Overhill - A Lenda dos Cristais escrita por VenusHalation


Capítulo 8
Capítulo 7 - A árvore prima.




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 Era um local escuro, cheirava a mofo, o chão era escorregadio e uma queda ali não seria nada confortável, pois, ser atravessado pelas estalagmites que ameaçadoramente “enfeitavam” o chão não parecia muito confortável. Aquela silhueta coberta por panos e trapos esgueirava-se pelas paredes úmidas e repletas de passagens confusas e quem não soubesse andar ali, provavelmente, se perderia. Ele andava devagar reconhecendo cada passo do caminho que fazia há anos, sentindo a fria agua que pingava das estalactites pontiagudas lhe molhar os trapos, lhe dar espaço para uma marca estranha que refletia cores mesmo que não houvesse nenhuma luz ali. Tocou a mão na marca fazendo a parede se desfazer em pó e abrir o caminho, entrou. A sala estava escura como todo o resto da caverna, mas ele sabia que ali era de uma decoração clássica, delicada e chamativa.

Uma pequena vela fora acendida para iluminar o espaço enorme, onde se via claramente uma porção de livros e pergaminhos mais variados, estátuas de animais e um pedaço do grande tapete vermelho e ao outro lado um vulto masculino sentado numa espécie de trono, mas que não se permitia ver.

_Mestre. – Saudou o vulto em trapos.

_A localização? – O vulto masculino balançava uma taça calmamente.

_Campo Gérberas meu senhor. – Reverenciou. – Já mandei alguém para lá.

_Excelente. – Ouviu-se uma risada baixa. - Se assim for, quero que continue á espreita.

_Estarei de olho em suas ações.

_Sim eu sei. Cuide para que o achemos primeiro, se for preciso, possua qualquer criatura.

_Sim, mestre.

 

~*~

_Pessoal! Acordem, acordem todos! – Kayro gritava.

_Assim você não acorda nem uma galinha, deixe comigo, Vovô! – Megume se colocou em cima de uma pedra. – Acordem seus inúteis!

_O que acha que está fazendo, por acaso nos colocou nas cruzadas e não me avisou!? – Barton acordou sobressaltado. 

­­­Os guerreiros se trocaram lentamente, largando por ali mesmo as roupas de festa, e partiram para o frio matinal de Overhill, o dia estava claro, dava pra ver que os primeiros raios de sol brilhavam timidamente por cima das grandes árvores da floresta distante, os guerreiros andavam silenciosos, abrindo caminho por entre o imenso canteiro.

O campo Gérberas era um local aberto de quilômetros de extensão, ás vezes se via uma outra árvore em sua extensão, mas este era marcado pela beleza das Gérberas distribuídas aleatoriamente em suas cores variadas e vivas.  

_Devíamos ter anotado as coordenadas, não consigo ver nada de diferente aqui. - Laurence coçava a cabeça.

_Creio que vamos rodar muito essa floresta pra chegar ao local certo do Campo Gérberas... – Razac andava na frente sem animação.

_Esperem um pouco.

_Qual o problema? – Euturiel perguntou.

_Não poderíamos ter as coordenadas, porque Ravel não nos passou coordenada alguma, ele não falou nada sobre a localização do túnel! -

_É... Faz sentido... Ficamos tão impressionados com a sala, que nos esquecemos desse detalhe.

_A localização é no Campo Gérberas então teríamos de pedir ajuda aos duendes! Simples assim!

_Não é tão simples... Duendes são criaturas pouco confiáveis, são espertos, lógico que vão querer em troca alguma coisa para ajudar.- Euturiel colocava a mão no queixo, analisando.

_Alguma coisa de valor? – Megume se agarrava em sua bolsa.

 _Aham... De valor... Melhor ter cuidado, pois são criaturas muito trapaceiras...

_Não temos nada de valor para dar aos duendes...

_Podemos perguntar o que querem. – Sorriu Barton.

_O que querem?

_Bom... Eles dizem o que querem, se for algo impossível a gente barganha, além disso, no Campo Gérberas ainda tem algumas fadas da terra! Principalmente do bosque que são amigáveis e prestativas! – Kiba abanava o rabo.

_Mas são seres cautelosos, não nos dariam uma informação tão preciosa assim!

_Tem fadas da floresta!

_Fadas da floresta são seres inteligentes, vivem normalmente em montanhas Kiba! Pode haver uma ou outra no Campo Gérberas, mas nem devem saber de nossa existencia! – Euturiel já perdia a paciência.

_Não sabem da nossa existência? – Laurence olhou incrédulo.

_A consciência de fadas da floresta é tão profundamente imersa na Terra que mal tomam conhecimento da existência de criaturas de vida breve.

_Não brinca...

_Não estou brincando... É capaz de nem saberem o que acontece em Overhill no momento...

_Mas Euturiel... Pode ser a única maneira... Duendes podem ser muito traiçoeiros... Fadas da terra tem conhecimento total do território, devem saber onde fica!

_É mesmo Euturiel, talvez seja nossa única chance... Elas podem ajudar! – Luthien virou-se para a amiga.

_Bem, um dia teremos que encontrar, e talvez  alguma...

Enquanto conversavam, os guerreiros não perceberam, mas a medida que caminhavam a vegetação tornava- se cada vez menos presente, mas algo ou uma ilusão talvez, os fizeram seguir o caminhosem notar e  quando se deram conta, penetraram em um imenso círculo de areia, parecia ter vários metros de diâmetro, não havia uma planta se quer, bem, nenhuma planta normal. No centro do círculo havia uma curiosa árvore, enorme, tal como o círculo, era tão alta que não era possível ver onde terminava, pela camada de nuvens no céu, suas folhas eram de um verde incomum, e seus frutos pareciam mais valiosos e brilhantes de que qualquer pedra preciosa.

 _Onde estamos? – Barton olhou perturbado.

_Não sei, sinceramente. – Razac ainda mantinha-se a frente.

_Em toda minha vida nunca ouvi falar desse lugar!

_Que árvore magnífica! – Luthien se aproximou.

_Estranho... Como não a vimos de longe?

_É realmente estranho... – Razac olhou para cima. - Ela é tão alta que poderia ser vista da Montanha Celestial.

_Olhe vovô... – Megume tinha os olhos vidrados. -  Está brilhando! Parece que são pepitas de ouro, não, diamantes, não, ah... Eu quero. – A garotinha saiu correndo.

_Volta aqui pirralha você vai se machucar!

 Todos se apressaram atrás de Megume, ela abaixou, pegou uma fruta dourada no chão, bateu contra o tronco da arvore, os pedaços da fruta cairam no chão e o seu dourado deu lugar a um marrom escuro quase que instantaneamente.

_Droga! nunca mais vou perder tempo com falsas pepitas... É sempre assim... – A chinesa jogou o curioso fruto no chão com raiva. – Em Overhill não existe ouro de verdade nunca? Por Deus!

_É magnífico!! – Luthien comia um dos frutos.

_Magnífico? – Megume se adiantava a ir chutar a arvore. – Esta vendo é apenas uma... O que é isso?

Megume olhou para o tronco da árvore, notou que este era tão grande quando a própria, chegou mais perto vendo uma escritura talhada quase apagada.

_Razac! – a pequena chamou. – Razac! Olhe isso!

_Venham! – Ele correu até a menina. - Mas o quê...

_São de outra língua, não me são estranhas, mas não consigo ler. – Kiba analisava. - Parecem ser celtas, mas não consigo entender.

_Não sabe o que essas escrituras dizem? – Laurence se aproximou.

_Não, é ilegível.

_Isso não é celta, é bem parecido de certo...

_Parece... Parece élfico... – Luthien se aproximou.

_Veja se consegue reconhecer Luthien! – Laurence  a empurrou para frente da árvore.

_Um pouco... – Ela tocou o tronco. - Mas, não são do elfico que falamos em nossa aldeia, é uma língua diferente, que meu pai me ensinou, é um élfico arcaico, usado por antigos feiticeiros elfos para manter em segredo a mágica das antigas aldeias...

_E o que dizem?

_Não sei se vou entender muito bem... Meu pai me ensinou pouco, mas posso tentar.

A loira tocou as escrituras com mais vontade, observou devagar e começou a recitar os versos em élfico, suas palavras soavam como uma bela canção, por um momento os garotos pareciam hipnotizados.

_Nossa! Foi lindo! Apesar de não saber o dizem... Pareceu tão suave... – Barton tocou o ombro da elfa.

_Entretanto, continuei sem saber o que dizem as inscrições... – Euturiel passava as mãos no belos ruivos.

_Dizem algo sobre a árvore prima e um guerreiro da linhagem que abre portais... Não pude entender muito bem...

_Espere, quer dizer que a Árvore prima existe?! – Kiba arregalou os olhos ou mesmo tempo em que levantava as orelhas com atenção.

_Talvez essa seja a Árvore prima. – Razac disse rápido.

_Desculpe. – Laurence aproximou-se. - Mas acho que faltei a aula neste dia...

_Existe uma lenda, que dizia que quando Overhill foi criada, havia uma única árvore, magnífica, seu nome era árvore prima. Dela, semearam todos os frutos, que originaram todas as outras plantas... – Euturiel olhava para a árvore. - Dizem que os primeiros habitantes de Overhill, que tiveram a oportunidade de ver a árvore em crescimento, criaram esse santuário, e só quem fosse digno, poderia no santuário entrar.

_Não é por nada mas... – Kayro olhou em volta. – Não vejo nenhum santuário, só um monte de terra.

_O santuário é mágico, uma espécie de parede transparente que camufla a árvore, isso explica porque não a vimos de longe e nem da Montanha Celestial! – Kiba sorriu.

_Como aquela do portal em que vimos antes de vir pra cá?

_Talvez... Não estava lá quando vieram, caso esqueceram.

_Não foi uma pergunta esperta Kayro. – Disse Barton com sarcasmo.

_O que esperava Barton? Quem falou foi o vovô ele realmente não é esperto!

_Hora sua pirralha! Vou lhe ensinar...

_Calem a boca e escutem! – Laurence apartava a briga. -  O que mais tem essa lenda?

_Bom... Eu também já tinha ouvido falar, mas... Isso não é imaportante no momento, Luthien, você acha que pode abrir?

_Bem, pode ser, na minha aldeia todos veneram a natureza, e desde pequena, meu pai me dizia que eu era uma digna filha da ter, pensei que não significava nada, mas agora compreeendo... Pelo menos eu acho...

_Então Luthien, foi seu ancestral que derrotou o demônio da Terra! – Kayro parecia feliz.

_É o que parece...

_Bem então esse só pode ser o tal túnel dos duendes, nada mais propício. Luthien, se as incrições dizem que você conseguirá abrir o caminho, então, tente abrir! – Laurence olhou a elfa, confiante.

_Abrir? Como?

_Tenta um “abra-te césamo” ou quem sabe um “abre túnel” ou um “Pela força em mim investida eu ordeno que você abra!” – Kiba brincava.

_Kiba, quantas vezes nós temos que dizer que suas piadas não são boas? – Laurence balançava a cabeça negativamente.

 Todos riram.

Luthien, fitou as inscrições novamente, leu e releu e mais uma vez, parecendo um pouco confusa e tropeçando um pouco nas palavrase novamente os versos musicais fizeram os rapazes presentes se sentirem flutuando.

 _O que diz Luthien? – Razac disse com a voz trêmula como se tivesse saindo de um transe

_Entregar a minha alma.... E algo sobre confiança...

_Ai credo! Você não entregaria sua alma... – Megume olhou confusa. - Entregaria?

_Luthien não entregue a alma por isso... A gente arranja outra maneira...

_Fique quieto Barton! Luthien sabe o que faz! – Razac se aproximou da loira. - Não leve a coisa tão ai pé da letra. Deve haver outro significado, esses enigmas são muito simbólicos...

_Entregar a alma...

_Tenho uma sugestão. – Laurence pegava um fruto dourado e jogava para cima pegando-o em seguida.

_Qual seria?

_Confiança... Bom... Quando você gosta muito de alguém... Tem a confiança dela não é?

_Tá e daí?

_Tem pessoas que pra se ganhar a confiança... – Laurence girava a fruta com as mãos. – Tem de ser conquistadas com um ato.

_Tipo dar a sua alma? – Kayro desdenhou. – Não me parece algo muito válido.

_Espere que eu continue, sim? – Laurence olhou de novo. – Dar a alma por algo seria como dar o melhor que pode fazer, pelo menos eu penso assim. – Laurence jogou o fruto a Loira. – Semeie  os “filhos” dela.

_Então A idéia brilhante é essa? – Megume olhou. - Plantar as sementes dessa árvore?

_Não é tão simples o chão aqui parece areia do deserto! – Kiba pisou forte fazendo uma pequena nuvem de areia surgir.

_A terra aqui é ruim... Talvez a árvore não vá crescer...

_Temos que tentar. – Luthien agachava-se cavando com as próprias mãos. – No fundo deve haver terra boa e água fresca, darei o melhor de minha alma para conseguir isso.

_Vamos lhe ajudar! – Barton se aproximava.

_Não podemos. – Razac colocou o braço na frente. – É o dever dela.

_Mas...

_É o dever dela! – Razac aumentou o tom de voz.

 A elfa olhou sorrindo para o guardião que entendia seu dever. Então, partiu o fruto com as mãos e de dentro dela tirou quatro sementes. As sementes eram totalmente transparentes, e à medida que nelas entravam os raios de sol, como um diamante, várias cores elas projetavam na areia. Luthien abriu o pequeno buraco fundo na terra com as mãos, depois de horas onde apenas cavava e as mãos já lhe davam no sangue e carne, respirou fundo ao término do buraco e lá jogou as sementes, depois cobriu o buraco com terra e esperou que algo acontecesse.

_Não está acontecendo nada. – A loira olhou os companheiros.

_Espere mais um pouco.

_Já esperei demais. – Uma lágrima escorreu dos olhos verdes da elfa. – Desculpem-me.

_Luthien... – Razac se aproximou. – Acalme-se, está tudo bem.

_Não está tudo bem! – A elfa socou o chão. – Não está!

 A pressão do soco desferido pela elfa fez com que as feridas de suas mãos se abrissem, tornando as mãos da elfa em uma espécie de pedaço de carne sangrento. Razac olhou assustado, mas não poderia pará-la, seja lá o que fosse aquele era o seu dever e não poderia interferir e segurava os outros para que não o fizessem.

A elfa limpava o rosto molhado com as mãos ensanguentadas e este sangue escorria da extremidade dos dedos da loira sendo absorvido pela terra imediatamente. Passaram-se alguns instantes enquanto a terra era regada a gotas vermelhas e tudo  começou a tremer forte, Luthien se afastou e no lugar onde foram plantadas as sementes, surgiu uma pequena muda que rapidamente virou um arbusto, que cresceu mais ainda e virou uma enorme árvore, e que depois floresceu, e deu frutos antes que os guerreiros piscassem. E no mesmo momento a árvore antiga se partiu e antes de tocar o chão era apenas a mesma areia que os circulavam.

 _Minha nossa! – Megume olhava o espaço vazio.

_Luthien! – Razac agora se aproximava da amiga. – Está bem?

_Estou. – Ela tocou o rosto do amigo deixando-o sujo de vermelho. – Desculpe pela sujeira.

_Tudo bem. – Ele abriu a mochila tirando agua de um cantil limpando as mãos da jovem rapidamente. – Eu cuido disso.

_E então, a árvore confia agora em você Luthien? – Barton se aproximou.

_Vamos ver, perguntarei a ela...

 Razac enfaixou as mãos de Luthien, e ela por sua vez se levantou caminhando até  a nova árvore, em seguida encostou um de seus ouvidos no tronco, e então pronunciou uma frase na mesma língua das inscrições. A árvore começou a ranger, os guerreiros se afastaram, e então o chão em volta da árvore começou a se elevar, expondo as raízes grandes e grossas e quando a terra parou de se elevar, as raízes começaram a se mover, e revelaram um portal, e lá dentro os guerreiros puderam ver uma escada, dourada, enorme, de dimensões inimagináveis, não dava para ver seu fim, ela levava o mais abaixo do chão.

 _Bem, pelo visto ela confia mesmo em você! – Barton sorriu segurando a alfa em um abraço lateral pela cintura.

_E sem precisar de alma alguma! –Megume sorriu.

_Bem... – Luthien riu para a pequena. – Diga isso as minhas mãos!

_Então acho que Luthien achou o tal túnel. – Laurence olhou a entrada satisfeito. - Que vai nos levar ao santuário da Terra! Parabéns Luthien, você conseguiu!

_Você foi incrível Luthien! – Barton a abraçou de frente.

_Obrigada Barton! – A elfa corou levemente.

_Sem mais elogios Barton! – Razac o afastou da jovem.

_Não temos tempo a perder. – Euturiel já pisava no primeiro degrau. - Então vamos entrar?

 Os guerreiros se entreolharam, apressaram-se e atravessaram o portal, começaram a descer as escadas, e assim que o último passou, a árvore começou a voltar para o seu lugar, mas não antes, que uma pequena fadinha, de olhos vermelhos atravessasse uma fresta da passagem que se fechava.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Postado com um dia de atraso, mas se eu postasse ontem às 23:00 hrs não ia fazer diferença xD
Bom... O capítulo tá curtinho, mas espero que tenham gostado *-*
Obrigada a todos que tem me dado apoio com a fic. pois tem me ajudado assim... MUITO!
Graças a vocês me esforço para postá-la por aí [y]
Obrigada =D P.s.: Não esqueçam das estrelinhas, reviews e recomendações, hein? ;* Será que chegamos aos 100 reviews dessa vez? ô.õ



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