Annabeth

No jantar todos estavam animados. Provavelmente por causa da viagem de amanhã, minha mesa estava um caos. Já eu, estava curiosa, pelo Percy, você sabe. Lauren se sentou do meu lado na mesa hoje. Provavelmente queria saber mais sobre o Percy. Sinceramente, me sinto desconfortável com esse tipo de coisa. Não sei, é estranho minha meia-irmã estar apaixonada pelo meu melhor amigo. Quíron subiu no palquinho e começou a falar:

- Bom, eu sei que todos estão muito animados para a viagem de amanhã e eu tenho que dar um aviso. Todas as inscrições já foram fechadas. Quem não se inscreveu até ontem a noite não participará da viagem. – Novamente aquele olhar para mim, Percy e Nico. – Quero que todos que se inscreveram façam as malas e estejam prontos na colina da árvore de Thalia ás 07h00min em ponto. Quem chegar atrasado provavelmente perderá a van para ir ao aeroporto. Agora deixarei vocês comerem em paz, e após terminarem podem voltar para suas cabanas. Boa noite.

-Annabeth, eu soube que você não se inscreveu para a viagem... Pensei que gostasse do Ópera House e dos outros monumentos da Austrália, então, por que não vai?- Era Lauren, como sempre intrometida.

-Ah, pois é eu já fui à Austrália e aproveitei bastante. Dessa vez eu passo o prato, vou ficar no acampamento para treinar.

-Aham. – Mas era claro que ela não prestava atenção. Ela olhava com interesse para o outro lado da mesa, na verdade, para a mesa da frente, a de Poseidon. Percy tinha se levantado e estava vindo em direção a mim. Ele se abaixou e falou baixinho:

-Eu já terminei, quando quiser buscar os biscoitos pode ir, ok?

-Ah, tá bom. Sem problemas, quando eu terminar de comer vou lá.

E ele se foi. Lauren precisava de um babador urgentemente, ela seguia com os olhos cada passo dele, era impressionante.

-Você é muito sortuda Annabeth. Só não sabe disso.

-Como assim sortuda?

-Ah, fala sério. Você é a melhor amiga dos três mais gatos do acampamento: Percy, Luke e Nico. Nós, as OUTRAS, temos que nos contentar com os babacas dos Travis e Connor Stoll. – Luke... Ai, ESQUECE!

-Não fale deles dois assim, parecem objetos. E Connor e Travis não são babacas, são bem legais. Só um pouco infantis, ok.

-Não entendo como gosta deles...

-Ok Lauren, preciso ir. Percy tá me esperando e é melhor eu ir... Boa noite. 

Ela só fez uma cara de inveja e olhou para o outro lado. Como sempre. Me levantei e fui em direção ao Chalé 3. Só o que posso dizer é que o chalé era enorme! Fui subindo as escadinhas até chegar á sala “central”. Não tinha ninguém, mas quando fui avançando vi Percy sentado no pequeno píer na parte de trás do chalé. Eu nunca havia entrado ali antes e era incrível saber que meu amigo tinha um píer. Num chalé de acampamento, pelo amor dos deuses! Ele estava de costas para mim, vendo a pequena parte do mar que ele pertencia. Por enquanto, claro.

-Percy? Posso entrar? Quer dizer... Já entrei, diga sim. – Ele riu isso era bom, afinal, o clima estava bem tenso. – E aí, onde estão os biscoitos?

-Ah é, estão em cima da cama, pode pegar. – Cheguei perto da cama e vi uma caixa branca em cima do travesseiro. Eu a peguei e abri. Dentro tinha diversos tipos de doces azuis: bolinhos, balas, cookies e até um pedaço de torta azul. Olhei de volta para o píer e vi que Percy achava que eu já tinha ido embora. Ele parecia triste. Caminhei silenciosamente até ele e me sentei ao seu lado. Nossas pernas tocavam a água e nós não nos importávamos mesmo estando de calça jeans.

-Bom, temos todo o tipo de doces azuis. Cookies, bolinhos, torta e muito mais. O que quer primeiro Cabeça de alga? – Ele sorriu e olhou para baixo.

-Nada. Ando sem fome ultimamente. - Botei a caixa do meu lado.

-Então, o que te deixa assim? Triste, deprimido, quase um Nico completo. – Eu ri de mim mesma. Nico era um cara legal quando estávamos sozinhos, compreensivo e até engraçado.

-Ando preocupado com minha mãe. Sabe, cada vez mais monstros a atacam para saber de mim. E isso é mal, muito mal. Tenho medo que um deles faça que nem Hades no meu primeiro ano. A “sequestre” entende?

-Entendo, também fico preocupada com isso, mas tento esquecer. E o que eu faço? Como bolinhos azuis. – Peguei um bolinho da caixa, dei uma mordida e dei para ele. Ele sorriu e pegou.

Estávamos á sós ali no píer. Estávamos com sono, cansados e com medo por nossos pais. Mas isso não nos impediu de passar um bom tempo em silêncio juntos. Um BOM tempo, literalmente.