentação chamou nossa atenção já bem perto do aglomerado de casinhas de telhado vermelho que marcava o fim do terreno dos Cullen e o dos Johnson e Jackson.

Senti meu sorriso cair quando visualizei a traseira do carro dos Black; Jacob havia se enturmado com os idiotas da escola de Bella. E lá estavam eles, provavelmente comprando bebida – o que não poderiam não fosse a presença do garoto Sullivan. No ultimo ano, tinha idade suficiente para isso. Bella se agarrou ao meu braço, o ar apreensivo.

- Bom tarde Edward!

- Boa tarde Sr. Johnson. – Sentia os olhos do Sullivan contra nós, e meu humor começava a ficar negro. Encostado no balcão, enrolei Bella sob meu braço sendo envolvido pelo seu braço direito. Eles que se atrevessem a tentar alguma coisa aqui. Alguém derrubou uma garrafa e o senhor Johnson olhou aborrecido para a figura alta entre as prateleiras.

- Desculpe!

- Okay, vai ter de pagar por isso – Gritou. - O de sempre Edward? – Johnson e seu enorme bigode branco, pareciam mais um leão marinho, não era astuto o suficiente para perceber a atmosfera pesada. Com um aceno de cabeça confirmei e ele mergulhou na porta que levava para o armazém.

- Bells, algo errado? – Sentia seu nervosismo. Quase pânico estava nos olhos, que só naquele instante notei estarem úmidos.  – Afaguei o seu rosto com inquietação no peito.

- O que há, huh? – Minha voz, o mais baixa e afável possível. Ela parecia um animalzinho assustado enquanto se escondia no meu abraço. Enquanto isso, o som das vozes dos rapazes ecoava pela loja; riam e troçavam de algo, desliguei minha mente deles, concentrando-me em não me irritar.

Eu percebi.

Desde que entramos, notei o escrutínio de John Sullivan sobre minha prima. Não quis atentar melhor, procurei ignorar, mas, ele era tão descarado que fazia questão de continuar olhando para ela.

Eu não sabia o que andava acontecendo. Bella não me dizia, mas, dentro de mim sentia que não era coisa boa, e principalmente, o garoto Sullivan estava envolvido. No momento que encontrei o olhar do bastardo por sobre o meu ombro, tive de engolir com dificuldade a ira sem precedentes que me tomou. Era clara a lascívia enquanto deslizava os olhos sobre o corpo de Bella. Senti um calor percorrer dolorosamente minhas veias; Bella percebeu, claro. E tratou de apertar-me ainda mais contra si mesma.

Isso me ajudou a manter a censura e os impropérios apenas na minha mente. Porem, quando chegasse em casa, forçaria minha prima a me contar cada detalhe do que quer que a estivesse perturbando, ou melhor, quem.

***

Eu queria chorar. Bem, pelo menos meus olhos estavam lacrimejantes. Sentia meu café preto puro subindo e ardendo na garganta.

 “porra isso não é coisa de homem Edward” – Minha macheza sussurrou no meu ouvido quase me fazendo vomitar; ou talvez fosse o cheiro horrível que o pequeno Adam soltava pelas fraudas.

E eu me perguntava como um bebê tão bonitinho, rechonchudo e rosado era capaz de um torpedo assassino de odor daquela magnitude.

- Rose. – Os pés miúdos balançavam desordenadamente. Eu o mantinha o mais afastado possível segurando-lhe embaixo dos braços.

- Rosee! – Era difícil falar com o pouco fôlego que mantinha guardado. O pior de tudo é que, mesmo respirando pela boca, podia sentir.

- ROSE! – E Adam começou a chorar. Ele era tão delicado e... Mole, que fiquei desesperado pela possibilidade de tê-lo quebrado. Jesus! Eu não podia ter quebrado meu sobrinho nos primeiros meses de vida dele.

- Edward, você o assustou! – Minha cunhada (com seus enormes cabelos loiros e olheiras escuras) demandou junto com uma tapa no ombro.

- A culpa não é minha.

- Ow meu pequeno Adam, amorzinho, o titio Edward é mau não é?! – Rose tomou a bombinha bebê nos braços arrulhando; como as mães suportam esse cheiro horroroso é um mistério para mim.

Em vez de me parabenizar e agradecer por segura-lo naquele estado por quarenta minutos enquanto ela tomava banho, ela me chamava de mau. E na frente do meu sobrinho. O mundo não é justo.

- Tem certeza que não quer trocar a frauda? – Minha cunhada me abanou uma frauda com desenhos do Pooh com aquele sorriso de “Veja que grande oportunidade te ofereço”. Aquele mesmo exibido por um vendedor de frutas de plástico. Yeah, grande negócio.

- Eu passo... – Me larguei na cama de Emmett e Rose tirando um pato Donald de borracha do caminho.

- Sabe, você precisa treinar. O Emmie, ainda se enrola todo nessa parte.

- Imagino.

Contabilidade, construção, preço do cimento, preço das toalhas...

Estalo:

- Porque eu preciso treinar mesmo?

- Hm, não sei. Você faz o tipo que será pai logo que possível. – Como ela conseguia segurar Adam, o talco, e pôr a frauda era um mistério para mim.

- Eu?!

- Sim, você querido cunhado. – E ela olhou sobre o ombro com o ar de quem sabia exatamente do que estava falando. Limitei-me a enrugar a testa. Se não fosse um monótono rapaz de interior, morando com os pais numa fazenda, com uma profissão ainda inacabada, diria que eu me encaixaria com perfeição no verbete “solteiro convicto”. Mas, eu não participava de festas badaladas, detestava bebida (a única vez que me embebedei foi na Faculdade depois de uma reprovação), e definitivamente não era o maior dos garanhões.

- Não tenho nada sério com nenhuma garota.

Com um malabarismo digno do Cirque Du Solei, Rose pôs fim à tarefa de limpar e trocar o “babybomb.”

Ouvi pela porta os barulhos da família começando a preparar o jantar. Bella aparece na porta em toda a sua glória me fazendo sorrir. Aproxima-se de Rose pegando Adam nos braços com habilidade. O pequeno sabe o que é bom, pois leva sua minúscula mão para a pele acetinada do rosto de Isabella. Nem percebi que tinha dois olhos azuis me fitando.

- Você está certo disso Edward?! – Rose diz sem nenhum pudor. E eu engasgo. Para disfarçar, tusso. Uma falha total, pois Rose sorri diabolicamente e olha para Bella com os braços cruzados.

- Pode me dar ele Bells, vamos jantar meu pequeno ursinho?! – E lá vai Rose novamente mimando o filho. Bella me olhou e sorriu, projetando-se para a escada.

- Bella, espere. – Segurei seu braço, e não imagino porque, ela teve uma reação totalmente incomum: Puxou-o com rapidez, encolhendo-se.

Olhei para ela totalmente desconcertado. Era isso. Havia algo errado e não poderia adiar, precisava que ela se abrisse comigo.

- Desculpe. – Suas bochechas coraram. Esperei enquanto meu coração desacelerava. E então encarei seu rosto assombrado.

- Precisamos conversar sobre o que está te incomodando na escola. – Parecia que eu havia batido nela com um taco de baseball. Ficou tensa; o olhar se perdeu nalgum lugar que desconhecia. Por vários segundos esperei que ela falasse algo; o que não aconteceu.

- Bella. – Cuidadosamente, toquei seu rosto, tomando sua atenção novamente. Estava lívida, branca e estática.

- Fale comigo, por favor. O que há de errado na escola? E porque você ficou nervosa hoje cedo no armazém?

Rapidamente, sua respiração começou a ficar mais e mais rápida; os olhos antes úmidos derramaram gordas lágrimas, molhando sua blusa cinza.

Agonia.

Eu sentia isso, e uma onda primitiva de raiva. O pior era não saber de que, e porque eu estava com tanta opressão emocional. Até então não supunha que ela estivesse tão perturbada. Mas, a julgar pelas suas reações, eu tinha razão de ficar nervoso.

Fiquei parado esperando. Assisti todas as emoções se desenharem sobre o rosto dela, enquanto, parecendo muito perdida e cansada, sentou-se na cama. Ajoelhei-me na sua frente, segurando as pequenas mãos frias.

- Pode me dizer Bella; você pode me contar qualquer coisa... Vamos..

Eu ia falar mais; no entanto, Bella chorou ainda mais. Sua agitação foi me tomando. Num crescente.

- ME DEIXA EM PAZ! – Num rompante, ela se ergueu livrando-se do meu aperto. Seu grito me assustou; ela não era de gritar, ainda mais comigo. Mas, seus olhos... Eles sim me assustaram naquele momento.

Dizem que os olhos são janelas para a alma. Um adágio antigo e comum; espero que não seja real, pois eu vi algo que não parecia pertencer a Isabella: Ira, ressentimento, medo e uma ponta de algo que não consigo identificar até hoje, por mais que os anos tenham passado. Pela primeira vez, sentia Bella distante de mim, completamente indiferente. Era outra pessoa na minha frente.

- PORQUE VOCÊ SIMPLESMENTE NÃO DEIXA ISSO QUIETO, HAM? NÃO PODE FAZER ISSO? – Suas mãos estavam apertadas em bolas, as unhas provavelmente machucando a pele.

Fiquei tão chocado que não consegui mover meus músculos, nem um centímetro. Estava desconcertado.

- Não posso... – Uma arfada, mais lágrimas e meu peito apertando. – Não posso... – parecia perdida. Sua mão direita foi vagarosamente para seu lado esquerdo, pouco abaixo da cintura. Observei seu movimento, e agi por impulso. Meus pés e mãos tomaram novamente vida e eu me aproximei determinado, ignorando toda a contrariedade expressa em seu rosto pela minha aproximação. Sentia impaciência e raiva. Raiva do seu silencio nos últimos dias; raiva de suas saídas solitárias; do seu sorriso sempre manchado por algo; raiva de mim por não ser capaz de ver além da aparente mascara de alegria, de não notar...

Ela tentou me afastar, mas era inútil. Olhei para ela. Ignorei os protestos e ergui sua blusa até que vi: Uma enorme mancha roxa. Ela lutou contra mim, se debatendo e tentando escapar. Inútil. Era mais forte e maior que ela.

- PARE ISABELLA!  - Minha voz, áspera a chocou tanto quanto seu grito a mim. A essa altura, ouvia os passos na escada.

- O que está havendo aqui? – Esme estava a porta do quarto olhando-nos com assombro. – O que está fazendo Edward? – Minha mãe me fitava com olhos arregalados.

- Porque essa gritaria, entre vocês?

Eu mal prestava atenção nela. Com a ponta dos dedos, circulei o desenho perfeito de uma mão na cintura de Bella. Para fazer aquela marca, muita força devia ter sido imprimida.

No principio fiquei estático. Completamente.  Meus pensamentos, minhas mãos. Para em seguida, a realização me tomar por completo. Esme estava ao meu lado, com a mão na boca; Bella tentava se livrar de mim, mas eu a segurava com firmeza.

- Meu Deus, quem fez isso Bella? – Minha mãe me olhou inquisitora.

- Não, não fui eu mãe. Nunca faria isso! – Disse indignado por ela sequer cogitar tal coisa.

- ME SOLTA! DEIXEM-ME EM PAZ. – Eu esperava por tudo,mas, nada havia me preparado para ver minha menina num desespero daqueles. Era como se ela tivesse caído num buraco negro. Precipitou-se pela porta afora, com as mãos cobrindo os ouvidos. Saímos atrás dela; antes que ela atravessasse os últimos degraus, alcancei-a e a agarrei contra meu peito, amparei seu peso quando ela cedeu, ficando de joelhos com as costas pressionadas contra mim.

- ME LARGUEM! DEIXEM-ME EM PAZ, POR FAVOR! – Senti uma onda de desespero. Era palpável a agonia que ela sentia, e seja lá o que a atormentava, estava acontecendo ha algum tempo, e Bella estava exteriorizando ali naquele momento. Sua voz estava grossa, e grogue, misturada ao choro.

- Shiii – Sussurrava sem ter o que dizer, sem conseguir sequer pronunciar palavra. Olhos assustados caíram sobre nós. Rose, Alice e minha mãe, pareciam atônitas; encostei o queixo sobre a cabeça de Bella, sentindo o cheiro tão familiar. Rose derramando lágrimas silenciosas, embalava um Adam que chorava, talvez assustado com aquele barulho todo.

Senti um solavanco, Bella parecia prestes a ter um ataque do pânico. Ergueu a cabeça deitando-a sobre meu ombro e puxou fortemente o ar, como se estivesse sufocando.

- MÃE! – Gritei assustado; segurei as mãos de Bella pelos pulsos. E senti-a ceder. Esme se aproximou.

- Bella, querida... – Batia no rosto de minha prima. – Bella! Meu bem acorde. – Deitei-a no meu colo e vi como estava pálida.

- Mãe... Cadê o Emmett?

- No hospital, vou telefonar para ele. – Alice agiu.

- O que houve meu filho, o que causou essa discussão entre vocês. Isso não É comum. E o que... O que é isso? – Esme apontou para o lugar onde o machucado estava.

- Eu... Eu não sei, ainda. Mas, desconfio...

Minha mãe me olhou preocupada, e eu espelhava sua expressão. No entanto, estava determinado a punir pessoalmente qualquer um que tenha machucado Isabella.


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