Missing escrita por M4r1-ch4n


Capítulo 6
Capítulo 6




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         Enquanto andava pelas ruas de Londres, Ken prosseguia sempre de cabeça baixa e murmurando xingamentos nas formas mais diversas que conhecia. As pessoas ao seu redor dirigiam olhares estranhos ao moreno, uma vez que ele fazia isso em japonês.
         Um pouco à sua frente, Schuldig caminhava sorrindo. No presente momento, ele achava os vários métodos que Ken havia encontrado para matá-lo divertidos.
         - Oh, volte para aquele. Gostei.
         Ken ergueu a cabeça para fitar os olhos azuis do alemão.
         - Nani?
         - Gostei daquela sua idéia. Quero dizer, me parece interessante a idéia de ser algemado à parede, em um quarto escuro, enquanto você caminha na minha direção sensualmente... Nunca pensei que você tinha esse lado, gatinho. - Schuldig piscou, explodindo em risadas ao ver a confusão dos olhos de Ken se converter imediatamente em raiva.
         - Schuldig... Você vai morrer.
         - Todos vamos, Ken. Alguns mais cedo, apenas.
         - Seu caso, por exemplo.
         - Awww, Kenken. Por que você está desse jeito? O que houve? - o telepata virou-se para trás enquanto esperava o farol de pedestres abrir, quase fazendo com que Ken batesse nele sem querer.
         - Como assim o que houve? Explique isto. - Ken abriu os braços, em seguida dando um volta no próprio eixo, indicando a roupa que usava.
         Após sair do shopping, Schuldig havia forçado o assassino mais jovem a vestir-se com as roupas que acabara de comprar. A escolha havia sido uma blusa que parecia agarrar-se ao corpo de Ken pela própria vida, de mangas longas. Porém, ela expunha os ombros do jovem, e era quase do tom de azul dos olhos do moreno. Schuldig havia escolhido uma calça também bastante justa, preta e brilhante, que realçava as incríveis formas do corpo do outro.
         - Explicar? - o alemão subiu e desceu o olhar pelo corpo do ex-jogador de futebol, murmurando alguma coisa em alemão que Ken não entedeu - Parece bom para mim, gatinho. - em seguida piscou.
         - Eu pareço um garoto de programa...
         O ruivo não conteve um sorriso ante o embaraço do jovem.

         "Relaxe, Ken. Não parece."
         "Então por que as pessoas olham desse jeito?"


         Schuldig olhou ao redor deliberadamente, satisfeito ao ver que de fato, Ken atraía olhares bastante indiscretos.
         Como o seu gatinho era inocente...

         "Porque você vinha falando em japonês."
         "Sou desu..."


         O telepata tomou a mão de Ken ao retomar a caminhada, soltando-a logo depois. Em questão de minutos, os dois encontravam-se na frente de um prédio imenso e luxuoso, com grandes letras douradas na frente.
         - Ken?
         - Schu... Onde estamos?
         - Em um dos melhores hotéis da cidade. Vamos.
         Um pouco hesitante, o moreno seguiu o telepata, que movimentava-se com total espontaneidade. Parecia que Schudig estava perfeitamente habituado a frequentar lugares requintados.
         Parando na frente do balcão, o assassino mais jovem limitou-se a contemplar as sacolas que carregava. Além da sua própria sacola esportiva, pelo menos tinha mais três com roupas compradas no shopping.
         Ken respirou profundamente, olhando a recepção do hotel. Schuldig conversava fluente e rapidamente com o homem engravatado do local, e sem entender absolutamente nada, o ex-jogador optou por observar o ambiente. Era inacreditável. Realmente estava fora do Japão.
         Quando deixou que os seus olhos caíssem no recepcionista, notou que olhava de volta para ele, com um ligeiro sorriso no rosto enquanto pegava alguns papéis. Ken congelou.
         Olhou para si mesmo. Depois para Schuldig, que havia retirado a parte de cima do paletó e a segurava, como se acabasse de vir do trabalho. Tornou a olhar novamente para o funcionário do hotel.
         A ficha caiu, e Ken olhou horrorizado para o telepata.

         "Schuldig! O que você acha que ele está pensando que eu sou?"
         "Pensando?"
         "Não se faça de desentendido. Olhe o jeito que você está vestido, olhe o meu jeito. Parece que você acabou de sair do trabalho e quer se divertir..."


         O ruivo usou a mão livre que tinha para levantar o rosto de Ken, acariciando levemente a sua face com o polegar. O moreno corou visivelmente.

         "Ken... Ele não está pensando nada."
         "Não?"
         "Bom... Na verdade, ele está pensando no quão delicioso seria tê-lo no mesmo quarto que ele, fazendo coisas que você muito bem imaginar na cama dele..."
         "SCHULDIG!"


         O assassino mais jovem deu vários passos para trás, tomando uma distância segura do recepcionista e do seu companheiro de viagem. Não demorou para ouvir novamente a voz do alemão na sua cabeça.

         "Não deveria ficar tão assustado, gatinho. Na verdade, desde que entramos aqui, pelo menos metade das pessoas que estão neste saguão tiveram pensamentos iguais."

         Ken sentiu sua face esquentar ainda mais, mesmo achando que isso não fosse possível. Era grato por ter deixado seu cabelo crescer durante os últimos anos, tendo pelo menos parte da sua face coberta pelo seu cabelo.

         "O que o torna ainda mais atraente, Kenken."

         O rubor do rosto de Ken sumiu, dando lugar a uma expressão incrivelmente assassina. Schuldig havia pego a chave do quarto e caminhava na direção dele, em direção aos elevadores do hotel.
         - Fique certo que quando chegarmos ao quarto, eu terei o prazer de... Espere um pouco. Que quarto você pegou?
         O telepata entrou no entrou e encostou-se na parede do elevador, pressionando o botão do último andar do hotel. Em seguida, virou-se para encarar Ken.
         - 2301.
         - Vigésimo terceiro andar?
         - Ja. O último.
         O jogador ainda tinha o espanto escrito na sua face.
         - Por que tão alto?
         - Porque os melhores quartos, com direito a piscina privativa, estão lá. - Schuldig piscou sedutoramente para Ken.
         O moreno sentiu que uma das desvantagens imediatas do seu quarto era a altura. Ou aturaria longas viagens de elevador com o outro assassino ou então era capaz de morrer de cansaço pelas escadas.

         "Como você é esperto."
         "Schuldig, você trapaceou."
         "Eu nunca sigo regras, mein Kätzchen."


         O elevador finalmente parou, e ambos dirigiram-se a um quarto no fundo do corredor. Schuldig abriu a porta, e Ken sentiu seu queixo cair.
         - Schuldig...
A resposta que obteve do telepata foi o barulho da porta sendo trancada. Naquele exato momento, Ken quis pular no pescoço do ruivo, por ter escolhido um quarto daqueles, longe de tudo e todos e de qualquer pedido de ajuda, e ainda mais...
         ... Com uma cama de casal.
         - Por que exatamente você fez isso, Schuldig?
         - Porque as melhores camas do hotel são de casal, Kenken.
         O telepata largou suas coisas em uma cadeira próxima, e jogou-se na cama, afundando no macio colchão da mesma. Em seguida, gesticulou, convidando Ken a juntar-se a ele com um sorriso mais do que sugestivo.

         "Vamos, Ken. Eu prometo que não mordo."
         "No seu caso... Você é culpado até que seja provado o contrário."


         O ruivo sorriu, fixando os olhos profundos na figura do assassino mais jovem, ainda parado no mesmo lugar.
         - Apropriada escolha de palavras.
         - Eu sei.
         Suspirando, o ex-jogador sentou na cadeira mais distante possível de Schuldig. Embora não admitisse, estava admirado com o luxo do quarto.
         - Ken... Vai dormir na cadeira?
         Os olhos de Ken se acirraram.
         - Claro que não. Você vai.
         - Nein. Eu estou pagando, mein Kätzchen. - sorrindo malignamente, o alemão levantou-se da cama, entrando no banheiro - Aproveite a cama se quiser, eu vou tomar um banho.
         Após ouvir a porta ser trancada, Ken sentiu-se deveras aliviado. Sem os olhos do telepata sobre ele, o assassino aproveitou para examinar o quarto, procurando memorizar detalhes importantes. Sem perceber, acabou caindo na cama... E no sono.

         "Ken?"
         "Mmnn..."
         "Acabou gostando da cama, eu sabia que isso ia acontecer."


         Ken abriu os olhos imediatamente, olhando ao redor. Tinha de fato dormido um pouco sobre a cama. Encontrou a porta do banheiro aberta, e encostado no batente, Schuldig.
         O ex-jogador usou quase toda a sua força de vontade para retirar os olhos do corpo exposto do telepata, que usava apenas um roupão cedido pelo próprio hotel. O seu longo cabelo flamejante ainda estava molhado, fazendo com que pequenas gotas d'água caíssem dos fios e corressem pelo torso do alemão.
         - Gosta do que vê, Kenken?
         - Eu... Nani? Iya, claro que não!
         Schuldig sorriu, apanhando uma toalha para secar seu cabelo. Ken havia pulado para longe da cama enquanto isso, perto da cadeira que havia ocupado antes. Sem prestar atenção direito no que fazia, começou a mexer nas suas sacolas, tirando seus pertences de dentro.
         - Sabe, Ken... Você me surpreende.
         O moreno parou com o que estava fazendo e voltou-se para Schuldig, encarando-o atentamente. O alemão havia sentado na cama, inclinando a cabeça enquanto secava o cabelo.
         - Mesmo depois de ser traído... Daquela forma tão cruel pelo seu amigo, você confia em mim. Sendo que eu não disse uma única vez porque viemos para a Inglaterra...
         Vendo que tinha a atenção completa de Ken, continuou.
         - Não indagou sobre maiores condições de Aya ou Crawford... Nem como eu sabia que eles tinham sumido. E se fosse uma armadilha, Ken? E seu estivesse somente brincando com você antes de...
         Schuldig não chegou a terminar a frase, sendo jogado para trás na cama de repente. Em um piscar de olhos, Ken havia atirado-se sobre ele, imobilizando o alemão sobre a cama.
         O metal frio das garras da arma do moreno estavam perigosamente próximas da garganta do telepata. Os olhos do assassino mais jovens estavam completamente impossíveis de serem lidos.
         Mesmo naquela situação, Schuldig sorriu.

         "O que foi, gatinho?"
         "Schuldig..."


         Decidindo que o telepata precisava ouvir o que queria dizer, Ken continuou verbalmente, afastando um pouco a mão que tinha a garganta de Schuldig na mira.
         - Nunca brinque com os meus sentimentos. As conseqüências não serão as melhores. Eu lhe asseguro.
         Ken falou tudo vagarosamente e em um tom assustador. Naquele momento, Siberian falava pelo corpo do moreno. Com completo controle das suas emoções.
         O alemão não piscou, maravilhado com a mudança que se operara em Ken. Sentia o olhar, a respiração, a alma do outro homem sobre si. Uma imponência que ele nunca havia notado.
         Estar prensado sob um antigo inimigo era uma nova sensação para Schuldig. Porém, a sensação do corpo de Ken contra o seu não.
         Aproveitando que o moreno havia deixado uma mão sua livre quando jogou-se sem aviso sobre o ruivo, Schuldig usou-a para empurrar a cabeça de Ken por trás, levando-a de encontro a sua.
         Antes que o assassino mais jovem tomasse qualquer atitude, sentiu os lábios quentes do alemão contra o seu. Com o contato, a sua mente desligou-se.
         Tudo que Ken sentia era o fogo que radiava do corpo do telepata. E isso bastava por enquanto.



Continua...


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