O cachorro do Jack insistia em olhar para as minhas pernas e para o maldito decote daquela maldita regata que minha mãe havia me dado. Fala sério! Esse povo não tem respeito mais não é?

-Se não quiser perder seus olhos, pare de olhar pra mim. –escrevi num papel e mostrei a ele, a atenção de todos estava direcionada demais pra mim e, qualquer palavra que eu pronunciasse poderia ser usada contra mim.

-Adoro correr riscos. –ele aproximou-se de mim e sussurrou em meu ouvido fazendo-me arrepiar. Mas que porcaria!

-Me faz um grande favor, e se mata! –disse baixo para que ninguém nos olhasse, por incrível que pareça, estavam todos fazendo os exercícios na hora em que o Frankeinstain tinha mandado. É, hoje realmente não era um dia nada normal. Ta, talvez seja porque ele decidiu ferrar todos que conversavam em suas aulas ferrando a gente nas provas, mas enfim. Eu já me ferrava naturalmente, então não me preocupava muito com isso. Já tinha me contentado em repetir o ano, seria sorte demais passar para o segundo ano, e os professores não me amavam tanto assim, na verdade, eles poderiam até me odiar, dito que eu não fazia porcaria alguma em suas aulas. Eu era mais como um parasita que não prejudicava. Hm, e isso lá existe?

-Vai fazer os exercícios, Hay. –Jack escreveu no meu caderno com todas as duzentas paginas em branco, exceto por algumas dez onde eu havia rabiscado qualquer coisa idiota e sem sentido.

-Não estou a fim. -respondi.

-Não está a fim, ou não sabe? Pelo que andei descobrindo sobre você... Você não é daquelas que ouve o que o professor diz muito menos que se esforça para fazer o que eles mandam.

-Ta se sentindo o Sherlock Holmes agora não é?

-Não, eu sou melhor que ele.

-Quanta modéstia.

-Eu sei. –ele escreveu com um sorriso sínico em seu rosto.

-Idiota.

-Eu sei que você me ama, não precisa dizer tanto.

-Desde quando um insulto virou uma palavra carinhosa?

-Vindo de você, até um “vá pra puta que lhe pariu” significa que você me quer perto.

-Nunca ouvi coisa mais estúpida em minha vida.

-E agora, você está dizendo “Nunca vi melhor especulação na minha vida. Você é realmente um gênio e você me seduz profundamente”. –com essa, eu tive que rir.

-Você já nasceu idiota assim ou fez um curso?

-Pelo que estou vendo, estão muito ocupados, não é? –o Frankeinstain disse fazendo com que eu e Jack gelássemos no mesmo instante. –Posso ver isso? –disse tomando meu caderno. –Hm, -ele começou a ler e senti meu rosto queimar. –Poderiam deixar para discutir a relação no recreio e fazer os exercícios que estão no quadro? –ele disse num tom autoritário e, pela primeira vez eu tive medo dele.

-Perdão. –dissemos eu e Jack juntos enquanto a classe toda ria da cena humilhante que acabáramos de passar.

-Se eu pegar troca de bilhetinhos outra vez, os mandarei para a direção. –o velho estranho disse enquanto voltava para sua mesa á frente do quadro.

É, só podia ser carma. Porque cara! Como assim? O Frankeinstain nunca se preocupou com o que eu fazia, porque agora então? Isso é tudo culpa desse branquelo idiota de olhos claros que veio para infernizar a minha vida!

Eu fui obrigada a ao menos tentar fazer os exercícios, e adivinhem: eu não sabia absolutamente nada! E pelo amor de Deus, o que era log100? Isso era alguma coisa do demônio ou o que?

-Ta precisando de ajuda? –Jack perguntou olhando minha cara confusa.

-Talvez um pouco. –disse meio sem graça e ele sorriu.

-É simples. Iguala isso á x e faz a regra do coração. –ele disse enquanto fazia o desenho de um coração muito escroto e deformado no meu caderno.

-Regra do coração? –disse com as sobrancelhas arqueadas.

-É.

-Que coisa mais ridícula.

-Reclame com o John Napier. –ele disse sorrindo enquanto terminava de revolver seus exercícios.