POV Leah

Eu já estava ficando louca com aquilo. Não conseguia fazer nada de útil há quase uma semana. Não sabia o que esperar acontecer, mas com certeza, nunca pensaria em nada assim.

Minha vida mudou naquela noite em que Bella entrou pra matilha. Já estava esgotada de tanto sofrer por alguém que não me queria e fiquei disposta a tentar qualquer loucura.

Ele estava lá, ao meu lado outra vez. Conseguia ser pior que chiclete que gruda quando você pisa, mas fiquei feliz de ter alguém que me desajava. Era difícil ser a rejeitada do bando.

Embry agüentava calado as minhas provocações, sem se queixar. Ele costumava dizer que eu devia superar e desejar um caminho só meu, enfim, devia ser feliz. Não nego. Era tudo o que precisava ouvir, mas quem era ele pra dizer isso pra mim? Ele era apaixonado por mim! Eu era a anormalidade genética! Eu jamais teria filhos, era incapaz de ter um imprinting. Era o Lobisomem mulherzinha!

Mesmo que assim não fosse. Ele poderia ter um imprinting a qualquer momento. Eu torcia pra que isso acontecesse. No começo, apenas pra poder ser a rabugenta de sempre sem o peso na consciência, mas depois foi mudando. Eu demorei a me dar conta que eu desejava que Embry Call fosse feliz. Meu irmão foi o primeiro a notar esse pensamento em mim.

Eu já não implicava com ele. Junto com meu irmão, ele era meu único companheiro de patrulha. Os outros sempre trocavam seus horários pra não dividir a mente comigo.

Eu me assustei de verdade quando me peguei brigando com Paul numa tarde na casa de Emily. Eu estava chegando pra reunião quando entreouvi:

- Vai lá Embry, vai buscar ela mesmo! Deve estar com saudade do peso da pata dela em suas costas! – Todos riam enquanto Embry passava por mim. Era visível seu estado de irritação, mas ele nunca brigava com ninguém se pudesse evitar.

Entrei possessa na casa e dei um murro no queixo de Paul que o jogou do outro lado da sala. Ele bateu na parede com tanta força que a sala inteira tremeu. Não contente, vociferei:

- Pelo menos eu não tenho nojo de encostar no Embry! – saí pela porta em direção a floresta. Alem da irritação, estava assustada comigo mesma.

Foi o meu irmão que me encontrou bem mais tarde naquele dia.

“Sam deu a ordem. Ninguém mais pode brincar com esse assunto de capacho.” - Não pude evitar o alivio.  “O Embry pediu pra agradecer a você, apesar do Paul merecer muito e ele mesmo querer ter feito o serviço, disse que prefere que você não se meta em encrencas por causa dele.” Ele seria o cavaleiro de armadura de qualquer uma. Se eu fosse menos imbecil, podia gostar dele facilmente. Meu irmão já tinha ido embora.

“Lee, você não é imbecil. Só um pouco teimosa.” Não consegui evitar rosnar quando Sam me chamou pelo meu apelido. Nada nunca me prepararia pro que ele me falou depois.

“Ele seria capaz de lhe fazer feliz como eu jamais conseguiria.”

POV Embry

Eu procurei em minha mente alguém com quem eu pudesse conversar sobre sso. Leah apagara o Paul por minha causa. Eu não acreditava que aquilo estivesse certo. Não teria coragem de conversar novamente com a Emily sobre a Leah. Talvez a Kim, dessa vez.

Paul e Quil acabariam me irritando antes que chegassem a dar qualquer conselho imbecil que fosse, Jared não era do tipo muito falante, Seth é o Irmão dela e preferia não opinar, apesar de me dar força. Sam me deixava sem graça e Jake não era muito útil, já que ele gostava duma adoradora de vampiros. Se eu seguisse o seu exemplo, era capaz de ter que correr com três pernas atrás do bando.

Se por alguma sorte do destino, Leah não arrancasse um pedaço meu depois que eu roubasse um beijo, tenho certeza que Sam o faria. Ele foi bem claro quando disse pra que eu me afastasse dela. Porque se ela me aceitasse e eu tivesse um imprinting, ela não seguraria a onda novamente e se acontecesse com ela eu poderia ficar destruído. Ele podia se iludir o quanto quisesse, mas eu sabia que era ciúme da sua antiga preferida. Eu ia tomar uma parte do seu Harém. Devia estar no sangue Uley, já que eu também nunca fui de me ligar a ninguém, exceto Leah.

Nesse sentido, conversar com Emily me trouxe uma dupla vantagem. Ela me orientou a ser um companheiro pra Leah. Disse que ela precisava de um ouvinte e se eu agüentasse a barra e me tornasse um porto seguro pra ela, poderia colher os frutos disso. Além de ter dito pra Sam que ele não tinha o direito de se meter, caso Leah me aceitasse. Afinal, ambos corríamos o mesmo risco.

Sabe, não foi fácil. Leah era cruel com todos e isso doía fundo em mim. eu realmente gostava dela. Ela sabia onde o calo apertava pra cada um de nós lobos e fazia questão de pisar forte em cima da ferida.

No começo eu tinha vontade de revidar. De jogar sujo, mas eu via a culpa que ficava em seus olhos quando eu não fazia. Com o tempo, fomos nos aproximando. Virei seu ouvinte calado. Ela despejava em mim suas neuras e frustrações. De vez em quando, ela partilhava seus medos, porque sabia que eu não iria lhe julgar.

Depois do dia que ela quase matou o Paul, tudo mudou entre nós. Parei de ser o alvo de seus ataques, na verdade, me sentia poupado de sua ira. Éramos parceiros de ronda. Muitas vezes pegava turnos duplos pra ficar com ela em seu horário. Não que eu esperasse algum carinho de sua parte, apenas sua companhia silenciosa já era uma vitória imensa. Eu estava dobrando a loba mais temida de La Push.

Por isso estranhei quando ela aceitou prontamente o meu convite pra irmos a Port Angeles novamente. Nossa primeira tentativa teve aqueles cullens fedorentos atrapalhando.

Ela estava linda naquele vestido verde que insistia em mostrar suas coxas morenas, uma maquiagem leve e dois pedidos: o primeiro era que eu concordasse em passar na casa de Emily pra que ela resolvesse algumas coisas com a prima. O segundo era que eu fechasse os olhos e não abrisse.

Eu estava sentado no sofá da sala e senti quando ela sentou-se ao meu lado. Aquele cheiro de fêmea flutuava em minha volta misturado com o seu sabonete que trazia um frescor novo. Não acreditei quando suas mãos se colocaram uma de cada lado do meu rosto e sua respiração se aproximou de mim.

Eu não conseguiria ficar parado e coloquei as mãos em sua cintura, dando pista livre pra que ela me fizesse viajar. Estava vivendo uma experiência fora do meu corpo quando senti seus lábios cobrirem os meus e puxei-a em minha direção tomando o controle da coisa. Passei minha língua em seus lábios que, automaticamente, se abriram pra travar um combate feroz. A temperatura estava aumentando rapidamente e nossas mãos já estavam errantes sobre nossos corpos.

O abrir da porta nos trouxe de volta ao lugar onde estávamos e era necessário o mínimo decoro na casa que me receberia em breve como namorado. Agora eu tinha certeza disso. O que aconteceu entre nós não poderia ser esquecido nem negado.

POV Leah

Não queria fazer nada pela metade. Se ia começar algo com Embry, teria que fazê-lo da forma mais correta possível. Ele merecia me ter por inteira com e assim seria.

Pedi a Emily que maracasse com Sam por volta de dez da manhã. Já tinha o plano todo na minha cabeça. Depois da conversa iria ao cinema com Embry e faríamos um lanche na minha casa pra apresentá-lo a família. Se bem que depois do flagra que o chefe Swan nos deu, provavelmente minha mãe já deve estar sabendo de tudo. Voltariamos por volta das cinco horas e faríamos a ronda juntos. Não queria dar a Sam motivos pra falar o que fosse de nós dois.

Chegamos na hora marcada e Emy brincou com o Embry por estar bem vestido demais. Uma calça jeans e um blazer que ninguém sabia existir em seu armário. Sam nos convidou a sentar no sofá pra começarmos.

- Emy, eu sei que você não queria tomar o meu namorado e desculpe ter pensado mal de você. Posso imaginar que fora difícil pra você escolher entre sua melhor amiga e o amor da sua vida. Você teve que agüentar muita coisa pra ficar ao lado de Sam. Não vou mentir dizendo que esqueci o passado, mas perdoei você. Os espíritos lhe trouxeram um amor alem dos sonhos, mas também uma série de problemas e responsabilidades que eu não saberia lidar, já que meu destino é outro. – Embry sorriu pra mim e, apertando minha mão, olhou pra Sam. Eu entendi que precisava continuar.

- Sam, tenho certeza que jamais mentiu pra mim. Não quero mais guardar mágoa de você. Porem, não nego que abriste um vazio enorme em meu peito ao escolher Emy como sua companheira. Me senti traída e abandonada, mas nada disso justifica eu ter feito o inferno que fiz em sua vida – Fiz uma pausa pra conter as lágrimas, afinal Embry não merecia me ver chorar por Sam. Não agora que estávamos juntos.

- Eu peço desculpa e me arrependo de muitas injustiças que cometi, principalmente com o Embry que sempre esteve ao meu lado me ajudando e me curando de mim mesma. – Embry tinha um sorriso enorme e eu podia imaginar o orgulho que ele sentia pelo que eu estava fazendo.

- Leah... – Sam tentou dizer algo, mas Emily balançou a cabeça pra que ele ficasse quieto.

- Eu sei que se preocupa conosco. – foi a primeira vez que eu pensei assim, como um casal. – Mas eu preciso seguir em frente. Prometi a mim que desta vez, eu queria um amor de verdade – pude ver a tristeza nos olhos de Sam, afinal ele nunca mentiu pra mim. mas não era hora de poupá-lo – um amor só meu, sem você. – ali eu delimitava o fim de uma era e começo de outra.

Não havia mais nada a ser dito. Era apenas o começo entre mim e Embry, mas tinha certeza que não carregaria mais o peso de minha vida passada. Estava começando numa pagina em branco toda nova, só pra Embry e eu.

“Mi dispiace devo andare via (Me desculpe devo ir embora)

Questa volta l'ho promesso a me (Desta vez eu prometi a mim,)

Perché ho voglia di un amore vero(Porque eu quero um amor verdadeiro)

Senza te” (Sem você)

(Strani amore – Laura Pausini)