Coração Imortal escrita por isabellatmassei


Capítulo 24
You're alive


Notas iniciais do capítulo

Vocês imploraaaaaaaaaram mais um capitulo e eu to aqui cumprindo minha promessa. Bem, acho que estão cheios de curiosidade pra ver quem é a bendita voz misteriosa, então só leiam ai e se surpreendam. 6 pro final :/



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Não, eu não reconhecia aquela voz estranha. Mas era como se devesse reconhecer. Continuei no canto do quarto tentando ver através daquela luz forte. Não tinha nenhuma janela ali que pudesse deixar o quarto tão claro quanto estava.

- Essa é boa, ela está com medo de você – gritou tia Vera caindo na risada.

Aquele tom gozador que tia Vera usou e a felicidade dela por saber que eu tinha medo daquela pessoa me deixou perturbada. Não, não podia ter medo de alguém que sequer poderia me machucar, estando com as mãos amarradas.

Acredito que esse tenha sido o impulso que me fez andar o mais rápido que pude e chegar perto da pessoa ferida e cansada que havia chamado pelo meu nome.

Se um dia me perguntassem quem eu encontraria amarrada numa cama toda cortada, cansada, com olheiras horríveis embaixo dos olhos e mãos trêmulas, eu diria tudo menos que aquela pessoa seria uma já morta.

Fechei meus olhos contra a claridade e tateei a cama. Sentei-me nela e abri os olhos devagar e sem pressa. Aquilo só podia ser um sonho. Só podia ser.

- Filha... – sussurrou mamãe.

Limpei as lagrimas que escorriam em minha face e me joguei nos braços de minha mãe. Como era possível uma coisa dessas? Mamãe que havia morrido em um acidente de carro junto ao meu pai, estava aqui agora do meu lado.

‘Porque não me procurou? Porque não esteve comigo todo esse tempo? Tia Vera te prendeu aqui? Você está morta? Eu vejo fantasmas também? Essa luz que vem de você é normal? Você é um anjo? Você veio pra ficar? Sentiu saudades? Mãe, você realmente me ama?’

 Essas eram perguntas que eu queria desesperadamente uma resposta, mas não agora. Agora eu só queria os braços de minha mãe, eu só queria tentar imaginar que isso não era um sonho.

- Eu senti tanto tua falta, minha filha – sussurrou ela em meu cabelo.

- Não tanta quanto eu senti mamãe.

Tentei ao máximo memorizar aquele cheiro tão familiar que antes me fugia. Eu queria mais do que tudo estar ali, com meu rosto umedecido pelas lagrimas enterrado no peito de mamãe.

- Chega! – gritou tia Vera

Me afastei de minha mãe e voltei os olhos para a pessoa horrível que se encontrava parada atrás de mim.

- Que direito você tem de fazer isso com minha mãe?

Me irritei ao ver que minha dor a fazia feliz. Como imaginaria que ela estava fazendo isso com mamãe? Como ela enganou a todos? Que corpo era aquele, que estava carbonizado junto ao de papai?

- Sua mãe sempre teve mais do que merecia, agora é minha vez de ter mais do que ela.

- Vera, tenha compaixão. Eu não pedi pra ser assim – sussurrou mamãe tentando se levantar, mas ficando pensa, com uma mão amarrada e a outra apertando a barriga. Mamãe estava com dor, o que me deixava muito mais nervosa.

Mas ser assim como? Mamãe era normal, uma típica mãe, que tinha o direito de viver e não de ficar amarrada numa cama. E onde ela esteve todo esse tempo? Ela comia?

- Cristina, minha querida irmã... O fato não é você ter pedido pra ser assim, o fato é eu não ter o que você tem.

- Invejosa – me vi falando. Coloquei uma mão sobre a boca e me afastei daquela pessoa indo para trás de minha mãe.

O rosto dela mudava de indignação para raiva. Eu não sabia o que mamãe tinha, mas tinha a leve impressão que valia muito.

- Acho que a Ashley merece saber – mamãe disse colocando seu braço solto, protetoramente em minha perna.

- Como se eu não fosse contar...

Agora ela mostrava estar se divertindo. O que ela estava prestes a falar deveria ser de grande valia para ela, e para mamãe e a mim de grande pesar.

- A família Weber é tão esplêndida – começou tia Vera – Se eu te contasse logo de cara a razão de estar aqui, nada teria graça...

O bico que ela fez era de tamanha ironia que revirei os olhos. Como alguém em tão pouco tempo poderia ser tão odiosa?

- Me entenda, querida sobrinha, nossos ancestrais guardam uma riqueza de histórias, mas acho que não vem ao caso – ela buscou uma cadeira no canto do quarto e se sentou próxima de nós duas – Sua amiga Katheriny é tão poderosa que dá inveja até a sua mãe.

Franzi o cenho. O que Kathy tinha a ver com tudo isso agora? E porque mamãe a invejaria? Tia Vera sabe dos poderes de Kathy... É isso! A razão de eu estar aqui é porque elas querem a Kathy, elas querem os poderes de Kathy.

Não sei como Kathy se encaixava nisso tudo, na história da família Weber e tudo mais, mas sabia que se ela viesse até aqui, depois de pegarem o seu poder iria matar a nós três. Sim, digo nós três porque o Edu com os poderes que adquiriu também era procurado por elas.

- Você parece confusa, vou te explicar tudo – murmurou tia Vera estudando meu rosto.

Mamãe deu tapinhas em minha perna tentando me acalmar, mas nada me faria sentir melhor. Não sabendo que meus amigos morreriam e que minha mãe morta que estava viva morreria. Ufa! Até para mim isso era uma total confusão.

- A família Weber sempre teve um ótimo relacionamento com a família Stryder, e com ótimo relacionamento eu me refiro a todas as encarnações. Se você pensa que aquela história de Blair falando sobre a bisavó dela era total mentira, engano seu. Katheriny, bisavó de Blair, era como unha e carne quando se referia a Ana. Elas foram o principio de tudo.

Forcei meus pensamentos a memorizarem o que estava passando por aqui. Ela estava me contando a história de minha família, da família da Kathy e da bisavó de Blair?

- Filha, quero que saiba que Blair é sua prima – murmurou mamãe.

Escancarei a boca e pisquei tentando enxergar com mais clareza. Blair era minha prima? Então Katheriny era minha bisavó? Mas, espere... Tia Vera era a mãe de Blair?

- Não, minha querida, Blair é neta de uma aventura de seu avô. E para que tudo faça sentido também... Paola é irmã de Blair – explicou mamãe.

Soltei um riso histérico. Estava rindo de frustração. O que mais aconteceria de inesperado? Agora, em uma tacada só, descobri que Blair e Paola são minhas primas. E que nossa bisavó era amiga da bisavó de Kathy. E que as duas famílias eram cheias de magia, porque foi isso que supostamente aconteceu. Se a bisavó de Kathy era, a nossa também era...

- Mas e aquela mulher que buscou Paola quando ela foi expulsa...

- Mãe dela – respondeu tia Vera – Eu sei, eu sei, aquela mulher é velha demais, ou melhor, era velha demais.

Tentei não dar atenção ao era que deixava bem claro que a minha suposta tia havia morrido, mas meu instinto me dizia pra ir fundo no assunto.

- O que aconteceu com ela?

Tia Vera deu de ombros.

- Ela era muito problemática e quando Blair e Paola me procuraram sabendo de toda a verdade sobre a família, ela quis se matar. Posso dizer que foi de grande ajuda ela querer isso, o negócio foi só colocá-la junto de um qualquer dentro do avião e fazê-lo cair.

O modo como ela contava aquilo me deixava muito brava. Ela pouco se importava com os acontecimentos, ela queria era só se beneficiar, o que me fez entender boa parte de tudo. Ela queria a magia que apenas mamãe herdou e junto de Paola e Blair conseguiria mais facilmente. O Edu e a Kathy estavam sendo procurados para que Blair e Paola também desfrutassem da magia. Droga, tudo era tão óbvio!

- Como eu estava dizendo... Ana e Katheriny foram muito amigas e Katheriny compartilhou com Ana o seu poder. Foi então que o poder seguiu por todas a gerações e apenas sua mãe conseguiu descobrir que consegue a imortalidade pela magia – observei ela pensar enquanto batia os pés freneticamente contra o piso de madeira – Acho que sua amiga também já sabe disso...

- Sabe – contei-lhe sem temer.

- Os que possuíram os poderes foram sua mãe, nossa mãe e Katheriny. E da família de sua amiga foram apenas ela e a bisavó Ana.

PARA TUDO! Mamãe... Uma feiticeira? Isso explica o porque da não-morte e o porque de ser tão odiada.

- Seu namorado recebeu parte da magia quando eles nos sentiram. Sua amiga era uma ignorante e só com a ajuda dele entendeu o mundo da magia. Os dois são importantes para nós porque a magia de sua mãe será minha, a de Eduardo irá para Paola e a de sua amiga ficará com a nossa pequena Blair.

Suspirei imaginando o que elas não fariam para que Kathy contasse como dar seu poder para outra pessoa. Afastei esses pensamentos horríveis e me foquei na pergunta que pinicava em minha cabeça.

- Porque Blair insinuou uma vez que nossa bisavó havia sido morta pela bisavó de Katheriny?

Vi a tensão se apoderar no rosto de minha mãe. Ela não queria lembrar disso e eu tinha certeza, mas eu queria saber.

- Aconteceu mesmo, e a família Weber nunca perdoou a Stryder desde então.

- Mas porque... – comecei a perguntar mas tia Vera me interrompeu.

- Elas eram inexperientes e não sabiam nada sobre como usar da magia. Numa brincadeira idiota Ana matou nossa Katheriny. Nossa sorte era que mamãe já tinha idade suficiente e já tentava entender.

Pensei em tudo o que tinha acabado de escutar. Aquele engano que acabou por matar Katheriny também transformou essas pessoas em monstros. Tia Vera, Paola e Blair eram definitivamente monstros.

Tia Vera se levantou e começou a gesticular para mim.

- Você não herdou a magia de nossa família, o que me deixa bastante intrigada. Talvez eu possa... – mas mamãe a interrompeu.

- Você não pode simplesmente tomar uma coisa que não pertence a você!

Concordei com mamãe e fiquei aliviada ao saber que não tinha essa droga de magia. Seria mais um problema com que lidar.

- Mas me pertence, e toda a família sabe disso. Você é única que não quer aceitar.

- Ela não é a única, eu também acho que não pertença a você – sussurrei segurando a mão de minha mãe e gemi ao ver que minha mão continuava doendo.

- Você não é paga para achar – gritou ela avançando em mim – Saia da frente, Cristina!

Mamãe se manteve em minha frente tampando minha visão. O brilho que antes irradiava de minha mãe era agora um vulto escuro que mais servia como escudo. Mamãe estava com muita dor e não agüentou ficar naquela posição por muito tempo. Quando se abaixou ofegando senti a mão gelada em meu rosto outra vez. Foi um tapa tão dolorido que pude sentir os vergões em minha bochecha.

Olhei para cima desafiando-a a me dar mais um tapa. Eu não era o tipo de pessoa que aceitava isso numa boa, mas não era tão idiota ao ponto de me jogar em cima dela. Eu concerteza iria sair perdendo.

- Você é só mais um saco de merda que está no meu caminho – gritou ela nos dando as costas – Eu dou mais 10 minutos para vocês duas. Mais 10 minutos...

Vi mamãe suspirar e quando virou o rosto pra mim olhou terrivelmente assustada. Meu rosto devia estar transfigurado com o tapa que levei. Meu Deus, será que o Edu iria querer alguma coisa comigo? Tirei da minha cabeça preocupações como namorado, agora não era hora.

- Seu rosto dói? – disse mamãe passando os dedos pelos vergões.

- Um pouco, mas eu agüento.

A saudade que sentia dela era enorme, tão grande que eu não me atrevia a piscar com medo que ela sumisse. Mamãe continuava linda como eu sempre achei. Seu cabelo negro, idêntico ao meu, talvez mais escuro por culpa das tinturas que eu usava, estava jogado nos ombros. Estavam um tanto sujos, mas lindos como sempre. O rosto dela estava sem maquiagem e um pouco pálido, mas nada de machucados. Os olhos azuis nunca brilharam como agora, ela parecia bem, mas eu sabia que não. Ela tremia muito, e mesmo que dissesse que não, eu sabia que ela estava doente.

- Mãe, o que você tem?

Ela sorrio tentando me acalmar, mas falhando.

- Nada minha filha, é só que... – a tosse que veio a seguir me deixou horrorizada.

Era uma tosse molhada, uma tosse de quem tem... tuberculose!

- Filha, isso não é tuberculose, é só uma gripe forte... - e tossiu denovo

- Mãe, estou realmente preocupada com o que vai acontecer. Até a pouco eu achava que era uma órfã e que apenas morreria se me encontrasse com meu “amigo”. Agora eu descobri que você está viva, que meus amigos correm perigo e que... E que você é uma bruxa! – engasguei no final. Era tão estranho afirmar que minha mãe era uma coisa dessas.

Aceitei numa boa o fato de meu namorado e minha melhor amiga serem feiticeiros, ou o que seja, mas minha mãe era diferente.

- Ash, como mãe eu digo que sinto muito por não ter contado, é que você era pequena, e não acho certo encher a cabeça de crianças com conversas de... Adultos, entende?

Concordei com a cabeça.

- Você conhece metade da história e creio que quer saber o resto.

- Mãe, eu quero saber tudo!

- Tudo bem – tossiu mais uma vez e começou – Sua tia sempre teve o plano montado. Desde que soubemos pela sua avó o que poderíamos ser, ficamos atentas, mas ela não. Ela sempre pensou na possibilidade de não ficar com a magia pra ela, dizia que tudo vinha para mim, o que é uma grande mentira.

Vi ela pausar e massagear a cabeça. Diabos, o que de tão importante tem em ser feiticeiro? É só mais uma bosta pra se preocupar.

- Sua tia colocou tudo em pratica quando descobriu que era eu que ficaria com a magia. Quando casei com seu pai, ela foi bem clara quando disse que não tardaria e eu iria pagar. Meu casamento viveu de ameaças vindas dela. Seu pai já estava sem paciência, e a única coisa que mudou nossas vidas para melhor foi você. Quando nasceu, tudo virou mais um motivo para ameaças e ciúmes. Nosso pai já tinha traído mamãe e morrido em seguida. Sua avó morreu logo depois de você ter nascido, decepção eu acho.

Decepção pelo o que meu Deus? Eu ter nascido, tia Vera ser desse jeito ou o marido ter traído-a?

- Você não foi o motivo, o motivo foi uma mistura de sua tia e seu avô.

Por mais aliviada que parecesse estar por não ser odiada pela minha avó também, me senti triste por ser mais um motivo de desavença. Ok, o problema era a louca de minha tia, mas será que eu não ajudei?

- Filha, me desculpe estar sempre metida na sua cabeça, mas você tem que saber que não tem nada a ver com isso.

- Obrigada mãe – sussurrei dando um beijo em sua bochecha.

- Obrigada pelo o que?

- Obrigada por ter se mantido viva por mim, e por não ser tão má quanto sua irmã.

O sorriso dela me fez sorrir junto. Tudo o que eu precisa agora era de um abraço e eu tive ele, o que me deixou bastante feliz.

- Seu pai decidiu que devíamos mudar de Newark, onde sua tia morava antigamente, e virmos para Delaware, onde logo depois ela também estava. Você cresceu feliz e com bastante amor – ela sorrio para mim e eu retribuí – e o mundo só acabou para ambas as duas quando ocorreu o acidente e seu pai morreu.

As lagrimas que derramamos ao lembrar do acidente foram proporcionais ao momento. Tínhamos pouco tempo juntas e eu queria aproveitar conversando e não chorando.

- Eu sei que você sofreu mais depois disso, pensando que não tinha mãe também, mas quero que saiba o que aconteceu comigo.

Assenti com a cabeça e limpei as lagrimas que já se acostumavam a cair em meu rosto. Mamãe parecia estar bastante velha. Não velha como uma pessoa idosa, mas muito diferente de uma mãe. Ela estava cansada, era só isso.

- O acidente foi proporcionado pela sua tia, ela realmente me queria morta, mas no ultimo instante mudou de idéia. Eu lembro de estar ferida e ela me olhar com desgosto, pegar-me pelos cabelos e sussurrar uma promessa que vai ser difícil esquecer.

- Que promessa?

- Que me manteria viva até ter o que ela merecia ter, o que obviamente é a magia.

- Então ela não te mataria sem antes obter a... – engoli em seco e gesticulei de modo que ela entendesse do que se tratava.

- Não, ela não me mataria, mas você...

Ok, porque agora tudo fazia sentido? Ela queria a magia de três pessoas que eu amava, mas para ter ela tinha que além de uma isca, ter também algum estimulo para eles.

- Mãe, tive uma idéia... Se eu pudesse fugir daqui, avisar meus amigos, logo voltaríamos para te salvar e dávamos um jeito nelas.


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Notas finais do capítulo

Vocês tinham sequer a idéia de que seria a mãe dela a aparecer? O que será que vai acontecer? Bem, eu garanto que muito, ja que faltam apenas 6 capitulos (momento em que a gaby grita comigo porque eu vivo repitindo). Obg pelos reviews, pelas recomendações e olha, muitas mais serão bem vindas. Um grande beijo meus amores platonicos :/