- Me desculpe, não foi minha intenção fazer vocês brigarem. Eu só havia explicado que não tinha conhecido a escola- Blair disse

- Ta tudo bem, ela é pavio curto. Eu vou atrás dela e você pode ir colocando suas roupas nestes cabides e tem uma gaveta ali também. Pode colocar o que não couber no guarda-roupa ali mesmo.

- Obrigada Ash. Posso te chamar assim não é?- perguntou ela com certa inocência

- Claro, te vejo mais tarde então- disse indo em direção a porta. A Kathy teria de me ouvir, afinal não tinha feito nada de mal.

Corri até o campus, mas nenhuma sombra da Kathy ter passado por ali. Não cheguei a pensar e já estava no caminho do apartamento do Du e do Beto.

- Onde a senhorita pensa que vai?- a voz do vigilante noturno me fez travar de medo- Já é muito tarde e você não pode andar por aqui.

- Hum, na verdade eu só estava procurando pela minha amiga. Ele não estava se sentindo bem e desceu pra tomar um ar no campus, mas não voltou até agora - menti

- A senhorita Stryder?- perguntou-me ele

- Ela mesma, o senhor viu?

 - Ela está ali no bloco T, não parece muito bem mesmo- disse ele apontando pra onde ela estava.

- Obrigada- disse correndo em direção ao bloco

Procurei ali pelo lado de fora, mas não a achei ali então entrei e a vi sentada no sofá improvisado que os estudantes tinham colocado ali.

- Kathy, vamos conversar...

- Sem chance, sua amiga ta esperando por você lá em cima – disse ela se virando pra mim

- Minha amiga é você, para com isso ok?

- Você tinha me prometido Ash... - começou ela

- Que eu iria te ouvir sempre e acreditaria em você e não nela, mas o que aconteceu ali não tem nada a ver- terminei

- Você ficou do lado dela, e pra mim é a mesma coisa.

- Eu vou te ouvir agora esta bem? Mas preciso que me conte tudo o que esta sentindo, tudo mesmo- disse pegando na mão dela- somos mais que amigas e promessa é divida.

Vi que ela ficou indecisa se dizia ou não. Naquela hora ela nem parecia minha amiga mais. Ela tinha algum segredo e cedo ou tarde ela iria ter de falar.

- Desde que ela estava pra chegar senti dentro de mim que algo muito ruim estava pra acontecer. Quando olhei pra ela todos meus pressentimentos foram para o ralo e foi como se eu estivesse na frente do diabo- ela deu uma pausa -Eu não sei se o que tenho é medo dela ou se é pena. Eu não estou conseguindo controlar esse sentimento de raiva. Quando ela estava no hospital eu cheguei a pedir que ela morresse de uma vez, mas juro que não fiz por mal.

- Você não a conhecia de algum lugar amiga?

- Nunca a vi, nunca nem sonhei com ela Ash- explicou ela com um sorriso no rosto – Vai ver conheço ela de uma vida passada.

- Não acredito nessas histórias de vida passada, isso é muita mentira.

- Minha bisavó acreditava muito nisso. Ela era meio que feiticeira e morreu quando eu tinha uns três anos. Não me lembro muito bem dela, mas tudo que conheço dela foi pelo que li nos diários que ela tinha...

- Você fala como se tivesse convivido décadas ao lado dela.

- Verdade amiga. Parece que a conheço melhor do que eu mesma. Minha avó morreu quando deu a luz a minha mãe, mas pelo que sei, elas nunca se deram bem.

 - Então sua bisa foi como uma avó pra você...

- Aham. E-eu, ainda sinto meio que a presença dela- murmurou ela envergonhada

- Que? Como assim ainda sente a presença dela? Ela morreu Kathy- disse olhando para o rosto um tanto cansado dela e tentei ajudá-la – O que aconteceu pra que você sentisse a presença dela?

Ela hesitou por um instante mais enfim disse.

- No dia em que a Blair chegaria, no dia do acidente. Eu sonhei com minha avó.

- E?

- Era um sonho estranho demais, mas era tudo muito real. Eu encontrava com ela e ela me dizia que eu deveria usar das minhas habilidades para combater os problemas que viriam a acontecer. 

- Como era o nome da sua avó? – perguntei curiosa.

- Ana- disse ela se virando pra mim- Você sabe por que me chamo Katheriny?

- Ahn, porque sua mãe escolheu? – chutei

- Porque no primeiro diário de minha avó uma colega dela se chamava Katheriny, daí mamãe decidiu colocar esse nome. Ah, mas vóvó nunca gostou disso- disse ela fazendo uma careta

- Porque sua avó não queria que esse fosse seu nome?

- Eu não sei direito. O que sei dessa Katheriny é que ela era uma grande amiga de minha avó...

- Sua avó deve ter tido uma vida e tanto pra ter tantos diários.

- Pois é. São uns oito diários, mas não sei onde esta. Mamãe os guarda desde que ela morreu - Sabe o que eu achei estranho também?

- Não.

- A Blair disse que a bisavó dela tinha este mesmo nome. O que você acha disso?- perguntou-me ela

- Acho que muita gente se chama Katheriny...

- Ash, qual é! E se for à mesma Katheriny? Olha, temos a mesma idade e as nossas bisavós tinham as mesmas idades também. O fato de eu me sentir em guarda quando a Blair esta deve ser isto- explicou ela como quem acaba de descobrir o mundo

- Não sei. Parece muito surreal. Mas uma coisa que eu estranhei mesmo foi ela dizer que também tinha um pressentimento ruim quanto a você- contei a ela

- Ash, deve ser isso com certeza. Eu vou passar este fim de semana na minha mãe e você pode vir comigo daí pegamos os diários, escondemos, e desvendamos isso. Vai ver estamos ficando loucas e não é nada disso, mas minha intuição diz que estamos indo pro caminho certo!

- Credo sua bruxa, que caminho? Eu não vou pra caminho nenhum. Eu nunca que iria à sua casa pra furtar alguma coisa- retruquei

- Eu sei amiga. Mas eu vou fazer e quando voltar vou estar com eles na mala, daí vamos ler e descobrir tudo sobre a vida de uma velha - disse ela caindo na risada

- Eu não sei de você, mas estou morrendo de sono, vou subir pra casa- disse me levantando do sofá

- Ash, tem mais uma coisa...

- O que? Você agora vai me dizer que sua bisavó conheceu meu bisavô e eles tiveram um caso?- disse botando a mão na cintura

- Não seria má idéia, poderíamos ser da mesma família. Mas não é sobre isso não.

- O que então?

- No sonho com minha avó ela me disse que eu deveria usar das minhas habilidades pra combater os problemas futuros. Mas que habilidades? Será que eu tenho super poderes? – disse ela imitando um vôo parecido com o do super-homem

- Acho que ela quis dizer inteligência, esperteza, raciocínio lógico, essas coisas...

- Acabou com a graça da coisa. Eu já estava pensando em derreter tudo com minha visão raio- laser.

- Seria bom demais ter uma amiga super poderosa, mas acho que seria um desperdício dar poderes logo a você- brinquei

- Como assim? Por quê?- perguntou ela fazendo biquinho de choro

- Porque você só iria querer saber de voar atrás de suas borboletinhas e salvar o mundo dos extraterrestres que é bom... NADA! – disse rindo de minha piada. O motivo da graça é que a Kathy ama de paixão borboletas. Uma vez o Beto foi ao sitio do avô e voltou com oito borboletas de diferentes cores. O que ela fez com as borboletas mortas? Ninguém sabe até hoje, mas eu ainda tenho medo de encontrar uma dentro de um livro ou dentro de um bolso. Eca! Insetos são nojentos.

- Falando em borboletas eu estava pensando em ir ao Parque High Line na terça-feira. O que você acha?- perguntou ela

- O que isso envolve os insetos? E High Line é longe daqui.

- Vou ir de ônibus, mas tenho que ir pegar mais. Aquelas que o Beto trouxe estavam com as asas fechadas. Ele não as deixou morrerem normalmente, ele pisou nelas e elas ficaram daquele jeito- explicou ela

- E onde elas estão?- disse apertando o botão do elevador

- Na primeira gaveta.

- NOSSA SENHORINHA DOS BIGODES AMARELOS! Na gaveta de calcinhas? Eca Kathy, que nojo!- não acreditava nisso. Borboletas em contato com roupa íntima era uó.

(n/a. Lubea que me inspirou )

- Na primeira gaveta do guarda-roupa, onde ficam os pôsteres do Justin Timberlake e do Robert Pattinson.

- Eu não to acreditando que você dividiu nossa gaveta maravilhosa cheia de fotos perfeitas com pessoas perfeitas com insetos nojentos e asquerosos- cuspi as palavras de uma vez só

- Elas estão guardadas num saquinho. Elas nem encostaram - sussurrou ela

- Quando chegarmos lá, você as tira e as põe no lixo- disse entrando no elevador

- Nem pensar, elas são as coisas mais lindas que já ganhei de alguém. E foi o Beto que deu poxa.

- Então dá pra ele guardar na casa dele- disse fechando a cara

- Você ta com ciúmes das minhas fofoletes?- ela disse balançando o dedo em minha direção

- Fofo o que? Não Kathy, que bobeira. Em que mundo você vive? Onde já se viu alguém ter ciúmes de um bando de borboletas?- disse balançando a cabeça negativamente

- Eu sou anormal. Como é que você me chamou? Bruxa!- disse ela rindo

- Pois é. Só sendo bruxa mesmo pra ter poderes e tudo mais. Coisinha do mal que você é.

- Nossa Ash, você me magoou muito agora- disse ela fungando o nariz

- Para Kathy, esse negocio de super poderes, bruxas, feitiçaria é tudo coisa da sua cabeça. Sua bisa só te acha inteligente e guerreira, deve ser isso.

- Estraga prazer- disse ela abrindo a porta do apartamento