Diário de Um Amor escrita por Juli_Ana


Capítulo 2
I - Renascimento 1.1




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...

—“Olhe para o lustre” “tente olhar para ele e não feche seus olhos por nada no mundo”!— Sua voz era aveludada baixa um sussurro ele mal se afastou de meu pescoço, ele parou e a dor da separação me causou desespero, meu corpo já não tinha mais forças meus olhos estavam pesados, meu coração mal batia dentro de mim, então ele abriu um pequeno corte em um de seus pulsos e pingou algumas gotas em meus lábios, ele segurou o corte seu sangue inundou minha boca, meu coração deu uma acelerada antes que eu visse estava bebendo do mais saboroso néctar, sabor único, era tão perfeito que me fazia gemer, minhas mãos tomaram seu lindo punho e agora eu conseguia me segurar a fraqueza que dantes senti estava me abandonando, ouvi um rufar ao longe e então esse mesmo rufar foi ficando mais perto então entendi que era o coração de Claud, ele estava com o olhar fixo no lustre e parecia estar em êxtase como quando eu estava em seu lugar isso chamamos de compartilhar, ele bebeu meu sangue humano e fez uma infusão de seu sangue imortal, eu bebia o dele e não conseguia parar, eu o queria de uma forma, seu sangue era quente e viscoso de um vermelho intenso o cheiro era como o dele, minha língua sentia cada gota que descia pela minha garganta e se espalhava pelo meu corpo, me transformando, por mais que quisesse continuar não podia, ele estava enfraquecido e se curvou sobre meu corpo e sussurrou: *

—“Agora solte-me pelo bem que me tem!”— Eu entendi o que ele dizia eu poderia o matar seu coração batia forte em seu peito e o meu era a continuação do seu, caro diário eu bebi e como eu o quis e ainda quero meu corpo pulsa por aquele sangue, Claud me deitou no sofá e meu corpo agora formigava a luz no candelabro se intensificou... foi a ultima vez que vi o dia e sua claridade, Claud me pediu para admira-lo fiquei sozinha no jardim que parecia se despedir, os criados me tratavam com tal devoção sempre atentos a meus atos cuidavam de mim enquanto Claud e os outros repousavam, eles são três dois homens e uma mulher, sempre sorridentes e educados, gentis, sabem do segredo e mesmo assim continuam a zelar por eles guardando-os de prováveis ataques diurnos, são eles que cuidam dos afazeres da casa ao contrario do que muitos pensam vampiros se alimentam de comidas comuns não com tal necessidade mais o fazem o sangue é sem duvida a principal fonte, fiquei no jardim a tarde toda não havia notado que esse seria o dia da transição então não estava com medo estava calma e feliz, me sentia completa, quando a noite caiu Claud me abraçou como em todas as outras noites e então fomos para a sala e ele pediu para tocar e assim o fiz, ele sentou-se ao meu lado e alcançou um cálice de vinho e falou com um tom sutil.

— Esta foi a tarde mais ensolarada que seus olhos já viram?

— Sim!— Respondi-o depois de um sorriso por lembrar enquanto meus dedos deslizavam pelas teclas do piano. Não precisava responder, mas ele assim o queria ele viu por meus olhos e suspirou como se estivesse em meu lugar, ele tomou essa recordação como sua e me falou por telepatia.

— Esta será a ultima tarde ensolarada de sua vida?— Minhas mãos perderam a sincronia e meu queixo caiu o medo fez meu corpo estremecer. — Não fique com medo! Vou ser eu quem a revivera, o que sente agora logo será tão insignificante, seu medo é tão humano... Meu anjo preciso de seu consentimento?— Ele fala segurando meu queixo seus olhos nos meus e logo eu sentia a magia de seu olhar agindo sobre meus atos.

— Eu... eu ... estou pronta...— Respondi depois de fugir de seus olhos fixada nas teclas brancas e negras do piano de caudas. Logo tudo foi mudando.  Meus olhos ainda não sentiram saudade da luz do dia, tenho tanto a descobrir, cheia de novas descobertas, a madeira tem outro cheiro, a noite tem perfume, as coisas me encantam meu olhos vêem perfeitamente tudo que antes parecia recoberto por um véu, caro Diário ainda não me apresentei mais me chamo Sophie Moncler, extinta família de nobres, meus pais eram primos legítimos e assim afilaram ainda mais o sangue de suas veias eles ostentavam a filha e as riquezas em igual mão, eu era apenas mais uma mobília na realidade, a filha perfeita, olhos castanhos herança materna, cabelos castanhos escuros corpo esguio que para minha mãe era considerado gordo, ela me dizia que minhas ancas pareciam de uma égua, e sempre mandava as criadas apertarem ainda mais meu espartilho até que ficasse sem conseguir respirar, aos vinte quatro anos considerada passada para idade meus pais visavam me casar com um jovem rapaz que tinha apenas quinze anos e eles esperavam ele crescer meu primo de terceiro grau se podemos considerar primo, filho do irmão mais novo de meu avô, mais uma vez a historia de não misturar nosso sangue real proveniente de um rei nunca mencionado, irônico como ostentação e orgulho é algo importante dentro de uma família como a nossa eu esperava um garoto crescer para me casar, e eu já me apaixonei e já fui pedida em casamento varias vezes. Meu pai estava decidido a me mandar para o convento eu tinha apenas nove anos e meu pai não me via casada com um homem de linhagem duvidosa então a noticia do nascimento desse menino mudou meu futuro, eles me guardavam para ele, quando ele nasceu nossos pais selaram o acordo.

Fato é que essas recordações pertencem ao passado, um passado humano e perdido agora eu sou outra pessoa, ainda preciso me adequar, peço desculpas, diário não sou mais uma pessoa sou uma vampira e mato pessoas para me manter viva, isso me enoja mais a dor da ausência do sangue em nossos organismos é dolorosa e o instinto fala mais alto, aprendi por experiência nos primeiros dias de vida.

— O que esta fazendo Sophie?— Claud pergunta mentalmente, é incrível mais entre nós não aconteceu como com os outros, criatura e criador eu tenho acesso a seus pensamentos e ele aos meus, ele lê cada linha do que já escrevi e sorri e devolve o diário. — Se quer fazer um diário o mantenha em segredo?

— Claud eu não preciso esconder de você... Eu divido tudo com você como você faz comigo, eu só estou tentado transcrever minhas experiências para o papel, medida preventiva.

— Faça como preferir, mais o deixe de lado e vamos em busca de nosso jantar, deve estar sentido a sede ou ainda não aceita que precisa beber? Seu corpo esta se transformando e precisa muito fazer isso, se não quer matar não mate, eu faço o serviço sujo... Esta mais feliz assim?

— Sabe a resposta... Só vamos não deboche de meus defeitos ainda estou confusa!

— Eu sei mais logo vai esquecer esse lado humano e se tornar como eu!— Essa afirmação me deu calafrios...

Senti medo quando desci as escadas e os encontrei sentados espalhados pela casa, lendo ou ouvindo musica, tão humanos e perfeitos, sorri para Anne que toca piano e assim que me vê toca uma das minhas áreas preferidas, Lucio esta lendo um livro com tal concentração que não quis o perturbar ele desce o livro e sorri leu meus pensamentos ainda sou novata então eles ainda podem ver o que penso, Mario sorri depois de atirar uma rosa recém colhida em nosso jardim, meu medo não era de minha nova família que esta contente com sua nova integrante e sim com o que estou prestes a fazer dois dias e não tive um encontro com humanos, os vejo da minha janela  sinto seu cheiro que me deixa atordoada, mais ainda não me sentia pronta, se pergunta como sobrevivi por dois dias sem beber sangue? Eu recém criada me alimentei de Mario e Claud eles são amigos inseparáveis, não amantes, amigos companheiros como se um fosse a continuidade do outro, já havia escutado historias de almas gêmeas mais que vampiros as tinham e que quando estão prestes a encontrar sua outra metade eles os sentem, que sentimos preciso me incluir afinal sou um deles agora, Anne disse que é como se fios te puxassem para o outro, as vezes o elo de ligação é tão forte que fica insuportável a distancia, e tão forte que sentimos necessidade de estar próximos da nossa outra metade, você sente seus medos, alegrias, e você sente que tem algo faltando e quando encontra seu parceiro tudo parece alem do real a perfeição é plena, ela fala assim por que já encontrou Lucio, e Claud a Mario.

— Sophie um vampiro não é capaz de viver em grupos se não tem seu parceiro, logo vai partir, se sentira fora do lugar, que nada é suficiente, então os livros não bastaram, a musica não será sentida como a sente, as horas em companhia de outros como nós se tornam enfadonhas e o tempo de aprendizado termina, é como se fosse um pássaro sem penas e depois que criamos as penas o ninho torna-se pequeno e então queremos o céu inteiro no caso de nossa espécie partimos de nossa casa original em uma jornada inconsciente para encontrar o que nos falta, e isso pode durar muito tempo. Alguns preferem a solidão a ter alguém a seu lado então vagam como fantasmas mal humorados, vingativos.

 

Continua...


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