No dia seguinte a Morte veio me buscar. Ela devia favores ao meu pai e era a que mais conhecia o mundo lá de cima, afinal o trabalho dela é na Terra.

- Como é lá em cima? - perguntei para descontrair.

- Bem diferente daqui debaixo. - respondeu ela sem nem olhar para mim.

Suspirei alto, estava entediada. Entramos num tipo de portal e saímos na cidade. Olhei em volta, havia muitos carros, muita gente, todos pareciam atrasados para algo. Mas isso não foi o que me chamou a atenção, era como em Hell City, a diferença é que não tem carros e nada do tipo e as pessoas não são nosso almoço.

A Morte me levou a um apartamento, entramos no elevador, e subimos até o sexto andar. Você deve estar se perguntando como ninguém achou estranho ver a Morte e um Demônio no meio da avenida Paulista. Mas a resposta é simples. A Morte não é vista por humanos e eu fui transformada em uma patética garota humano. Nem descreverei a forma em que estou porque posso mudá-la quando quiser, mas enfim. Chegamos ao apartamento, que por acaso não era tão feio, mas também não era nada luxuoso.

- Tome, aqui estão alguns documentos. Lembre-se: seu nome é Adrik Nyx, você veio da Russia e é aluna de intercâmbio, tem 16 anos e seus pais estão em Moscou. O resto está tudo aqui no apartamento. Não se esqueça de agir como um humano, você não come gente, ouviu?!

- Tá legal. - virei os olhos.

- E lembre-se de acordar cedo amanhã porque você vai para a escola. 

- Fala sério, destruo uma escola de demônios para vir para uma de humanos.

- Bem, isso é tudo. Tente não chamar muita atenção, e não use seus poderes sem a autorização de seu pai.

- Tá, tá, já sei. Que saco isso. Você já pode ir trabalhar, há muitos humanos velhos e nojentos esperando por você.

Sempre me disseram que a morte tinha senso de humor, não me pareceu isso. Amanhã seria um longo dia. Mas já que ainda estava de tarde quando a Morte foi embora decidi dar uma volta. Fiquei fora o dia todo, apenas andando pela cidade. Já estava tarde quando voltava para casa, mas notei que aquela era uma boa noite para a caça e eu estava faminta. Talvez deveria fazer uma boquinha e um grupo de amigos bêbados e descuidados seria uma ótima refeição.