Destinys Play escrita por Bella P


Capítulo 3
Capítulo 2




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Capítulo 2

 

- Então deixa eu ver se entendi... - Kaylee murmurou enquanto esfregava o prato com a esponja e depois o enxaguava sob o jato d'água. - Você é gosta desta garota, mas ela é afim de um cara que você detesta e mesmo estando apaixonada por você também ela o escolheu e agora eles vão se casar.

- Basicamente isto. - Jacob respondeu enquanto recebia o prato lavado e tirava o excesso de água dele, o colocando depois no escorredor.

- E por causa disto você se mandou da sua cidade porque não estava disposto de ver os dois viverem felizes para sempre.

- Sim. - concordou, se perguntando o que esta menina tinha que em uma simples interação sobre a louça suja depois de um café da manhã que ele teve que confessar foi providencial, já que depois de dias apenas caçando animais nas florestas do país em sua forma de lobo ele bem que merecia algo mais humano, já desabafava todas as suas aflições amorosas para ela. Daqui a pouco ele acabaria contanto também sobre a sua alcateia e os vampiros.

Aliás, era por causa dos vampiros que ele estava em Chicago. Era por causa de um vampiro que ele conheceu Kaylee.

Havia parado na cidade porque apesar de toda a sua dor causada pela escolha de Bella, seus instintos de protetor ainda não haviam sumido. Quando chegara perto das fronteiras com Chicago, havia farejado um vampiro e o lado lobo assumiu, seguindo o rastro do mesmo sem hesitação. Quando alcançara o inimigo, foi para encontrá-lo atacando Kaylee em frente a uma loja de artigos exotéricos e uma briga violenta foi travada entre os dois. Jacob resolveu descontar toda a sua fúria e frustração em cima do vampiro o partindo em pedaços e quando tudo se encerrou voltara-se para a menina caída que sangrava e contorcia-se de dor.

No exato segundo que a viu apiedou-se dela, sabendo que não haveria volta e que ela se transformaria e que ele teria que matá-la quando tudo terminasse. No entanto, quando a viu gritando e o ferimento começando a expulsar o sangue com o veneno do vampiro, como se o corpo dela estivesse rejeitando o mesmo, o lobo simplesmente agiu por instinto e sem pensar duas vezes chamou a emergência. Por alguma razão, algum milagre, ela estava tendo uma segunda chance e ele não iria deixá-la perder a mesma.

Agora aqui estava ela, bem, sorridente, feliz e, principalmente, viva. Podia ouvir o coração dela batendo ritmicamente sob o peito. A respiração sair de sua boca e nariz. O calor emanar de sua pele e percebia que o cheiro característico do veneno do vampiro não mais poluía o sangue dela. O que sim predominava o sangue dela além do cheiro humano normal era o seu próprio cheiro, o cheiro dos lobos, o que Jacob presumiu fosse pelo fato dele ter transferido o seu sangue para salvar a vida dela. E por isso a seguiu.

Não sabia quantos vampiros viviam em Chicago e se eles sentissem o seu cheiro em Kaylee e achassem que ela era um transmorfo poderiam atacá-la sem piedade e ela estaria indefesa, mais uma vez.

- Você é um estúpido.

- O quê? - foi tirado de seus devaneios pela voz dela.

- O que você ouviu. Fugir apenas foi uma assinatura da sua derrota completa. Você a entregou de bandeja para o cara. Você acha que isto vai mudar o fato de que eles vão continuar juntos? Eles não vão parar o casamento só porque você sumiu meu camarada.

- Eu não acredito que estou recebendo conselhos de uma fedelha de quinze anos. - reclamou e um dedo molhado apoiou-se no meio de sua testa no que era considerado uma visão cômica. Kaylee tinha que ficar praticamente na ponta dos pés e esticar o braço para poder alcançá-lo.

- Como se você fosse muito mais velho do que eu. - ela lhe deu um empurrão que fez Jacob recuar um passo e surpreender-se, franzindo a testa. O normal era para ele não mover-se um milímetro com este gesto, mas conseguiu sentir a força sob empurrão dela.

- Tenho dois anos a mais de sabedoria.

- Poderia me enganar. - deu as costas para ele, começando a lavar os copos.

- Posso fazer uma pergunta? - Jacob interrompeu o silêncio que caíra sobre eles durante alguns minutos.

- Você já fez.

- Muito engraçado. O que fazia sozinha, àquela hora da noite, no centro da cidade?

- Trabalho meio expediente na loja da minha tia depois da escola. Estava fechando a loja.

- Sozinha?

- Tia Winnie teve que sair mais cedo. - Kaylee o mirou com uma expressão confusa e Jacob franziu o cenho. Algo lhe dizia que Winifred deixara a sobrinha propositalmente sozinha, como se esperasse que a mesma fosse atacada por um vampiro. Mas por quê?

- Bem crianças... - e falando no diabo, pensou Jacob. - Tenho que ir abrir a loja. Lee, liguei para a escola e avisei que hoje você não vai comparecer.

- Mas...

- Nada de mas querida. Descanse. Teve uma noite agitada. - Black quis abrir a boca para protestar, na verdade ele quis gritar. O que os policiais haviam dito a mulher? A sobrinha foi encontrada sangrando até a morte perto da loja dela, precisou de transfusão, atacada por um desconhecido, estava gritando e sofrendo e a mulher nem ao menos foi procurá-la no hospital e agia como se tudo o que Kaylee sofreu foi uma queda e tivesse torcido o tornozelo.

- Certo. - a menina deu de ombros, indiferente a falta de compaixão da tia, e voltou a se preocupar com a louça suja na pia.

- Nos vemos mais tarde. - Winnie deu meia volta e sumiu casa adentro, com logo em seguida o som da porta da frente se fechando ecoando por todo o local.

- A sua tia é no mínimo... Muito estranha.

- Por que diz isso?

- Seus ferimentos não foram brincadeira e ela sabia que você estava hospitalizada e nem ao menos a procurou e age como se não tivesse sido nada. Aliás... Você também age assim. - agora que Jacob parava para racionalizar, Kaylee parecia não se importar com a gravidade do que sofreu e ainda por cima fugira do hospital.

- É complicado.

- Complicado?

- Complicado. - esticou para ele um copo que Jacob o pegou hesitante, a mirando longamente. - Complicado como você.

- Do que está falando?

- Me salvou ontem à noite.

- E daí?

- Como sabia que eu precisava de ajuda?

- Como assim?

- Não tive tempo de gritar. Lembro disso. O que me atacou... Não vi de onde veio, só senti a dor surgir do nada e a queimação e não havia ninguém por perto. Eram onze horas da noite. Onze horas não há alma viva naquele lado da cidade... Nem mesmo as trabalhadoras noturnas ficam por aquelas bandas, não dá lucro, pouco movimentado.

- Mas você estava lá.

- Demorei para fechar o caixa. E só de noite é parado.

- Você deu sorte. - Kaylee estreitou os olhos.

- É - esticou outro copo para ele, que Jacob pegou, o que fez seus dedos roçarem. - tenho dado muita sorte ultimamente. Curioso também é o fato de você não parecer se incomodar com as variações de temperatura de Chicago.

- Vim de Forks. Se você sobrevive ao frio e chuva constantes de lá, sobrevive a de qualquer lugar.

- É isto ou o fato de que parece que está com febre?

- Aonde quer chegar?

- Eu tenho as minhas complicações Jacob, você tem as suas. Agradeceria se não se metesse nas minhas. E assim não me meterei nas suas. O que acha? - ele a avaliou de cima a baixo.

- Acho um acordo justo.

- E então... - voltou para a louça. - Pretende continuar viagem ou pretende estagnar um pouco em algum lugar?

- Não sei. Não planejei tão longe.

- Hum... - ela o mirou de rabo de olho. - Pretende tomar um banho também? - avaliou as roupas dele que pareciam bem gastas. - Sem querer ofender... Mas você parece um cachorro vira-lata desse jeito. - Jacob gargalhou. - O que foi que eu disse?

- Nada demais. Eu até seguiria a sua sugestão... Mas como vê... Minha “fuga” de Forks não foi planejada. - Kaylee sacudiu a cabeça.

- O banheiro fica no final do corredor do segundo andar. Acho que meu ex-tio deixou para trás algumas roupas que devem servir em você.

- Ex-tio?

- Ex-namorado da minha tia. Ficaram juntos por alguns anos, era um cara legal, operário de construção, grandão como você. No começo eles acham as birutices da Winnie divertidas, depois ficam tediosas e no fim eles se cansam. Como sempre. - Jacob assentiu com a cabeça, concordando.

- Bem... Então eu vou...

- Fique a vontade. - ela acenou com a mão, indicando o corredor onde estavam as escadas de acesso para o segundo andar. Jacob apenas lançou um último olhar para a jovem antes de sumir pela casa. - Há toalhas no armário sob a pia! - gritou e Black nem se prezou a responder, tendo a ouvido em alto e bom som. Kaylee suspirou e relaxou os ombros quando ouviu a porta do banheiro se fechar no andar superior.

Em gestos lentos ela fechou a torneira da pia e encaminhou-se para o segundo andar, indo até o quarto da tia e abrindo as portas do velho armário de madeira, procurando nas caixas que havia dentro dele as roupas que a mulher costumava guardar. Alguém normal geralmente se livrava de qualquer coisa relacionada ao ex-namorado, mas Winnie estocava para alguma emergência como o Exército da Salvação ou fugitivos de corações partidos que salvavam sobrinhas de ataques misteriosos no meio da noite.

Puxou uma caixa antiga que estava atulhada sob um bando de roupas velhas e a abriu, encontrando o que procurava e retirou de dentro da mesma um par de calças e camisa, achando estranho que as roupas estivessem com um suave aroma de lavadas em vez do tradicional cheiro de guardadas. Deu de ombros, devolvendo a caixa para o seu lugar e fechando a porta do armário, indo até o banheiro e deixando as peças dobradas em frente ao mesmo, batendo com os nós dos dedos na madeira.

- As roupas estão sob o batente. - anunciou e ouviu uma afirmativa abafada vir de dentro do banheiro. Com isto deu meia volta e foi para o próprio quarto, trocando as calças jeans e camisa que roubara no hospital por uma camisa de algodão de manga comprida do seu tamanho, bermudão de brim e botas, jogando uma jaqueta por cima. Aproximou-se do espelho da penteadeira e recolheu uma escova, passando pelos cabelos e desembaraçando os largos cachos, os domando e os prendendo em uma trança folgada.

Percorreu com as pontas dos dedos sobre a atadura no pescoço e por um momento considerou retirá-la, mas mudou de ideia, deixando isto para mais tarde. Ouviu a porta do banheiro se abrir mas não se manifestou, pois um segundo depois ela se fechou.

Minutos depois a porta se abriu novamente e Jacob saiu do banheiro, trajando as roupas do ex-namorado de Winnie que pareciam se acomodar perfeitamente ao seu físico e carregando nos braços as roupas que vestia antes e a toalha que usou.

- Ah... eu lido com isto. - Kaylee recolheu as roupas que ele carregava e não se moveu ao perceber que ele a olhava estranho. - O que foi?

- Não... É que... Nada. - Black deu de ombros. Na noite anterior tudo foi corrido demais para ele registrar alguma coisa. O vampiro, o ataque, a briga, os paramédicos. E nesta manhã ela estava praticamente afogada sob um moletom que escondia o rosto por causa do capuz. Agora a vendo melhor conseguia notar algumas peculiaridades na menina. Desde a pele clara e das pequenas sardas pintando as maçãs do rosto e o nariz aos olhos amendoados e grandes na face arredondada emoldurada por alguns cachos dos cabelos negros. Ela era pequena, mal chegava ao seu peito, e franzina, o que não fazia sentido em como ela conseguiu empurrá-lo mais cedo na cozinha.

- Então... O banho clareou a sua mente? Te deu ideias? - Kaylee comentou enquanto tomava o caminho do porão da casa onde ficava a máquina de lavar e a secadora, sendo seguida por Jacob.

- Algumas.

- Irá compartilhar com o público? - perguntou, abrindo a porta para o porão e descendo as escadas que rangiam a cada passo que dava, protestando sob o peso de ambos.

- Talvez irei ficar um tempo na cidade.

- Hum... - Lee jogou as roupas dele sobre a máquina de lavar e automaticamente enfiou as mãos nos bolsos da bermuda, como se procurasse algo.

- O que está fazendo?

- Procedimento padrão na lavagem de roupas. Verificando se não há nada nos bolsos. E olha só. Não há! Você disse que deixou Forks só com a roupa do corpo, o que significa que veio sem documento algum. Como pretende se estabelecer na cidade se não tem nem identificação? Aliás, como veio de tão longe sem grana e sem documento?

- Complicado. Complicações que não devemos explicar. Esqueceu? São as regras.

- Ah, claro, as complicações.

- Quanto aos documentos eu entro em contato com o meu pai e peço para ele mandar para mim.

- E enquanto isto não acontece, onde você vai ficar? Vai viver de quê? Ninguém vai dar emprego e moradia a um desconhecido.

- Eu me viro. Me virei nos últimos dias.

- Claro. - jogou a roupa na máquina, acrescentando algumas outras que estavam no cesto de roupa suja perto do aparelho. - Fico surpresa em saber que o seu pai permitiu que o filho de dezessete anos sumisse assim sem mais nem menos.

- Você tem uma tia esquisita. Eu tenho um pai peculiar. Cada um com o seu cada um. Já disse, faz parte das complicações. - foi interrompido com o barulho ensurdecedor da máquina ativando a lavagem.

- Sei... Então, você ao menos tem experiência em alguma coisa?

- Motores.

- Motores? - ela percorreu os olhos pelos braços fortes e peitoral largo. Ele fazia bem o esteriótipo de mecânico. - É, faz sentido. Vem comigo. - falou, dando meia volta e seguindo para as escadas rangentes, sendo acompanhada por Jacob e saindo do porão, retornando ao corredor e subindo as escadas da casa, alcançando o segundo andar e cruzando o corredor do mesmo até chegar a uma porta que ficava no final dele, a abrindo e passando por outro lance de escadas que protestavam sob o peso deles.

- Estou ganhando um tour pela sua casa?

- Talvez. - anunciou Kaylee quando chegaram ao sótão onde havia algumas caixas empilhadas a um canto, uma escotilha no teto parcialmente aberta, assim como uma janela em uma das paredes. Uma velha cômoda branca com tinta desbotando tinha alguns livros arrumados sobre ela e uma estante ocupava uma das paredes e estava atulhada de velhos brinquedos. Lee foi até um enorme vulto coberto por um lençol branco e puxou a peça, revelando uma cama que não chegava a ser de casal, mas não tinha a mesma medida da de solteiro. Ela tinha uma das pernas faltando e por isso a mesma fora substituída por uma coluna de tijolos.

- O que é isto?

- Isto? Bem, se você quiser é o seu novo quarto. No final da rua tem a garagem do Moe e ele sempre está a procura de alguém com talento. O telefone está no primeiro andar.

- Nos conhecemos não faz nem vinte horas e você me oferece uma casa e um emprego? Muitos não fariam isso com um completo estranho, ainda mais que você estava ameaçando chamar a polícia por eu estar te seguindo mais cedo. - a menina riu.

- É... eu sei. Mas eu fui com a sua cara.

- Foi com a minha cara. - Jacob cruzou os braços sobre o peito.

- E ainda estou te devendo.

- Devendo?

- Salvou a minha vida.

- Só chamei a emergência.

- Não... Eu tenho a sensação de que foi muito mais. - a garota estreitou os olhos na direção de Black. - Muito mais mesmo.

 

 


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