Underneath The Moonlight escrita por Mercy_Dawn


Capítulo 6
Esperança




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É, tinha razão sobre a chuva. Ela começou devagar vindo do mar, apenas uma garoa fina. Quando notei, ela já tinha tornado-se uma tempestade pesada com trovoadas, fazia o céu parecer um crepúsculo nublado, mas eram apenas meio-dia.

Minha mãe e eu já tínhamos tirado todas as nossas bagagens quando a chuva piorou, meus avós não incomodaram-se em sair do carro, estava difícil de enxergar lá fora, mas eu consegui ouvir o motor do Dacia arrancando pela esquina.

Peguei minha mala de rodas e minha bolsa de ombro e segui o pequeno corredor que encontrei assim que abri a porta e fui até à sala de estar que estava à direita do corredor. 

Ela não tinha portas, era apenas... encantadora.

A parede que havia sido derrubada, tempos antes de virmos morar aqui, formava um arco para a grande sala de estar. Não tinha nenhum móvel que eu reconhecesse ali, o caminhão só chegaria daqui a duas horas. Mas a lareira era feita de uma madeira que eu não reconheci, muito escura, e um anjo estava entalhado lá. A parede depois da lareira era feia de paralelepípedos cinzas, as outras paredes, ao contrário do exterior da casa , eram de um creme limpo. Meu avô devia tê-las pintado. O chão era de tábuas que eram feitas da mesma madeira escura que a lareira. Um degrau no chão levava-nos para sala de jatar, sem passar por nenhuma porta ou parede. Uma parede no fundo do local reservado para sala de jantar, tinha um espaço para colocar-se uma porta, mas não haviam portas, também era meio aberto, revelando um balcão com a mesma madeira escura. A cozinha ficava atrás daquele balcão. A luz que vinha do grande lustre, preto, quase o tom do chão, com algumas rosas de metal igualmente pretas, era amarelada, fazendo o ambiente parecer confortável para qualquer um.

Eu fiquei em choque. A sala de estar era linda.

Eu caminhei por toda a sala de estar e fui pela a única entrada que encontrei até a cozinha, ela era muito branca, as paredes eram brancas e pálidas. A luz que vinha de lá era igualmente pálida. O chão era de pedras pretas e frias, bem encerado. O teto era branco, assim como o teto da sala. A cozinha era bem mais larga do que eu esperava.

Eu encontrei uma saída alternativa, ela continuava até os fundos da casa, para o quintal.

O quintal lembrava-me o gramado da frente da casa, mas ao invéz de ser um plátano que seguia seu caminho para o segundo andar, era uma macieira, podia-se ver seus galhos nus enquanto a chuva terminava de tirar as folhas que resistiram. A grama era do mesmo verde escuro.

- Eu só estava pensando... Aonde iremos colocar o piano? - perguntou minha mãe, sua voz vinha da sala de estar, tirando-me de meu tour pela casa.

- Piano? Você quis dizer, o meu teclado? - eu não tinha nenhum piano, não cabia em minha antiga casa.

Eu fazia aulas de piano desde os sete anos de idade, as pessoas diziam que eu era muito boa, mas tudo o que eu tinha para praticar era um teclado.

- Não - corrigiu minha mãe. - Estou querendo dizer, seu novo piano de cauda que deverá chegar amanhã.

Eu tinha ganhado um piano de cauda! Eu saí correndo da grande porta de vidro que estava e fui até a sala de estar e abracei minha mãe.

- Obrigada - disse, encostando minha cabeça em seu ombro.

Minha mãe sorriu para mim.

- Não é só isso que eu tenho para te dar.

Eu olhei para ela, confusa. Tudo que eu sempre quis desde pequena era um piano de cauda, o que mais ela tinha para me dar?

Ela pegou a mala de mão dela e começou a tirar coisas pessoais dela de lá, eu perguntava-me o que será que era.

Ela pareceu achar o que queria, pelo que pude ver em seus olhos.

- Feche os olhos - pediu ela.

Eu obedeci, e senti algo em minhas mãos, tinha uma capa dura e folhas dentro, eu tinha certeza.

- Pode abrir - disse minha mãe.

Eu abri meus olhos e vi um caderno médio e preto em minha mão. Graças à cor das minhas unhas (que estavam pretas do mesmo tom do caderno) fazia parecer aos meus olhos que eu não tinha unhas. Achei isso engraçado. A capa era dura como eu tinha previsto, mas o grande laço vinho que o prendia ao invés de um cadiado fez-me indagar se aquilo era um diário.

- É um diário, não é?

Minha mãe balançou a cabeça positivamente, outra tentativa de fazer-me abrir o coração com um pedaço de papel. Mas desta vez, eu realmente iria tentar, não queria ver minha mãe decepcionada.

Ela estava esperançosa com aquela casa, aos pouco eu também fui descobrindo que eu também tinha esperanças.

Eu as criei sem a minha permissão conciente.

 

 

 

 


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