Coração Imortal escrita por isabellatmassei


Capítulo 16
More and more discoveries


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei, e me desculpem por isso. Tomara que gostem, é um daqueles bem grande com mts mts surpresas. Boa leitura e não durmam no ponto ein hoho



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Quando estava virando a esquina vi na porta de um bar a Blair sentada com um moço ao lado. Não dava pra ver o rosto do homem, mas parecia ser jovem. Não pensei duas vezes e voltei atrás. Ela havia dito que estaria na casa de uma amiga perto da escola. Aqui definitivamente não era perto. Voltei a subir a rua que tinha acabado de descer e entrei num beco com saída para o outro lado do quarteirão. No meio do caminho vi que tinha também uma saída que dava do lado do bar em que a Blair estava. Não pensei duas vezes e fui xeretar a vida dela. Antes mesmo de chegar perto já ouvia suas risadas. Ela devia estar se divertindo muito.

Agachei-me ao lado de uma caçamba de lixo que tinha ali e fiz silencio para que pudesse ouvir.

 - Temos que resolver esse lance logo Willian- disse Blair

- Temos? Eu que vou apagar elas, você só é a porta-voz disso tudo- respondeu Willian. Aquela voz parecia-me familiar, só não ri pela possibilidade de ser um amigo meu porque sabia que tinha de ficar quieta.

- Olha aqui, ser amiga daquela idiota da Ashley é pior do que matar ela.

Enrijeci todo meu corpo. Não poderia ser verdade, ela então não era o que eu pensava mesmo. Respirei em lufadas de ar e forcei-me a ouvir mais.

- Mas não é só ela B, tem a minha loira também!- disse ele provavelmente falando da Kathy. Mas que história era aquela de minha loira?

- Essa é fácil, o que vai ser difícil mesmo é o namorado da Ashley. Desde que cheguei sinto uma coisa ruim em relação a ele- explicou ela.

- Me conta denovo o que eles estão pensando que você é, adoro essa história- disse ele rindo

Ela juntou-se a ele na risada, mas depois parou e disse:

- Eles pensam que minha vó... Não, espera ai, minha Bisavó era amiga da bisavó da Katheriny. Loucura total e eu nem sei o porquê acham disso, só porque o nome de minha bisa era igual do dela- ela parou pra rir e depois continuou- Quando descobri isso acabei fazendo uma de possuída. Coisa de louco isso!

Eles riram como se fosse à coisa mais engraçada do mundo e eu chorei por descobrir em quem eu havia confiado, na pessoa mais desgraçada desse mundo. Não me dei ao luxo de ouvir mais nenhuma palavra e voltei pelo caminho que tinha feito para ouvir a conversa deles. Arrepender-me de ter ouvido a conversa? Não!

Cortei caminho e fui até o ponto de ônibus. Parei de chorar, porque já tinha percebido o olhar das pessoas que passavam. Deviam estar achando que eu era problemática, vim até aqui chorando e voltei chorando. Pensava que um ônibus viria me buscar, mas não, foi o Edu.

- Vamos, entre no carro- disse ele abrindo a porta de trás para mim. Olhei dentro do carro e a Kathy estava lá.

Não pensei duas vezes e entrei. Tinha que avisá-los sobre a Blair.

- Edu, não passe ali na frente, dê meia volta e...

- Eu sei. A Blair esta lá- disse ele olhando pra trás pra girar o carro.

A Kathy não parava de olhar pra mim talvez ela estivesse esperando que eu dissesse algo.

- Eu ouvi o que a Blair disse- contei a eles- Eu sei de tudo.

Eles concordaram com a cabeça, mas foi o Edu que falou.

- Ash, você não sabe de tudo, e espero que não tente descobrir.

- É bom não saber, são coisas de mais- e comecei a chorar.

- Amiga você chorou muito ultimamente. Logo vai estar desidratada!- disse ela ao me abraçar.

- Ela tem os motivos dela Kathy, deixe-a em paz- disse ele.

Olhei assustada pra ele. Ele nunca havia falado com ela desse jeito.

- Não liga Ash, ele anda me tratando assim faz tempo- explicou ela dando de ombros.

- Mas por quê?- perguntei limpando as lagrimas.

Eles ficaram quietos, não me deram respostas.

- Isso eu posso saber não posso?

- Ela pode não é Edu? Isso não tem nada a ver? – perguntou Kathy

Ele pensou bem, mas logo deu de ombros.

- Minha bisavó era feiticeira, disso eu não menti pra você. Mas olha, tudo o que eu disse de minha bisa conhecer a da Blair e dos diários foi inventado porque a Blair tinha que achar que estávamos no caminho errado.

Concordei com a cabeça, por mais que tenha sido enganada foi por uma boa causa.

- Eu sabia que ela ouviria aquela nossa conversa no bloco P, mas não é disso que eu ia falar- explicou ela.

- O que é?- perguntei com uma sobrancelha levantada

- Eu te disse que minha avó era feiticeira, mas o que não te disse, com todas as palavras, é que eu era também.

- Você era?

- Então, acho que sim. Minha avó passou todos os poderes para mim, mas eu não soube usá-los, passei pro seu namoradinho ai então e ele se mostrou pior ainda- disse ela dando uma joelhada no banco do motorista.

- Ai Kathy, machucou- disse ele acariciando as costas.

 - Então o Edu sabe muito bem o que ele é- falei lembrando-me da vez em que ele disse não saber o que era.

- Não Ash, eu não sei mesmo. Essa daí não soube fazer a transferência direito e eu só posso ler pensamentos e mexer com a cabeça das pessoas. Algumas coisas vão se aperfeiçoando, mas ela ainda é uma feiticeira.

- Que não lê pensamentos e que não faz as pessoas me darem tudo o que eu quero- acrescentou ela fazendo biquinho.

Quase ri com toda aquela troca de farpas, eles realmente eram bons amigos.

- Edu, você é metade feiticeiro, metade homem- disse com um sorriso no rosto

Ele olhou pra trás e vendo meu sorriso o retribuiu. Ele não foi má pessoa me escondendo tudo, eu tinha que admitir, ele era inteligente demais.

- E o Beto gente, ta sabendo disso?

- Não- respondeu os dois. Ta, a Kathy quase berrou no meu ouvido.

Olhei assustada pra Kathy e cai na risada. Ela estava com medo dele descobrir tudo. Eu até sabia o motivo. O Beto era meio lerdo e quando soubesse só entenderia depois de uns longos dias. Ele nem precisava saber.

- O Beto não me entenderia e outra, nem sei se vamos continuar juntos- explicou ela apoiando a cabeça no banco da frente.

Concordei com a cabeça.

Fiquei olhando-a por todo o caminho. Ela não chorava, mas também não sorria. Ela gostava do Beto e disso eu tinha absoluta certeza, mas o Beto não poderia ter feito alguma coisa ruim pra que merecesse estar longe dela.

Quando chegamos em casa fui direto para a casa do Edu. A Kathy ficou indecisa se ia, mas acabou dando de ombros e foi conosco. A noite estava do jeito que eu gosto. Cheio de estrelas grandes e brilhantes no céu escuro e sombrio. Meu passatempo preferido era ver estrelas, inclusive de casa. Em casa fingia poder tocá-las e ria só de pensar em conseguir tal coisa.

O Edu não parava de me olhar, e quando pensei no desconforto que aquilo estava me proporcionando ele desviou os olhos. Definitivamente era horrível ter ele lendo meus pensamentos. Eu havia jurado a mim mesma que iria ajudá-lo e já até sabia como. Toda vez em que estivesse perto dele pensaria em coisas boas. Pensaria em estrelas, flores, amor, carinho e é claro, em nós dois juntos. Ele riu pra mim quando ouviu isso, mas tenho certeza que aprovou minha atitude. Esse era o melhor modo que eu tinha para poder ajudá-lo a enfrentar estes problemas.

- Eu gostei Ash, eu realmente gostei- disse ele me segurando pela cintura- Como estamos?

Não sei!

- Pare com isso. Odeio não poder ouvir sua voz.

Olhei pra ele curiosa. Como será que ele ouvia meu pensamento?

- Eu ouço uma voz de homem e bem baixinha, acho que é seu subconsciente- respondeu ele dando de ombros.

- Legal, minha voz interna é grossa- murmurei dando uma risada histérica.

Ele olhou pra mim assustado e balançou a cabeça, deveria ser horrível pra ele ter de lidar sozinho com tudo isso. O pior é que ele culpava a Kathy disso, mas isso não aconteceria do mesmo jeito? A única diferença é que são só esses “poderes” que ele tem.

- Não é bem assim. Com todos os poderes eu poderia usar um para anular o outro, mas a Katheriny ficou com a metade importante e eu com a metade irritante- sussurrou ele para que a Kathy não ouvisse.

- Eu ouvi- disse ela vindo para o meu lado- Eu ouço muito bem ouviu seu bruxo?

- Bruxa é você!

Ouvir os dois discutirem não era algo com o qual eu iria me acostumar. A Kathy sempre o defendia e sempre torcia por nós e o Edu, bem o Edu nunca fez nada a favor, mas também nunca fez nada contra.

- Que máximo! Tenho dois amigos que têm super poderes. Sinto-me péssima- lembrei-me do Beto- Ah claro, o Beto e eu podemos fazer uma cúpula!

Eles balançaram a cabeça de modo negativo e eu franzi a testa. O Beto tinha que ter feito alguma coisa, eu só precisava perguntá-lo o que.

- Posso pedir uma coisa?- perguntou-me Edu

Assenti com a cabeça.

- Não se assuste se dermos um gelo no Beto, ele fez uma coisa muito feia e precisamos fazer isso, ok?

- O que ele fez?- virei para Kathy- Te traiu?

A Kathy fez que não com a cabeça. Suspirei aliviada.

- Coisas- responderam os dois

Não liguei para a resposta dada, eu sabia que não deveria ficar me metendo. A partir de hoje eles fariam o que tivessem de fazer e eu ficaria na minha.

Chegamos ao apartamento e a Kathy e o Edu pareceram bastantes surpresos em ver o Beto ali deitado no sofá comendo pipoca e tomando um enorme copo de refrigerante.

- Ash, meu que saudade- disse ele ao ver-me             

- Oi Beto.

Ele estreitou os olhos e me chamou pra que eu sentasse ao lado dele. Fui até lá e me sentei, ele apoiou os pés em meu colo e disse:

- Vai ficar estranha que nem os dois ali?

Olhei pra ele e tentei disfarçar meu desconforto, ele percebeu.

- Qual é Ash, o que foi que eu fiz?

- Eu não sei- sussurrei

- Mas eu fiz alguma coisa?

Dei de ombros. Eu não estava mentindo, estava omitindo!

- Olhe aqui Ash, eu nunca fiz nada que pudesse magoar sua amiga. Eu sei que não sou tão inteligente nem tão bonito, - disse ele debochando sua clara beleza- mas eu amo a Kathy.

Abri meus braços para um abraço. Não poderia fazer mais nada em relação a aquilo. Eu só poderia fazer isso, abraçá-lo e dizer que se pudesse eu o ajudaria, o que não era totalmente mentira.

O Edu quis dormir lá em casa e fiquei meio apreensiva se ele iria dormir comigo. Não pensei nisso enquanto ele estava perto para não me denunciar. O problema é que eu estava com medo, e não sei exatamente do que. Ultimamente passamos por maus bocados e só de pensar em botar uma pedra em cima de tudo já me dava frio na barriga. Eu queria julgá-lo, interrogá-lo, e até botá-lo contra a parede, mas isso não era mais possível, ele estava certo. Mentir ou omitir pelo meu bem foi a mais pura demonstração de amor, e eu teria de vê-la como tal.

- Posso dormir com você?- perguntou-me ele como que respondendo minha pergunta mental.

Dei de ombros e me levantei para ir ao banheiro.

- Ash, não faça isso comigo- disse ele apertando meu braço.

- Você não faça isso comigo. Já percebeu o tanto de vezes que já me segurou pelo braço? Isso dói Edu- disse me soltando dele.

Ele olhou para meu braço vermelho e depois voltou a olhar para meu rosto.

- Eu nunca esconderia algo de você sem o devido motivo- disse ele gesticulando com a mão. Odiava quando ele fazia isso, ele queria parecer mais maduro, não sei.

- Não estou questionando isso, pelo amor de deus.

Sai da frente dele e me tranquei no banheiro.

- Você não consegue imaginar o quão ruim é ter de ficar ouvindo vozes? Eu odeio isso Ash!

- Vou entrar no banho, não vou conseguir te ouvir então, por favor, não fale!

Tomei banho pensando no que ele havia me dito, eu sempre me botava no lugar dele, era injusto ele pensar o contrário. Eu prometi a mim mesma que iria ajudá-lo, e vou. Eu queria provar meu amor por ele, mas não pensando nele, isso era horrível. Eu poderia falar, mas sou péssima nisso, da ultima vez acabei caindo da escada. Eu teria tempo de pensar nisso depois, afinal eu tinha tempo de sobra. Se... A Blair não me matasse! Meu Deus, eu tinha quase esquecido de tudo o que ouvi. Aquele tal de Willian, o capanga dela, nunca tinha estudado aqui e pior, ele nunca tinha me visto. Estava com medo de conhecê-lo sem saber e me envolver. Quer dizer, me envolvendo em uma amizade, não estava a fim de trocar o Edu. Respirei fundo, não iria pensar nisso pelo menos hoje, eu queria ter sonhos bons. Quem sabe com meus pais denovo?

Troquei-me no banheiro mesmo, penteei meus cabelos e escovei os dentes. Podia ouvir a conversa do Edu com a Kathy, só esperava que eles não estivessem brigando. Sai do banheiro e comigo saiu o vapor d’água, eles pararam o que estavam falando e olharam pra mim. Estavam vermelhos de raiva e se fossem cachorros poderiam até estar babando. Eca, que idéia.

- Descobrimos uma coisa... –começou Kathy

- Descobrimos uma ova, eu descobri- terminou Edu olhando-a com os olhos flamejantes.

Fiquei esperando que começassem, mas só ficavam se encarando e fazendo caretas um para o outro.

- Qual é pessoal? Eu quero saber também- disse pedindo que prosseguissem.

Eles voltaram a olhar pra mim e pigarrearam antes de continuarem.

- O Beto não é perigo nenhum, pelo menos é o que estamos pensando agora- explicou Edu.

- O Beto já foi perigo?- perguntei vestindo meu casaco

- Mais ou menos Best. Pensávamos que ele era o capanga da Blair e da Ti... – o Edu deu um chute nela e ela parou- Bem, achamos que ele estava metido nessa história toda.

Olhei confusa para eles. Isso me fazia lembrar que aquela voz era conhecida sim. Tentei clarear minha mente, dei graças a Deus pelo Edu estar prestando atenção nos pensamentos da Kathy e disse:

- Não, o capanga é um Willian ai. Nada a ver com o Beto- disse não me importando com o que eles haviam dito. Então me lembrei que o Edu poderia descobrir se quisesse se era ou não o Beto- Edu, como você não sabia disso?

Ele estreitou os olhos.

- Eu não sei exatamente, mas acho que a mente do Beto é parecida com a desse cara ai. Não digo que a mente do Beto é poluída, mas o problema é que a mente do Beto é vazia, então qualquer uma é parecida com a dele.

Comecei a rir. Sabia que o Beto era não-inteligente, mas que ele tinha uma cabeça oca era engraçado demais de se ouvir.

Logo eles estavam rindo comigo, a Kathy rindo por alivio de descobrir que o cabeça de vento não queria matá-la, e o Edu por não ter uma falha no seu super poder.  Era bom estar com eles ali, eu me sentia mais segura.

Não ficamos de conversa fiada, e eu não conseguia falar e pensar coisas boas. Na maioria do tempo o Edu olhava pra mim com um grande sorriso no rosto e eu retribuía. Não sei o que a Kathy pensava, mas sei que aquilo o irritava.  Se eu conhecia minha amiga ela devia estar agora mesmo projetando um dedo do meio ou ela mesma mostrando a língua. Ela era bastante infantil quando brigava, tenho que dizer que usar diminutivo nas palavras me deixava de cabelo em pé ás vezes.

Estava me lembrando aqui de uma vez em que ela tinha ido até o shopping com a mãe dela. Ela passou na frente de um pet shop e se apaixonou por um gato que tinha lá, o que não me surpreendia, ela amava gatos. Ela me ligou toda histérica pedindo que eu deixasse que ela pegasse o gato. Eu disse que tudo bem desde que ficasse na casa dela e não na nossa. Ela ficou implorando, fazendo mil e uma promessas, mas eu não dei o braço a torcer. Ela enfim desistiu e desligou o telefone. Chegou em casa muito brava e quando falava comigo, que era quase nunca, usava sempre o diminutivo. Fiquei muito brava com ela, mas deixei quieto, afinal eu tinha recusado o pedido de ter um gato aqui. Ela ficou uma semana brava comigo e quando eu saia do banho ela já estava lá na escola. No fim eu pedi desculpas e fui com ela atrás do tal gato. Chegando lá não o encontramos daí ela fez mais um escândalo com direito a diminutivos.

- Olha aqui minha queridinha... A culpa disso tudo é sua ouviu bem? Ficou ai com essa frescurinha e agora eu fico sem minha gatinha- dizia ela.

Eu ria as escondidas, é claro, mas na frente dela sempre brava. Era bom lembrar-se de certas coisas, isso me enchia de esperança de um dia tudo voltar ao normal.

O Edu caiu na risada, e nós duas olhamos pra ele fazendo careta, esse menino estava rindo sozinho ou era impressão nossa? Ele parou de rir, apontou pra Kathy e fez biquinho de choro dizendo:

- A Kathy não ganhou a gatinha? Coitada da Kathy, ela não tem a gatinha...

A Kathy olhou pra mim fuzilando-me com os olhos, levantou o queixo e saiu rebolando até o quarto. Soltei um risinho histérico junto com o Edu, esse menino não prestava.

- Acompanhei toda a história, muito engraçado as partes do diminutivo- disse ele pousando a mão na barriga- Acho que agora eu vou dormir, vamos?

Olhei pra ele e balancei a cabeça.

- Vai ficar até mais tarde aqui na sala?- perguntou ele

- É acho que sim. Vou ver meus e-mails também- disse dando um beijo nele

Ele olhou pra mim e deu um sorriso de canto de boca.

- Saiba que da distância do quarto eu vou conseguir te vigiar.

Olhei para ele surpresa, ele iria me espionar sempre agora?

- Edu... – o chamei

- Sim?

- Quando saímos pra conversar daquela vez em que eu, bem... Você sabe. Você mexeu com a cabeça do vigilante?

Ele sorriu de orelha a orelha e disse:

- Você acha que se eu tivesse poderes, iríamos ter ficado de castigo?

Obriguei-me a sorrir também. Ele tinha razão!

Ele entrou no quarto e eu fiquei olhando pra porta. Eu estava um pouco arrependida. Hoje até cheguei a me perguntar se foi certo mesmo ter perdido a virgindade com ele. Eu sei que prometi a mim mesma nunca me arrepender, mas não sei o que estava sentindo agora, seria... Seria medo?

Como que por resposta o Edu apareceu na porta do quarto e eu olhei para ele. Ele estava com os olhos vermelhos de chorar e balançou a cabeça quando voltava a entrar no quarto. Esperei para ver se ele voltava, mas não. Ele estava magoado, e tudo porque eu disse que tinha medo dele. Precisava sair daqui, eu precisava pensar sem que ninguém estivesse ouvindo. Isso era um tormento pra mim. Botei meus chinelos e desci até o campus.

Estava tudo silencioso e não era novidade nenhuma. Às duas da manhã é normal ficar assim. Respirei o ar da noite e fui até o portão. Sabia que no fim do muro oeste existia uma corda pela qual eu e a Kathy sempre usávamos para fugir da escola. Fui até lá e escalei o muro, apesar dos machucados que fiz com isso, estava mais preocupada em ficar bem distante. Nem pensar voltar para Delaware com a Blair e o matador lá. Atravessei a avenida e segui em direção ao parque Trianon, ficar lá nesse momento seria perfeito. Aquele parque era encantador. Não chegava aos pés do que a Kathy havia me contado do High Line, mas era um lugar aberto e aconchegante.

A noite parecia engolir meus passos e o único som que ouvia era dos carros na avenida principal e do meu coração batendo forte no peito, eu continuava com medo. Mas este medo era avassalador, era como se estivesse em perigo. Que idiota que fui a sair de casa para vir ficar na rua. Era me expor demais. Continuei a andar só que agora estava voltando para o colégio, não via à hora de estar protegida pelos meus amigos. Cheguei ao quarteirão da escola, estava pronta pra atravessar a rua. Um carro quase me atropelou, gritei mandando a mulher ver por onde andava. Atravessei a rua e fui em direção ao muro oeste. Meu coração apesar de assustado com aquele quase-atropelamento agora se acalmava. Achei a corda, agora só precisava tentar subir. Antes eu tinha a ajuda da Kathy, mas agora o jeito era subir sozinha. Apoiei-me na corda e fiz força pra subir, mas não consegui. Dei um impulso e forcei-me a subir mais uma vez.

Um facho de luz iluminou meu rosto, a primeira pessoa que veio em minha mente foi algum vigilante ou talvez até o diretor. Tremia dos pés a cabeça, pensava em sair correndo ou de me entregar de vez. A luz foi ficando cada vez mais forte e eu já não podia mais enxergar.

- Ash?- perguntou uma voz familiar

- Sim sou eu, quem é?- perguntei com uma voz tremula

O facho de luz desceu até o chão e eu escancarei a boca quando vi quem era.

- Ju! Nem acredito nisso... Que susto, que saudade- e pulei no pescoço dele. Fazia tempo que não via o Junior.

- Ash! Também senti sua falta- disse ele me segurando bem forte

Soltei-me do abraço para olhá-lo nos olhos. Ele parecia ter crescido uns dez centímetros e agora estava um pouco mais forte. Era tão bom ver ele, ele era tão querido.

- Por onde você anda Junior?- perguntei dando um tapa em um de seus músculos- Nossa, isso doeu!

Rimos juntos enquanto ele fazia demonstrações dos músculos do braço e depois pedia que apertasse os peitos dele. Realmente, ele era forte agora.

- Você não muda Ju. Mas você não respondeu minha pergunta, por onde esteve?

Ele olhou pros lados dando de ombros e enfim voltou a olhar pra mim.

- Fiz o mesmo que você.

Revirei os olhos.

-Qual é Ju, impossível. Eu vivo presa aqui e só saiu de vez em nunca. Não me enrole, conte tudo.

- Tudo bem então, mas podemos nos sentar ali no banco do outro lado da rua?- perguntou ele apontando pro banco

- Desde que você me ajude, agora pouco quase fui atropelada.

Ele soltou um risinho histérico e me levou até o banco.

- Então... Eu parei de estudar e agora sou emancipado- contou-me ele com um sorriso enorme no rosto

- Meu Deus, que máximo Ju. Eu também deveria ser emancipada, mas minha tia não quer que pensem que ela não cuida de mim. Acredita que ela contou pra mulher que comprou...

- Ok Ash, vamos falar de você? Nada de coisas ruins- disse ele com um olhar distante

- Nossa. Quando foi que ficou tão maduro assim Junior?- perguntei surpreendida com o jeito do qual me tratou

Ele me olhou desolado e suspirou.

- A vida nos transforma Ash- respondeu ele dando de ombros

Sorri pra ele e pedi mais um abraço. Ele conhecia minha história e há mim muito bem. Quando cheguei à escola ele foi um dos que me deram a atenção necessária e eu tenho que admitir que sempre torci pelo namoro dele com a Kathy. Eles formavam um lindo casal e ela gostava muito dele. Ele saiu da escola e terminou tudo com ela, mesmo eu implorando que não o fizesse. Agora ele não estava estudando e estava emancipado. Ele era livre pra fazer o que quisesse, então o que fazia aqui perto da escola a uma hora dessas?

- Ju, o que você faz por aqui?

- Vim ver uma amiga- sussurrou ele.

- Que amiga?

- Você Ash!- disse ele acariciando meu cabelo

Dei risada ao ouvir isso. Ele só podia estar bêbado pra vir aqui a essa hora achando que me encontraria.

- Você não sabia que eu estava aqui menino.

- Eu senti sua presença, sai do hotel onde estava e vim te ver- disse ele ao dar de ombros

Fiquei perplexa. Ele também ouvia pensamentos? Não pensar nisso, não pensar nisso!

- Ju, como assim sentiu minha presença?

- Ai Ash, para de ser besta.  Eu estava no outro quarteirão num bar e te vi passando. Fui atrás de você e usei a lanterna do celular pra iluminar seu rosto.

-Ah- foi o que consegui dizer.

Era engraçado pensar que ele também tinha super poderes, quem sabe ele não pudesse passar os deles para mim?

- Ash!- gritou o Edu saltando do muro- O que esta fazendo aqui?

Olhei envergonhada para o Junior. Ele parecia estar se divertindo, então tentei sorrir.

- Esse aqui é meu amigo Junior. Conheço-o desde que cheguei a esse colégio- expliquei apontando para o Ju

- Eu o conheço- Ju disse estendendo a mão

O Edu olhou para a mão estendida, voltou os olhos pra mim disse:

- Vamos pro apartamento Ash, esta tarde.

- Mas estou falando com ele- disse batendo o pé e fazendo o bico como uma menina mimada

- Depois Ash, depois... – disse o Ju me dando um abraço- Voltaremos a nos ver, certo?

Olhei pra ele e dei um grande sorriso.

- Certo.

Ele foi andando e quando estava pronto pra virar a esquina voltou os olhos pra mim e se curvou como em uma reverencia. Ele era um amor de menino.

- Que lindo- disse o Edu entrelaçando nossas mãos

Olhei pra ele com toda a raiva que pude e tirei minha mão da dele.

Você é um grande idiota! O Junior não me vê há muito tempo, e eu queria ficar com ele. Nem acredito que você acha que vai decidir por mim agora!

 

Fui em direção ao campus, me segurei na corda e dei impulso para subir, não consegui mais uma vez. Grunhi e me forcei para subir mais uma vez, nada denovo. Que falta que a Kathy fazia agora!

- Vamos pela entrada Ash, não precisa estar escondida pra entrar quando estiver comigo.

Fingi que não o ouvi e continuei forçando minhas pernas a subir. Ele segurou em minha cintura e me levantou. Subi no muro e pulei para o outro lado, logo ele estava do meu lado.

- Preciso te contar uma coisa, mas só se você me disser que não tem mais medo de mim- sussurrou ele

Fiquei quieta. Não, eu não tinha mais medo dele, mas agora tinha raiva. Era só o que me faltava ser pau mandado de alguém.

- Agora que sei que não tem mais medo preciso te falar que o Junior, é esse o nome?- perguntou-me ele

- Sim- respondi curiosa. Ele sabia alguma coisa do Ju e já que o próprio não tinha me contado nada, ele iria me contar.

- Lembra que achávamos que era o Beto o capanga da Blair?

Fiz que sim com a cabeça.

- Confundir meu parceiro com esse seu coleguinha ai foi o pior erro que fiz na minha vida- contou-me ele fazendo um muxoxo com a boca.

- Ta de brincadeira Eduardo. Você mal conhece meu amigo e já esta falando que ele quer me matar- gritei jogando as mãos para o alto. Como ele podia ser tão baixo?

Ele olhou pra mim com desdém.

- Não preciso conhecê-lo, por mais que já tenha o conhecido indiretamente- disse ele me fazendo lembrar de que ele conhecia a mente do matador.

Entrei correndo no hall e preferi as escadas, mas logo ele já estava correndo atrás de mim.

- Você tem que confiar em mim, eu simplesmente sei que é ele!

- Você também sabia que era o Beto e, surpresa! Não era ele Edu, não era ele!

Que idiota, agora devia estar pensando em alguma história pra me afastar do Ju. Só pode ser ciúmes, só pode!

- Ash, você vai descobrir da pior forma. Deixe-me te ajudar.

Virei-me para ele e fiz cara de chocada.

- Papai? Oh papai, pensei que você tinha morrido! – e voltei a subir as escadas num ritmo maior.

- Eu quero seu bem- disse ele me segurando pelo braço mais uma vez- Desculpe- disse ele soltando meu braço.

Denovo ele tinha apertado meu braço. Nem estava acreditando nisso. Eu odiava isso pelo simples fato dele imaginar que me tinha nas mãos dele.

Entrei em casa respirando em lufadas, a Kathy estava no sofá assistindo a Two and a half man. Passei reto e ela me seguiu com o olhar. Entrei no quarto batendo os pés e bati a porta com toda a força.

-Olá- a voz de Blair me fez pular de susto- Oh, desculpe se te assustei.

Sorri para ela tentando parecer normal.

- Pensei que não iria voltar para casa hoje amiga- falei num sussurro.

- Ah, é que minha amiga e eu saímos e na volta decidi voltar para casa mesmo. Sabe como é dormir na casa dos outros... Um problemão!

- Concordo. Nada como nossa casa- disse tirando os sapatos e indo até o banheiro.

- Aconteceu alguma coisa Ash? Você esta tensa.

Olhei pra ela um pouco surpresa por ela ter notado minha tensão.

- Voltei com o Edu e estou com medo que tenha sido a decisão errada- menti dando de ombros.

Ela colocou as mãos em meus ombros e sorriu gentilmente.

- Ele voltou a confiar em você?- perguntou-me ela

- Acho que sim- disse querendo dizer que agora era eu quem não confiava nele.

- Isso que importa- disse ela indo até a porta do quarto- Dormirei na sala hoje, deixe minha cama para o Edu.

Fiquei instigada com toda aquela bondade, não era pra ela ser assim. E outra, nem sabia se o Edu dormiria aqui mais. Respirei fundo e entrei no banho querendo lavar minhas magoas.

O Edu havia dito que o Beto era o capanga, mas depois negou tudo. Agora ele me dizia que era o Junior o problema, mas o que levava ele a pensar assim? Ciúmes? Mas ciúmes de mim por quê? Parei pra pensar um pouco e em um passe de mágica tudo veio à tona.

Ele está tão ligado à Kathy ultimamente que não me surpreenderia se ele estivesse afim dela. E o Beto e o Ju são uma pedra no sapato dele se esse for o caso. Meu Deus, então era isso! Não que eu ligasse, porque se a Kathy quisesse o Edu e ele a quisesse, eu não iria ser um problema. Eu não iria ficar com alguém que não me quisesse, eu tinha que ser feliz com a pessoa certa.

Sai do banho aliviada por saber pelo o que esperar. Cheguei ao quarto e sorri ao ver o Edu e a Kathy dormindo profundamente. Ele estava na minha cama, mas havia deixado bastante espaço pra que eu deitasse. Fui até a cama de Blair e me sentei nela. A cama dela tinha um cheiro ótimo, nunca havia sentido um cheiro tão bom. Peguei meu livro Na escuridão da noite e voltei a ler de onde tinha parado. Estava na parte em que Moira ia até a casa de Octavia e seu amado lhe dizia que queria ser a cobertura de chocolate que ela lambia no garfo. Ri só de imaginar a cena, aquele romance entre os dois estava premeditado. A Kathy já havia lido este livro e não me deixou ler ele até que terminasse de lê-lo pela segunda vez. Ela havia amado, e eu também comecei a gostar desde a primeira pagina. Ultimamente não o li, mas agora iria me dedicar a ele e tentar, quem sabe, resgatar um pouco de minha antiga vida. Quer dizer, lendo o livro eu entraria em outro mundo, conheceria outra história. Era o que precisava.

- Ash, desculpe te incomodar, mas preciso falar com você- Kathy disse batendo na cama dela para que eu me sentasse

Fechei o livro, tirei a coberta e fui até a cama dela. Dei um sorriso para ela e ela retribuiu.

- Quero que você durma na sua cama.

Tombei a cabeça para o lado e fiz uma careta.

- Prefiro deixar o Edu lá. Ele terá a cama só pra ele- expliquei me ajeitando na cama. A Kathy sempre dormiu sobre dois colchões, mas sempre que perguntávamos, ela dizia que era pra ficar mais aconchegante.

- Não Best, ele não quer dormir sozinho - ela colocou sua mão sobre a minha e voltou a sorrir- Não é sobre isso que preciso conversar.

- O que então?

Ela olhou pra mim e depois pra minha mão.

- Você acha mesmo que ele esteja apaixonado por mim?- perguntou ela olhando pro Edu.

Traidor! Sai contando pra todo mundo o que ouvia na minha cabeça.

- Acho – respondi olhando-a nos olhos

Ela balançou a cabeça como reprovação e soltou uma gargalhada.

- Seu namorado te ama Ash, ele não olharia pra mim com desejo. Ele não tem ciúmes de mim- explicou ela apertando minha mão.

Olhei pra ela e concordei com a cabeça. Era idiotice minha pensar isso.

- A Blair não esta em casa, quer saber da ultima?- perguntou-me ela transbordando alegria.

- Não estava pensando em me esconder, estava?

Ela revirou os olhos.

- Ash, eu consigo prever o futuro e consigo modificá-lo- disse ela saltitando na cama- Não é o máximo?

Dei um grande sorriso vendo ela se levantar e pular em pé na cama. Que felicidade, e que vontade de pular junto à ela.

- Sim, é o máximo! Oba- disse me juntando a ela e começando a pular na cama.

- Que barulheira é essa?- perguntou Edu se virando para nos ver- Não se pode mais dormir nessa casa não?

Eu e Kathy nos entreolhamos e depois voltamos a olhar pra ele mostrando a língua.

- A casa é nossa – dissemos juntas e começamos a rir de imediato.

- Posso?- perguntou ele levantando da cama.

- Vai quebrar Edu, não vai agüentar nosso peso! – expliquei pulando cada vez mais alto.

- Não vai, eu sou magrelo- disse ele alçando vôo

A Kathy desceu da cama e foi para a minha.

- Não quero que minha cama quebre, eu previ isso- disse ela rindo e pulando na minha agora.

Reviramos os olhos juntos. Ela estava ficando muito metida.

- Não acredito que pensou que eu gostava dessa aí- disse ele apontando com o queixo para a Kathy

- Olha o respeito seu gordo! – disse ela rodopiando e pulando.

De repente ela pisou em falso e caiu no chão fazendo o maior barulho. Corremos para ajudá-la, mas ela logo estava de pé passando a mão na cabeça.

- Meu Deus, sua testa ta sangrando amiga- e sai correndo em direção à sala.

Peguei a malinha de remédios e encontrei um algodão. Molhei um pouco na água e quando entrei no quarto lá estavam os dois pulando na minha cama.

- Kathy, vem limpar isso ai- chamei-a

- Isso o que?- disse ela apontando pra testa lisa e sem nenhum arranhão

Olhei perplexa hora para a cara dela, hora para a cara de deboche do Edu. Como seria possível?

- Fácil amor- começou Edu- Ela se curou rápido e você tinha que ver.

- Foi demais, a sensação é muito boa também- disse ela coçando a testa- É tipo um formigamento na testa.

Joguei o algodão no outro canto do quarto.

- Nunca vou me acostumar com vocês. – disse me sentando na cama da Blair.

- Se eu fosse você não sentava ai- disse a Kathy sentando na cama

Olhei com um sorrisinho falso para ela.

- Por quê? Quebrou a cama?- perguntei dando um pulinho nela. Foi então que me dei conta que era a cama da Blair- Você quebrou a cama da Blair!

Os dois começaram a rir. Que coisa mais horrível que eles fizeram.

- Não quebramos, mas não é má idéia- Edu disse com a mão na barriga- Não agüento mais rir

 - Porque não posso sentar aqui então?

- Ah eu não sei- disse o Edu parando de rir.

- Não sabe?- perguntei fuzilando-os com os olhos

Ele fez que não e a Kathy levantou o dedo como uma aluna pedindo permissão para falar. Pedi que ela falasse.

- Esta sentindo esse cheiro?

Respirei fundo e assenti com a cabeça. Que cheiro maravilhoso.

- O nome desse cheiro é Ópio. É uma erva que te deixa doidona- disse ela me chamando para minha cama.

Inalei mais uma vez o cheiro e senti uma onda de prazer.

- É gostoso, mas para o Edu e para mim é perigo, então se sentimos o cheiro paramos de ver o futuro- disse ela a apontar pra si própria- De ouvir e mexer com a cabeça das pessoas- e apontou para o Edu.

- Então ela sabe sobre vocês?- perguntei um pouco nervosa- Ela não pode saber, pode?

Eles fizeram que não com a cabeça. Sorri de alivio.

- Porque ela faria isso? Ela é drogada?

- Não- disse o Edu rindo

- Então o que?- perguntei curiosa demais pra gracinhas

A Kathy chamou minha atenção com um estralar de dedos e olhei para ela.

- Ela fez isso para confundir a todos nós. Essa erva nos deixam tontos, ela vem nos mata e pronto- disse ela com a maior normalidade

Fiquei instigada. Se aquele erva era perigo para eles porque eles estavam aqui ainda?

- Não estamos com nossos poderes agora. Até um tempo atrás estávamos, mas não mais- disse o Edu dando de ombros- Quando estávamos deitados não estávamos dormindo, mas sim descansando. Aquilo mexeu com a nossa cabeça. A Kathy parece que conseguiu driblar os efeitos da droga e se curou rápido.

- Ah- foi o que disse.

- Momento pessoas normais então?- perguntou-me Kathy

Fiz que sim com a cabeça.

- Pular na cama não é uma coisa de que vou me orgulhar depois- sussurrou Edu

A Kathy olhou pra mim e piscou, sabia o que aquilo significava.

- Vou ao Beto, tchau gente- disse ela saindo do quarto.

- Vai de pijama Best?

Ela se virou com um olhar malicioso e disse:

- Quem disse que para o que vou fazer preciso de roupa?

Nossa, que progresso. Ontem mesmo ela achava que ele era um assassino e agora vai possuí-lo. Coitado do Beto, ele merecia saber.

- Boa sorte amiga- gritei para que ela me ouvisse- Não esqueça da camisinha!

- O.k. – gritou ela de volta.

 Agora era só eu e o Edu, enfim sós. Voltei a olhar para ele e o vi deitado com a cabeça apoiada no travesseiro. Aquela cena me fazia lembrar meu sonho em que ele estava no caixão do mesmo jeito, lindo e bem vestido.

Não pensei em tentar acordá-lo, ele estava perdido com aquela droga no quarto. Pensei melhor no que fazer e decidi que não me importava que ele ouvisse meus pensamentos mais secretos e que mexesse com minha cabeça, desde que tivesse ele acordado e bem. Além do que, aquela erva já estava me deixando tonta também.

Segui pelo olfato da onde vinha o maravilhoso cheiro. Achei um saquinho cheio de erva no vão da cama, o peguei e levei até a sacada. Eu poderia jogá-lo no campus e logo alguém acharia, mas acho que se a Blair visse isso, a coisa ficaria feia. Voltei pra sala e fui até a porta, sai até o lixão. Pelo menos no lixo a Blair não saberia até vir aqui. Entrei denovo em casa um pouco aliviada, aquele cheiro já estava me dando dor de cabeça. Voltei para o quarto e me deitei do lado do Edu. Não, não iria dormir, mas tinha que descansar a cabeça. Fico pensando o que leva uma pessoa a usar droga, tudo bem, o cheiro é bom. Pelo menos dessa era bom, mas sabendo que vicia, porque motivo utiliza delas?

- Me pergunto a mesma coisa- murmurou Edu

- Talvez seja falta de comunicação com os pais- respondi dando de ombros

- Ash, você não tem pais e nunca utilizou de drogas. Usou?

Fiz que não com a cabeça, foi então que percebi que ele estava lendo meus pensamentos denovo.

- Obrigado por levar aquele Ópio pra longe- sussurrou ele em meu ouvido

Não foi nada.

Ele ficou a maior parte do tempo com os olhos fechados. Devia estar com muita dor de cabeça para abri-los e encarar a luz forte. Levantei-me e fui até o interruptor, seria melhor ter a luz desligada. Assim dormiria melhor e mais rápido. Apaguei a luz e voltei para os braços dele xingando os sapatos que tinha deixado no meio. Quase caiu de boca no chão,  o que seria muito engraçado.

Ajeitei-me no pouco espaço da cama e relaxei o corpo para uma boa noite de sono. O Edu já havia caído no sono e eu estava quase lá quando a porta da sala se abriu. Estava tanto em alerta que sentei na cama e fiquei olhando para a soleira da porta. Se fosse a Blair seria o fim, talvez o meu fim. O que eu precisava era acordar o Edu e...

 


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Notas finais do capítulo

Gente, quem será? O que será que vai acontecer? Mereço reviews? HEIN? kkkkk Espero que tenham gostado. Amo vocês!
http://www.youtube.com/watch?v=caLePUOC0pY - trailer
gente, ta ai o trailer da fic, vale a pena dar uma olhada.
beijões e qualquer duvida me mandem reviews ou Mp's