Prelúdio escrita por CamillaVicter


Capítulo 3
Capítulo 3 - Premonição


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, people!! Cheio de emoções e dúvidas! Espero que gostem!



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Capítulo III – Premonição

 

Naquela noite, pela primeira vez em toda a minha vida, eu tive um pesadelo com os lobisomens.

Um pesadelo real. Vívido.

No sonho, meus pés e minhas mãos estavam acorrentados e eu estava deitada em uma mesa. Minha vista estava embaçada como se eu tivesse passado muito tempo de olhos fechados mas eu conseguia distinguir um vulto parado ao meu lado.

Era Mark.

Seus olhos negros estavam fixos em mim. Um sorriso diabólico escapou em seus lábios quando ele percebeu que eu estava acordada. Estremeci.

Sua mão apertou meu braço ferreamente. Me debati violentamente, mas ele era muito forte. Só então que eu percebi o que ele estava segurando. Uma seringa.

Virei o meu rosto para o lado oposto e fechei os olhos enquanto eu sentia a agulha em meu braço. Pude sentir o líquido pulsando em minhas veias. A dor era indescritível. Eu gritei o máximo que eu pude. Implorando. Mark saiu, mas eu não fiquei sozinha. Eu pude ver com a visão turva um par de olhos tristes me observando.

Então, eu acordei. Meu irmão estava sacudindo meus ombros. Eu ainda estava gritando e meu corpo todo tremia convulsivamente. Dimitri passou um braço por baixo dos meus joelhos e o outro nas minhas costas. Eu afundei meu rosto em seu peito e deixei que ele me carregasse. Eu estava protegida.

A essa altura todos já haviam acordado com os meus gritos. Stephanie flutuava do lado esquerdo de Dimitri e meu pai caminhava altivamente do lado direito com uma feição transtornada no rosto. Tentei dizer a eles que estava tudo bem, mas eles não me deram ouvidos.

Pelo canto do olho eu pude perceber que estávamos andando em um corredor com paredes brancas. Congelei. Eles estavam me levando para a enfermaria da vila.

— Dimitri, me solta!

Me debati tentando escapar, mas ele me ignorou e continuou caminhando apressadamente.

— Pare, Dimitri! Por favor! Isso é desnecessário! Eu estou bem!

Ignorada mais uma vez.

Me sacudi violentamente mais uma vez, mas eu não tinha percebido o quão dolorido meu corpo estava. Deixei escapar um gemido involuntário.

Os olhos verdes de Dimitri faiscaram na minha direção.

— Chegamos! — anunciou a voz grave e autoritária do meu pai. Ele abriu a grande porta branca nos dando passagem.

A enfermaria era razoavelmente parecida com um hospital. Era um cômodo amplo e muito bem iluminado. Quase tudo era de um branco perfeito. Várias camas estavam espalhadas pelo lugar, separadas apenas por uma cortina branca.

Dimitri rapidamente me deitou em um dos leitos. Um leve farfalhar de asas indicou a chegada de mais alguém.

— Oh! — exclamou assustada a jovem ninfa do ar. Os cabelos loiros amarrados em um coque impecável. O vestido branco se confundia com o resto do ambiente. Ela olhava para mim clinicamente com seus olhos prateados. As ninfas do ar tinham uma intrigante vocação para medicina. Elas costumavam saber o seu problema só em olhar. Isso sem falar nos seus incríveis poderes curativos. A nossa enfermaria era o lugar favorito delas. E, assim como todas as ninfas, suas delicadas asas a faziam flutuar alguns centímetros. — O que aconteceu com ela?

— É o que nós gostaríamos de descobrir. Será que você poderia chamar a Dra. Jéssika? — a voz de meu pai era educada e polida, mas um misto de apreensão e angústia era discretamente perceptível em seu tom.

Quando a ninfa saiu apressada, eu aproveitei a deixa para tentar escapar. Tentei levantar, mas Dimitri empurrou levemente meu ombro para baixo.

— Fique deitada.

Não era um pedido.

— Onde estão os meus óculos? — só agora eu havia percebido que a minha visão estava turva. — Eu não consigo ver nada.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, Stephanie estava de pé e flutuou ligeiramente em direção a porta.

— Eu vou buscá-los, Chris! — ela avisou.

Em um movimento quase imperceptível, ela saiu pela porta branca deixando um silêncio desconfortável.

Eu analisei concentrada o rosto de meu irmão. Ele não me olhava. Dimitri fitava suas próprias mãos entrelaçadas uma na outra em um aperto aflitivo.

— Será que eu posso saber por que raios vocês me trouxeram pra cá?

Meu pai me olhou assustado como se estivesse contestando a minha sanidade. Dimitri continuou olhando as próprias mãos.

— Você enlouqueceu, Chris? — meu pai continuou me olhando assustado. Eu não respondi, esperando uma explicação.

— Você não percebeu nada do que aconteceu essa noite, Chris?

Dimitri finalmente estava me olhando. Mas ainda assim eu não conseguia entender do que eles estavam falando.

— Eu... eu tive um pesadelo. Só isso. Não é um motivo para vocês terem me trazido para a enfermaria.

— Só isso? Chris, aquilo não foi um pesadelo. Você gritou angustiantemente por pelo menos dez minutos. Dez longos minutos em que eu não consegui te acordar de nenhuma maneira.

A expressão de Dimitri era desoladora. Eu me senti culpada por ter deixado ele tão nervoso. Desviei os olhos dele por um momento para olhar para o meu pai. Ele não me olhava. Ele olhava ansiosamente para a porta do outro lado da enfermaria por onde alguns minutos atrás a ninfa do ar havia passado. Meu pai parecia tão ou mais nervoso que Dimitri.

Eu fui desconectada dos meus pensamentos quando ouvi um falatório do lado de fora da enfermaria. Dimitri soltou um rosnado baixo antes de olhar furiosamente para o meu pai.

— Se Catherinne vier perturbar a Chris, eu juro que eu arranco a cabeça dela com as minhas próprias mãos.

Catherinne? Minha cabeça parecia estar afundando na confusão. Porque a representante das ninfas do fogo viria me perturbar?

Meu pai se voltou estranhamente calmo para Dimitri e o tranqüilizou.

— Você não vai arrancar a cabeça de ninguém! Deixe estar, ela não...

A voz de meu pai foi abafada pelo som da porta da enfermaria sendo aberta de maneira abrupta, enquanto uma ninfa vestida inteiramente de vermelho entrava. Os cabelos ruivos pareciam chamas, mas o que mais assustava na ninfa eram os olhos. Olhos vermelhos. Ela estava sendo seguida por uma Stephanie muitíssimo irritada.

— Isso é da minha conta sim, Stephanie! Como representante das ninfas do fogo, eu tenho o direito de saber se a Chris estiver tendo uma premonição... — a voz melodiosa de Catherinne se fez presente, mas eu não consegui mais prestar atenção ao que ela estava dizendo. Eu estava tendo uma experiência fora do corpo.

— Premonição? — eu gemi. Senti um calafrio como se algo gelado percorresse a minha espinha. Meu corpo todo voltou a tremer convulsivamente. — Aquilo foi uma premonição?

Dimitri voltou a segurar o meu ombro tentando me fazer parar de tremer. Ele me olhava de uma forma estranha como se estivesse com medo.

— Chris! Chris! Relaxa. Ok? A gente não sabe ainda o que foi aquilo. Pode ter sido só um sonho. — era impossível não ficar calma com Dimitri ao meu lado. Meu corpo, por fim, cedeu às suas palavras e parou de tremer.

Catherinne abriu a boca como se fosse fazer um comentário, mas Dimitri soltou um rosnado furioso e ela fechou a boca novamente.

A Dra. Jéssika entrou na sala, mas meu pai não deu muita importância a ela. Seus olhos estavam fixos na ninfa do fogo. Concentrados.

— Catherinne, você acha que...? — ele perguntou.

Ela não respondeu. Catherinne segurou a mão de meu pai e eu levei alguns segundos para perceber o que ela estava fazendo. Meu pai abriu os olhos. Brancos. Ela estava deixando que ele lesse seus pensamentos. Dimitri resmungou alguma coisa baixinho e Stephanie também não parecia muito feliz. Ela parou ao meu lado colocando os óculos em mim.

— Melhor agora? — ela perguntou.

— Sem dúvida. — respondi sem emoção. Não me virei para olhar para ela, meus olhos estavam fixos em meu pai. Eu nem mesmo prestava atenção na Dra. Jéssika que me examinava minuciosamente.

Por um breve, mas revelador momento, minha mente vagou. Eu não estava ciente de que meu pai e Catherinne faziam especulações sobre mim, nem que Dimitri olhava para eles ameaçadoramente, também não percebia que a Dra. Jéssika colocava a mão em minha testa, examinava meus olhos. Eu realmente estava tendo uma experiência fora do corpo.

Senti meu corpo esquentar, o sangue subindo enquanto eu voltava a tremer convulsivamente. Todos se voltaram para mim, mas eu não estava prestando atenção. Revelações. Minha mente parecia afundar nas revelações.

Eu não estava aqui à toa. Meu pai, meu irmão e minha melhor amiga não estavam tão agitados por causa de um simples sonho. Catherinne também não estava tão... Ansiosa por nada. Ela achava que eu tinha tido uma premonição. Uma visão do futuro. Só as ninfas do fogo podiam ver o futuro. Eu só poderia ter uma precognição se eu fosse uma delas.

A revelação queimou como fogo dentro de mim. Meu corpo voltou a tremer. Então era isso. Eu...

— Eu estou me transformando... — foi inconscientemente que eu deixei escapar meu pensamento em voz alta. Mas eu pude sentir o efeito que as palavras causaram na enfermaria. Os olhares de todos estavam em mim, avaliando minhas reações. Dimitri ainda tentava, inutilmente, conter os meus espasmos.

Minha mente confusa flutuava em especulações. Eu era uma ninfa de fogo. Pronto. Toda a expectativa acabou desvanecendo-se em frações de segundos. Então eu, afinal, não tinha nada de especial. Eu também e uma estranha felicidade preencheu o meu corpo com esse pensamento não me transformaria em uma lobisomem. Eu não me voltaria contra minha família.

Meus olhos viraram-se para Dimitri por alguns segundos. Mas ele não estava calmo. Na verdade, ele parecia estranhamente angustiado.

Uma voz retirou-me de meus pensamentos. Sobressaltei-me pelo fato de que era a única voz que eu não esperava realmente ouvir.

— Não. Você não está se transformando, Chris... — a voz fininha e aguda que me assustou era da Dra. Jéssika, quieta até então. Ela parecia... Decidida. Certa de sua afirmação.

Novamente eu percebi o efeito daquelas palavras. Choque. Dúvida. Medo.

Quem finalmente quebrou o desagradável silêncio foi Stephanie.

— Como assim?

— É! Jéssika, como pode? Tudo indica que...

Mas a Dra. Jéssika interrompeu Catherinne antes que ela terminasse a frase.

— Na verdade, nada indica. Primeiro, porque ainda faltam dez meses para o aniversário de dezoito anos da Chris. E eu nunca ouvi falar de ninguém normal que tivesse se transformado antes disso.

— Como se a Christinne fosse normal. — sibilou Catherinne entre os dentes, mas Dimitri rosnou em alerta e ela se calou deixando que Jéssika continuasse a explicação.

— Segundo, ela não apresenta nenhum sintoma que indique a transformação. Seus olhos estão normais. Devo lembrá-la Catherinne que os olhos da Chris estariam vermelhos se você estivesse certa. A temperatura dela também está normal. Se ela estivesse se transformando, sua pele agora estaria em chamas.

Meu pai suspirou de alívio com as palavras da ninfa do ar. Mas seus olhos ainda deixavam transparecer alguma preocupação.

— Se ela não está se transformando, Jéssika, então o que aconteceu hoje? — ele perguntou.

— Bom, isso eu não posso dizer ainda. Eu preciso saber exatamente o que aconteceu. — e seus olhos pousaram em mim serenamente. — Ou, se preferir, exatamente o que você viu, Chris...

Soltei um gemido desgostoso. Relembrar aquele sonho me parecia um ato repugnante. Mas eles todos me olhavam com certa expectativa, exceto Dimitri. Ele me olhou e novamente eu não pude deixar de me sentir culpada com seu olhar torturado.

— Você não precisa fazer isso, Chris. — ele sussurrou em meu ouvido ciente de que os outros estariam ouvindo.

Eu me desvencilhei de seus braços delicadamente e me coloquei sentada de modo que eu pudesse ver todos claramente. Meu pai parou ao lado de Dimitri e me analisou.

— É importante que você não omita nenhum detalhe, Chris! Eu sei que é ruim relembrar, mas isso vai nos ajudar a entender.

— Pai... — Dimitri choramingou, ultrajado com a atitude do nosso pai.

Mas eu coloquei a mão em seu ombro e olhei nos seus olhos cor de esmeralda. Ele me entendeu.

Então eu respirei fundo uma única vez e voltei com eles à terrível tortura dos lobisomens.

**********

— Com certeza eu vou surtar! Olha só isso, Dimitri! Sete provas em uma semana! Só amanhã tem duas e eu ainda não entendi nada da matéria de química!

Dimitri riu gostosamente enquanto andava do meu lado. Três semanas haviam se passado desde o trágico dia do meu pesadelo e apesar de não ter acontecido mais nada, eu continuava sob observação.

O susto daquela noite foi dissipado com a explicação da Dra. Jéssika. "A Chris está passando por uma fase de mudança. Seu corpo ainda não tem uma imagem nítida da transformação. É como se ela estivesse tendo flashes do que ela possivelmente se transformará. É claro que isso não é certo, ela pode ter um breve vislumbre de um poder de uma ninfa do ar, por exemplo, e se transformar em uma vampira. Nada é exato ainda."

O diagnóstico da ninfa do ar acalmou os ânimos aquela noite, mas não impediu meu pai de tornar-se mais superprotetor do que o costume. Aquilo sendo uma premonição ou não, meu pai não queria correr o risco.

Por causa disso, é claro, agora minha guarda tinha mais três integrantes que não me deixavam em paz nem um segundo. Stephanie, obviamente, havia se voluntariado apesar dos meus inúteis apelos (ela resmungou algo como: Você não gosta mais da minha companhia... e eu acabei cedendo). E ela, junto de Patrícia uma estonteante (e não eram todos os imortais?) vampira morena e Klauss um magnífico vampiro que tinha uma estranha fixação por mim (ele costumava deixar Dimitri mais nervoso do que o normal) se matriculou no meu colégio.

— Relaxa, Chris! Eu fiz faculdade de química há alguns anos. Eu posso te ajudar! — me encorajou a sorridente Stephanie me tirando dos pensamentos e me relembrando das temíveis provas que estavam a caminho.

Eu ainda não tinha me acostumado a vê-la tão diferente. Suas asas haviam sumido e ela caminhava sobre os dois pés, o que a fazia parecer muito mais baixa do que o normal.

— Ah, tudo bem, Stephanie! Como se eu conseguisse me concentrar com você por perto... — eu falei sarcasticamente.

— Você está tentando insinuar que eu não levo os estudos a sério? — ela fez uma falsa cara séria provocando várias gargalhadas.

Depois que todos pararam de rir, Klauss veio para o meu lado e pôs a mão ternamente em meu ombro. Eu olhei para ele, enquanto andávamos para o estacionamento. Seus cabelos eram curtos e loiros e seus olhos cor de âmbar me analisavam de um jeito carinhoso.

— Agora falando sério, se você quiser, eu te dou umas aulas particulares, Chris! —eu tive um impulso quase incontrolável de soltar uma gargalhada, mas não o fiz. Ele estava falando sério.

Me controlei o máximo que pude para respondê-lo educadamente.

— Obrigada, Klauss! — minha voz pareceu contente demais fazendo com que ele sorrisse animadamente. Não pude deixar de retribuir o sorriso. Assim que ele se virou para frente de novo, eu dei uma cotovelada nas costelas de Dimitri que estivera fuzilando o coitado do Klauss com os olhos até agora.

Nós já estávamos perto da moto do meu irmão, quando ele ficou subitamente alerta. Os outros se viraram para ele como se estivessem esperando que ele lhes dissesse o que fazer.

— Vamos fingir que não vimos. Continuem caminhando. ele disse.

Eu olhei para ele esperando uma explicação, mas ele não falou. Então, Dimitri passou o braço por cima do meu ombro e sussurrou no meu ouvido tão baixo que só eu poderia ouvir.

— Não olhe para trás! — ele me avisou. — Os dois lobisomens do 2ºC estão vindo para cá. Não se preocupe!

Era tarde demais. Minha pulsação acelerou e a minha respiração começava a ficar desigual. Dimitri reparou e me puxou para mais perto dele.

Quando paramos ao lado da moto preta do meu irmão, eu me permiti olhar para trás. Os lobisomens estavam a pouco mais de cinco metros de distância de nós. Mas eles não pareciam estar procurando uma briga, afinal estávamos no estacionamento da escola cheio de crianças indo e vindo. Se eles quisessem brigar, nós agora estaríamos em um lugar mais deserto.

Mas isso não significava que eles não podiam provocar. Aqueles dois eram lobisomens jovens. Recém-transformados. Não tinham muita noção do perigo. E tinham uma arrogância incrivelmente irritante. Mas o pior neles era o fato de que eles adoravam usar seus poderes. Os lobisomens possuíam uma incrível capacidade de controlar a mente humana. E eu, bom... eu ainda era humana.

Eu olhei rapidamente para o meu irmão e percebi que ele já estava encarando os lobisomens. Eu agradeci mentalmente pelo fato de que os poderes deles eram inúteis contra criaturas mágicas. Ao menos meu irmão e minha guarda estavam imunes a eles.

Dois lobisomens jovens e inconseqüentes. Era só isso que eles eram. Não tinha porque temer. Eles não fariam nada tão publicamente. Expor o segredo assim era contra todos os nossos princípios. E mesmo se eles fizessem, Lohainne, a líder deles, não os perdoaria. Ela era quase tão apegada às regras quanto Viktor. Quase.

— Boa tarde, colegas! — o garoto mais alto falou sarcasticamente. Ele era moreno. Ele olhou para o amigo do lado dele e eles trocaram um sorriso. Os olhos negros denunciavam o que eles eram.

— O que vocês querem? — perguntou Klauss entredentes.

— Credo! Que falta de educação. Vocês vampiros são muito mal-humorados! — ele lançou um sorriso trocista antes de completar — Klauss, eu vou contar para o seu pai se você for mal-educado comigo.

Eu pude ver Klauss se encolhendo com a expressão, o rosto com a aparência torturada. Aquilo tinha sido um golpe baixo, inescrupuloso. O jovem lobisomem havia tocado num ponto fraco. Klauss nunca havia superado o fato de que o pai, um lobisomem, o havia rejeitado quando ele se transformou. O fato de Klauss ser um vampiro enojou tanto o pai ao ponto de que ele tentou matar o próprio filho. Viktor encontrou Klauss a beira da morte.

Eu senti o sangue subir à minha cabeça enquanto eu via o meu amigo recuando contra as palavras do lobisomem. Por que ele resolveu se meter em nossa vida daquela maneira? O pobre do Klauss não merecia isso...

Eu mal percebi quando veio a explosão, só dei por mim quando Dimitri estava segurando meus braços e eu gritava com o lobisomem a plenos pulmões.

— Cala a boca, seu monstro insensível! Você não tem coração? Nenhum de vocês tem... Eu jamais me juntarei a vocês, ouviu? Eu prefiro morrer a ser um monstro como vocês... — eu não me importava que agora todos estivessem olhando a discussão. Eu não me importava que Dimitri estivesse me puxando com toda força para longe. Eu só queria que aquele ser sentisse a mesma dor que ele estava infligindo ao meu amigo.

Mas algo me fez parar. O outro lobisomem quieto até agora, se manifestou. Ele sorriu triunfante para mim e disse.

— Mark vai gostar de saber disso...

E então os dois, enigmaticamente, saíram sem dizer mais nada.

Eu relaxei um pouco, ainda pasma. A multidão que havia se formado agora tinha se dispersado e nós estávamos sozinhos de novo.

Eu me virei para olhar para o Klauss e ver se ele estava melhor, mas no caminho meus olhos se encontraram com os de Dimitri e a reação dele me assustou. Meu irmão soltou uma exclamação e recuou alguns passos para longe de mim. Sem entender, busquei pela Stephanie, mas a reação dela foi pior.

— Oh, meu Deus, Christinne! — ela exclamou. E então, depois de uma sugestiva troca de olhares com meu irmão, ela mexeu na bolsa até encontrar um espelho. Ela esticou a mão oferecendo-o para mim. — Veja você mesma!

Eu olhei o espelho, mas não pude dizer que o que eu via era o meu reflexo. Olhei com mais atenção. Aquilo não podia ser eu. Tão assustador. Levou alguns segundos para que meu cérebro voltasse a funcionar e só então eu percebi, chocada, o que estava acontecendo. Meus olhos...

— Meus olhos estão pretos!


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Notas finais do capítulo

É isso aí! Demorei um pouquinho dessa vez, mas o capítulo saiu. Meu plano é postar um capítulo novo toda quinta-feira! Caso eu não consiga (porque semana q vem começam minhas aulas da faculdade), eu dou notícias o mais rápido possivel! Até semana que vem!