Missing escrita por M4r1-ch4n


Capítulo 5
Capítulo 5




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         Ken declarou-se oficialmente tonto, ao pisar no saguão do aeroporto de Londres. Não se lembrava de ver tanta gente junta em um só lugar...
         ... Falando em um idioma que ele não entendia.

         "Dormiu durante as aulas de Inglês?"
         "Iie. Nunca gostei de idiomas mesmo..."
         "Então como sabia o que Schuldig significava?"


         O moreno presenteou Schuldig com um sorriso cativante.
         - Não conto.
         - Eu vou descobrir, cedo ou tarde.
         - Se é tão bom assim, como ainda não descobriu?
         O alemão grunhiu algumas coisas incompreensíveis, procurando a saída do imenso prédio. Ken continuava atordoado com a multidão falando.

         "Imagine como eu estou."
         "Ah, você ouve tudo o que elas estão pensando... Esqueci desse detalhe."
         "Não esqueceria se fosse com você."
         "Schu?"


         O telepata parou de andar para observar o outro assassino ao seu lado. Ele não conseguia não sorrir quando ouvia seu nome abreviado.
         - O quê, gatinho?
         Ken respirou profundamente, sem saber se realmente deveria perguntar o que estava ensaiando. No fim, a sua curiosidade venceu. Olhando para a sua sacola, ele falou:
         - As pessoas... Você as escuta na sua cabeça, certo?
         - Ja.
         - Você escuta os pensamentos... Em qual língua?
         - Na que elas estiverem pensando.
         - Mesmo? - Ken ergueu o rosto, fitando Schuldig. Ele imaginava como seria ter a cabeça invadida por um turbilhão de frases, com ou sem sentido, ditas por outras pessoas em outro idioma incompreensível.

         "Fale por si mesmo. Inglês é compreensível para mim."
         "Ah, gomen. Eu deveria saber da existência da sua infinita sabedoria e conhecimento."
         "Kenken, não precisa ficar zangado. Como prova de que eu gosto de você, vou satisfazer sua curiosidade."


         Antes que o jogador pudesse piscar e perguntar o que o ruivo queria dizer, Ken sentiu várias vozes diferentes, falando coisas desconexas em inglês. O choque e a bagunça na sua cabeça foi tão grande que ele sentiu perder o balanço, sendo amparado pelo alemão.
         - Schuldig... Faça... Isso parar...
         Completamente tonto, Ken perdeu o sorriso que se formou no rosto do alemão. Em segundos, o silêncio voltou à sua cabeça, sendo esporadicamente quebrado pela já conhecida voz do telepata.

         "Melhor?"
         "Hai..."


         Sem perceber que ainda estava sendo mantido no lugar pelo alemão, Ken olhou mais uma vez para Schuldig.
         - Como... Você agüenta isso?
         Um sorriso divertido cruzou as feições do assassino mais velho.
         - Escudos.
         - Escudos?

         "Depois de treinamento, você aprende a bloquear as mentes indesejáveis."

         O jogador pareceu considerar a resposta dada por Schuldig. Balançando a cabeça devagar, o seu braço foi solto e retomaram a caminhada em direção a saída.
         Ken não deixou de notar que estaria perdido sem o telepata. O seu conhecimento do inglês era insuficiente, e confiava que o ruivo não seria cruel com ele ao ponto de deixá-lo sem...
         Ele congelou. Ele... Confiava em Schuldig?

         "Surpresa, surpresa."
         "Cala a boca."
         "Mas foi você mesmo quem se convenceu disso."
         "Eu não me convenci de que você é uma boa pessoa e está preocupado com o meu bem-estar. Apenas... Acho que você não me deixaria sozinho aqui. Você me trouxe até aqui, no fim das contas."


         O alemão sorriu de uma forma engraçada para Ken.

         "Nein. Não deixaria. Eu não sou tão desalmado."

         O moreno deu de ombros, e encontrou-se fora do aeroporto. Schuldig estava logo ao seu lado esquerdo, enrolando mechas do comprido cabelo cor de fogo nos dedos da mão direita.
         - Para onde?
         - Para onde... - o alemão considerava a pergunta feita enquanto as pessoas que passavam por eles dirigiam-lhes olhares estranhos - Para o shopping mais próximo.
         - Fazer o quê?
         Schuldig murmurou a resposta no ouvido de Ken:
         - Ir ao cinema e aproveitar a escuridão para nos... Divertimos.

         "SCHULDIG!"
         "Você está ficando bom nisso. Digo, recorrer à telepatia quando não quer chamar atenção..."


         Ken dirigiu um olhar fulminante para o alemão.
         - Vamos embora. Logo.

         "Ansioso para ir ao cinema?"
         "Você sabe muito bem que não é isso."
         "Ja, ja."


         O alemão suspirou em falso desapontamento, chamando um táxi. Os dois entraram e até o destino, Ken teve a precaução de ocupar sua mente, prestando atenção na paisagem do lado de fora.
         Nunca havia saído do Japão, e a Inglaterra parecia um lugar... Entediante. Por mais que o tempo estivesse firme e não prometesse chuva, não parecia de todo um local excitante e cheio de coisas para fazer. Na verdade, havia escutado uma vez que as pessoas da Europa eram mais fechadas que na América, por exemplo.

         "Eu protesto. Sou europeu, mas nada fechado."
         "Schuldig, você não conta. É uma aberração."
         "Também te amo, gatinho."


         Ken suspirou, deixando de olhar pela janela e interessando-se pelo teto do carro.
         - Mas que parece entediante, você não pode negar.
         Schuldig olhou sorrindo para o moreno. Era engraçado como ele podia se comportar como criança de vez em quando.
         - Kätzchen... E se eu dissesse que estamos no país onde inventaram o futebol?
         - Sério?
         Pronto, a palavra mágica: futebol. Em uma fração de segundo, toda a atenção do jovem assassino estava grudada no alemão. Schuldig sentia a ansiedade nos olhos turquesa de Ken, mesmo que levemente encobertos pelo seu cabelo castanho.
         O telepata não respondeu, apenas mantendo o sorriso no rosto enquanto pagava o motorista. Haviam chegado ao seu destino. Desceram do carro e entraram no shopping, Ken ainda esperando uma resposta.
         - É, é verdade. O futebol é um esporte bretão. Existem museus aqui... Você já deve ter ouvido sobre times famosos e...
         - Podemos ir aos museus?
         Schuldig encarou Ken. Em seguida, passou a mão pelo cabelo escuro do outro, desarrumando-o.

         "Você parece uma criança, gatinho."

         O ex-jogador de futebol deu de ombros, tentando arrumar seu cabelo com as mãos depois.
         - É que eu realmente gosto de... Schu. Olha.
         - O quê? Gosta de mim? - o telepata sorriu.
         - Não. - o assassino mais jovem respondeu com uma voz gelada - Olha aquilo.
         O ruivo seguiu o olhar de Ken, que estava grudado em uma loja.
         - Siberian, huh?
         Ken não se movia.
         - Que coincidência estranha.
         No entanto, o moreno não respondeu, apontado outra loja para Schuldig. Dessa vez, o alemão arregalou os olhos. O nome era Crawford.
         - Você acha que isso pode ser de propósito?
         - Espero que não, gatinho.
         Os dois balançaram a cabeça simultaneamente, e dirigiram-se para outra parte do shopping. De repente, Ken foi empurrado para dentro de uma loja.

         "Hey! O que você está fazendo?"
         "Comprando roupas novas para você."
         "Por quê?"
         "Porque você definitivamente precisa. Além do mais, vai andar comigo. Tem que se vestir bem."


         Ken apenas murmurou coisas não exatamente educadas, enquanto era quase arremessado no caixa da loja. Schuldig conversou em inglês fluente com uma vendedora, que logo trouxe um monte de roupas diferentes. Entregou todas para um assustado moreno, que entrou no provador.

         "E você não vai comprar nada? Vai ficar andando como um suposto advogado?"
         "Suposto, não. Verdadeiro. Ah, Kenken... As pessoas tem fantasias com advogados. Nunca teve?"
         "Claro que não."


         - Aposto que agora vai ter.
         O moreno assustou-se ao ver que Schuldig estava dentro do provador com ele. Sentiu seu rosto esquentar em proporções vertiginosas, afinal, não vestia nada na parte de cima quando o alemão entrou.
         Schuldig piscou, olhando o jovem corado à sua frente. Deus, ele tinha um corpo perfeito, uma beleza intoxicadora e ainda sim, andava como se quisesse escondê-la. Se perguntou por que não havia notado isso, quando ainda eram inimigos.
         Ken recobrou a fala, percebendo o absurdo de ter outra pessoa ali dentro. Decidiu protestar.
         - Schu...
         Mas a sua boca foi coberta pela mão do telepata. O que não o impediu de gritar telepaticamente.

         "SCHULDIG!"
         "Ouch. Mais baixo."
         "O grito foi intencional."


         Uma breve competição de olhares se seguiu, até o moreno dar-se conta de que Schuldig havia prensado-o entre o espelho e ele mesmo. Era uma sensação engraçada. O espelho às suas costas era gelado, ao passo que o alemão queimava. Ken sentia-se observado de um jeito... Que ele não sabia se gostava ou não.
         Schuldig olhava para Ken, mais necessariamente para os lábios do garoto japonês. Sentia que o outro estava tenso, mas no momento que havia entrado no provador, não conseguia desgrudar os olhos do outro assassino.
         - Conte... Como sabia o que meu nome significava?
         O ex-jogador piscava rapidamente. Os olhos azul-celeste do alemão não desgrudavam do seu rosto, e Ken começou a sentir-se perfurado. Não era possível que ele ainda estivesse intrigado com o assunto.
         - Kritiker. Eles pesquisaram... - Ken olhou de uma forma estranha para o alemão - Eles procuraram os siginificados de tudo. Schuldig, Schwarz, Schreient... O que você quiser.
         A respiração do alemão era próxima o suficiente para agitar a franja comprida de Ken. Sorrindo e parecendo satisfeito, o ruivo se afastou, saindo do provador e esperando do lado de fora. Encostado na porta fechada, Schuldig perguntava-se porque havia escolhido aquele jeito de tirar as respostas de Ken, quando poderia ter invadido sua mente há muito.
         Um sorriso involuntário cruzou os lábios do alemão. A sensação de ter o corpo de Ken prensado contra o seu não era nada má.



Continua...


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