As Mestiças escrita por AnaTheresaC


Capítulo 8
Capítulo 8




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Capitulo 8

 

Ele conduzia depressa. Quer dizer mais depressa que um humano normal mas não tão rápido como Edward ou Emmett. Enquanto ele conduzia fiquei a observá-lo com a curiosidade a crescer a cada segundo. Não consegui deter mais a minha curiosidade e perguntei:

-Tu já tiveste a impressão natural com alguém?

Ele olhou-me confuso e indagou:

-Porque é que queres saber?

Encolhi os ombros e respondi:

-Pura curiosidade. A Nessie contou-me algumas coisas sobre a impressão natural que vocês têm. Então, já tiveste ou não?

-Já – murmurou.

-Com quem?

-Porque é que queres saber? – perguntou-me irritado. Aquilo assustou-me, fazendo-me pele de galinha.

Desviei o olhar para enfrentar a estrada escura que estava iluminada pelos faróis do carro.

-Desculpa, não te queria…desculpa.

“Parva!”, pensei para mim. Nunca lhe devia ter perguntado. Agora ele ia odiar-me para sempre porque me tinha metido na vida dele. Senti uma coisa quente a apertar-me na mão e olhei para onde estava a minha mão esquerda. Ele tinha posto a sua mão sobre a minha. Olhei para ele, directamente. Ele olhava para mim da mesma maneira que a Renesmee descrevia quando Jacob olhava para ela: como um cego olha para o sol. Então percebi: eu era a impressão natural do Seth. Era impossível, mas realidade.

Desviei o olhar dele porque as lágrimas estavam a crescer nos meus olhos. Já não as conseguia suster durante muito mais tempo. O que vale era que quando a primeira caiu o vento fê-la desaparecer. Mas mais vieram e desta vez nem o vento as conseguiu fazer desaparecer. Uma gota caiu na mão de Seth e este deixou-a cair. Se calhar tinha percebido.

Naquele momento não conseguia ficar calada e decidi fazer todas as perguntas antes que Edward conseguisse ouvir a nossa conversa. Edward. Mais uma coisa que tinha percebido: ele fez com que eu e Seth ficássemos sozinhos para podermos conversar. Estavam a ser factos demasiado reais para serem coincidência.

-Por favor não chores – pediu-me Seth – Desculpa se te ofendi, mas não era…

-Eu sou a tua impressão natural, não sou? – interrompi-o – Como é que isso aconteceu? Quando? Porquê? Porquê eu? E porquê agora? E porquê tu?

Os soluços irromperam e as lágrimas escorreram pela minha face com mais velocidade. Seth não disse nada. Ficou calado, a olhar para a estrada com os músculos tensos.

-Diz qualquer coisa! – implorei – Responde ás minhas perguntas! Porquê que não falas? É porque é verdade, não é? Explica-me como aconteceu, por favor! Não aguento mais isto. Fala!

Agora eu estava quase a gritar. Estava em pânico. Achei que Seth se ia transformar logo ali, porque ele estava a tremer todo. Num acto instintivo pousei a minha mão no ombro dele e os tremores abrandaram.

-Podemos falar disto em casa? - pediu-me – Se o Jacob e a Nessie estiverem ao pé de nós será mais fácil para mim.

Acenei com a cabeça. Definitivamente seria mais fácil. Teria o apoio de toda minha família e talvez Jacob podia esclarecer algumas coisas.

-Posso só fazer-te uma pergunta? – não esperei para ele falar – Eu sou … eu sou a tua… eu… eu sou a tua i-i-impre…

-Sim, és – disse ele. Parecia que queria controlar a sua voz, mas não consegui perceber o porquê disso. Ele começou a tremer, mas desta vez nem o meu toque o acalmou.

-Seth, pára o carro – disse com um nó na garganta, que fez a minha voz soar abafada. -SETH!

Ele encostou o carro há berma da auto-estrada. Respirei fundo e saí do carro. Dei a volta ao carro dos meus sonhos e abri a porta dele. Ele ainda estava a tremer. Não estava preparada para ver uma transformação de pessoa em lobisomem. Virei a cara dele de maneira a poder encarar-me e meti as minhas mãos de cada lado do seu rosto. Eu queria abraçá-lo e dizer-lhe que ia ficar tudo bem, mas eu não me conseguia mexer. Em vez disso falei:

-Pára Seth, OK? Vai ficar tudo bem; nós vamos ficar bem.

Ele fechou os olhos com força. Não sabia o que fazer. Ligar a Nessie? Não me parecia. O que é que lhe diria? “Oi Nessie, tudo bem? Olha é só para dizer que o Seth está a tremer dos pés há cabeça e eu não sei o que fazer”. Soava mal e desajustado. Estávamos os dois ali sozinhos e não havia volta a dar. Ele abriu os olhos e encarou-me. Estavam em chamas.

-Tu não me queres. Por isso pára de dizer que vais estar tudo bem, OK? PÁRA DE DIZER QUE VAI FICAR TUDO BEM PORQUE NÃO VAI! PERCEBES?! NÃO VAI!

Fiquei em choque. Ele tinha gritado comigo. Afastei-me dele, desta vez também a tremer, mas de medo. O que é que havia de fazer? Nada. Ou melhor, deixar ele transformar-se e depois matar-me. Não era tão dura e forte como um vampiro, por isso seria fácil para ele. Ele saiu do carro, agora calmo; pelo menos não tremia. Aproximou- -se de mim e gemi, abraçando o meu peito com os braços. Ele abraçou-me com força (via-se que não estava habituado a estas situações embaraçosas) e por estranho que pareça senti-me relaxada. As lágrimas voltaram a cair--me pelo rosto e os soluços recomeçaram (naquela noite estava a chorar muito).

-Desculpa – disse Seth com os lábios encostados ao meu cabelo – Não devia ter gritado contigo.

Ele tentou largar-me, mas eu desenrolei os meus braços e meti-os há volta da sua cintura.

-Não me deixes – pedi-lhe num sussurro rouco.

Ele abanou a cabeça e disse-me:

-Nunca.

O meu choro terminou e afastei-me dele. Ele fitava-me com curiosidade. Os seus olhos já não estavam em chamas como estavam há bocado. Os seus olhos reflectiam os meus.

-Devíamos voltar – disse-lhe.

Ele acenou com a cabeça e virou-se. Seguiu-o. Parou em frente há porta do condutor e perguntou:

-Queres ser tu a conduzir?

-Não – respondi-lhe – Não quero que notem o que se passou.

Ele encolheu os ombros e sentou-se no seu lugar, ligando o carro. Corri para me sentar do lado do pendura. Ele acendeu os faróis e entrámos na auto-estrada a alta velocidade.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, porque foi um dos meus favoritos quando escrevi.
Comentem, pleeeeease!



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