O portal para a escadaria da árvore prima estava fechado, a escada dourada, que antes refletia a luz do sol não podia ser vista tamanha era a escuridão. Apoiavam-se nas “paredes” e podiam sentir a cada toque pura terra batida, raízes e alguns vermes e insetos que provavelmente viviam debaixo da terra. Entre tropeços, quedas e arranhões os guerreiros desciam a interminável escadaria. À medida que eles desciam, o caminho estreito pelas escadas, se sentia que ficava cada vez mais úmido e cada vez mais rarefeito, estavam exaustos e ofegantes.

 _Não enxergo nada. – Barton irritou-se após tropeçar.

_Não é pra menos, a árvore fechou a entrada de luz! – Laurence desdenhou tossindo em seguida.

_Kiba e Laurence podiam fazer fogo! – Kayro animou-se com sua própria idéia.

_Impossível. – Laurence tossiu novamente.

_Por quê?

_Laurence e eu até poderíamos conjurar fogo, mas como estamos embaixo da terra podemos correr o risco de acabar com o nosso ar. – Kiba falou baixo e pausadamente. - O local é estreito e estamos cada vez mais embaixo da terra e com menos possibilidade de respirar bem, não podemos correr o risco. Afinal, fogo precisa de oxigênio para queimar.

_Vamos nos apoiar nas paredes e descer os degraus cuidadosamente. – Razac falou autoritário mostrando os olhos que brilhavam como os de um felino no escuro. – Kiba, você tem o nariz e senso de direção melhores por aqui e eu enxergo melhor, vamos na frente.

_OK.

_Já deve ter escurecido. – Luthien olhou para a imensidão atrás de si.

_Não duvido nada, já desisti de prestar atenção ao tempo. – Euturiel tinha maior dificuldade de andar por conta das asas. – Podíamos parar.

_Não podemos parar agora Euturiel. – Razac disse olhando diretamente.

_Razac tem razão, sei que estamos todos cansados e com fome, mas se pararmos agora não vai ter chance de sairmos vivos daqui, como Kiba disse o oxigênio é pouco, estamos cada vez mais longe da superfície. – Laurence suspirava.

_Sem falar que está cada vez mais frio e úmido. – Megume abraçou seus ombros.

_Temos mesmo que fazer isso? – Kayro arqueou as sobrancelhas levemente.

_Vovô já vai dar pra trás?

_Pirralha! Eu não disse que daria para trás!

_Não que isso... Só disse que era desnecessário participar da missão!

_Cale a boca pirralha insolente!

_E se eu não parar o que vai fazer vovô?

_Fique quieta sua pequena...

_Calem a boca os dois! – Razac mostrava os olhos brilhantes e ameaçadores. - Poupem seu ar, não gritem tanto, vamos continuar descendo, nada de parar para descanso! Fiquem todos quietos, não quero ouvir mais reclamações, e Kayro, ninguém disse que seria fácil passar por aqui, você fez a sua escolha, não tem como desistir agora! E você Megume não seja tão insolente você é apenas uma garotinha, não é superior a ninguém!

_Mas Razac... – A pequena abaixou a cabeça, não ficava tão valente perto do guardião.

_ Vamos seguir em frente!

Razac deu seu recado aos outros que retomaram o caminho escuro, silenciosos, mil coisas se passavam dentro da cabeça de cada um, mas que se passava pela cabeça de todos era se sairiam dali vivos.

~*~

O homem estava em uma sala sentado em uma poltrona vermelha, a sala era grande haviam várias estantes de madeira bem escura com diversos livros vistosos e de cores fortes, em frente a cadeira do homem uma mesa da mesma cor de madeira das estantes, a sala era escura, a pouca iluminação vinha de um grande lustre dourado, agora aceso,  talhado de anjos que seguravam diversas velas, apesar da escuridão a sala passava um ar de beleza incrível, totalmente clássico. O homem que ali, tinha o rosto jovem e ossudo, a capa deixava ver apenas suas mãos de dedos longos, finos e unhas grandes bem limpas, em um deles um anel dourado com uma grande pedra preta mostrava vistoso a luz do lustre, mesmo sentado se via que ele era alto, os cabelos eram lisos, escuros e tão longos que “descansavam” ao pé da cadeira, os olhos cor-de-mel eram profundos, traziam um ar debochado, o que dava certo ar de charme ao homem. Ele segurava uma taça, como era de seu costume, fazendo movimentos circulares e a levando a boca calmamente, degustando cada gole do líquido avermelhado. Olhava constantemente para a parede que se desfez em pó fazendo entrar no buraco, as pressas, uma mulher, esta tinha os olhos de um roxo muito aberto e chamativo, estava molhada, fazendo com que os cabelos verdes grudassem no corpo, se livrava dos trapos velhos e exibia o corpo sendo coberto por tantas tatuagens que dispensava qualquer que fosse o tipo de vestimenta.

_Mestre, Ela conseguiu entrar na árvore prima sem ser notada.

_Muito bom... Ela é competente, alguma informação à mais?

_Sim. – A fada se abaixou em uma referência. - Razac que já guarda um dos cristais está lá, mas de acordo com fontes ele e outros magos criaram uma espécie de proteção no cristal.

_Interessante... Muito interessante... Nada ameaçador, são magos fracos, não dominam bem a magia. Ela dará conta deles, ela é astuta.

_Ainda acho que deveria ter me dado esse trabalho!

_Ravën... Você tem muito potencial, merece trabalhar em missões assim, mas os poderes dela serão úteis e ainda ela tem seus motivos para querer estar lá.

_Mestre! Eu sou um ser da terra, eu deveria ter ido! – Ela cruzou os braços. – Terra... Eles estã na terra...

_Ah Pequena... – Ele levantou-se afagando lentamente a cabeça da moça. – Entendo que na terra você tenha melhor vantagem, mas o plano é simples querida, você vai entender.

_Mas mestre... – Os olhos roxos de Ravën eram pedintes.

_Paciência criança... Paciência... Chame Djerta e vão treinar... Afinal, você e Djerta também são minhas pequenas e precisam estar em forma, depois de tirarmos os guerreiros de Overhill do caminho precisarei de vocês...

_Sim mestre...

~*~

_Esse túnel parece não ter fim... – Kayro suspirou.

_É. – Barton parou apoiando-se na parede. - Luthien a terra não te diz nada?

_Nada... – A loira tentava sentir algum sinal. - Só diz para seguirmos.

Suspiraram e mais uma vez o silêncio veio, tomado apenas pelos sons de passadas cuidadosas e respirações ofegantes.

Devia estar amanhecendo lá fora, as cãimbras já se tornavam insuportáveis, o sono e o cansaço eram eminentes, Kiba já pensava em desistir, mas um cheiro de grama molhada invadiu-lhe o olfato e Razac já via uma luz fraca a frente dizendo aos outros para que seguissem mais rápido. Continuaram descendo na esperança de acabar logo e enfim os degraus sem fim acabaram - Eles estavam, agora, diante de um túnel extenso r muito mal iluminado por tochas de um verde musgo.

_Devemos seguir. – Kiba aproximou-se do túnel pegando uma das tochas.

_Será seguro? – Barton olhou o túnel curioso.

_Não seja palerma! – Razac provocava. - Chegamos até aqui vamos seguir em frente, sim! Seja seguro ou não!

_Eu não disse que deveríamos desistir! Se quer assim, vamos em frente!

_Parecem duas crianças! – A ruiva farfalhava as asas no espaço fazendo as chamas das tochas tremularem. - Fiquem quietos, vamos todos juntos!

_Poupem o ar! Se já esqueceram estamos debaixo da terra! – Kayro disse.

_Depois nós é que causamos confusão, não é vovô?

Todos seguiram, Razac e Barton continuaram contrariados um com o outro, mas estavam cansados demais para fazer qualquer espécie de comentário.

Depois de poucos minutos de caminhada chegaram a frente a uma porta de madeira velha, cheia de musgo e alguns pequenos insetos andando sobre ela, na parede estava talhada algum tipo de escritura estranha, a mesma da árvore prima e abaixo o símbolo da terra que havia em um dos lados da montanha celestial.

 _Luthien... Só você entende essa língua, vem logo e leia.

_Sim, com licença.

A voz de Luthien ecoou pelo túnel extenso, e como da primeira vez em que leu, parecia uma bela canção.

_Nossa... Odeio quando ela lê isso parece que...

Laurence foi interrompido por uma forte luz que vinham das letras na porta, o símbolo da terra brilhou em verde forte e em um segundo a porta velha e desgastada se abriu dando espaço para que eles passassem. Eles atravessaram, e ela dava direto para um campo enorme de flores de várias cores misturadas ao verde alegre do chão e as grandes árvores espalhadas. Por entre as flores voavam borboletas brancas, na esquerda havia um córrego de água cristalina e de fundo azul e algumas pedrinhas que brilhavam muito, no centro havia uma estradinha de paralelepípedos em zig-zag que dava direto em uma pedra branca com uma espécie de vidro em cima. Dentro do vidro flutuava um cristal transparente com uma bolinha verde fluorescente brilhando no meio. 

_Que lugar incrível... – Megume sorriu.

_É absurdamente lindo! – Barton olhou para o vidrinho. - E olhem, o cristal!

_Vamos descansar, ele não vai sair dali mesmo. Afinal, o lugar é ótimo, e mais importante ainda: Tem ar! – Euturiel respirou fundo.

_Isso mesmo! Vamos aproveitar e descansar! – Megume correu se jogando na grama, deitando confortavelmente.

Seguiram a pequena afobada, e foram aproveitar da maneira que queriam o merecido descanso. 

Razac se virou procurando Luthien, a viu com Barton na beira do córrego. Razac seguiu para uma das árvores e sentou na sua sombra, Kiba sentou ao seu lado.

_Por que não vai lá? – Perguntou o híbrido.

_Deixe-a... – Razac suspirava apoiando-se nos braços. - Está se divertindo com ele...

            Uma pausa se fez, Razac e Kiba ficaram observando Luthien e Barton. Barton entrou no córrego e puxou Luthien que perdeu o equilíbrio e caiu em cima dele, os dois ficaram bem próximos, e se levantaram ainda juntos, Barton disse alguma coisa a Luthien olhando diretamente em seus olhos, em seguida ele passou a mão pelo rosto da elfa, a puxou para perto a envolvendo em um abraço forte e macio. Alguns segundos, Razac sentiu o coração acelerar, Barton havia dado na elfa um beijo que pareceu avassalador. O sangue de Razac ferveu, ele sentiu uma dor tão grande quanto a de uma espada lhe perfurando o coração. Levantou-se de uma vez, adentrando um pouco no bosque enfeitado por arvores altas. Foi em direção a uma árvore grande, onde não podiam vê-lo do campo aberto, Kiba foi atrás dele devagar, observando de longe. Razac se sentou ali mesmo e por alguns minutos ficou olhando pra cima por onde a luz passava pelas folhas das árvores, o vento bateu nos cabelos do guardião. O amigo lobo, que ainda o seguia, aproximou-se.

 _Se sente mal não é?

_O que você quer?

_Que espécie de homem é você? – Kiba fez uma pausa esperando uma resposta que não veio. - Razac... Se você gosta dela então corra atrás! É como te disse no castelo: Ela não vai perceber se você não disser ou fizer algo!

_Deixe-me em paz Kiba! – Ele passava as mãos nos cabelos.

_Você sofre por ela todos os dias desde que começamos essa missão, se não antes! Poderia estar com ela, mas você está agindo como um covarde! Se lamentar não vai trazer Luthien pra você então seja sensato e vá atrás do que você quer!

_Você não é ninguém pra me dizer o que devo ou não fazer!

_Sou apenas um amigo querendo ajudar!

_Cale sua boca seu cachorro sarnento...

_Razac. – Uma voz feminina saia por dentre as árvores - Sempre assim... Tão nervoso.

_Que voz é essa? – Kiba olhou para os lado.

_Mas que indelicadeza a minha, nem me apresentei. Ravaaga, muito prazer!

  De trás de uma árvore saiu uma pequena fadinha de olhos grandes e vermelhos assim como suas asas,  a pequena fada estalou os dedos e ficou do tamanho normal, era alta, atraente e de corpo perfeito, seus olhos ficaram ainda mais bonitos e sedutores fazendo contraste com o cabelo negro que trazia várias tranças finas que se juntavam fazendo um coque bagunçado. Ravaaga sorriu se aproximando lentamente do guardião, o abraçando por trás.

_É bom lhe ver de novo. – Sussurrou sedutoramente ouvido do guardião, mordendo o lóbulo da orelha do moreno em seguida.

Continua...