El Aáiun escrita por Maxlin, Tadewi


Capítulo 5
Capítulo 5




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Victória acordava lentamente, ainda meio tonta e com a cabeça dolorida. Ela estava em sua cama no trailer. Tinha o braço e a perna enfaixados com gaze branca. Olhou pela janela e viu movimentação de seus colegas nas tendas iluminadas pelas lamparinas. A noite caiu estrelada sobre eles.
Os acontecimentos daquela tarde voltaram à sua mente com uma velocidade incrível. O manuscrito, o túnel, o desabamento, Andrew e ela fugindo desesperados…
Será que eles haviam decifrado a mensagem do pergaminho? Victória não ia agüentar ficar ali, estava curiosa demais para esperar. Vestiu um grande casaco preto e saiu para o clima agradável daquela noite.
- Vicky! Está melhor? – Josh correu em sua direção quando a viu.
- Sim, só com uma leve dor de cabeça, mas nada que não possa me manter em pé. Então: o que aconteceu?
- Bem, você ficou três horas inconsciente. Achamos estranho, então o Dr. Kane fez uns exames com o sangue recolhido das suas roupas e descobriu que havia uma espécie de droga entorpecente nas pedras daquele túnel. Alguém queria esconder muito bem aquele pergaminho…
Victória estava surpresa. Dr. Kane era um ótimo profissional que viajava com eles para socorrê-los em situações exatamente como aquela.
- Pessoal, acho que encontramos algo aqui! – Andrew gritou sentado em um dos computadores.
Victória se aproximou da grande mesa. O pergaminho ainda estava na caixa de vidro rodeado por papéis rabiscados, livros de história e dicionários de várias línguas. Andrew digitava algo freneticamente. Depois uma impressora começou a funcionar. Ele pegou o papel e entregou à Victória.
Ela examinou-o atentamente e viu que o texto tinha as mesmas proporções daquele do pergaminho, mas todas as letras estavam desordenadas. Nada fazia sentido.
- Que língua é essa, Andy? – ela perguntou.
- Aramaico. Bastante primitivo. Nós transferimos as escritas para o computador e deixamos o tradutor fazer o resto. Mas o resultado é estranho…
- Realmente – Victória disse pensativa – mas acho que, quem quer que seja que escreveu isso, queria esse segredo bem guardado. Isso deve ser uma espécie de enigma ou criptograma. Deixem comigo, eu vou trabalhar nisso aqui…
Victória pegou um bloco de folhas em branco, livros de criptografia e voltou para o trailer.
Era um bom lugar para trabalhar. Ali havia uma mini cozinha com tudo que ela precisava para viver quase normalmente. O trailer se tornara sua casa, ela passava mais tempo ali do que em seu apartamento em Sidney, na Austrália.
Victória fez um café bem forte e encheu uma caneca. Depois sentou-se na mesinha perto da janela, espalhou seus livros nela e praticamente enterrou-se neles.
Ela nunca soube quanto tempo ficou ali perdida entre números e regras. Usava todos os métodos sugeridos nos livros, mas nenhum parecia dar certo. Sempre tinha que começar tudo outra vez. Ela percebeu que uma letra dependia da outra para o texto todo se revelar e, se apenas uma delas ficasse no lugar errado, todas as outras se desordenavam.
Então, por um método de substituição em diagonal, Victória chegava a um resultado interessante. Uma espécie de enigma em forma de poema sem rimas:
O verdadeiro segredo
Não está nessas palavras
Procure onde os Deuses
Com sua sabedoria
Reinaram por séculos
E encontrará o que realmente procura
- Ah, que legal! – Victória deixou-se exclamar – um enigma dentro de outro. Isso vai levar muito tempo…
- Falando sozinha, Vicky? – ela ouviu a voz de Andrew.
Ele entrou no trailer e bateu a porta.
- Encontrou alguma coisa, suponho? – ele perguntou servindo-se de um pouco de café.
- Sim, mas isso é mais complexo do que pensamos. Decifrei um enigma e encontrei outro…
Andrew deixou a caneca na mesa e foi até Victória. Pegou a folha da mão dela. Victória não estava gostando do jeito que o amigo a encarava.
- Você pensa muito no trabalho – ele colocou o papel na mesa – esqueça um pouco esse enigma…
- Andrew…
- Olha, Vicky, você sabe mais que ninguém que sou seu amigo. Mas você também sabe que eu quero mais do que isso. Por que nunca me deu uma chance?
- Eu já disse que não iríamos mais tocar nesse assunto – Victória ia sair do trailer, mas Andrew a segurou com força pelo braço – me solta, Andrew, por favor! Eu não quero brigar com você!
Andrew abraçou Victória pela cintura. Ela se assustou e começou a bater os pulsos no peito dele. Mas ele era mais forte.
- O que você pensa que está fazendo? – ela perguntou em voz alta e apavorada – ME SOLTA!
Victória conseguiu erguer um braço e dar um tapa no rosto de Andrew. Ele a soltou e ela foi para longe dele, assustada.
- Nunca pensei que você fosse capaz – ela dizia ofegante – pensei que me respeitasse! Andrew – passou a mão no rosto – saia daqui. AGORA!
Ele ainda ficou alguns segundos parado, encarando-a surpreso. Depois saiu rápido e bateu a porta.
Victória deixou-se cair em sua cama, estupefata. Ela sabia que Andrew tinha um interesse por ela, mais uma atração física do que um sentimento mais profundo. Apesar disso ele era um bom amigo e eles haviam chegado a um acordo de que nunca mais falariam sobre aquele assunto. Ela não podia imaginar o que dera nele agora…
E o que aconteceu, com certeza, iria mudar o relacionamento deles em questões profissionais. Ficaria mais difícil trabalhar com Andrew, ainda mais agora que parecia ter um novo país para visitarem.
GRÉCIA
A palavra lhe veio na mente como um raio. Claro! Deuses, sabedoria, só podia ser isso! Eles teriam que seguir para a Grécia. Era lá que estava toda a solução daquele mistério.
Victória pôs seu casaco novamente e saiu para acordar seus colegas nos trailers. Já não se importava mais com Andrew, conversaria com ele depois. Agora queria pensar no seu futuro com aquela descoberta.
- Josh, acorde! – ela batia na porta dele.
- O que foi, Vicky? –ele abriu meio sonolento.
- Estou avisando: se prepare e avise aos outros. Amanhã partiremos para a Grécia…

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