Hoje era o grande dia, a professora finalmente escolheria que bailarina interpretaria Giselle. Eu estava nervosa, eu precisava ser escolhida, meu futuro na dança dependia disso.

A propósito, me chamo Isabella Swan, mas prefiro que me chamem apenas de Bella. Tenho 16 anos, sou bailarina e danço ballet e jazz. Ao contrario do que muitos pensam, eu não danço desde os meus dois anos de idade, como muitas bailarinas que eu conheço, eu comecei a dançar quando tinha oito anos, foi quando assisti minha primeira apresentação de dança.

Eu fiquei encantada com a graça dos movimentos, a delicadeza, a beleza de tudo aquilo junto. Naquele dia, eu senti que a dança fazia parte de mim. Assim que sai do teatro, eu obriguei minha mãe a me matricular nas aulas de ballet da minha escola. Dois anos depois descobri o jazz, outra das minhas paixões.

Mas no começo não foi fácil, eu era toda desajeitada, eu era o pesadelo da minha professora, e quando me apresentaram a sapatilha de ponta então! Mas depois eu fui me acostumando e consegui entrar para a maior academia de dança de Los Angeles., mas o meu sonho mesmo é conseguir entrar para o Bolshoi.

E interpretar Giselle seria um grande passo para realizar o meu sonho, até porque seria em um grande festival de dança, cheio de caça-talentos.

“E a bailarina escolhida para Giselle será...” A professora fez mistério, mas que droga! Fala logo, eu vou vomitar de tanto que o meu estomago esta dando voltas. “Isabella Swan.”

Eu fui escolhida! Isso é perfeito, vou ser Giselle! Eu agradeci a professora e tentei não pular de alegria e sair gritando pela sala, porque achariam que eu sou maluca e outra pessoa seria Giselle.

“E agora Isabella, vou apresentar para você o seu Albrecht!” Ela falou e foi até a porta, eu estava louca para saber quem dançaria comigo. Ela abriu a porta e entrou um garoto de cabelos castanho claro, alto e com alguns músculos.

Eu conhecia aquele cara, era Mike Newton, da classe intermediaria. Ele dançava bem, eu já havia visto ele dançar algumas vezes, ele estava no mesmo nível que eu, seria um ballet perfeito.

“Este é Mike Newton, mas creio que vocês já o conhecem.” A professora falou.

Ele me cumprimentou e sorriu timidamente. Angela, minha colega de jazz, uma vez tinha me dito que ele conduzia muito bem, ela já tinha participado de um espetáculo com ele.

E então a professora começou o ensaio, Mike e eu não tivemos dificuldade com os passos em que a professora nos passou, e as meninas que seriam os willis espectrais, dançaram muito bem, pois já sabiam os passos, estávamos treinando os willis o mês todo. Mas eu não precisaria mais daqueles passos, afinal, eu seria Giselle, teria meus próprios passos.

Depois do ensaio prolongado super cansativo, eu estava exausta e meus pés estavam dignos de pena, amassados e enrugados, coitadinhos, ficaram horas enfiados naquela sapatilha de ponta assassina de dedos.

Eu fui para o vestiário e primeira coisa que fiz foi tirar a sapatilha, que alivio. Fiz uma breve massagem em meus pés. Amanhã eles sofreriam novamente, pois teríamos um ensaio extra para se preparar para o festival.

Tirei o collant, a saia e a meia calça e coloquei minhas roupas, uma camiseta da The Runaways, um short jeans velho e surrado, uma meia calça preta toda rasgada e um all star de cano médio velho, surrado e vermelho. Guardei as minhas coisas na minha mochila preta que eu uso há mais de três anos e que nunca foi lavada, ou seja, esta toda surrada, como a minha roupa. E eu gosto disso, quem não gosta muito são meus pais, vivem me dando roupinhas fofinhas e novas, mas eu nunca uso ou então personalizo.

Minha mãe quando me matriculou no ballet achou que as coisas mudariam, que eu teria mais disciplina e me vestiria como uma menininha, o sonho dela, mas nada mudou, a não ser a rotina que agora incluía ensaios e apresentações.

Eu sai do vestiário e fui em direção a saída, estava prestes a colocar os fones de ouvido do meu i-pod quando escutei alguém chamar meu nome.

“Isabella!” Eu me virei, preparada para dar uma bronca neste individuo que não me chamou de Bella, mas era Mike, ele não sabia das minhas preferências.

“Oh Mike.” Eu falei e ele acenou com a cabeça, sorrindo. “Prefiro que me chame só de Bella, por favor.”

Ele sorriu.

“Esta bem, Bella.” Eu sorri para ele quando ele disse, ele olhou para as minhas roupas. “Quem vê você dançando com toda aquela delicadeza e postura nem deve te reconhecer quando te ver assim.” Nós rimos, era verdade.

“Você esta certo, eu viro outra pessoa fora do linóleo.” Eu sorri.

“Enfim, eu só vim dizer que você dançou muito bem hoje, seremos uma ótima dupla, vamos ser os melhores no festival.” Ele sorriu timidamente.

“Obrigada Mike, você também dançou muito bem!” Eu sorri de volta para ele.

Olhei para o relógio na parede, eram seis e dez, eu precisava ir.

“Desculpe, eu tenho que ir, minha mãe quer que eu esteja em casa antes das seis e meia, ela vai dar um jantar para uns amigos, alguma coisa assim.” Eu falei.

“Tudo bem, sei como é.” Ele ajeitou sua mochila nas costas. “Tchau Bella, até amanhã.”

“Tchau Mike.” Eu lhe dei um beijo no rosto e fui embora.

Tirei meu skate da mochila e fui para casa deslizando pelas ruas, ir de taxi seria bem mais rápido, mas ir de skate era melhor, eu me sentia mais livre, e a minha casa não era muito longe da academia. Durante o caminho fui escutando guns, o meu ídolo Ozzy e muitos outros.

Cheguei em casa as seis e trinta e quatro, quatro minutos após o combinado, minha mãe estaria surtando.

“Isabella!” Ela gritou, eu odiava quando ela me chamava assim, significava que uma bomba estava próxima de explodir.

“O que foi mãe?” Eu disse enquanto guardava meu skate.

“Você esta atrasada!” Ela falou como se fosse obvio e eu fosse a pessoa mais burra da face da terra.

“Mãe fala serio, são só quatro minutos!” Eu falei indignada enquanto subia as escadas em direção ao meu quarto.

“Quatro minutos são muita coisa! Esse ballet não te ensina nada não? E a disciplina?” Ela perguntou indignada. Mas que chata!

Eu entrei no meu quarto e bati a porta antes que ela continuasse a falar, essa mulher quando quer fala mais que o homem da cobra.

Alguns minutos depois, Renée entrou no meu quarto sem bater, aquela mal educada, quem é a indisciplinada agora?

“Bella vá se arrumar menina! Você tem que estar linda, uma grande amiga minha vem jantar aqui hoje, eu conheci ela na faculdade e agora ela se mudou para cá. Você tem que estar linda!” Ela falou, pela milionésima vez.

“Mãe, ainda faltam umas duas horas para eles chegarem.” Eu falei, sem tirar os olhos do livro que eu estava lendo, “Eu sou Ozzy” a biografia do meu ídolo.

“Mesmo assim, demora muito para uma garota se arrumar e ficar perfeita.” Ela falou irritada.

“Bem, não no meu mundo, agora da pra me deixar ler em paz?” Eu reclamei. Ela saiu do quarto toda emburrada, oh mulherzinha chata.

Depois de ler mais algumas paginas do livro, eu fui tomar banho. Sequei os cabelos e deixei minha franja no olho, minha mãe odiava, e eu adorava irritá-la. Coloquei um vestido preto acinzentado com a saia meio rasgada que eu acho um charme. Sem esquecer da minha ankle boot cheia de tachinhas e uma meia calça preta, minha paixão.

Quando desci para ajudar minha mãe a colocar a mesa, ela olhou para mim com um olhar que eu já conhecia a tempos, significava que ela odiou minha roupa.

Terminei de colocar a mesa e fui ver teve com o meu pai, mas foi difícil fazer ele tirar do canal de esportes. Quando eu finalmente consegui colocar em um filme descente, a campainha toca, minha mãe estava toda nervosa, ajeitou o cabelo e foi abrir a porta.

“Rápido Isabella, tire os pés da mesinha e levante deste sofá, você tem que ser comportada.” Eu a obedeci com raiva, ela só ligava para a sua imagem, o que me irritava profundamente, eu não estou nem ai para o que os outros pensam de mim, eu faço o que eu quiser e que se foda o resto.

Minha mãe foi abrir a porta com o seu melhor sorrisinho falso de “eu tenho uma família feliz”, acho que vou vomitar.