Warning Sign escrita por Olivia


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Ok, esse capítulo e o 5 (que na verdade são um só) foram os capítulos mais difíceis de eu escrever. Sei lá porque, mas é aliviante terminá-los OIAEIOAOEIIO



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Eu parei de patinar e fiquei olhando para ele, sorrindo também. Luke desceu os degraus da arquibancada e veio até a grade do rinque, onde eu estava.

“Eu disse que viria.” Ele sorriu.

“E prometeu ficar quietinho.” Eu acrescentei.

“Eu estava, até você me seduzir com seu sorriso e seu... Collant.” Ele disse olhando para o meu corpo. Eu corei absurdamente.

“Para com isso.” Eu rolei os olhos e sorri sem graça.

Ele sorriu e nós ficamos nos olhando. Eu estava quase do tamanho dele pela diferença de altura da pista de gelo e do solo e das laminas dos meus patins.

Luke e eu nos aproximamos ao mesmo tempo, deixando uma distância mínima entre nossos lábios.

“Dormiu bem, pequena?” Ele sussurrou. Uma pessoa a um metro de nós não ouviria.

Eu ri fraco. “Nunca dormi tão bem.”

Luke sorriu e me puxou contra a grade, o mais perto dele possível, e me beijou.

Eu nunca me acostumaria com isso. E eu nem queria. Os arrepios e os batimentos do coração eram as melhores sensações possíveis de se sentir.

“O que você vai fazer depois daqui?” Luke perguntou quando nos separamos.

“Eu ia ficar aqui o dia todo.” Eu respondi, fazendo uma careta. Eu queria ficar com Luke, mas eu tinha que treinar.

“Mas que aluna dedicada.” Ele sorriu.

“Se você quiser ir embora, tudo bem...” Eu sorri fraco, meio triste.

“Não.” Ele ergueu uma sobrancelha. “Nós podemos conversar.”

“Como?” Eu questionei. Era impossível se eu estivesse patinando e Luke parado.

“Eu patino com você.” Ele sorriu e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele se moveu até uma estante que tinha patins de todos os tamanhos, tirando seu tênis e colocando um.

Luke entrou no rinque e deslizou no gelo até o outro lado – onde eu estava.

Ele parecia com um patinador profissional. Era como vê-lo em câmera lenta e a blusa que usava, por ser um pouco mais grudada do que o recomendado para manter a mente das garotas sã, realçava seu corpo muito bem definido.

Ele me fechou apoiando seus braços um de cada lado na grade atrás de mim. E, de novo, Luke estava mais alto que eu. Não que isso fosse um problema – era só que parecia que o poder dele sobre mim aumentava de acordo com a sua altura. Quando ele era mais alto, seus olhos tinham um ângulo com os meus que parecia me atravessar, ler os pensamentos de todas as partes da minha mente enquanto que quando eu estava do mesmo tamanho que ele eu sentia que existia uma chance, nem que fosse mínima, de resistir à ele. Não que agora eu fosse evitá-lo como antes, mas eu não iria me entregar também. Meu coração estava envolto de plástico bolha, mas ele podia facilmente ser desenrolado.

“E então,” ele disse. “O que vamos fazer hoje?”

“Você eu não sei,” eu disse olhando para os lados, querendo evitar manter meus olhos no mesmo ângulo que os dele – manter meus pensamentos para mim. “Mas eu vou treinar duro.”

“Parece divertido.” Ele sorriu de lado, maldoso. “Que tal começarmos com uma corrida? Quem for até o outro lado do rinque e voltar aqui primeiro, ganha.”

“Ganha o quê?” Eu arqueei as sobrancelhas.

“O vencedor escolhe.” Ele piscou, se posicionando para correr.

“Fácil.” Eu sussurrei para mim mesma, mesmo sabendo que ele tinha ouvido.

“Já.” Luke disse e foi sorte a nossa que só tinham outras duas pessoas no rinque e elas num outro canto, se não as teríamos atropelados.

Nós deslizamos no gelo tão rápido que deve ter sido difícil nos acompanhar. Em alguns segundos eu alcancei a grade do outro lado do rinque e me virei para voltar. Luke estava logo atrás de mim, mas eu ainda era mais rápida.

Devia faltar um metro para eu alcançar a grade em que começamos e ganhar, quando Luke me pegou pela cintura e me girou, fazendo com que meu caminho mudasse o rumo, para o lado oposto ao da vitória. Antes que eu pudesse me livrar de seu braço e tentar ultrapassá-lo de novo, ele encostou na grade e venceu.

Luke gargalhou alto e me soltou. Eu deslizei para a frente dele e o encarei tentando manter meu olhar o mais duro e bravo possível, mesmo que por algum motivo eu quisesse rir com ele.

“Eu ganhei uma corrida da melhor patinadora de Sheffield!” Luke disse, agora sorrindo.

“Você trapaceou!” Eu protestei.

“Não, pequena. Nós não fizemos regras.” Ele intensificou o sorriso assim como eu intensifiquei meu olhar de reprovação. “Não adianta fazer essa cara, eu já te disse que gosto de você ainda mais quando está irritada.”

“Eu não estou irritada. Eu estou brava.” Eu tentei manter a aparência séria, mas eu me senti tão boba dizendo isso que caí na risada e Luke pegou minha mão enquanto ríamos e me girou no gelo.

Ele me girou uma segunda vez e me parou com as minhas costas apoiadas no seu peito e sua respiração batendo livremente contra o meu pescoço, nossos braços se cruzando num abraço na minha cintura. “Você é bom nisso.” Eu disse e ele riu. “Eu falo sério. Eu achava que você não iria conseguir ficar em pé aqui.” Eu ri. “Se algum dia eu for participar de uma competição e precisar de um par, vai ser você.”

“Quanta honra!” Ele brincou. “Mas eu acho que você teria muitas outras opções melhores, não?”

“Se você começar a treinar logo...” Eu me desenrolei de seus braços e me virei para encará-lo, ainda sim, segurando suas mãos. Eu pisquei meus olhos algumas vezes e sorri feito boba para tentar conseguir algum resultado dele.

Ele engoliu um seco e olhou para outro lado. “Patinar não é muito... a minha cara.” Ele sorriu torto.

“Então me diga: o que é a sua cara Luke?” Eu parei para pensar. Luke me conhecia bastante, afinal ela sabia as duas únicas coisas que eu fazia da minha vida: ia à escola e patinava. Mas eu não sabia quase nada sobre ele. Seu pai tinha morrido há pouco tempo e sua mãe era um pouco distante. Mas e ele? Como esse novo Luke era?

“Você vai descobrir na hora certa.” Ele sorriu mostrando os dentes.

E, de repente, o sinal de alerta piscou laranja na minha mente de novo. Eu não sabia o motivo disso – ele não tinha dito nada demais. Por um acaso meu cérebro previa o futuro para saber que o que eu ia descobrir era alguma coisa ruim? Ou foi aquele sorriso branco, claro, que fez com que meus instintos ficassem alertas? Ele já tinha me dado um sorriso daqueles e nada demais aconteceu.  Nada demais iria acontecer de novo.

Eu apaguei o sinal da minha mente e voltei a me concentrar na realidade.

“E quando é que a hora certa vai chegar?” Eu indaguei.

“Anna, Anna, Anna,” ele cantarolou, seus olhos pareciam me olhar mais a fundo a cada menção do meu nome. “Se você ficar focada aonde quer chegar, não vai aproveitar nada do caminho.” Ele disse se aproximando de mim, deixando nossos rostos tão próximos que eu me senti estrábica de olhá-lo.

Luke passou seu polegar na minha bochecha, me fazendo fechar os olhos e soltar um suspiro inconscientemente ridículo. Eu sei que foi ridículo porque senti o sorriso de Luke se formar na minha frente e soube que estava deixando extremamente aparente o poder que ele tinha sobre mim e, levando em conta que eu não tinha nada para dar em troca à ele, eu me senti mais ridícula ainda.

“Eu acabei de lembrar que ganhei.” Eu pude perceber um tom de malícia em cada palavra que ele disse, mesmo que seu tom era o mesmo de quando ele cantarolou meu nome.

“E?” Minha voz foi um fragmento. Ele deslizou sua mão da minha bochecha para o meu pescoço, me causando uma onda de arrepios.

“E o vencedor escolhe o seu prêmio.”

Eu abri os olhos imediatamente e vi o buraco negro mais perto do que jamais tinha visto. Eu mordi meu lábio inferior, insegura sobre estar ainda sobre o gelo ou se eu já estava sendo puxada. O fato era que eu não conseguia desviar o olhar.

“E o que é que você quer?” Eu me mexi um pouco, tentando conseguir algum pingo de atitude em mim mesma. Mas eu não consegui achar nada. Eu era a indefesa e Luke era meu protetor.

E isso me deixava estupidamente desconfortável.

“Você.” Ele sussurrou no pé do meu ouvido.

Eu ignorei todos os pensamentos bobos e as sensações ansiosas que provocaram uma turbulência dentro de mim.

“Eu não posso ser sua.” Eu fechei os olhos de novo, tentando pensar em uma boa explicação. Oras, eu só não podia!

“Por quê?” Ele não parecia chateado com a minha resposta. Ele parecia ansioso pelo meu motivo.

“Porque você precisa saber quem você é antes de ter alguém.” Eu disse as primeiras palavras que vieram na minha cabeça, e lá dentro elas não soaram tão estúpidas. Ou talvez fui eu que não tive tempo para ouvi-las.

Isso podia ter causado uma reação negativa em Luke e, por um breve segundo, eu fui tomada de preocupação. Mas só por um segundo – seu riso me trouxe segurança.

“Eu já sei quem sou.” Ele disse, divertido.

Eu queria poder saber quando ele falava sério, já que sempre via um tom que entortava as palavras em sua voz.

“Então você deveria me dizer.” Eu abri meus olhos de novo, o encarando. “Ou mostrar. Talvez assim eu pudesse ter aonde apoiar a confiança e assim, seria sua.” Eu sorri.

Ele suspirou. “Acredite, pequena. Eu quero te mostrar, eu só preciso deixar tudo certo.”

“O quê é esse tudo, Luke? Me dê alguma dica!” Eu pedi.

“Você tem que começar a gostar mais de surpresas, Anna.” Ele sorriu.

“Eu não gosto de me sentir cega.” Eu bufei.

Ele soltou uma risada pelo nariz e limpou a garganta. “Stand by me, nobody knows the way it’s gonna be.” Ele cantou mais duas vezes o refrão de Stand By Me do Oasis.

Se Luke fosse assim como seu gosto musical, eu podia confiar minha vida nele.

Seu celular tocou e eu deslizei um passo para longe dele, para que ele pudesse atender em paz e eu por meus pensamentos em ordem.

“Já está tudo aí?” Silêncio. “Sério?” Mais silêncio. “Sim, eu sei.” Silêncio de novo e um olhar de desculpas passou por mim. “Ok, eu já vou.”

Então eu soube que o fim da minha diversão e o verdadeiro começo do meu treino estavam próximos.

“Anna, eu...” Luke disse, vindo para perto de mim de novo.

“Você precisa ir.” Eu completei sua frase sorrindo fraco.

“Sim.” Ele não parecia feliz também. E, mesmo que isso não fosse certo, me confortou.

“Tudo bem.” Eu tentei fazer meu sorriso parecer sincero.

Luke deslizou rapidamente até a saída do rinque e foi trocar seus patins pelo all star. Eu deslizei vagarosamente – sem vontade – até a grade ao lado da saída. Luke se colocou em pé e veio até mim. Nós estávamos do mesmo tamanho de novo.

“Eu não sei se eu vou poder te ver amanhã,” ele fez um careta. “Mas segunda com certeza.” Ele tentou sorrir. “Mas isso tudo faz parte do meu plano.” Ele piscou.

“Que plano?” Eu franzi a testa.

“O plano que vai te dizer quem sou eu em um só gesto. Ah, se você quer uma dica, essa pode ser uma boa: o gesto e só você abrir os olhos. Na hora certa.”

Antes que eu pudesse responder, questionar, ou ficar mais confusa ainda, Luke pressionou seus lábios aos meus e saiu correndo do rinque. E eu fiquei parada, tentando achar alguma teoria em que a dica de Luke se encaixava.

Bem, eu não tive muito sucesso.

 

Eu peguei meu celular e disquei o número de Leah.

Ela atendeu no quarto toque, com voz de sono. “Alô?” Ela resmungou.

“Oh droga. Eu te acordei. Desculpa, desculpa!”

“Não, tudo bem... Eu tinha que acordar mesmo e... São quatro da tarde! Caramba, eu dormi muito! Obrigada por me acordar.”

Eu ri. “Deus, você parece acabada. Que horas você chegou?”

“Hm... Acho que quase quatro da manhã. Eu não lembro direito.”

“Wow. Eu só liguei para ver se nós podíamos nos ver mais tarde. Erm, eu tenho algumas coisas para contar e pelo jeito você também.” Nós rimos.

“Certo. Eu vou arrumar muitas coisas aqui, tomar um banho perfeito e vou até sua casa a noite, pode ser?”

Eu rolei os olhos. “Claro, te vejo lá. Boa sorte.”

“Boa sorte pra você também, seja lá o que estiver fazendo.” Leah disse e desligou. Eu ri sozinha, guardando meu celular dentro da minha mochila e saindo de dentro do rinque para subir na minha bicicleta e ir pra casa. Eu tinha muita coisa pra fazer antes de Leah aparecer por lá como, por exemplo, começar a colocar tudo em ordem. Meus pais iriam chegar segunda-feira e por mais que eu soubesse me cuidar, eu não era uma ótima dona de casa.

E eu iria aproveitar esse tempo para manter meus pensamentos longe do enorme enigma chamado Luke.


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Notas finais do capítulo

Essa história vai virar um musical de tanto que o Luke canta pra ela OAIEIOAEIOIO gente, eu acho que demorar mais pra postar. Eu vou escrever alguns capítulos, dar uma folga sabe? As aulas já já começam e eu não sei se vou poder escrever muito, então vou deixar uns na reserva hihi



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