Narrada por Elisa.

Não estava entendo aquele fato, pensei que poderia confiar nele. Estava com esperanças que ele pudesse se tornar uma coisa melhor. Fiz o mesmo que ele: voltei para minha casa. Abria a porta do meu pequeno apartamento, organizado e simples.

- Não valeu muito a pena ter gaziado aula, para poder falar com ele. – bufei pegando algo na geladeira.

Eu tinha uma vida complicada. Sou órfã de pai. Minha mãe transforma-se em três para poder nos sustentar. Estudo em uma escola pública. Comi rapidamente e tomei um bom banho para estudar. Não tinha muitas condições, teria que passar numa faculdade publica também. Basicamente minha vida era: colégio, estudar, comer, ajudar minha mãe, Felipe e dormir. Nunca mudava. Enfiei-me nos livros.

De tardizinha como sempre Felipe ia a minha casa.

- Amor trouxe um filme. – falou sentando no sofá.

- Que bom, vamos sair da rotina hoje. – sorri.

Era bom ficar perto do Felipe, nosso relacionamento era mais amizade do que qualquer outra coisa. Seu abraço era mais importante do que seu beijo para mim.

- Vai, vai pode fazer essas brincadeiras, sei que nosso relacionamento é rotineiro, mas eu gosto. Parece aqueles relacionamentos das antigas. – ele sorriu e me abraçou.

 - Também gosto. – escorei-me em seu ombro e assistimos ao filme.

- Elisa eu tenho ótimas noticias. – chegou minha mãe feliz.

- O que aconteceu mãe? – eu sorri ao ver seu sorriso contagiante.

- Também quero participar dessa felicidade. – Felipe brincava.

- Arranjei uma bolsa de estudos em uma escola particular. – seus olhos brilhavam.

- Como assim mãe, já está em março? Tipo, entrar no meio do ano letivo? – perguntei confusa.

- Deixa de ser chata Elisa. – Felipe falou – Você vai ter chances de ter um estudo melhor, terminar o seu segundo ano bem e seu 3º ano.

- Pensando por esse lado. – eu sorri pela possibilidade. – Quando começo mãe?

- Você terá que ir amanhã lá. Resolver tudo,talvez daqui alguns três ou dois dias você já possa ir.

Com essa noticia saímos para comemorar, ir comer pizza. Era algo difícil de acontecer, realmente não tínhamos boas condições.

Aliás, minha mãe adora o Felipe, às vezes acho que ela gosta mais dele do que de mim e vice-versa.

- Mãe para qual colégio eu vou?

- Mesmo de sua prima Alice, sabe  qual é né? Um dos melhores da cidade. Minha filha, estou realmente orgulhosa. Seus esforços estão valendo a pena.

- Ah, realmente. Obrigada mãe.

Abaixei minha cabeça e fiquei calada. ELE estudava no mesmo colégio de Alice. Agora o que farei? Terei que vê-lo todos os dias. Os dias para o meu fim estão contados.

Perdi-me naquele pátio de entrada enorme, procurei ir rapidamente a secretaria, pois já iria tocar o intervalo.

- Bom dia. – falei para a mulher loira a minha frente. – queria fazer minha transferência.

- Ah, claro. Você deve ser a nova bolsista, não é?

Fiz que sim com a minha cabeça. Preenchi alguns papeis, assinei outros. Rápido e prático.

- Amanhã você já virá assistir aula.

- Como assim? Já? – fiquei paralisada.

- É. As coisas foram bem fácies.

- Obrigada então.

Sai daquele local e já escutei barulhos, vi vários adolescentes, fazendo o que eles sempre fazem. Caminhei até a cantina, bateu fome de repente.

Logo avistei um loiro inconfundível. Tamires, aquela garota linda, com o seu sorriso sempre estampado em seu rosto, conversando com suas amigas. Tentei não chamar atenção, mas como? Eu era a única de não fardada naquele local. Senti uma mão passar pela minha cintura.

- Quem é você. – ele falou com uma voz sexy e virou-me.

- Eu que digo. – empurrei-o devagar.

- Qual é garotinha, ta afim não?

- Higo, saia. – uma voz falou.

- Nem vem não parceiro, vi primeiro.

- Acho realmente você deve sair. – era Yago.

- Foi mal irmão. – ele se virou e saiu.

- O que você faz aqui? – perguntou ele com raiva provavelmente.