Pequena Flor de Lótus escrita por naathy


Capítulo 39
38. Nem tudo são flores.


Notas iniciais do capítulo

Oi, flores! *_*

Em primeiro lugar, quero desejar um FELIZ ANO NOVO pra todas. Que esse seja um ano repleto de realizações e alegrias, mas principalmente que todas tenham muita saúde. =D

Sei que demorei muito com esse capítulo, mas passei por uma crise de criatividade, e foi complicado. Estou a quase duas semanas escrevendo esse capítulo, e mesmo assim não ficou exatamente como eu queria. Mas espero que voces gostem.


Penúltimo capítulo!

Beijo e boa leitura... (dica: escutem a música. Corresponde o início do capítulo.)



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http://youtube.com/watch?v=VJyyanGYH_I

       O retorno de seu irmão para sua vida, só triplicou a felicidade que ela já sentia. Esta que crescia a cada novo episódio pelo qual ela passava, desde o dia em que fora adotada. Tê-lo perto de si, só lhe despertou a sensação de finalmente estar completa. Tinha uma família, um namorado e o irmão que tanto amava junto de si. E desde o dia do feliz reencontro, já havia se passado um mês. Durante esse período, em todos os finais de semana os irmãos se viram, por muitas vezes também se encontravam ao decorrer da semana para fazer algum passeio.

            Certo dia, Manoela chegou a sonhar com sua amada mãe. Algo que a surpreendeu, pois passou alguns meses sem que isso acontecesse. Naquela manhã, acordou chorando, porém com um sorriso discreto em seus lábios. No sonho sua mãe havia lhe dito que ela ainda passaria por alguns pequenos desafios durante a vida, mas nada comparado ao sofrimento pelo qual ela havia passado em um passado não tão distante. Estes “desafios” tinham a ver com obstáculos naturais da vida que qualquer pessoa provavelmente enfrentará ao decorrer desta. Porém, ela sempre estaria cuidando de seus filhos, que tanto amava mesmo. Disse também que estava feliz de vê-los juntos novamente, pois eles eram as pessoas que mais amava e ainda os ama.

            O sonho lhe pareceu tão real. Ainda podia sentir a sensação de proteção que o abraço trocado entre elas durante o sonho lhe trouxe. Secando as lágrimas olhou para o menino abraçado a ela, que ainda dormia tranquilamente. Ela aumentou o sorriso em seus lábios e então beijou seus cabelos, ele resmungou algo enquanto se remexia na cama e logo voltou a dormir. Aquela era a primeira vez, que Vitor dormia na casa da família Ferreira...

[...]

Na tarde de um sábado de maio, Vitor jogava vídeo-game animadamente com o cunhado. Era visível o quanto o garoto havia se afeiçoado por toda a família, principalmente por Gustavo, e, inevitavelmente, o mesmo ocorreu da parte da família para com o pequeno.

            - Vitor?

            O garoto desviou a atenção da televisão, pausando o jogo e encarando Douglas. Gustavo resmungou em protesto.

            - Dando uma “surra” no Gu de novo? – perguntou divertido.

            - Sim, só pra variar um pouquinho. – Olhou para o rapaz ao seu lado e completou: - Ele é muito ruim nisso. – cochichou. Fazendo Douglas e Manoela rirem.

            - Ora, seu moleque! – disse fingindo dar uma chave de braço no menino e bagunçando os cabelos dele com a outra mão. – Eu que deixo você ganhar! – retrucou revirando os olhos, enquanto o soltava.

            - Sei! – ironizou rindo e voltando ao jogo.

            - E você Manu, perdeu de novo seu irmão para ele? – apontou os dois.

            - Pois é. Meu próprio irmão não quer mais saber de mim. – disse fingindo tristeza. – Acho que é um complô, pois parece que perdi o namorado e o meu irmãozinho de uma vez só.

            Gustavo apenas a olhou e piscou para ela com apenas um olho, em seguida, movendo a boca em um “te amo” sem emitir som algum.

            - Ah, Manu! Nada a ver. Você é a irmã que eu mais gosto nesse mundo todo! – Disse o pequeno com seu jeito inocente. Ela riu e revirou os olhos.

- Sim, sou a única irmã que você tem, não é? – Levou as mãos na cintura fingindo indignação.

Ele sorriu travesso.

- Mas sabe o que, que é? – ela arqueou as sobrancelhas e ele prosseguiu parando o jogo de novo. - O problema todo é que você não sabe jogar futebol, nem vídeo-game... Não que ele saiba, mas pelo menos ele tenta. – disse dando de ombros e o rapaz ao seu lado fingiu acertá-lo com o golpe novamente, só que desta vez com um pouco mais de força.

            - Ah é, pirralho? – o garoto se debateu. E Manoela repreendeu o namorado com um olhar. Ele, então, soltou o menino. - Eu te desafio a jogar uma partida de futebol lá fora, agora. Só você e eu. Daí, quero ver quem é o melhor com a bola nos pés – disse com as sobrancelhas arqueadas em sinal de desafio. Manoela revirou os olhos, enquanto se levantava da poltrona e com um gesto de cabeça convidou Douglas para ir para a área exterior da casa.

            - Desafio aceito! – disse o pequeno já se levantando e, correndo, ultrapassou a irmã e Douglas, que conversavam tranquilamente.

            - Não corra Vitor! Você pode acabar caindo e se machucando. – pediu preocupada.

Vitor parou de correr e começou a caminhar em uma velocidade maior que a normal. Manoela suspirou e depois sorriu, balançando a cabeça em negativa.

- Ele se apegou muito ao Gu. – Douglas comentou.

- É... – ela concordou olhando os dois correndo. Seu namorado, naquele momento, parecia ter a mesma idade de Vitor, pois ambos corriam em volta da piscina. – E o Gu também. – Douglas assentiu.

- Sabe pequena... – ela o olhou. – Eu fico muito feliz em ver como você está feliz.

- Graças a você. – ambos sorriram cúmplices.

- É... Só ainda não me conformo de não termos pego o desgraçado que fez aquilo com você... – ela negou com a cabeça.

- Isso não importa.

- Como não, pequena? – ele respirou fundo, passando uma mão pelos cabelos. – Às vezes, a imagem de você naquele estado deplorável em que eu a encontrei naquela manhã, aparece entre os meus pensamentos.

            Ela o olhou surpresa.

            - Douglas... Eu...

            - Eu sei... – suspirou, voltando a olhar nos olhos da garota. - Você nunca imaginou que eu ainda me lembrasse daquelas imagens, não é? – ela assentiu envergonhada. – Confesso que agora são raros os momentos em que eu me lembro disso, mas nos primeiros meses, todos os dias elas me perturbavam.

            Sem saber o que dizer, a garota o abraçou apertado sussurrando ao pé de seu ouvido o quando era grata por ele ter salvado a sua vida.

            - De nada, pequena. – ele sorriu e ela fez o mesmo. – Mas mudando de assunto, o seu aniversário está próximo e o que você está pensando em fazer nele? Sabe, como é. Não é todo dia que se faz dezoito anos.

            Ela assentiu, e ficou em silêncio por alguns instantes pensando se expunha ou não a vontade que tinha, e que vinha refletindo a idéia há algumas semanas. Mordeu o lábio inferior, olhou rapidamente para os dois que jogavam futebol, suspirou fundo e voltou sua atenção para o mais velho que ainda aguardava quieto por sua resposta.

            - Eu pensei em algo, mas não é nada pra mim. – ela hesitou por um momento e o rapaz a incentivou a continuar com um gesto. – O orfanato...

            - O que tem ele, Manu?

            - Eu queria fazer uma festa, ou algo do tipo, para arrecadar fundos para reformá-lo. – ela lembrou-se do estado precário em que estava o casarão. Fechou os olhos e voltou a abri-los. – Ele está em péssimas condições... – Douglas assentiu sorrindo.

            - Não podia esperar algo que não fosse do tipo, vindo de você, pequena. Já pensou em fazer com o Pai e com o Roger, talvez eles pudessem doar a verba pra reforma, e faríamos uma festa pra as crianças e você. – ela o olhou pensativa.

            - Douglas, eles já fizeram tanto pelo meu irmãozinho e por mim. Não seria justo pedir algo do tipo para eles.

            - Que isso, Manu! Eu sei que o seu Carlos iria gostar de ajudar, e o Roger me parece ser uma excelente pessoa. Sei lá, acho que seria uma boa conversar com eles.

            - Mesmo assim, não é certo... – ele a abraçou impedindo que ela terminasse de falar.

            - Deixa comigo! – soltou ela, piscando um olho em seguida.

            - Douglas...

            - Xiii, eu resolvo isso. Será o meu presente de aniversário. – ela ia abrir a boca para protestar. – E sem mais nenhuma palavra sobre o assunto, mocinha. – ela negou com a cabeça e ele a ignorou.

            - Agora eu sei a quem a Gi puxou. – retrucou e ele riu divertido.

[...]

            A semana seguinte foi marcada pelo retorno de Juliana. A ruiva havia feito uma viagem a Portugal (N/A: homenagem a Katarina e a MarinaJonas, minhas queridas leitoras portuguesas. *-*) passando um mês no país, conhecendo todas as belezas que o local oferecia. Quando retornou, estava diferente, os óculos que usava quando conheceu Manoela, foram substituídos por lentes de contato, seu cabelo estava com um corte mais moderno e bem tratado.

            - Não acredito! Que saudades, amiga! – disse Manoela indo ao encontro da ruiva  e a abraçando.

            - Também estava com saudades! Como estão as coisas por aqui?

            - Tudo como antes. – olhou mais uma vez para o novo visual da garota a sua frente. – Nossa, Ju! Lisboa te fez muito bem. Você está linda! 

            - Obrigada Manu. Pois é, acho que muito dessa mudança se deve a um garoto que conheci por lá. – disse sonhadora.

            - Sério?

            - Sim! Estou apaixonada. – suspirou. Manu voltou a abraça-la.

            - Quero saber tudo! – cochichou ao ouvido dela.

            As duas amigas conversaram até o sinal indicando o início das aulas soar. A conversa foi retomada no intervalo e novamente na saída.

            - Manu, você não quer ir ao clube do meu pai no final de semana. Convida toda a família Ferreira e vão. Acho que o seu irmão iria adorar. – a morena ficou pensativa por um momento. – Tem um campo de futebol enorme, além das quadras de vôlei. Vocês nunca foram lá conhecer.

            - Tudo bem! Vou falar com a família. Acho que te devemos essa visita há alguns meses.

            Juliana concordou, as duas se despediram e cada uma seguiu para sua casa.

            Quando a noite caiu e toda a família encontrava-se em casa, Manoela comentou sobre o convite feito por Juliana, o qual a família acabou aceitando.

            Como combinado no domingo posterior, toda a família Ferreira, incluindo Alexandre e Daniela, foram para o clube que pertencia a família de Juliana. Chegando ao local foram recepcionados pelo dono e pela sorridente ruiva que estava na companhia de um belo rapaz.

            - Este é o Cris, meu namorado. – apresentou feliz a ruiva.

            Após uma rápida, porém agradável conversa. Os convidados foram acompanhados até uma área de lazer em que continha uma churrasqueira e alguns bancos rústicos. Ali conversaram descontraidamente. O clube estava com um número expressivo de freqüentadores naquele dia ensolarado de outono. Vitor estava impaciente, não gostava de ficar escutando conversas de adultos. Aproximou-se mais de Gustavo e puxou a camisa dele.

            - O que foi, tampinha?

            - Vamos jogar bola? Tem um campo bem grandão ali ô. – disse apontando o vasto campo de futebol, que estava vazio.

            - Depois nos jogamos. – o garoto ficou bravo com aquilo, sentou em um banco mais afastado de braços cruzados.

            Manoela olhou para o irmão e depois para o namorado com um olhar questionador.

            - O que aconteceu? – disse enquanto se aproximava.

            - Ele tá entediado. Queria jogar futebol, e eu disse que só jogaríamos mais tarde.

            A morena assentiu, e aproximou-se do irmão.

            - O que foi, meu amor?

            - Eu não quero ficar aqui com um bando de gente grande que só fala sobre coisas que eu mal entendo. Tá chato.

            - Você quer jogar bola, é isso? – ele assentiu. – Eu jogo com você. - disse sorrindo.

            - Você não sabe jogar. – disse desconfiado.

            - Mas eu posso aprender, não posso?

            - Pode. Eu te ensino daí. – disse começando a se empolgar com a idéia.

            - Está bem, me espera aqui. Vou pedir uma bola pra Ju e já volto.

            Ele concordou e ela foi na direção da ruiva. Perguntou no ouvido dela, onde poderia encontrar uma bola pra jogar com o irmão. Juliana deu instruções de como ela poderia chegar a sala onde fica os matérias esportivos.

            - Quer que eu vá junto?

            Manoela negou, dizendo que não iria demorar.

            Com certa dificuldade, e depois de alguns minutos localizou a sala que ficava afastada do restante da área de convivência do clube. Abriu a porta e começou a procurar onde se encontravam as bolas de futebol, logo localizou e quando estava retirando uma ouviu a porta bater.

            - Oi, Manoela. Quanto tempo!

            Ela estremeceu ao som daquela voz. Um frio passou por sua espinha e os pêlos de seu corpo eriçaram-se. Ela virou-se lentamente e viu aquele sorriso cínico. Ela sabia que já o conhecia de algum lugar, só não havia associado ainda que houvesse sido ele quem a violentou naquela noite chuvosa de julho.

            - Você... Foi você não foi? – perguntou com a voz levemente tremula.

            - Eu o que? - se fez de desentendido.

            - Você que... – Manoela não tinha coragem de pronunciar tal palavra. - Me...

            - Estuprou? – completou e depois riu irônico. – Você não se lembra quem fez isso com você? – perguntou com uma falsa expressão de espanto, aproximou-se lentamente dela. Fazendo com que ela desse alguns passos para trás até bater com as costas na parede.

            - Não se aproxime. – ela disse com a voz falha pelo medo.

            - Você está com medo de mim, Manuzinha? – fingiu ultraje. Porém, logo abriu um sorriso maldoso.

            - Vinicius... Não, por favor! – disse assim que ele a prensou na parede.

            - Sabe... Me surpreendi quando vi que a garota que a família do Doug tinha adotado era você. Confesso que fiquei com um pouco de medo quando você me viu. – com uma mão apertou com muita força o maxilar dela, machucando-a. Aproximou seu rosto dos seus cabelos inspirando o agradável odor que exalava deles e quando seus lábios ficaram próximos ao seu ouvido, sussurrou: – Quando eu te vi, senti saudades do seu corpo, delícia. – ela tentou empurrá-lo, mas ele era muito mais forte que ela. Lágrimas já começavam a escorrer de seus olhos. – Mas confesso que o que mais me surpreendeu foi vê-la... Viva! – frisou bem a última palavra. – Acho que devemos isso ao Douglas... Ah, Doug! Sempre o bom moço... – cuspiu as palavras com raiva.

            - Por favor, não faça isso... Por favor! – ela suplicava, e ele sorria mais por ver o seu pavor. – Eles vão descobrir que foi você... Eles vão sentir a minha falta e virão atrás de mim... E...

            - Cala a boca! – ele gritou e ela estremeceu mais. – Você acha que eu sou algum idiota, que deixa pistas...

            - Mas...

            - Eu sei o que eu faço, e você não falará nada. Vai ficar bem quietinha! – com uma mão ele puxou o casaco fino que ela vestia, rasgando-o. – Se alguém aparecer ficaremos em silêncio, até que se convença que você se perdeu, ou se distraiu por algum lugar deste clube... Estamos entendidos? – ela não respondeu. – Isso foi uma resposta, ou uma afronta? – ela permaneceu em silêncio. – Garota, eu acho melhor você não me irritar por que eu posso fazer algo contra aquele garotinho tão parecido contigo que está junto com a família. E olha que não será difícil fazer algo com aquele pirralho.

            Sua ameaça fez com que Manoela se apavorasse ainda mais, suportaria tudo contra si, mas não sobreviveria se algo de ruim acontecesse ao seu irmão.      

            - Eu não vou falar nada. – murmurou.

            - Boa garota. – começou a beijar o pescoço dela, enquanto suas mãos foram para o botão da calça jeans que ela vestia, abrindo-o rapidamente e puxando a calça para baixo. A garota fechou os olhos fortemente, agüentaria aquilo de novo, por Vitor. Seus pensamentos estavam focados no belo menino que amava profundamente.

            A velha dor estava presente novamente. Além das imagens de seu irmão, as imagens dos momentos mais marcantes que havia passado durante toda a sua vida, passaram como um filme por seus pensamentos. Lembrou-se de Gustavo e de seus toques gentis, e do quanto o amava. Lembrou de Douglas, ele que sempre havia sido um excelente amigo, diria que um verdadeiro irmão. Giovana e sua espontaneidade, Carlos e Clara com sua imensa bondade e carinho. Quando acordou de seus devaneios percebeu que estava apenas com suas roupas intimas, e ele estava retirando a sua calça. Ele a atirou no chão, deitando por cima dela, em seguida.Começando assim, efetivamente, a tortura. Manoela sentia dor, repulsa, nojo, raiva dentre muitos outros sentimentos. Ele machucava-a cada vez mais com seus toques grotescos, rudes. E ela voltou a pensar em Vitor, parecia que a dor era menor, quando o fazia.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Bom, algumas pessoas já desconfiavam dele. No próximo, vão ter mais surpresas. Afinal, nem tudo são flores...

Mais uma vez, desculpem-me pela demora. Mas já comecei a escrever o último capítulo. Só não tenho data pra postá-lo...

Obrigada mais uma vez por todo o carinho! Eu fico muito feliz de ver que em uma estória que eu acreditava que NINGUÉM ia ler, conquistou leitores que torcem pelos personagens e me deixam sem palavras com seus comentários lindos. Obrigada!

Beijo ;*
Naathy



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